3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4. MATERIAL E MÉTODOS
Estão descritos esse capítulo aspectos relativos à coleta de dados para a elaboração dos artigos referentes às questões epidemiológicas relacionadas à implantação do NAT.
a) População e amostra:
Trata-se de um estudo populacional, os dados foram obtidos em duas fontes de dados diferentes. A primeira parte da coleta de dados corresponde aos doadores de sangue que doaram no período de janeiro 2008 a junho de 2013 na Hemorrede de Santa Catarina. Este período foi escolhido devido ao fato da Hemorrede (composta pelos Hemocentros de Florianópolis, Blumenau, Chapecó, Criciúma, Joaçaba, Joinville, Lages e pelas Unidades de Coleta localizadas em Canoinhas, Jaraguá do Sul e Tubarão) estar totalmente informatizada a partir de 2008, no banco de dados único, localizado em Florianópolis. Devido ao número reduzido de amostras coletadas em Canoinhas, Jaraguá do Sul e Tubarão, os dados dessas unidades estão agrupados nos Hemocentros de Joaçaba, Joinville e Criciúma, respectivamente.
A segunda parte da coleta de dados foi obtida das planilhas mensais de acompanhamento do NAT que é compilada em Brasília-DF, na Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados do MS. Os dados dessa planilha correspondem ao NAT realizado em todo o território brasileiro, no período de janeiro de 2011 a junho de 2013 e serviram para compor o segundo banco de dados.
b) Variáveis do estudo:
As variáveis do estudo foram obtidas do banco de dados (formato.xls) gerado no Sistema de Gerenciamento do Hemocentro – HEMOSIS, que contém todas as informações dos doadores que doaram na Hemorrede de Santa Catarina. Este sistema de informática é responsável pelo gerenciamento dos dados: cadastro do doador, triagem, coleta, testes laboratoriais, liberação e produção de hemocomponentes e transfusão de produtos sanguíneos em toda a Hemorrede HEMOSC.
Quadro 4 – Variáveis dependentes dos estudos epidemiológicos – HEMOSC 2007-2013:
Variáveis dependentes
Variável Categorização
Resultado dos testes sorológicos para anti-HCV –
Prism Abbott Reagente Não reagente
Inconclusivo
Imunoblot para anti-HCV Innogenetics Reagente
Não reagente Inconclusivo
Resultados do NAT HCV Bio-Manguinhos RNA detectado
RNA não detectado Resultado dos testes sorológicos para anti-HIV
anticorpo Prism Abbott
Reagente Não reagente Inconclusivo Resultado dos testes sorológicos para HIV 4ª
geração (detecção de antígeno e anticorpo) Siemens (até agosto de 2011) e Architect Abbott
Reagente Não reagente Inconclusivo Imunoblot Innogenetics para anti-HIV 1 e 2 Reagente
Não reagente Inconclusivo Resultados do NAT HIV – Bio-Manguinhos RNA detectado
RNA não detectado
Resultados reagentes para HIV são resultantes de duas situações: a combinação de dois testes sorológicos para anti-HIV reagentes mais imunoblot reagente e os resultados inconclusivos para anti-HIV com NAT RNA HIV detectável. Resultados inconclusivos são aqueles em que somente um dos testes sorológicos apresentou resultado reagente ou inconclusivo (o que pode ocorrer na soroconversão dos doadores). Para o HCV foram considerados somente os indivíduos com resultados para anti-HCV reagentes com imunoblot reagente. Em alguns casos onde não houve esta confirmação, os casos reagentes foram
aqueles em que a relação S/CO foi igual ou superior a 3,000 para o anti- HCV (ACAR et al., 2009; STRAMER et al., 2013).
