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Maria Montessori foi uma educadora, médica e pedagoga italiana, conhecida por ter criado o Método Montessori (nomeado por ela de Pedagogia Científica). Nasceu em 1870 e sempre se interessou por matemática e biologia. Tornou-se uma das primeiras mulheres a concluir medicina na Universidade de Roma, mesmo enfrentando a oposição do pai, que esperava que ela se tornasse professora.

Inicialmente, dedicou seus as doenças do sistema nervoso central e trabalhou na área da psiquiatria. Foi convidada a dar assistência a uma turma de crianças com deficiências intelectuais, na clínica de psiquiatria da universidade, e percebendo o tratamento desumano dado às crianças, iniciou pesquisas a procura de compreender o desenvolvimento delas. Analisou os escritos de Ittard, que educou um menino de oito anos descoberto na selva convivendo entre os lobos, que ficou conhecido por Menino Selvagem. Considerava seus escritos os primeiros passos no caminho da pedagogia experimental. Também estudou a obra de Séguin, traduzindo para o italiano.

Edouard Séguin foi professor e médico, que durante dez anos fez experiências pedagógi- cas com crianças internadas em uma casa de saúde e fundou a primeira escola para deficientes intelectuais. Ele persistia na necessidade de uma observação atenta do aluno, em que não fosse feito nada que pudesse configurar uma violência às suas capacidades psíquicas. O professor não deveria ser um modelador, mas um espírito atento, pronto a aproveitar oportunidades, provendo apoio para que o aluno desenvolvesse ao menor indício de um despertar psicológico.

Montessori defendeu no Congresso Médico Nacional, em Turim, a tese de que as crianças deficientes precisavam muito mais de um bom método pedagógico do que da medicina. Não se opunha, evidentemente, ao tratamento do sistema nervoso, reconstituintes e tônicos, mas acreditava que o principal motivo do atraso no aprendizado de crianças especiais era a falta de materiais de estímulo para o desenvolvimento apropriado. Afirmava que as esperanças de qualquer desenvolvimento estavam no professor, não no clínico. Para ela eram necessárias escolas onde se aprimorassem, pela observação, os métodos de Séguin e onde, ao mesmo tempo, se pudessem formar os professores porque, sem bons professores, nada se poderia fazer.

Em 1899, aos 29 anos, foi convidada junto com o Dr. Giuseppe Montesano a assumir a direção de uma nova escola para crianças deficientes intelectuais em Roma. Os dois tiveram um relacionamento que gerou um filho, chamado Mario, mas Montesano casou-se com outra mulher. Como a mãe de Montessori tinha medo de que o escândalo acabasse com a carreira da filha, o nascimento da criança permaneceu em segredo, sendo ele criado com os primos e por quase

quinze anos Montessori o visitava sem revelar ser sua mãe. Montessori canalizou sua angústia em um novo propósito: melhorar a educação. Matriculou-se na Universidade de Roma e estudou psicologia, antropologia, higiene e pedagogia para que pudesse compreender melhor como as crianças aprendem. Após a morte da mãe de Maria, em 1912, seu filho passou a viver com ela.

Ela observou que as crianças excluídas da sociedade por serem vistas como ineducáveis, aprendiam com rapidez e entusiasmo ao realizar tarefas domésticas, praticando as habilidades motoras e a autonomia. Então, empregou o material criado por Séguin para lecionar os alunos deficientes intelectuais, obtendo um ótimo resultado, sendo que eles se tornaram capazes de cursar as escolas comuns. Nos exames nacionais de educação da Itália os alunos de Montessori, que encaravam diversas dificuldades para aprender, obtiveram melhores resultados do que boa parte dos estudantes das escolas ditas normais.

Eu, porém, sabia que se esses deficientes haviam alcançado os escolares normais nos exames públicos era, unicamente, por haverem sido conduzidos por uma via diferente: tinham sido auxiliados no seu desenvolvimento psíquico, enquanto as crianças normais haviam sido, pelo contrário, sufocadas e deprimidas. [...] Enquanto todos admiravam o progresso dos meus deficientes, eu meditava sobre as razões que faziam permanecer em tão baixo nível os escolares sãos e felizes, a ponto de poderem ser alcançados pelos meus infelizes alunos nas provas de inteligência (MONTESSORI, 1965, p. 33).

Ela passou então a investigar se esse material e sua forma de lidar com a aprendizagem auxiliariam as outras crianças. Em 1907 criou a primeira ’Casa dei Bambini’ (Casas das Crianças), projeto social que não visava somente à instrução, mas à educação de vida, ou seja, a educação completa da criança. Nessa casa, Montessori teve a oportunidade de trabalhar com crianças ditas normais de baixa renda. Modificou alguns materiais que tinha empregado com as crianças deficientes e criou outros. As crianças aprenderam a ler e a escrever rapidamente. Isso foi o ponto de partida para Maria Montessori criar seu próprio método. Em 1909, Maria Montessori escreveu “La Scoperta del Bambino”, que se eternizou com o título “Método Montessori”, sendo traduzido para o português em 1954 como “Pedagogia Científica: a descoberta da criança”.

Continuou com suas atividades até que Mussolini tomou o poder. Ele tentou aproveitar do método para fazer com que as crianças se encaixassem ao fascismo, o que seria completamente contraditório para Montessori. Ela decidiu não colaborar e se mudou para Barcelona, levando seu filho, até o momento desconhecido, e que mais tarde seria seu principal assistente e segundo Moraes (2009) ele “fez da obra de sua mãe sua própria história de vida”.

Na Espanha criou uma escola que novamente foi modelo de sua pedagogia. Viajou pelo mundo expandindo o Sistema Montessoriano. Após a guerra foi para a Holanda, onde fundou a AMI - Association Montessori Internationale. Em 1947, com setenta e seis anos, Montessori fez discurso para a UNESCO sobre “Educação e Paz”. Em 1949 recebeu a primeira de três indicações ao Prêmio Nobel da Paz. Sua última atividade registrada foi em 1951, com oitenta

e um anos, quando participou do 9º Congresso Montessori Internacional. Morreu em 1952 de hemorragia cerebral na Holanda.

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