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Material

No documento Cindy Alves da Silva (páginas 58-60)

PARTE II – Estudo empírico

3.3. Material

Após uma pesquisa e uma análise detalhada, foi selecionado o material que se considerou mais indicado para recolher informação relativamente aos objetivos propostos. Assim, a avaliação foi realizada através de um questionário sociodemográfico e clínico construído especificamente para o estudo, pela investigadora, bem pela Escala da Qualidade de Vida WHOQOL-Bref (Canavarro, 1998) que são descritos de seguida.

Questionário sociodemográfico e clínico. O questionário sociodemográfico e

clínico utilizado foi concebido especificamente para o estudo, encontrando-se dividido em duas partes, com um total de dez itens que permitiram recolher informação sobre os participantes. Nesse sentido, a primeira parte do questionário contemplou questões de cariz sociodemográfico, tais como: idade, sexo, diagnóstico e sua altura, estado civil, habilitações literárias, situação laboral e agregado familiar. A segunda parte, centrava-se em aspetos clínicos, nomeadamente: outros problemas de saúde, internamentos prévios e o seu número, medicação psiquiátrica e o consumo de antipsicótico injetável.

WHOQOL-Bref. Para este estudo, foi selecionado o instrumento World Health Organization Quality of Life Instrument versão abreviada (WHOQOL-Bref), com objetivo de avaliar a QdV dos indivíduos com perturbação bipolar e dos indivíduos que padecem de esquizofrenia. O WHOQOL-Bref consiste numa versão abreviada do WHOQOL-100, tendo sido considerado um instrumento de curta extensão que pode ser administrado a uma larga variedade de populações (Fleck, 2008). O WHOQOL-Bref é considerado um dos instrumentos mais utilizados para avaliar a QdV, devido à robustez que tem vindo a revelar na sua validação e utilização em diversas culturas (Canavarro et al., 2007).

O instrumento foi aferido para a população portuguesa por Vaz Serra et al. (2006) e apresentou um bom desempenho psicométrico a nível da consistência interna, validade discriminante, validade de conteúdo e fidelidade teste-reteste. O WHOQOL-Bref

1 Por questões éticas e por indicação da orientadora da presente dissertação, será apenas facultado aos membros do júri uma cópia das autorizações obtidas e do protocolo de avaliação utilizado.

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apresentou alguma fragilidade ao nível da consistência interna do domínio relações sociais, tendo sido a única limitação apresentada pelos autores (Canavarro et al., 2007; Fleck, 2008). Porém, essa limitação pode ser justificada devido ao facto desse domínio apresentar somente três itens, sendo um número relativamente pequeno quando comparado com os restantes itens que compõem os outros domínios (Canavarro et al., 2007).

É composto por 26 questões e encontra-se organizado em quatro domínios, nomeadamente: domínio físico, domínio psicológico, domínio relações sociais e domínio meio ambiente. Cada um dos domínios é constituído por um conjunto de facetas que são avaliadas por uma única questão do instrumento. Inclui ainda uma faceta geral que avalia a qualidade de vida através de duas questões: a perceção da QdV e a perceção da saúde (Vaz Serra et al., 2006).

O domínio físico engloba perguntas relacionadas com as atividades diárias do indivíduo, da adesão ao tratamento farmacológico, para além de questões sobre dor, sono, energia e fadiga (7 itens). No que diz respeito ao domínio psicológico, inclui questões sobre sentimentos positivos e negativos, autoestima e aparência física do indivíduo, crenças pessoais e atenção (6 itens). Relativamente ao domínio das relações sociais, integra perguntas sobre o relacionamento pessoal, o suporte social e a atividade sexual (3 itens). Por fim, o domínio ambiente engloba questões sobre a segurança física, os recursos financeiros, os cuidados de saúde, a oportunidade que o indivíduo tem para adquirir conhecimentos adicionais, bem como a sua possibilidade de recreação e transporte, num total de 8 itens (Cruz, Salgado & Rocha, 2010).

O instrumento demonstrou uma boa capacidade para discriminar os indivíduos saudáveis dos indivíduos com algum tipo de patologia associada (Vaz Serra et al., 2006). Em todos os domínios, bem como na faceta geral, existem diferenças estatisticamente significativas entre doentes e indivíduos saudáveis, obtendo a população normal pontuações mais elevadas de QdV (Canavarro et al., 2007; Fleck et al., 2000).

O WHOQOL-Bref é considerado um questionário de auto-resposta, no entanto, em situações específicas em que não existe possibilidade de adotar essa metodologia a sua administração pode ser assistida ou administrada pelo próprio entrevistador (Canavarro et al., 2007).

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No que diz respeito ao tempo de preenchimento, existe uma série de fatores que determinam o tempo médio de administração, tais como: a escolaridade e a condição clínica do indivíduo entrevistado, bem como a forma de administrar o instrumento. Porém, o questionário pode ser respondido independentemente do nível de escolaridade e geralmente não requer muito tempo para a sua administração (Fleck, 2008).

A cotação do WHOQOL-Bref pode ser efetuada de forma manual ou através do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). As perguntas são formuladas mediante quatro escalas do tipo Likert de 5 pontos: intensidade, capacidade, frequência e avaliação (Canavarro et al., 2007). Existem três itens da escala formulados de forma negativa (questões 3, 4 e 26) que devem ser invertidos através da substração do seu valor a seis unidades. O cálculo é realizado através da média dos resultados das perguntas que constituem cada domínio, sendo transformados numa escala de 0-100 (0 corresponde a “pouca QdV” e 100 a “boa QdV”), permitindo uma comparação com os resultados do WHOQOL-100 (Canavarro et al., 2007). A interpretação dos resultados obtidos através do WHOQOL-Bref é realizada de uma forma linear, ou seja, resultados mais elevados correspondem a uma melhor QdV (Canavarro et al., 2007).

No documento Cindy Alves da Silva (páginas 58-60)

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