Quadro 5 – Variáveis independentes dos estudos epidemiológicos - HEMOSC (2007 – 2013):
Variáveis independentes – Sócio Demográficas
Variáveis Categorização
Pessoa física do doador Cadastro individual no HEMOSIS
Número da triagem Cadastro individual da triagem no HEMOSIS Data de nascimento – Faixa etária 18 a 24 anos
25 a 34 anos 35 a 44 anos Acima de 45 anos
Gênero Masculino
Feminino
Procedência Hemocentro Coordenador de Florianópolis Hemocentro Regional de Lages
Hemocentro Regional de Joaçaba Hemocentro Regional de Joinville Hemocentro Regional de Chapecó Hemocentro Regional de Blumenau Hemocentro Regional de Criciúma
Cor da pele Branca
Negra Outras Escolaridade Analfabeto Ensino fundamental Nível médio Nível superior Pós-graduação Ignorado
Quadro 6: Variáveis associadas às características da doação de sangue no HEMOSC- 2007 a 2013:
Características da doação de sangue Categorização
Tipo de doação Esporádica
Repetição Primeira vez
Motivo de doação Voluntária
Reposição Autóloga
Datas das doações Dia/Mês/Ano
Número de doações anteriores 0-1
2-5 6-8
Acima de 08 doações
Quadro 7: Variáveis relacionadas aos dados obtidos da Hemorrede Brasileira (2010-2013):
Dados da Hemorrede Brasileira
Estado Brasileiro – agrupado por região Número de amostras testadas
Período da testagem
Número de amostras HCV NAT positivas, que apresentam testes sorológicos para anti-HCV reagentes
Número de amostras HCV NAT negativas, que apresentam testes sorológicos para anti-HCV reagentes
Número de amostras HCV NAT positivas, que apresentam testes sorológicos para anti-HCV não reagentes
Número de amostras HIV NAT positivas, que apresentam testes sorológicos para anti-HIV reagentes
Número de amostras HIV NAT negativas que apresentam testes sorológicos para anti-HIV reagentes
Número de amostras HIV NAT positivas que apresentam testes sorológicos para anti-HIV não reagentes
c) Critérios de exclusão: foram excluídos doadores com dados
incompletos.
d) Análises estatísticas: para a análise foi utilizado o software Stata 11.0, sendo admitido o intervalo de confiança (IC) de 95%. Foram realizados os cálculos a seguir:
d.1) O cálculo da prevalência foi realizado da seguinte forma: P (HIV, HCV) = _doadores de primeira vez com resultado reagente para HIV ou HCV* 100.000
Total de doadores do período
d.2) O cálculo da incidência foi realizado da seguinte forma:
I (HIV, HCV)= doadores de repetição e esporádicos com resultado reagente para HIV ou HCV * 100.000
Pessoas-ano
d.3) O cálculo do risco residual (RRes) utilizado baseou-se na estimativa de risco de Schreiber et al. (1996). Segundo este método o risco residual para os vírus é o produto da taxa de incidência ajustada por pessoas/ano pela duração da janela:
Rres = (Taxa de incidência* Duração da janela)
Onde: A taxa de incidência ajustada é expressa em fração 1 : número de doações necessárias para que uma doação seja contaminada por HIV ou HCV apesar dos testes de triagem laboratorial apresentarem resultados negativo. No período analisado antes da implantação do NAT entre 01 de janeiro de 2007 a 19 de julho de 2010, a duração das janelas foi de 17 dias para o HIV e 58,3 para o HCV, comparado com 9 dias para ambos vírus após a implementação do NAT entre 20 de julho de 2010 a 31 de julho de 2013.
A magnitude da efetividade da implantação do NAT na Hemorrede Pública brasileira foi calculada para os estados que implantaram o NAT na sua rotina de triagem de doadores de sangue. Foi realizada a comparação do risco residual calculado com ou sem a utilização da metodologia NAT, com a finalidade de medir o “ganho” na segurança transfusional após a sua implantação.
4.1 Questões éticas
O presente estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina sob o número CAAE: 173.16613.1.0000.0110. Em anexo (Anexo II) está o termo de consentimento aplicado nesse estudo.
PARTE II – RESULTADOS