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CAPÍTULO 2- AVALIAÇÃO DE FORRAGEIRAS EM SISTEMA SILVIPASTORIL

5.2 Massa seca de forragem

A massa seca de forragem (MSf) (kg.ha-1) foi analisada de duas maneiras sendo uma a MSf de cada corte individual e outra a MSf acumulada nos três cortes de avaliação.

Quando avaliados os testes de efeitos fixos a interação tratamento*corte*local é significativa o que permite desdobrar a análise por corte e por local (Tabela 2).

De modo geral, nos três cortes houve efeito da sombra para a MSf que foi maior (p<0,05) a pleno sol, com exceção dos tratamentos Tanzânia e Est.Bela no primeiro corte e Marandu e PM45 no terceiro corte (Tabela 2). Esses resultados são semelhantes aos obtidos por Soares et al. (2009), que estudaram a resposta de onze espécies forrageiras tropicais ao sombreamento de Pinus taeda e também aos de Carvalho et al. (2002) que encontraram redução de MSf com redução na luminosidade.

A MSf apresentou diferenças nos três cortes (Tabela 2). No segundo corte verificou-se maior MSf em relação ao primeiro corte. Esse fato pode estar relacionado ao efeito da adubação com 50 kg.ha-1 de nitrogênio, que foi realizada após o primeiro corte, e também pelo fato das forrageiras já apresentarem sistema radicular mais desenvolvido para a absorção de água e nutrientes. Foi observado também que a MSf dos tratamentos no segundo corte foi maior que o terceiro (Tabela 2). Como nesse caso as forrageiras estavam em uma mesma condição de rebrota e as condições climáticas (Figura 2) foram mais favoráveis no período do terceiro corte (maiores temperatura e precipitação), confirma-se a importância da adubação para essa diferença na MSf. Assim, pode-se inferir que sob sombreamento o fator adubação também interferiu na MSf e não somente a radiação solar conforme também verificado por Andrade et al. (2001).

Tabela 2 - Massa seca de forragem (kg.ha-1) nos três cortes de avaliação (02/03/2011, 18/04/2011 e 01/12/2011). Efeito da sombra: comparação entre pleno sol e sombra (média ± erro padrão)

Pleno sol Sombra Efeito da sombra Pleno sol Sombra Efeito da sombra Pleno sol Sombra Efeito da sombra

Piatã 5.628 ± 294 a 1.658 ± 375 a ** 5.414 ± 289 abc 1.883 ± 141 a ** 3.180 ± 585 a 1.303 ± 171 a * B6 5.136 ± 544 ab 1.919 ± 451 a ** 4.016 ± 312 cd 1.839 ± 175 a ** 3.236 ± 270 a 638 ± 107 a ** Marandu 4.351 ± 600 abc 1.748 ± 319 a ** 3.217 ± 95 d 1.451 ± 210 a ** 2.379 ± 148 a 858 ± 94 a ns Arapoti 3.395 ± 534 bcd 1.013 ± 89 a ** 5.042 ± 334 abc 1.925 ± 167 a ** 3.224 ± 255 a 698 ± 58 a ** PM45 3.340 ± 366 cd 1.565 ± 309 a * 4.233 ± 99 bcd 1.842 ± 87 a ** 2.525 ± 177 a 934 ± 101 a ns Massai 2.723 ± 474 cd 925 ± 372 a * 6.763 ± 237 a 2.700 ± 500 a ** 3.451 ± 100 a 858 ± 262 a ** Tanzânia 2.202 ± 590 de 1.414 ± 334 a ns 5.940 ± 250 ab 2.701 ± 174 a ** 2.392 ± 154 a 577 ± 187 a * Est.Bela 700 ± 122 e 217 ± 45 a ns 3.969 ± 442 cd 1.090 ± 185 a ** 3.955 ± 321 a 646 ± 81 a ** Tratamento 3º corte (01/12/2011) 1º corte (02/03/2011) 2º corte (18/04/2011)

Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. * Significância a 5 %; ** Significância a 1 %; ns - não significativo.

Nos três cortes a MSf não apresentou diferença significativa (p<0,05) entre os tratamentos sob sombreamento (Tabela 2). Pode-se inferir então que no microclima sombreado gerado nas condições desse experimento (espaçamento entre renques de eucalipto de 12 m em linha dupla) não foi possível selecionar alguma forrageira tolerante ao sombreamento.

