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4.1 – Caracterização do estudo

O presente estudo é caracterizado por uma abordagem epidemiológica quantitativa exploratória descritiva comparativa bem como correlacional conforme Thomas e Nelson (2007).

4.2 –Amostra

O presente estudo foi composto por 901 escolares de diferentes regiões do Distrito Federal, com idade entre 11 a 18 anos divididos em duas amostras. A primeira foi relacionada à validação de equações para predição de VO2máx de escolares na qual participaram 77 adolescentes entre 13 e 17 anos. A segunda foi composta por 824 crianças participantes de quatro diferentes estudos populacionais que envolvem meninos e meninas de 11 a 17 anos dos estados do Distrito Federal que fizeram parte da construção da tabela de aptidão cardiorrespiratória por meio do

ShuttleandRun 20 metros.

4.2.1 Critérios de Exclusão

Como critérios de exclusão foram adotados os seguintes itens: a) Recusa em participar do estudo;

b) Limitações osteomioarticular que impedissem o movimento de caminhada e/ou corrida (locomoção);

c) Não estar matriculado em uma escola do Distrito Federal;

d) Fazer uso de medicamentos simpaticomiméticos, vasodilatadores e/ou qualquer outro medicamento que tenha alguma relação com resposta vascular e/ou hemodinâmica, bem como cardíaca.

4.3 – Questões éticas

Todos os responsáveis pelos escolares foram informados sobre os procedimentos adotados com a participação no estudo, da mesma forma sobre os riscos e benefícios que poderiam advir com a participação no mesmo. Um termo de consentimento livre e esclarecido foi entregue ao responsável abordando as informações acima conforme resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisas em seres humanos. Antes da coleta de dados ser iniciada, o presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Católica de Brasília e aprovado com o número 357.400.

4.4 – Procedimentos

4.4.1 - Avaliação antropométrica

4.4.1.1 - Massa corporal

Foram coletados os valores da massa corporal (MC) por meio de balança digital com escalas de 50 gramas (TOLEDO) (Figura 12).

Figura 12. Procedimento para medida da

massa corporal. 4.4.1.2 – Estatura

A estatura (Est) de cada voluntário foi mensurada utilizando o estadiômetro (COUNTRY TECNOLOGY INC, Gays Mills, WI - modelo 37034) com escala

milimétrica para posteriormente calcularmos os dados referentes ao Índice de Massa Corpórea (IMC) (Figura 13).

Figura 13. Procedimento para

medida da estatura.

Tanto a massa corporal quanto a estatura foram medidas em duplicatas e caso fossem encontrados valores diferentes (0,05 kg para a MC e 0,1 cm para a estatura) uma terceira medida foi realizada para o cálculo da média das três medidas.

4.4.1.3 – Circunferência da cintura

Foi utilizada a circunferência da cintura (CC) como referência para a variável obesidade abdominal por melhor correlacionar a quantidade de tecido adiposo visceral. A CC será mensurada sobre a pele no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca, sendo a mesma medida durante a fase expiratória de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (WHO, 1995) (Figura 14).

Figura 14. Procedimento

para medida da

4.4.1.4 - Composição corporal

Para a avaliação da Composição corporal utilizou-se os valores da espessura das dobras cutâneas triciptal e panturrilha para posterior cálculo do percentual de gordura (Slaughteret al., 1988) por meio do Software (Galileu, Micromed). Para tanto, foi utilizado o compasso de dobras da marca Langecomterminaismóveisemacabamento plástico, escala de 1 milímetro, amplitude até 65 milímetros e pressão constante de 10g/mm2 (Figura 15).

Figura 15. Procedimentos para medida das dobras cutâneas.

