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As marcas de uma instituição: uma discussão acerca da identidade social de egressas de orfanato.

AUTORA:Suely Guilherme de Souza Vieira.

INSTITUIÇÃO: Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista.

Carta da Pedagogia Social

Nós, brasileiros e brasileiras, reunidos durante o I Congresso Internacional de Pedagogia Social, realizado pela USP, Mackenzie e UniFMU no período de 8 à 11 de março de 2006, achamos por bem nos manifestarmos sobre as questões estruturais e conjunturais da sociedade brasileira, especialmente no que se refere à Educação.

Preliminarmente, reafirmamos nossa crença no Estado Democrático de Direito e na necessidade de prevalência das instituições sobre os interesses individuais e corporativos como regra de convivência democrática entre o Estado e a sociedade e entre os poderes executivo, legislativo e judiciário.

Reafirmamos também nossas esperanças de uma efetiva integração entre os países da América do Sul, com gradual integração de suas políticas e supressão de toda e qualquer forma de divisão que não seja estritamente fundamentada na história e na cultura de seus povos.

Reafirmamos nossa comunhão com os compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro para elevação do nível educacional de sua gente, especialmente em relação à Conferência Mundial de Educação, aos Objetivos do Milênio e às Metas de Dakar, propugnando pela universalização do Ensino Médio e pela Escola de Tempo Integral.

Reafirmamos, por fim, a opção política de termos, no Brasil, a Educação, a Saúde, a Segurança Pública e o acesso à Justiça como políticas públicas inerentes ao próprio Estado, portanto como direito público subjetivo de todos os brasileiros e brasileiras. A escola pública é, por excelência, a escola do povo brasileiro e nos unimos a todos aqueles que lutam por uma escola pública, gratuita, laica, obrigatória e de qualidade.

Manifestamos nossa preocupação com a ameaça neoliberal à Educação e recusamos veementemente que o Governo brasileiro aceite negocia-la nas instâncias internacionais, especialmente na Organização Mundial do Comércio, como serviço a ser prestado a quem pode pagar.

Preocupamo-nos também com as limitações da educação formal para promover a inclusão social por meio do Ensino Fundamental em contraposição à abrangência que pode ter a educação não-formal no Brasil.

A elevação da educação não-formal ao status de política pública é uma exigência da realidade social brasileira e é preciso reconhecer os múltiplos espaços em que a Educação pode acontecer, como bem afirmam a Constituição Federal de 1988 e a LDB de 1996. Objetivos como a implantação da escola de tempo integral não pode ser atingido

se o Brasil não incorporar a Educação não-formal à Educação formal e se não reconhecer a tarefa educativa que cumprem as organizações não- governamentais.

As práticas de educação não-formal constituem as bases do trabalho educativo protagonizado por organizações não-governamentais, sindicatos, movimentos, programas e projetos sociais, que anseiam por encontrar o seu lugar dentro da Educação de forma legítima e segura, sendo necessário reconhecer a complementaridade destas ações em relação aos esforços já desenvolvidos pela escola formal.

Em suas múltiplas atividades, o congresso aponta para questões cruciais em relação à educação brasileira:

1. a necessidade urgente de que seja efetivada a autonomia pedagógica, administrativa e financeira da escola pública, concebendo-a como unidade orçamentária;

2. a insuficiência dos atuais currículos de formação de professores, tanto no bacharelado quanto nas licenciaturas, para trabalhar com a dimensão social dos problemas que afetam o acesso, a permanência e o rendimento escolar dos alunos;

3. a necessidade de afirmação da vocação social da escola pública brasileira para fazer frente às tentativas de sua privatização;

4. a necessidade de integração da escola pública com a rede de proteção social e a incorporação à Educação, por parte da Associação de Pais e Mestres, da legislação social brasileira, sobretudo, do Estatuto da Criança e do Adolescente, da Lei Orgânica de Assistência Social, da Lei de Acessibilidade e do Estatuto do Idoso;

A concepção de Educação enunciada no I Congresso Internacional de Pedagogia Social aponta para a necessidade de um projeto de sociedade em que a Educação ocupe uma função central, tanto nas políticas públicas quanto nas relações humanas e sociais e para isto se faz imperioso repensar o planejamento urbano das cidades e dos grandes centros, para que os seus espaços públicos e coletivos criem condições para que estas relações sejam essencialmente pedagógicas.

Educação em Saúde, Educação em Direitos Humanos, Educação Digital, Educação no Campo, Educação Rural, Educação Ambiental, Educação de Trânsito, Educação em Valores, Educação para a Paz, Educação Alimentar e tantas outras formas de educação hoje caracterizadas pela literatura e pela legislação como práticas de Educação não-formal caracterizam práticas de Pedagogia Social.

Entendemos que estas múltiplas manifestações constituem práticas de Pedagogia Social, mas que carecem de fundamentação teórica e metodológica para que se configurem como um corpus de

conhecimentos dotado de unidade conceitual, ainda que suportado por diferentes concepções teóricas e metodológicas.

Diante deste entendimento, a Pedagogia Social não pode ser uma mera somatória de conteúdos da Pedagogia e do Serviço Social, nem precisa concorrer com estas áreas, mas deve edificar-se sobre o princípio da responsabilidade educacional da família, do Estado e da sociedade com a educação de todos os seus membros.

Como conseqüência das discussões, reflexões e propostas do I Congresso Internacional de Pedagogia Social entendemos oportuno que as universidades públicas – federais, estaduais e municipais – prioritariamente, orientem seus esforços para a formação de profissionais capazes de fazer frente aos desafios que a sociedade brasileira enfrenta, estruturando cursos de graduação, de especialização, de mestrado e de doutorado em Pedagogia Social como meio efetivo de criar o campo, o currículo e a profissão de pedagogo social, tal como já ocorre em países como Chile, Portugal, Espanha e Alemanha, dentre outros.

A regulamentação da Pedagogia Social como profissão deve – a médio e longo prazo – consubstanciar-se na definição da identidade social e profissional de milhões de brasileiros que hoje se dedicam – voluntária ou profissionalmente - ao trabalho social no Brasil e que gostariam de ter o seu trabalho reconhecido como profissão.

A Comissão Organizadora Março de 2006

ANEXO D - programação principal - II Congresso Internacional de Pedagogia Social

Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo 16 a 19 de Abril de 2008

CONFERÊNCIAS Conferência I

Pedagogia Social: a profissão de quem faz Educação em um mundo globalizado.

Professor Bernd Fichtner da Universidade de Siegen - Alemanha;

Conferência II

História e percurso da Pedagogia Social na América Latina. Jorge Bernardo Camors Garibaldi (AIEJI/Uruguay) Prof. Dr. Roberto da Silva (Feusp) (apresentação); Conferência III

Práxis da pedagogia social no contexto brasileiro.

Sanna Ryynanen, doutoranda pela University of Tampere, Finlândia.