Pelos dados apresentados na tabela 2, partindo-se de algumas suposições simplificadas, é possível inferir a eficiência do uso de nitrogênio. Comparando os valores de MSf do segundo e terceiro cortes, podemos supor que a diferença entre eles é devido a adubação com N, que foi realizada somente anterior segundo corte. Quando é dividido por 50 (adubação com 50 kg.ha-1 de N) o valor da diferença entre os dois cortes, encontramos a pleno sol uma maior MSf por kg de N aplicado, o que possivelmente sinaliza uma maior eficiência do uso de nitrogênio a pleno sol. Assim, possíveis condições restritivas impostas pelo microclima gerado no sistema silvipastoril com eucalipto afetou de tal forma as forrageiras que uma adubação com 50 kg.ha-1 de N não proporcionou condições semelhantes de MSf que foram obtidas a pleno sol.

Quando analisada a MSf acumulada nos três cortes, houve interação significativa (p<0,05) para Trat*Local, ou seja, os tratamentos apresentaram a MSf afetada pelo local onde estavam localizados (pleno sol e sob sombreamento) (Tabela 3).

Tabela 3 - Massa seca de forragem (kg.ha-1) acumulada nos três cortes de avaliação (02/03/2011, 18/04/2011 e 01/12/2011) (média ± erro padrão)

Tratamento Pleno sol Sombreado Efeito da sombra Redução (%) Piatã 14.222 ± 1.054 a 4.844 ± 668 a ** 65,94 Massai 12.938 ± 598 ab 4.483 ± 1.119 a ** 65,35 B6 12.388 ± 872 ab 4.395 ± 660 a ** 64,52 Arapoti 11.661 ± 626 abc 3.636 ± 287 a ** 68,82 Tanzânia 10.533 ± 615 bc 4.692 ± 579 a ** 55,45 PM45 10.098 ± 580 bc 4.340 ± 483 a ** 57,02 Marandu 9.948 ± 512 bc 4.057 ± 590 a ** 59,21 Est.Bela 8.623 ± 308 c 1.953 ± 292 a ** 77,35 Média 11.301 ± 646 a 4.050 ± 585 b ** 64,21

Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. ** Significância a 1 %.

A análise acumulada mostra, mais uma vez, o efeito da sombra na redução de MSf em todos os tratamentos (Tabela 3). Os valores de porcentagem de redução variam de 55,45 até 77,35 o que impossibilita qualificar alguma forrageira como ideal a ser utilizada nesse sistema. A menor incidência de luminosidade e uma possível competição entre as árvores e as forrageiras podem ter contribuído para esses resultados. Observando esses valores podemos concluir que o arranjo arbóreo utilizado nesse experimento está afetando de forma drástica a MSf levando, com base nesse parâmetro, a não indicação desse arranjo para sistemas silvipastoris.

Conforme já observado na análise dos cortes individuais, a MSf sob sombreamento não apresentou diferença significativa (p<0,05) entre os tratamentos. O potencial de produtividade das forrageiras sob sombreamento é menor dessa forma, sugere-se que essas forrageiras sejam estudadas em espaçamentos entre renques arbóreos maiores visando encontrar alguma espécie que se destaque. Quando analisada somente a condição a pleno sol as forrageiras que se destacaram foram o Piatã, Massai, B6 e Arapoti (Tabela 3).

A taxa de acúmulo de massa seca de forragem (Tabela 4) não apresentou diferença significativa dentre os tratamentos na sombra. No segundo corte, pleno sol e sombra apresentaram maiores taxas de acúmulo refletidas pelo efeito da adubação com 50 kg.ha-1 de N. As taxas de acúmulo sob sombreamento encontradas nesse trabalho foram superiores somente no segundo corte à taxa de acúmulo de 31,8 kg.ha-1.dia-1 encontrada por Bernadino et al. (2007) para U. brizantha cv. Marandu quando cultivado

em sistema silvipastoril com Eucalyptus camaldulensis com espaçamento de 10 m x 4 m com 65 a 70 % de sombreamento e adubação com 150 kg.ha-1 de N e 100 kg.ha-1 de K. A adubação é fator importante em sistemas silvipastoris.