4.4.2 – Avaliação hemodinâmica

4.4.2.1 - Pressão Arterial

A pressão arterial (PA) foi medida 3 vezes, com o avaliado em repouso, utilizando um aparelho automático (MICROLIFE BP 3BTO-A, SP-BRASIL), validado segundo os requisitos da Associação Britânica de Cardiologia (CUCKSON

et al, 2002), na posição sentada, com os pés descruzados e apoiados no solo, braço

apoiado em suporte específico na linha perpendicular à altura do coração (Figura 16) segundo recomendações do o VII Relatório do Comitê da Junta Nacional na Prevenção, Detecção, Avaliação e Tratamento da Hipertensão Arterial

(CHOBANIAN et al, 2003), respeitando o intervalo mínimo de 1 minuto entre as medidas conforme recomendações da IV Diretriz de Hipertensão Arterial (2004). O manguito utilizado para as medidas respeitou as individualidades de cada sujeito conforme a circunferência do braço.

Figura 16. Procedimento para medida da pressão arterial

4.4.3.1 - Aptidão cardiorrespiratória

4.4.3.1.1 - Teste de esforço máximo (Laboratório)

Como padrão de referência para aptidão cardiorrespiratória foi realizado em cada voluntário teste de esforço máximo em esteira rolante (Super ATL Imbramed) com o intuito de se avaliar a capacidade máxima aeróbia através do consumo máximo de O2 (VO2máx) (Figura 17).

Figura 17. Realização do teste

Durante o referido teste todos os voluntários foram monitorados por meio de um eletrocardiograma digital (ELITE Micromed) acompanhados por médico cardiologista. Conjuntamente, foram coletadas as variáveis ventilatórias dos voluntários utilizando analisador de gases Cortex (Metalyzer 3B) sistema respiração a respiração, por meio do software MetaSoft CPX, das quais:

 Ventilação pulmonar (VE)  Consumo de Oxigênio (VO2)

 Produção de dióxido de Carbono (CO2)

 Pressão expiratória final de oxigênio (PETO2)

 Pressão expiratória final dióxido de Carbono (PETCO2)  Razão de troca respiratória (RER)

Nos dias dos testes o analisador de gases foi calibrado com uma mistura padrão primária composta por 16,98% O2, 4,93 CO2 e N balanço, da mesma forma o fluxo através de uma seringa de 3L (HansRudolph) bem como a pressão barométrica (Figura 18). Somado a isso, antes de cada teste o referido equipamento fez, automaticamente, uma calibração do ar ambiente, conforme recomendações do fabricante. Caso fosse detectado alguma incoerência entre os valores das variáveis ergoespirométricas analisadas (pressão barométrica, mistura padrão primária, fluxo e ar ambiente) todos os procedimentos de calibração descritos acima eram refeitos.

Figura 18. Kit de calibração do

analisador de gases.

Foi aplicado o protocolo do tipo rampa conforme estabelecido por Myers et al (1991) respeitando a individualidade do voluntário para o incremento das cargas. Para

a determinação do VO2máxforam utilizados os critérios propostos por Wassermane Whipp (1987) por três diferentes avaliadores com experiência prévia e, caso os critérios não fossem alcançados, foi utilizado o maior valor de consumo de O2, também conhecido como VO2pico.

Todos os testes foram realizados em laboratório de avaliação física específico (Laboratório de Avaliação Física e Treinamento - LAFIT) contando com sistema de controle de temperatura e umidade, além dos demais equipamentos necessários e recomendados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (GUIMARÃES et al, 2003).

4.4.3.1.2 - ShuttleRun 20 metros (Teste de Campo)

O teste de ShuttleRun 20 metros (SR20m) também foi utilizado para a avaliação da capacidade aeróbia. O referido teste foi o escolhido por ter como característica melhor aceitação em jovens na execução quando comparado aos demais testes de campo (CASTRO-PIÑERO et al, 2010; Ruiz et. al, 2009). Para o cálculo do VO2máx (ml.kg.min-1) foram utilizadas as fórmulas proposta por Légeret al. (1988), Barnet (1993) assim como a de velocidade ajustada proposta por Kuipers (1995) caso o avaliado não consiguisse terminar o estágio, conforme equações expostas na Tabela 1:

Autor Equação

Légeret al. (1988); VO2máx = 31,025 + 3,238*V – 3,248*I + 0,1536*V*I

Onde:

V = velocidade final (km/h) I = Idade (anos)

(V=8 + (0,5 * último estágio completado)

Barnettet al. (1993) VO2 pico = 25,8-(6,6*G)-(0,2*PC)+(3,2*S)

Onde:

G= Sexo (Meninos = 0; Meninas = 1) S = velocidade final (km/h)

A = Idade (anos)

Kuipers (1985); para o ajuste da velocidade:

v+((nv/vt)*0.5), Onde:

V= velocidade do último estágio completado; NV = número de voltas no estagio incompleto; VT = total do número de voltas.

