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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

6. ÁREA DE ESTUDO

6.2. Bacia Hidrográfica do Ribeirão da Onça (BRO)

6.2.1. Características físicas

6.2.2.2. Materiais inconsolidados

6.2.2.2.2. Materiais retrabalhados

A cobertura Cenozoica pode ser composta por materiais retrabalhado arenoso I (SAr I), misto (SMi) ou orgânico e aluvionar (Or/Al). Os primeiros recobrem, parcialmente, os materiais residuais da Formação Botucatu e dos magmatitos básicos. Classificam-se como areias pouco argilosas com linha de seixos em sua base e textura homogênea ao longo do perfil. Na fração areia, predomina o mineral quartzo, seguido por magnetita, ilmenita, leucoxênio, turmalina, entre outros. Na fração argila encontra-se, principalmente, o mineral caulinita.

Outro material que pode ocorrer sobrejacente a magmatitos básicos é o retrabalhado misto caracterizado por uma composição mista de finos provenientes da decomposição dessas rochas e de materiais arenosos adjacentes (residuais da Formação Botucatu e/ou materiais arenosos retrabalhados). Apresentam coloração vermelho-escura proveniente da presença de óxido de ferro (hematita), na fração argila, com teor médio, em ferro total, de cerca de 7%.

Por último, típicos de ambiente de planícies aluvionares de cursos d’água, os materiais retrabalhados orgânicos e aluvionares apresentam camadas superficiais ricas em matéria orgânica com espessura inferior a 1 m e coloração preta a cinza claro. Dependendo do ambiente, sob a camada orgânica, podem ocorrer sedimentos aluvionares e/ou coluvionares de coloração cinza esbranquiçado. A composição textural é bastante diversa com teores argilosos e arenosos.

6.2.3. Hidrogeologia

Dentre as características hidrogeológicas conhecidas da área de estudo, tem- se o rendimento específico do solo (𝑆𝑦) determinado por Gomes (2008), em 5 amostras indeformadas de solo (AM-1 a AM-5), através dos métodos de saturação e drenagem e de tensão da água no solo. Essas amostras foram coletadas em diferentes locais na bacia conforme mostra a Figura 24.

Figura 24. Locais de coleta das amostras indeformadas de solo

Fonte: A Autora

Os valores de rendimento específico dessas amostras variaram entre 7,8 e 16,8% com tendência de diminuição em camadas mais profundas (Figura 25). Nessas camadas também se observa o aumento no teor dos grãos mais finos (silte e argila), conforme mostra a Figura 26, que pode justificar os valores menores de 𝑆𝑦. De fato, a peptização e floculação de partículas coloidais (argilas não expansivas), e de minerais menores (e.g. caulinita), formam uma fina camada na superfície de outros minerais, sendo mantidos por forças de van der Waals, reduzindo, assim, os espaços intersticiais (CARDOSO; BALABAN, 2015).

Figura 25. Rendimento específico em diferentes profundidades

Fonte: Adaptado de Gomes (2008)

Figura 26. Análise granulométrica do solo

A estimativa da recarga subterrânea na área de estudo vem sendo estudada utilizando lisímetros, métodos do balanço hídrico em zona saturada e o método de flutuação de nível d’água (Water Table Fluctuation – WTF) (BARRETO, 2006; CUNHA, 2003; MELO; CABRERA; WENDLAND, 2017; MELO; WENDLAND; GUANABARA, 2015). As taxas anuais de recarga estimadas variaram entre 7% (80 mm) e 20% (359 mm) da precipitação do ano mais seco (2005-2006) e do ano mais chuvoso (2010–2011), respectivamente (LUCAS; GUANABARA; WENDLAND, 2012). O modelo conceitual hidrogeológico da BRO supõe que a camada de sedimentos Cenozoicos define um aquífero freático de circulação rápida da recarga subterrânea (Figura 27). A camada subjacente, composta pelos arenitos Botucatu e Pirambóia, corresponderia ao Sistema Aquífero Guarani (CONTIN NETO, 1987; WENDLAND; GOMES; TROEGER, 2015).