Tabela 4 - Taxa de acúmulo (kg.ha-1.dia-1) nos três cortes de avaliação sendo o primeiro 70 dias após a emergência das forrageiras, o segundo 46 dias após o primeiro e o terceiro 50 dias após corte de uniformização (média ± erro padrão)

Pleno sol Sombra Efeito da

sombra Pleno sol Sombra

Efeito da

sombra Pleno sol Sombra

Efeito da sombra Piatã 80,4 ± 4,2 a 23,7 ± 5,4 a ** 117,7 ± 6,3 abc 40,9 ± 3,1 ab ** 63,6 ± 11,7 a 26,1 ± 3,4 a ** B6 73,4 ± 7,8 ab 27,4 ± 6,4 a ** 87,3 ± 6,8 cde 40,0 ± 3,8 ab ** 64,7 ± 5,4 a 12,8 ± 2,1 a ** Marandu 62,2 ± 8,6 abc 25,0 ± 4,6 a ** 70,0 ± 2,1 e 31,6 ± 4,6 ab ** 47,6 ± 3,0 a 17,2 ± 1,9 a ns Arapoti 48,5 ± 7,6 bc 14,5 ± 1,3 a ** 109,6 ± 7,3 bcd 41,9 ± 3,6 ab ** 64,5 ± 5,1 a 14,0 ± 1,2 a ** PM45 47,7 ± 5,2 bc 22,4 ± 4,4 a ns 92,0 ± 2,2 cde 40,0 ± 1,9 ab ** 50,5 ± 3,5 a 18,7 ± 2,0 a ** Massai 38,9 ± 6,8 cd 13,2 ± 5,3 a ns 147,0 ± 5,1 a 58,7 ± 10,9 a ** 69,0 ± 2,0 a 17,2 ± 5,2 a ** Tanzânia 31,5 ± 8,4 cd 20,2 ± 4,8 a ns 129,1 ± 5,4 ab 58,7 ± 3,8 a ** 47,9 ± 3,1 a 11,5 ± 3,7 a ** Est.Bela 10,0 ± 1,7 d 3,1 ± 0,6 a ns 86,25 ± 9,6 de 23,7 ± 4,0 b ** 79,1 ± 6,4 a 12,9 ± 1,6 a ** Tratamento 3º corte (01/12/2011) 1º corte (02/03/2011) 2º corte (18/04/2011)

Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. * Significância a 5 %; ** Significância a 1 %; ns - não significativo.

Tabela 5 - Densidade de massa seca de forragem (kg.ha-1.cm-1) nos três cortes de avaliação (02/03/2011, 18/04/2011 e 01/12/2011) (média ± erro padrão)

Pleno sol Sombra Efeito da

sombra Pleno sol Sombra

Efeito da

sombra Pleno sol Sombra

Efeito da sombra PM45 54,9 ± 4,1 a 27,5 ± 5,5 a ** 51,5 ± 1,3 b 31,4 ± 1,2 a ns 46,1 ± 2,6 bc 19,2 ± 2,8 a ** Piatã 54,7 ± 3,1 a 17,8 ± 2,9 ab ** 61,7 ± 2,0 b 21,6 ± 0,4 a ** 37,8 ± 5,0 bc 16,3 ± 1,1 a * B6 53,0 ± 3,7 a 23,6 ± 4,4 ab ** 51,4 ± 1,5 b 21,4 ± 1,4 a ** 41,5 ± 3,4 bc 10,3 ± 1,1 a ** Marandu 52,4 ± 3,0 a 20,6 ± 2,8 ab ** 56,4 ± 1,6 b 20,5 ± 2,5 a ** 50,6 ± 3,6 bc 14,5 ± 1,3 a ** Massai 51,7 ± 5,5 a 21,0 ± 7,5 ab ** 82,2 ± 2,7 a 43,4 ± 6,0 a ** 56,3 ± 3,5 ab 20,7 ± 5,5 a ** Arapoti 45,8 ± 3,8 a 14,0 ± 1,2 ab ** 59,8 ± 3,0 b 22,6 ± 1,0 a ** 45,1 ± 3,8 bc 11,2 ± 0,6 a ** Tanzânia 37,0 ± 5,7 ab 21,5 ± 3,4 ab ns 50,9 ± 2,6 b 28,3 ± 1,5 a ** 32,9 ± 3,0 c 11,1 ± 2,7 a * Est.Bela 17,8 ± 2,5 b 4,8 ± 0,9 b ns 55,7 ± 5,6 b 18,8 ± 2,6 a ** 76,6 ± 8,2 a 13,7 ± 1,8 a ** Tratamento