Para a aplicação do teste de SR20m uma distância de 20 metros foi demarcada por cones e os voluntários deveriam percorrê-la segundo o ritmo imposto pelo sinal sonoro previamente determinado (LÉGER et al, 1988) emitido por um aparelho de som suficientemente potente para essa finalidade (Figura 19).

Figura 19. Modelo esquemático do teste de ShuttleRun 20

metros (SR20m).

O SR20m tem como característica ser composto por múltiplos estágios e, neste sentido, os voluntários deveriam percorrer inicialmente os 20m na velocidade de 8,5 km/h e, a cada minuto de execução, foi incrementado 0,5km/h até que os voluntários chegassem à exaustão máxima (Figura 20). Imediatamente antes do teste todos os voluntários realizaram aquecimento composto por: a) Aquecimento geral através de corridas com deslocamentos para frente, trás e lateralmente; b) Alongamentos básicos como parte integrante do aquecimento.

4.5 – Local

Todos os testes de esforço em esteira rolante, antropometria, pressão arterial, foram realizados no laboratório de avaliação física e treinamento (LAFIT) da Universidade Católica de Brasília (UCB) em ambiente devidamente climatizado e preparado para essa finalidade. O LAFIT conta com quadro de pessoal composto por Médico Cardiologista, técnicos especialistas, professores e estagiários devidamente capacitados com os procedimentos descritos, os quais auxiliaram na coleta dos dados.

Com relação ao teste de campo (SR20m), os mesmos foram realizados no ginásio de esportes número 2 da UCB ou nas escolas selecionadas.

4.6 – Análise de Dados

Foi utilizada estatística descritiva com média e desvios padrão (±DP) para caracterização das amostras. A normalidade dos dados foi investigada utilizando o teste de Kolmogorov-Smirnov (K-S test). Além disso, foi aplicado o teste “t”pareado visando verificar diferenças entre o teste padrão ouro (Ergoespirometria) e cada uma das equações de predição. Em seguida, teste “t” para amostras independentes no intuito de avaliar possíveis diferenças entre os sexos masculino e feminino nas variáveis analisadas, bem como análise de variância (ANOVA) visando detectar diferenças quando comparadas as faixas etárias.Análise de concordância de Bland Altman entre equações de predição do VO2máx e obtido através da Ergoespirometria.

Para confecção dos pontos de corte, foi aplicado valores de quartis.Teste t para amostra independentes foram realizados para comparação entre sexo da amostra total para apresentação dos dados descritivos e o teste Qui-Quadrado foi utilizado para comparação entre as classificações de VO2máx (ruim, moderado e bom).Além disso, foi aplicada a análise de variância (ANOVA TWO WAY) o teste “t” pareado visando verificar diferenças entre cada uma das variáveis comparadas entre os diferentes níveis de classificação da aptidão cardiorrespiratória bem como entre os sexos. Correlações de Pearson foram examinadas entre as variáveis antropométricas e hemodinâmicas com a aptidão cardiorrespiratória. Foi utilizado o software SPSS-IBM 22.0e adotado o nível de significância de α < 0,05 para todos os dados analisados.

5 RESULTADOS

Para validação das equações os resultados descritivos da amostra utilizada (n= 77) no presente estudo estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Características descritivas dos voluntários.

Variáveis Meninos (n=32) Meninas (n=45)

Idade (anos) 15,41 (1,48) 15,23 (1,83) PAS (mm Hg) 116,55 (17,96) 109,96 (14,87) PAD (mm Hg) 75,27 (10,60) 70,47 (13,47) Peso (Kg) 59,99 (8,52) 55,39 (9,86) Estatura (cm) 171,23 (7,76) 161,82 (5,81) IMC (kg/m2) 20,42 (2,27) 21,13 (3,25) GC (%) 15,99 (7,16) 25,93 (9,61)

Os resultados estão expressos em Média  Desvio Padrão (DP). PAS = pressão arterial sistólica; PAD = Pressão Arterial Diastólica; IMC = Índice de Massa Corporal; GC = Gordura Corporal.

