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Capítulo 1: Discriminação e determinação do teor de cocaína em amostras apreendidas

3. Materiais e Métodos

3.1. Amostras e Preparação de Amostras

O conjunto de dados para a construção dos modelos de discriminação e determinação do teor de cocaína, adulterantes e grau de oxidação consistiu de 1085 amostras provenientes de cerca de 380 apreensões feitas pela Polícia Federal do Brasil entre 2009 e 2013 nos Estados do Acre, Amazonas, Distrito Federal, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Essas amostras fazem parte do Projeto PEQUI (Perfil Químico de Drogas), em que alíquotas de apreensões com mais de 5 Kg são enviadas ao Laboratório de Química Forense do Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília.

Antes da análise instrumental, todas as amostras de cocaína base livre foram cuidadosamente homogeneizadas por maceração manual na presença de nitrogênio líquido. Cerca de 1 g de amostra de cocaína base livre foi colocada num almofariz de porcelana e nitrogênio líquido foi vertido até cobrir a amostra. Com a ajuda de um pistilo, a amostra foi cuidadosamente macerada. Este procedimento criogênico é especialmente

Amostra 1 Amostra 2 ... Amostra 50

Modelo PLSR

RMSEC

Selecionam-se algumas amostras utilizadas na construção do Modelo PLSR que participarão do

Modelo Mestre, pois foram analisados na condição primária

e deverão ser analisadas na condição secundária.

Amostra 1 ... Amostra 6

Modelo Mestre

RMSEC 1

CONDIÇÃO PRIMÁRIA

Amostra 2 Amostra 1 Amostra 2 ... Amostra 6

Modelo Escravo RMSEC 2 CONDIÇÃO SECUNDÁRIA XP p n XS n q = q p F

22 adequado para o tratamento de amostras de cocaína base livre por serem pegajosas quando maceradas sem o nitrogênio.

3.1.1. Amostras Utilizadas na Transferência do Modelo de Calibração

Para avaliar o funcionamento do modelo de calibração em análises após a manutenção do equipamento de FTIR-ATR e em outro equipamento de marca e modelo diferente, foram selecionadas 31 amostras aleatórias, mas representativas que fizeram parte do modelo de calibração PLSR para transferência do método. Dessas amostras, 16 eram de cocaína base livre e 15 de cocaína sal com o teor de cocaína variando de 33,7 a 86,8% (m/m) determinado através do método cromatográfico de referência descrito na seção 3.4.

Seguindo o método de Kennard-Stone66 10 dessas amostras foram escolhidas para realizar a transferência do modelo de calibração do equipamento primário (mestre) para o equipamento secundário (escravo) e 21 para a validação desse modelo.

3.2. Ensaios de Solubilidade

Ensaios de solubilidade foram realizados a fim de identificar a forma química da cocaína (sal ou base livre) de acordo com as metodologias recomendadas pela Polícia Federal Brasileira (PF)63, Grupo de Trabalho Científico de Análise de Drogas Apreendidas (SWGDRUG, do inglês: Scientific Working Group for the Analysis of Seized

Drugs)64 e UNODC65.

3.3. Análise de Cromatografia Gasosa com Detector de Ionização por Chama

A quantificação de cocaína, bem como dez dos principais adulterantes (benzocaína, lidocaína, cafeína, procaína, paracetamol, fenacetina, hidroxizina, aminopirina, diltiazem e levamisol), presentes nas amostras, foi determinada por um método de referência67, que utiliza CG-DIC, realizado rotineiramente pelo Laboratório do Instituto de Criminalística da Polícia Federal. Nesse método, uma quantidade de 12,00 a 12,50 mg de cada amostra homogeneizada foi misturada com 10,0 mL de uma solução de padrão interno (2,0 µL.L-1 de dietilamina e 512 mg.L-1 de dipentilftalato preparado em clorofórmio). Um volume de 1 mL desta solução foi então transferido para vials de vidro, selados, e submetido a análise cromatográfica.