1º corte (02/03/2011) 2º corte (18/04/2011) 3º corte (01/12/2011)

Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. * Significância a 5 %; ** Significância a 1 %; ns - não significativo.

Somente as taxas de acúmulo das braquiárias no 1º corte apresentaram diferença significativa (p<0,05) no efeito da sombra (Tabela 4). Para os tratamentos PM45, Massai, Tanzânia e Est.Bela não houve diferença significativa da sombra. Isso pode ser explicado pela velocidade de estabelecimento dessas forrageiras, sendo mais lenta para os panicuns e o estilosantes. Esse fato pode ter ocasionado menor taxa de acúmulo, até mesmo em condições a pleno sol, assim, não se diferenciando estatisticamente da sombra.

No segundo e terceiro cortes foram encontradas menores taxas de acúmulo sob sombreamento, com exceção do Marandu no terceiro corte, (Tabela 4) que levou às menores MSf (Tabela 2). Com menores taxas de acúmulo, situação encontrada sob sombreamento, um maior planejamento deve ser feito em relação ao período de crescimento e pastejo. Será necessário um maior intervalo entre cortes, de forma a garantir maior acúmulo de MSf (Bernadino et al., 2007).

A distribuição da forragem na estrutura vertical da vegetação influencia o comportamento animal em pastejo (Rêgo et al., 2001). A densidade de massa seca de forragem foi influenciada sendo maior a pleno sol, com exceção de Tanzânia e Est.Bela no primeiro corte e PM45 no segundo corte (Tabela 5). A adubação realizada após o primeiro corte pode ter contribuído para que a densidade de forragem do PM45 sob sombreamento igualasse a pleno sol, já que no terceiro corte, onde não houve adubação prévia, houve diferença (p<0,05) entre os locais. Assim, apesar de maior altura das plantas sob sombreamento, que facilitaria o acesso dos animais à forragem produzida, a MSf é menor em comparação a pleno sol. Esse aspecto tem também influência no manejo das pastagens e deve ser considerado no momento do planejamento.

5.3 Relação folha:haste

Para a variável relação folha:haste não houve efeito significativo dos cortes, mas foi significativa (p<0,05) a interação tratamento*local. Dessa forma foi analisada a média dos dois cortes nos dois locais (Tabela 6).

Tabela 6 - Relação folha:haste média dos dois cortes de avaliação (02/03 e 18/04/2011) (média ± erro padrão)

Tratamento Pleno sol Sombra Efeito da sombra

PM45 5,0 ± 0,75 a 16,0 ± 9,45 a **

Tanzânia 4,7 ± 1,09 a 5,1 ± 0,35 b ns Marandu 2,2 ± 0,05 a 2,0 ± 0,06 b ns

Piatã 1,2 ± 0,06 a 1,6 ± 0,19 b ns

B6 1,1 ± 0,07 a 1,4 ± 0,15 b ns

Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. ** Significância a 1 %; ns - não significativo.

Verifica-se que não houve efeito significativo do local para a relação folha:haste (F:H), com exceção do tratamento PM45 que obteve maior média sob sombreamento (Tabela 6). Martha Júnior et al. (2004) avaliando a produção de forragem de PM45, encontraram que essa espécie se destacou de outros acessos de Panicum

maximum com menor produção de hastes.

Esses resultados podem ser devido a uma mudança proporcional de folhas e hastes na condição de sombra. As plantas tiveram incremento de hastes, mas podem também ter aumentado o tamanho e a área foliar específica, o que contribuiu para a manutenção de valores semelhantes de F:H em relação ao pleno sol. Gobbi (2007) também não encontrou diferenças significativas na relação F:H, pois o sombreamento crescente estimulou o aumento do comprimento de pecíolos, colmos e lâminas foliares.

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