Os achados do presente estudo demonstraram que quando observada a validação das equações em predizer o VO2máx em escolares brasileiros do sexo masculino, somente Léger foi diferente (p=0,023) comparado com o teste padrão ouro. Em contrapartida, as equações propostas por Barnett bem como o ajuste de velocidade proposto por Kuipers não apresentaram diferenças significativas comparadas ao método padrão ouro (Tabela 3). Além disso, observamos forte correlação entre as equações de predição e o teste realizado em esteira rolante (Léger = 0,76; Kuipers = 0,75; Barnett = 0,76).Com relação à associação, a equação de Kuipers apresentou melhor resultado (Figura 21).

Tabela 3. Resultados do desempenho nos testes incremental na esteira e no SR20m

para o sexo masculino (n=32). VO2 max (ml/kg/min) t P VC (%) R R2 EPE (ml/kg/min) Analisador 50,75 (±7,83) - - - Léger *48,54 (±4,69) 2,396 ,023 9,7 0,76** 0,58 4,10 Kuipers 49,94 (±4,47) ,861 ,396 8,9 0,75** 0,56 4,06 Barnett 52,19 (±3,57) -1,451 ,157 6,8 0,76** 0,58 3,42

P<0,05 comparado ao VO2 padrão (Analisador).* * Correlação significativa <0,01.

Em relação à validação das equações em predizer o VO2máx em meninas, a equação de Léger não demostrou diferença significativa (p=0,181), enquanto as equações de ajuste de velocidade proposta por Kuipers assim como a de Barnett foram estatisticamente diferentes para ambas (p= 0,001) conforme demonstrado na Tabela 4. Já para a correlação entre as equações de predição propostas observamos valores moderados variando de 0,53; 0,54; 0,66 para Léger, Kuipers e Barnett respectivamente. Com relação à associação, a equação de Léger apresentou melhor resultado (Figura 22)

Tabela 4. Resultados do desempenho nos testes incremental na esteira e no SR20m para

o sexo feminino (n=45). VO2 max (ml/kg/min) t P VC (%) R R2 EPE (ml/kg/min) Analisador 39,36 (±4,85) - - - Léger 40,34 (±5,10) -1,358 ,181 12,6 0,53** 0,28 2,43 Kuipers *41,90 (±4,96) -3,625 ,001 11,8 0,54** 0,29 4,76 Barnett *41,69 (±3,58) -4,272 ,001 8,6 0,66** 0,44 3,42

Figura 21 – a) Medidas de associação (Bland Altman) entre VO2 máximo (ml●kg●min-1) em meninos, obtido pela: a) Ergoespirometria e Equação de Léger; b) Ergoespirometria e Equação de Kuipers; c) Ergoespirometria e Equação de Barnett. As linhas pontilhadas superiores e inferiores representam os limites de concordância (95%).

Figura 22 – a) Medidas de associação (Bland Altman) entre VO2 máximo (ml●kg●min-1) em meninas, obtido pela: a) Ergoespirometria e Equação de Léger; b) Ergoespirometria e Equação de Kuipers; c) Ergoespirometria e Equação de Barnett. As linhas pontilhadas superiores e inferiores representam os limites de concordância (95%).

Posteriormente, para a confecção da tabela de classificação foram usados os valores coletados em 824 estudantes. A Tabela 5 apresenta as características descritivas da amostra em questão.

Tabela 5. Características descritivas da amostra para a confecção da tabela de

classificação. Valores expressos em média (DP).

