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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES: APLICAÇÃO DAS FASES I, II E III DA

4.3. FASE III: AVALIAÇÃO DE IMPACTO DO CICLO DE VIDA (AICV)

4.3.1. MATERIAIS, ENERGIA E TRANSPORTE

Em uma ACV cradle-to-gate (“do berço ao portão”), na fabricação do concreto os componentes do impacto total de um traço são: Materiais, Transporte e Energia consumida na fábrica. Desse modo, a análise individual de cada um desses componentes é fundamental para estudar a sua influência no contexto geral.

Ao iniciar as análises, no Quadro 16 encontra-se os 3 principais indicadores de

midpoints com a pontuação única total para o consumo médio de cada material

ordenados do menos poluidor para o mais poluidor em relação à pontuação única. Já a Figura 8 expõe a caracterização dos mesmos.

Quadro 16 - Resultado dos 3 principais indicadores de midpoints e pontuação única total para o consumo médio de cada material

MATERIAL Efeitos respiratórios Inorgânicos (Kg PM2.5 Eq) Aquecimento Global (Kg CO2 Eq) Energia Não Renovável (MJ Primary) Pontuação Única (mPt) Média de consumo ÁGUA (Ag) 0,0001 0,0542 0,7661 0,0245 186 kg VIDRO RECICLADO (VR) 0,0013 0,7741 12,7740 0,3404 166 kg RESÍDUO DE ALUMINA (RA) 0,0014 1,0647 17,7054 0,4434 510 kg FIBRA DE RESÍDUO DE SACO PLÁSTICO (FRSP) 0,0033 1,0455 16,5657 0,5850 4 kg PÓ DE CALCÁRIO (PC) 0,0067 2,4431 39,9032 1,3635 118 kg RESÍDUO DE POLIETILENO TEREFTALATO (RPET) 0,0096 3,1466 50,0452 1,7265 72 kg ENERGIA CONSUMIDA NA FÁBRICA DE CONCRETO 0,0103 3,6968 59,0701 1,8910 1 m3 SUPERPLASTIFICANTE G3 (SP) 0,0068 6,3983 151,3156 2,5724 5 kg

Quadro 16 (continuação) - Resultado dos 3 principais indicadores de midpoints e pontuação única total para o consumo médio de cada material

MATERIAL Efeitos respiratórios Inorgânicos (Kg PM2.5 Eq) Aquecimento Global (Kg CO2 Eq) Energia Não Renovável (MJ Primary) Pontuação Única (mPt) Média de consumo AREIA (Ar) 0,0119 6,9588 108,7039 3,0026 660 kg

SÍLICA ATIVA (SA) 0,0159 7,0015 101,8272 3,1364 41 kg

CONCRETO RECICLADO (CR) 0,0202 5,1088 82,0981 3,2771 509 kg CINZAS VOLANTES (CV) 0,0202 11,5826 179,3573 4,6962 147 kg BORRACHA RECICLADA DE RESÍDUO DE PNEU (BRRP) 0,0334 10,5796 167,7908 5,8908 91 kg LAMA VERMELHA DO PROCESSO BAYER (LV) 0,0318 13,9859 203,4061 6,2651 78 kg CINZAS VOLANTES DE LEITO FLUIDIZADO CIRCULANTE (CVLFC) 0,0364 17,4669 259,8924 7,5599 79 kg ESCÓRIA GRANULADA

DE ALTO FORNO (EGAF) 0,0587 27,6969 364,1610 12,3396 208 kg

BRITA (Br) 0,0752 37,3992 537,6206 15,6292 744 kg METACAULIM (MC) 0,1253 64,1621 961,3841 26,9521 110 kg AGREGADO ARTIFICIAL DE ESCÓRIA (AAE) 0,1274 84,9390 820,0493 29,3379 392 kg CIMENTO PORTLAND EUA TIPO C (CPC) 0,1785 282,2459 1354,6953 58,7894 408 kg CIMENTO PORTLAND EUA TIPO B (CPB) 0,2018 336,1326 1559,6656 68,3910 408 kg CIMENTO PORTLAND

EUA TIPO A (CPA) 0,2224 383,8665 1742,3245 76,9005 408 kg

Figura 8 - Caracterização dos 3 principais indicadores de midpoints para o consumo médio de cada material

Fonte: Elaborado pelo Autor

Ao analisar o Quadro 16 e a Figura 8 verificou-se que, para a média de consumo de material do consumo de energia não renovável, aquecimento global e dos efeitos respiratórios inorgânicos, o cimento apresenta o maior impacto ambiental, seguido pelo agregado artificial de escória e o metacaulim. O impacto do cimento e do metacaulim são altamente influenciados pelas etapas de extração, tratamento das matérias-primas e calcinação, pois esses processos são responsáveis pela emissão de grandes quantidades de particulados na atmosfera, gases estufa e consomem muita energia não renovável. O agregado artificial de escória se destaca por ser um subproduto que recebe um tratamento, logo, necessita do consumo de energia elétrica