Figura 27. Modelo hidrogeológico conceitual da BRO de circulação rápida e contribuição regional para o SAG

Fonte: Adaptado de Wendland, Gomes e Troeger (2015) 6.2.4. Pedologia

A Tabela 5 indica as mudanças na terminologia das classes de solo presentes na BRO. Já a Figura 28 apresenta a distribuição das classes pedológicas presente na BRO. Os aspectos pedológicos da área de estudo a seguir foram descritos por Castro

Junior e Wendland (2015) seguindo a nova classificação pedológica conforme o Sistema de Classificação da EMBRAPA (SANTOS et al., 2013).

Tabela 5. Terminologia das classes de solo segundo o antigo e o novo Sistema de Classificação da EMBRAPA

Classificação Pedológica Antiga Classificação Pedológica Nova

Areia Quartzosa Neossolo Quartzarênico

Latossolo Vermelho Escuro Latossolo Vermelho escuro

Latossolo Roxo Latossolo Vermelho

Latossolo Vermelho Amarelo Latossolo Vermelho Amarelo

Podzólico Vermelho Amarelo Argissolo Vermelho Amarelo

Terra Roxa Estruturada Nitossolo

Solo Litólicos Neossolo Litólicos

Solo Hidromórficos Gleissolo

Fonte: Adaptado de Santos et al. (2013)

Figura 28. Mapa pedológico da área de estudo

Fonte: Adaptado de Oliveira e Prado (1984)

a) Neossolo quartzarênico órtico (AQ): solos que ocupam a maior extensão da BRO desenvolvidos sobre material predominantemente quartzoso sob atenuada ação pedogenética acarretando perfis homogêneos. Não apresentam contato lítico dentro de 50 cm de profundidade em que os horizontes A-C possuem textura areia ou areia fina até, no mínimo, uma profundidade de 150 cm ou até o contato lítico. Sua composição é essencialmente quartzosa (95% ou mais nas frações areia grossa e areia fina), calcedônia e opala. Normalmente, há a sucessão dos horizontes A e C em

que são diferenciados por um ligeiro aumento no teor de argila com discreto desenvolvimento de estrutura. Possuem consistência muito friável, não plástica e não pegajosa;

b) Latossolo vermelho amarelo alumínico (LV-2): horizonte A fraco ou moderado, textura média do horizonte B com teor de argila inferior a 20% ou, se entre 20 e 25%, predominância de areia grossa a fina, caráter álico ou distrófico. Solos muito profundos, atingindo vários metros de espessura em que a transição entre subhorizontes é plana e gradual ou difusa;

c) Latossolo vermelho eutrófico (LRe): horizonte A moderado, textura muito argilosa ou argilosa, teor de areia grossa inferior a 20%. Solos muito profundos com horizontes homogêneos. Amostras secas possuem consistência ligeiramente dura, quando úmidas, friável ou muito friável e, se molhadas, ligeiramente pegajosa devido aos elevados teores de óxido de ferro/alumínio;

d) Nitossolo vermelho distroférrico ou eutroférrico (TE2): horizonte A moderado, textura argilosa. Solos originados de basalto encontram-se associados aos latossolos vermelho eutrófico com difícil diferenciação entre eles;

e) Gleissolos (Hi): solos com textura exclusivamente areia ou areia franca em todos os horizontes até profundidade de 150 cm ou contato lítico. Constituem-se por material mineral com horizonte glei iniciando-se a partir dos primeiros 50 cm da superfície do solo. São comuns em áreas mal drenadas de planícies aluvionais geralmente com presença de nascentes;

f) Latossolo vermelho distroférrico ou aluminoférrico (LE): horizonte A moderado, textura argilosa ou muito argilosa, caráter distrófico ou álico. Solos com consistência friável quando úmidos, e plástica e pegajosa quando molhados.

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