Variáveis Meninos (n=485) Meninas (n=339)

Idade (anos) 14,38 (2,04) 15,15 (2,23) PAS (mmHg) 115,55 (12,86) 107,33 (11,55) PAD (mmHg) 69,00 (8,88) 66,20 (8,30) Peso (Kg) 55,17 (13,87) 54,43 (11,87) Estatura (cm) 171,23 (7,76) 161,82 (5,81) IMC (kg/m2) 19,97 (3,65) 21,04 (4,17) GC (%) 21,03 (9,45) 28,30 (8,54) C.Cintura (cm) 70,91 (8,58) 67,89 (7,72)

PAS=Pressão Arterial Sistólica; PAD= Pressão Arterial Diastólica; IMC=Índice de Massa Corporal; GC(%)= Gordura Corporal; C.Cintura= Circunferência da Cintura.

Os pontos de corte referentes aos valores de VO2máx estão apresentados nas Tabelas 6 (masculino) e 7 (feminino).

Tabela 6 - Pontos de corte para a classificação do VO2máxem adolescentes do sexo masculino (n=485) por meio da equação de ajuste de velocidade (Kuipers, 1985).

Idade Ruim Bom Ótimo 11-12 < 43,22 > 43,23 <48,60 > 48,61

13-14 < 42,43 > 42,44 <49,13 > 49,14

15-16 < 40,76 > 40,77 < 49,55 > 49,56

Tabela 7 - Pontos de corte para a classificação do VO2máxem adolescentes do sexo feminino (n=339) por meio da equação de Léger et al (1988).

Idade Ruim Bom Ótimo 11-12 < 40,32 > 40,33 < 44,56 > 44,57

13-14 < 36,74 > 36,75 < 39,43 > 39,44

15-16 < 31,72 > 31,73< 36,00 > 36,01

17-18 < 28,45 > 28,46 < 32,58 > 32,59

Apesar da divisão em quartis, preferimos adotar somente três faixas de classificação (Ruim, Bom, Ótimo) por perceber que o mais importante para o propósito do nosso estudo é identificar valores de VO2máx que estejam relacionados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, ou seja, aqueles indivíduos classificados como RUIM. Além disso, as diferenças dos valores entre cada classificação quando utilizados “quintis”, ou até mesmo “quartis”, são bem próximas, podendo haver maiores influências nos resultados, uma vez que existe, principalmente nesta faixa etária, grande interferência de variáveis externas à aptidão cardiorrespiratória como capacidade volitiva e desenvolvimento motor do avaliado. A Tabela 08 apresenta os resultados de classificação da aptidão cardiorrespiratória da amostra estudada.

Tabela 8. Frequência para a classificação da ACR (VO2máx) (n=824).

Faixa etária Classificação Total Ruim Bom Ótimo

Total

Masc 122 (25%) 240 (50%) 123 (25%) 485

Fem 124 (37%) 111 (33%) 104 (31%) 339

TOTAL 246 (30%) 351 (43%) 227 (28%) 824

Em seguida, comparamos as variáveis antropométricas (IMC; C.Cintura, percentual de gordura) e hemodinâmicas (Pressão Arterial Sistolica e Pressão Arterial Diastólica, respectivamente PAS e PAD) mais utilizadas para predizer risco cardiovascular entre os diferentes níveis de ACR.

De acordo com os resultados obtidos com relação à classificação da aptidão cardiorrespiratória (Tabela 9) podemos observar que a frequência total dos voluntários do sexo masculino está distribuída de forma simétrica, com a maioria dos avaliados classificados como “Bom” e os extremos “Ruim” e excelente com 25% cada. Com relação à mesma análise para o sexo feminino, percebemos que a distribuição é maior (37%) no grupo “Ruim” e o restante (63%) divididos em “Bom” (33%) e “Ótimo” (31%). Nossos resultados podem refletir os achados de Tenório et al (2010) que observaram em escolares do ensino médio (14 a 19 anos), maior comportamento sedentário nas meninas (70,2%) em relação aos meninos (57,6%) bem como os de

Tabela 9 – Frequência para a classificação da ACR (VO2máx) por faixa etária e sexo (n=824).