0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00

ÁGUA (Ag) VIDRO RECICLADO (VR) RESÍDUO DE ALUMINA (RA) FIBRA DE RESÍDUO DE SACO PLÁSTICO (FRSP) PÓ DE CALCÁRIO (PC) RESÍDUO DE POLIETILENO TEREFTALATO (RPET) ENERGIA CONSUMIDA NA FÁBRICA DE CONCRETO SUPERPLASTIFICANTE G3 (SP) AREIA (Ar) SÍLICA ATIVA (SA) CONCRETO RECICLADO (CR) CINZAS VOLANTES (CV) BORRACHA RECICLADA DE RESÍDUO DE PNEU (BRRP) LAMA VERMELHA DO PROCESSO BAYER (LV) CINZAS VOLANTES DE LEITO FLUIDIZADO CIRCULANTE…

ESCÓRIA GRANULADA DE ALTO FORNO (EGAF) BRITA (Br) METACAULIM (MC) AGREGADO ARTIFICIAL DE ESCÓRIA (AAE) CIMENTO PORTLAND EUA TIPO C (CPC) CIMENTO PORTLAND EUA TIPO B (CPB) CIMENTO PORTLAND EUA TIPO A (CPA)

e ainda utiliza o cimento em sua composição, agravando seu impacto. Por conseguinte, esses materiais devem ter seu consumo diminuído ou serem evitados. Outro aspecto interessante é a diferença de impacto entre os 3 tipos de cimento, uma vez que o Tipo B e Tipo C mostraram uma diminuição de impacto de aproximadamente 10% e 20% respectivamente em relação ao Tipo A.

Os outros materiais são menos poluentes do que os citados anteriormente e seus indicadores de poluição estão mais ligados ao tipo de alocação que receberam ou às distâncias de transporte. A Figura 9 expõe a proporção representada pelo transporte no impacto total de cada um dos materiais analisados nesta pesquisa.

Figura 9 - Caracterização dos 3 principais indicadores de midpoints para o consumo médio de cada material

Fonte: Elaborado pelo autor

A análise da figura 9 destaca que os materiais alocados como resíduos (lama vermelha do processo Bayer e resíduo de alumina) tem 100% do seu impacto advindo do transporte. Assim, a maior influência no impacto desses materiais é a distância e o modal de transporte utilizado. Embora a Sílica Ativa seja um subproduto industrial, o banco de dados Ecoinvent 3.2 não atribui impacto para os processos anteriores a sua geração, por isso seu impacto também é 100% atribuído ao transporte.

Pode-se observar que, no caso do agregado artificial de escória, metacaulim, brita, cinzas, areia, pó de calcário e vidro reciclado, mais de 40% do impacto é influenciado

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 ÁGUA (Ag)

VIDRO RECICLADO (VR) RESÍDUO DE ALUMINA (RA) FIBRA DE RESÍDUO DE SACO PLÁSTICO (FRSP) PÓ DE CALCÁRIO (PC) RESÍDUO DE POLIETILENO TEREFTALATO (RPET) SUPERPLASTIFICANTE G3 (SP) AREIA (Ar) SÍLICA ATIVA (SA) CONCRETO RECICLADO (CR) CINZAS VOLANTES (CV) BORRACHA RECICLADA DE RESÍDUO DE PNEU (BRRP) LAMA VERMELHA DO PROCESSO BAYER (LV) CINZAS VOLANTES DE LEITO FLUIDIZADO CIRCULANTE…

ESCÓRIA GRANULADA DE ALTO FORNO (EGAF) BRITA (Br) METACAULIM (MC) AGREGADO ARTIFICIAL DE ESCÓRIA (AAE) CIMENTO PORTLAND EUA C (CPC) CIMENTO PORTLAND EUA B (CPB) CIMENTO PORTLAND EUA A (CPA)

%

pelo transporte. Já no caso do cimento, borracha reciclada do resíduo de pneu, concreto reciclado, superplastificante, resíduo de polietileno e as fibras de resíduo de saco plástico, o transporte apresenta uma influência abaixo de 20%.

Deve ser direcionada uma atenção considerável aos materiais cimentícios suplementares, como a escória granulada de alto forno, as duas cinzas, a sílica ativa e o pó de calcário, pois podem ser importantes na substituição de partes do cimento, gerando ganhos ambientais acima de 20% no impacto total do concreto.