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Materiais, Métodos e Desenho Experimental

O presente estudo foi desenvolvido no Centro de Medicina Veterinária Anjos de Assis (CMVAA) no período entre Abril e Agosto de 2009, com base numa amostra de 123 indivíduos da espécie canis familiaris (n=123) de ambos os sexos, submetidos a cirurgia de tecidos moles (TM) e ortopédica/traumatológica (OT) (electivas e correctivas para ambas) e sujeitos a um protocolo analgésico multimodal utilizando carprofeno (4mg/Kg em M0 e 2mg/Kg nos restantes momentos) e morfina (0,5 mg/Kg), instituido 20 minutos antes do início da intervenção cirúrgica. A indução anestésica foi realizada em todos os doentes com propofol (4-6 mg/Kg) e mantida com anestesia volátil utilizando isoflurano. Todos os doentes foram avaliados peri-operatóriamente quanto ao fenómeno de dor, considerando 4 tempos diferentes: M0 (pré-cirúrgico), M1 (pós-cirúrgico, imediatamente após a recuperação anestésica), M2 (nas primeiras 24 horas) e M3 (ao 10º dia). As avaliações foram sistematicamente realizadas e registadas pelo autor (Anexo IX), com supervisão dos elementos clínicos do CMVAA. Definiram-se como critérios de inclusão para os indivíduos participantes no estudo experimental, os seguintes 5 itens: pertencerem à espécie canina, serem sujeitos a intervenção cirúrgica de tecidos moles ou ortopedia/traumatologia, não terem sido sujeitos a acção medicamentosas analgésica nas 24 horas antecedentes a M0, não apresentarem condição clínica que contra-indicasse a utilização dos farmacos considerados no protocolo analgésico e permitirem uma avaliação em seguimento para M1, M2 e M3.

Do total da amostra (100,00%) submetida a cirurgia (CT), 79,67% realizaram cirurgia de tecidos moles (TM) e 20,33% cirurgia ortopédica-traumatológica (OT).

No que respeita à idade dos doentes intervencionados em CT, TM e OT, a média foi de 6.21 ± 4.55 anos com um valor mínimo e máximo de 0,2 e 18 anos; 6,27 ± 4.68 anos com um valor mínimo e máximo de 0,3 e 18 anos e de 5,97 ± 4,11 anos com um valor mínimo e máximo de 0,2 e os 14 anos, respectivamente. Considerando cada bloco individualmente verificou-se que a média das idades para FCT e MCT foi de 5,61 ± 4,33 anos com um valor mínimo e máximo de 0,3 e 15 anos, e de 7,13 ± 4,77 anos com um valor mínimo e máximo de 0,2 e 18 anos, respectivamente; para FTM e MTM foi de 5,44 ± 4,30 anos com um valor mínimo e máximo de 0,3 e 15 anos, e de 8,01 ± 5,01 anos com um valor mínimo e máximo de 0,8 e os 18 anos; e para FOT e MOT foi de 7,00 ± 4,63 anos com um valor mínimo e máximo de 1 e 14 anos, e de 5,49 ± 3,89 anos com os valores mínimo e máximo de 0,2 e 13 anos, respectivamente.

Em CT, verificou-se que existiu predominância dos indivíduos do sexo feminino (60,16%) relativamente o sexo masculino (39,84%). Para o bloco de TM verificou-se que a tendência

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foi a mesma com 67,35% para FTM e 32,65% para MTM, ao contrário do que se passou na OT em que os valores foram de 32,00% para FOT e de 68,00% para MOT.

Em CT, a maioria dos indivíduos era de raça indeterminada (65,85%), seguindo-se os de raça caniche (8,94%), verificando-se a mesma tendência para TM e OT, com os valores de 65,31% e 7,14% para a primeira e de 68,00% e 16,00% para a segunda, respectivamente. Considerando cada um dos blocos, verificou-se que nas FTM a raça predominante foi a indeterminada com um valor de 69,70%, seguindo-se a raça caniche com 7,58%, e para MTM também foi a raça indeterminada a mais predominante com um valor de 56,00%, seguida das raças Caniche, Boxer, Pitbull, Rottweiler e Yorkshire com um valor igual para cada uma delas de 6.00%. Para FOT e MOT, as raças predominantes foram também a indeterminada e a caniche com os valores de 37,50% para cada uma delas nas fêmeas, e de 82,00% na primeira e 6,00% na segunda, com um igual valor para as raças Rafeiro Alentejano e Spitz Anão para os machos.

A caracterização da dor e o grau de conforto/desconforto apresentado pelos doentes, foi aferido no período pré-cirúrgico (M0) e no período M1 com a Escala Composta de Dor de Glasgow (ECDG) na forma abreviada (Anexo VII), foi feita esta escolha uma vez que esta escala está desenhada para a avaliação dos pacientes num período de internamento hospitalar seria portanto a mais adequada para a avaliação dos pacientes neste mesmo período, com ela foram então avaliados cada um dos seus parâmetros. Nos períodos pós- cirúrgicos foi usada a Escala de dor da Universidade de Melbourne (EDUM) para M1, M2 e M3, uma vez que como dito atrás esta está direccionada para a avaliação da dor no período pós-operatório, avaliando-se cada paciente para os parâmetros fisiológicos e comportamentais avaliados (Anexo VII).

Todos os dados obtidos foram registados em tabelas elaboradas no programa Microsoft Office Excel (Anexo VIII), apresentando a caracterização dos pacientes através de uma análise estatística descritiva quanto à idade, raça, tipo de cirurgia realizada e os parâmetros avaliados por cada uma das escalas utilizadas (ECDG e EDUM). Os registos foram divididos em 4 grupos (FTM- Fêmeas submetidas a Cirurgia de Tecidos Moles; MTM- Machos submetidos a Cirurgia de Tecidos Moles; FOT- Fêmeas submetidas a Cirurgia de Ortopedia- Traumatologia; e MOT- Machos submetidos a Cirurgia de Ortopedia-Traumatologia) de modo a facilitar o tratamento estatístico, o qual se socorreu das medidas de dispersão (média, desvio padrão, mínimo e máximo), e ainda foram realizadas análises estatísticas inferenciais através dos teste de kolgomorov-smirnoff (KS), teste t, teste Mann Whitney, coeficientes de correlação de pearson (r) e spearman, ANOVA oneway e teste de Friedman (caso não assumissem uma distribuição normal), considerando sempre um intervalo de confiança de 95%.

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Este estudo teve por objectivos:

1- Caracterizar a amostra dos doentes sujeitos à dor peri-operatória 2- Caracterizar a dor na amostra de doentes submetidos a TM e OT

3- Determinar se existem diferenças significativas na expressão a dor entre sexos, considerando a TM e OT

4- Determinar se existem diferenças significativas na expressão dor entre TM e OT 5- Caracterizar e determinar se existem diferenças significativas na evolução da dor nos

momentos M0, M1, M2 e M3 em doentes TM e OT

6- Determinar qual o momento peri-operatório mais doloroso em doentes TM e OT 7- Comparar a sensibilidade das escalas de ECDG e EDUM na avaliação da expressão

de dor apresentada pelos doentes no período peri-operatorio.