Faixa Etária

(anos) Ruim Classificação Bom Ótimo Total (n) 11-12 Masculino 28 (25%) 56 (50%) 28 (25%) 112 Feminino 31 (46%) 17 (25%) 19 (28%) 67 13-14 Masculino 33 (25%) 65 (50%) 33 (25%) 131 Feminino 16 (48%) 4 (12%) 13 (39%) 33 15-16 Masculino 38 (25%) 74 (49%) 39 (26%) 151 Feminino 31 (25%) 55 (44%) 40 (32%) 126 17-18 Masculino 23 (25%) 45 (50%) 23 (25%) 91 Feminino 46 (41%) 35 (31%) 32 (28%) 113 TOTAL Masculino 122 (25%) 240 (50%) 123 (25%) 485 Feminino 124 (37%) 111 (33%) 104 (31%) 339 Total 246 (30%) 351 (43%) 227 (28%) 824

Com relação às variáveis antropométricas foram observadas diferenças significativas quando comparadas somente entre o grupo “ruim” para a aptidão cardiorrespiratória comparada aos demais grupos (Tabela 10).

Ainda com relação às variáveis antropométricas utilizadas no presente estudo observamos, em ambos os sexos, que estas atuam de forma inversamente proporcional em relação ao nível de aptidão cardiorrespiratória (Figura 23), apresentando

resultados maiores de IMC e %gordura para as meninas comparadas aos meninos. Ainda que fraca a correlação inversa existente entre as variáveis IMC, C.Cint e aptidão cardiorrespiratória tanto em meninos (r = -0,25; -0,21 e -0,32) quanto em meninas (r = -0,38; -0,28; -0,44) respectivamente, todas apresentaram significância (p=0,0001).

Tabela 10 – Comparação das variáveis antropométricas e hemodinâmicas, em relação ao sexo e classificação do VO2 máximo. Os dados estão expressos em média DP.

Variável Sexo Ruim Bom Ótimo ICM Masculino *#21,224,72 19,753,31 19,142,65 Feminino #22,004,70 21,123,97 19,813,33 C.Cint Masculino *#73,89 11,48 70,19 7,34 69,35 6,59 Feminino #69,44 8,21 68,01 7,64 65,91 6,77 % Gord Masculino *#25,75 12,55 20,36 7,95 17,40 6,10 Feminino #28,98 8,64 29,73 9,01 25,95 7,41 PAS Masculino *114,13 12,47 117,42 12,80 113,40 13,12 Feminino 107,86 11,48 105,85 11,05 108,58 12,17 PAD Masculino *69,04 8,36 69,85 9,07 67,25 8,96 Feminino 65,92 7,80 68,79 9,16 67,04 7,69

*Diferente comparado ao sexo feminino; #Diferente comparado aos demais grupos. IMC=

Índice de Massa Corporal; C.Cint= Circunferência da cintura; %Gord= Percentual de gordura; PAS= Pressão Arterial Sistólica; PAD=Pressão Arterial Diastólica.

Já para as respostas hemodinâmicas, foram encontradas diferenças significativas somente quando comparados os sexos para a classificação “ruim”. Os meninos apresentaram diferenças significativas comparadas às meninas, tanto para a PAS quanto para PAD. Além disso, não foram observadas correlações com a aptidão cardiorrespiratória tanto para PAS (meninos p=0,89; meninas p=0,41) quanto para PAD (meninos p=0,41; meninas 0,32).

Figura 23 – Comparação das variáveis antropométricas entre sexo e grupos de classificação de aptidão cardiorrespiratória: a)IMC; b) C. Cint; c) %G - *Diferença entre sexo (p=0,0001); #Diferença comparado aos demais grupos (p=0,0001).

6 DISCUSSÃO

Há muito, o uso da aptidão cardiorrespiratória tem sido sugerido como ferramenta para predição de doenças coronarianas (SHEPARD et al, 1968; KODAMA et al, 2009), além de se associar positivamente com a saúde neurocognitiva tanto em adultos (ERICKSON et al, 2011; SMITH et al, 2010) quanto em crianças (MOORE et al 2014, RUIZ et al, 2010) e idosos (COLCOMBE et al, 2003).