23 A análise por CG-DIC foi realizada num cromatógrafo gasoso modelo 6890N (Agilent Technologies), equipado com um detector de ionização de chama e um amostrador automático 7683B Series (Agilent Technologies). As condições cromatográficas foram as seguintes: volume de injeção de 200 µL; razão de split de 50:1; coluna cromatográfica DB1-MS de metilsiloxano (25 m × 200 μm [i.d.] × 0,33 μm de espessura de filme); temperatura do injetor de 280°C e temperatura do detector de 320°C. Utilizou-se hélio como gás transportador com um fluxo de 1,0 mL.min-1. A programação de temperatura do forno foi: 150°C durante 2 minutos, rampa de aquecimento de 40°C.min-1 até 350°C, mantendo-se a 350°C durante 4,5 minutos, resultando em uma corrida cromatográfica de 11,5 minutos.

3.4. Medidas de Espectroscopia no Infravermelho

Os espectros de infravermelho para a construção dos modelos de discriminação e regresão foram obtidos num espectrômetro Nicolet FTIR iS10 equipado com um acessório de refletância total atenuada SMART ATR com tripla reflexão usando um cristal de diamante pertencente ao Instituto Nacional de Criminalistica, INC. As medições foram obtidas no modo de refletância com o acessório preenchido com uma pequena quantidade de cocaína. Os espectros foram coletados entre 4000 e 400 cm-1 e 16 scans foram adquiridos com uma resolução de 4,0 cm-1.

3.4.1. Medidas de Espectroscopia no Infravermelho para a Transferência de Calibração

Como dito anteriormente, a fim de verificar a robustez do modelo, duas novas situações foram testadas. A primeira verificou o funcionamento do modelo após manutenções ocorridas num intervalo de 30 meses espectrômetro Nicolet FTIR iS10 pertencente ao INC. A segunda situação avaliou o modelo em espectrômetro de infravermelho com transformada de Fourier da marca Jasco modelo 4100 com acessório para medidas por Reflectância Total Atenuada (ATR) pertencente ao Instituto de Química da Universidade de Brasília, com espectros coletados entre 4000 e 650 cm-1.

3.5. Análise Multivariada

O método de calibração multivariada foi desenvolvido com base em PLSR, para quantificar cocaína e os dez principais adulterantes citados anteriormente, e PLS-DA, que discriminou amostras de cocaína de acordo com sua forma química (base livre ou sal).

24 Os modelos foram construídos utilizando todo o espectro de infravermelho com dados em escala de absorbância obtida através da relação Abs = log10 (1/R), onde R é a

reflectância.

As técnicas de pré-processamento testadas foram: Variação Padrão Normal (SNV, do inglês: Standard Normal Variate), Correção do Sinal Ortogonal (OSC, do inglês:

Orthogonal Signal Correction), primeira derivada utilizando o algoritmo de Savitz-Golay

com suavização por um polinômio de segundo grau e janela de 15 pontos, centralização dos dados na média (do inglês: Mean Center) e combinações binárias desses métodos.68,69

Os dados espectrais das amostras foram importados para o software MATLAB® (versão 7.12, R2011a) e os modelos de pré-processamento e PLSR foram desenvolvidos utilizando a plataforma PLS Toolbox® (versão 6.5) da Eigenvector Technologies. Para a construção dos modelos, o conjunto de dados foi dividido pelo algoritmo Kennard- Stone66 em 500 amostras para a calibração e 585 amostras para a validação.

Depois de escolher o método de pré-processamento, os modelos foram otimizados pela eliminação de outliers (Figura 6), os quais foram identificados segundo a norma ASTM E1655-0546 e Valderrama et al.47.

Figura 7: Passos para a construção de modelos de calibração multivariada.

Modelo 1

Amostras de Calibração Amostras de Validação Exclusão de outliers da calibração Modelo 2 Exclusão de outliers da calibração Modelo 3 Exclusão de outliers da validação Modelo 3 Validado +

Amostras de Calibração + Amostras de Validação

Amostras de Calibração + Amostras de Validação

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4. Resultados e Discussão

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