Apesar da precisão da ergoespirometria, suas limitações no que tange a

acessibilidade bem como o tempo gasto por avaliação o 20m Shuttle-Runtest, vem

sendo explorado por diversos estudiosos quanto a sua validade, fidedignidade e aplicabilidade em crianças, adolescentes e adultos, atletas ou não, bem como em escolares, principalmente em canadenses, americanos e europeus, existindo naturais limitações que podem ser diminuídas com a reprodução adequada do teste (COSTA et al, 2007; GALLOTTI e CARMINATTI, 2008; PEREIRA et al,2010). Neste sentido, estudos tem investigado a precisão de diferentes equações em predizer o VO2máxpor meio do teste de SR20m em várias populações.

Nossos achados corroboram os encontrados recentemente por Kim et al (2011), que avaliaram a capacidade das equações propostas por Léger (1988) e Brewer (1988) em predizer o consumo máximo de oxigênio em coreanos adultos. De acordo com os autores, ambas equações foram incapazes de estimar consumo de oxigênio de forma precisa na população estudada, tendo como característica a superestimação desta variável. Segundo dados do próprio criador do teste (LÉGER et al, 1988) ao se comparar a validade deste em predizer VO2máx em crianças percebe- se uma menor validade quando comparado ao mesmo procedimentos em adultos. Para o autor tal fato pode ser atribuído a maior possibilidade de variação na idade biológica com maior possibilidade de erro.

Apesar das facilidades na aplicação do SR20m, o que se percebe é a pouca utilização deste no Brasil. Com relação à validação do referido teste em brasileiros, até o presente momento observa-se apenas 01 estudo (DUARTE e DUARTE, 2001) o qual objetivou validar a equação proposta por Léger e Lambert (1982) em adultos

jovens brasileiros. Contudo, o que se percebe é que a referida equação, quando utilizada em escolares brasileiros, tende a subestimar o VO2 máximo. Além disso, a despeito da validação da equação pelos autores, a mesma fora proposta para diferentes idades (8 a 19 anos) de ambos os sexos diferentemente da amostra avaliada por Duarte e Duarte (feminino 15 a 25 anos; masculino 21 a 43 anos). Percebe-se, portanto que, além de não utilizarem nenhum adolescente do sexo masculino, utilizaram apenas voluntários com idade a partir dos 15 anos para o sexo feminino, diferentemente da faixa etária proposta pelos idealizadores do teste (Légeret al, 1988). Recentemente Ruiz et al (2008; 2009) avaliaram a validade das diferentes equações em predizer o VO2max por meio do teste de SR20m em escolares Europeus e, de acordo com os autores algumas equações foram capazes de predizer de forma eficaz. Assim sendo, os autores recomendaram cautela quanto ao uso das equações e propuseram equação multivariada (estágio, sexo, idade, peso e estatura), nada pragmática, para idades entre 13 a 19 anos. Contudo, apesar da eficácia de algumas equações, os autores, diferentemente de nosso estudo, utilizaram indivíduos de ambos os sexos em amostra única.

Outra variável que deve ser destacada é a metodologia empregada no estudo de Léger e Lamber (1988), uma vez que os autores propuseram a equação através de equipamentos existentes à época (Saco de Douglas). Contudo, com o avanço tecnológico novas ferramentas foram disponibilizadas na área da fisiologia do exercício, como analisadores de gases mais precisos como o utilizado em nosso estudo. Desta forma, entendemos que ajustes matemáticos como o proposto por Kuipers devem ser utilizados para melhor aproximação do valor real do VO2máx.

Além disso, Léger e Lambert (1982) utilizaram como parâmetro de referência para validação do SR20m o teste em esteira rolante. Contudo, Flouriset al (2005) observaram que o VO2máx é maior durante o teste de SR20m comparado ao teste incremental em esteira rolante. O SR20m tem como principal diferença comparado ao teste em esteira rolante o incremento de velocidade, com aceleração, desaceleração e mudança de direção. Para tanto, os autores utilizaram como protocolo na esteira rolante o proposto por Bruce et al (1973). Entretanto, recentemente Policarpo et al (2007) demonstraram que o protocolo de Rampa, como o utilizado no presente

estudo, apresenta maior demanda metabólica (VO2máx, FCmáx) quando comparado ao protocolo de Bruce.

Com relação às tabelas de classificação da ACR em brasileiros poucos estudos

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