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Feições oceanográficas.

As principais massas de água atuantes no litoral de Santa Catarina são: (1) Água Costeira: constituída pela mistura de águas costeiras provenientes do continente e águas da plataforma continental. Possui baixo valor de salinidade e sua extensão sobre a plataforma é fortemente influenciada pela vazão do Rio da Prata e da Lagoa dos Patos; (2) Água Tropical: possui temperatura superior a 20°C e salinidade acima de 36,4, fluindo para S/SW na camada superficial da Corrente do Brasil entre 0-200m; (3) Água Central do Atlântico Sul: possui temperatura inferior a 20°C, salinidade acima de 36,4‰ e também é levada para S/SW pela Corrente do Brasil, entre 200-500m. É caracterizada por ser uma massa de água rica em nutrientes inorgânicos e com grande

22 concentração de oxigênio dissolvido. Alguns autores consideram uma quarta massa de água denominada de Água de Plataforma, com características físico-químicas resultantes do processo de mistura entre as outras três (Pereira, 2009).

Na costa de Santa Catarina é observado o fenômeno da ressurgência, especialmente na altura do Cabo de Santa Marta, ocorrendo principalmente na primavera e verão, quando predominam os ventos de nordeste que facilitam a penetração da ACAS- Águas Centrais do Atlântico Sul ( Acha et al., 2004). A presença de ACAS em superfície foi reportada por Pereira et al. (2009) em imagens do sensor MODIS, em janeiro, fevereiro e novembro de 2003. A massa de água fria formou uma pluma que alcançou até a porção norte da Ilha de Santa Catarina. Ao longo de toda esta pluma de água de menor temperatura os autores observaram maiores concentrações de clorofila, da ordem de 3mg.m-³. Conforme Piola (2005), a região também é influenciada pelo aporte de águas de baixa salinidade devido à descarga continental do Rio da Prata. Schettini et al. (1998) também mencionam frentes oceanográficas, uma muito próxima da costa, certamente relacionada ao aporte local de uma série de pequenos rios que desaguam ao longo do litoral catarinense, produzindo uma água costeira rica em nutrientes e material orgânico.

Locais de coleta

As coletas foram realizadas em três ilhas localizadas no município de Florianópolis: Ilha das Aranhas, nas coordenadas 27°29’18,8’’S/48°21’37,63’’W, Ilha do Xavier, 27°36’35,08’’S/48°23’13,41’’W e do Campeche, 27°41’44,84’’S/48°27’59,28’’. Todas as ilhas apresentam características semelhantes entre si, como inclinação da rampa praial, substrato formado por rochas cristalinas que se estendem até os 15 metros de profundidade nas margens Oeste voltadas para o continente (figura 1).

23 Figura 1. Mapa da região de Florianópolis e ilhas do entorno, Santa Catarina, com os 3 pontos de coleta destacados: 1. Ilha das Aranhas; 2. Ilha do Xavier e 3. Ilha do Campeche. (As linhas dos transectos são apenas representações ilustrativas dos pontos amostrados nas ilhas). Modificado de Google™ earth.

Amostragens

As coletas foram realizadas nos períodos de janeiro a maio 2011 e de dezembro de 2011 a janeiro de 2012. Os dados quantitativos foram coletados em dois estratos de profundidades: (1) a seis metros (RASO) e (2) a doze metros (FUNDO). Em cada faixa de profundidade foram estendidas paralela a linha da costa cinco transecções de 20 metros de comprimento cada, onde dez pontos foram sorteados em cada uma delas aleatoriamente (figura 2). Este procedimento de estender transecções se repetiu 10 vezes por ilha, sendo cinco no RASO e cinco no FUNDO, sendo as transecções usadas como

24 réplicas para a coleta dos dados. A área de cada um dos dez pontos sorteados tinha 2x1m (2m2). A coleta dos dados se deu através de fotoquadrados com amostrador com área de 0,04m² (0,2x0,2m) feito com canos de PVC. Somente as esponjas que estivessem expostas dentro dos pontos sorteados foram amostradas.

Figura 2. Desenho esquemático do delineamento amostral empregado nas coletas de dados nas ilhas das Aranhas, Xavier e Campeche, Florianópolis.

Caracterização dos descritores ambientais e estimativas populacionais

Para avaliar a influência do ambiente na distribuição das espécies de esponjas foram utilizados como descritores ambientais a profundidade, tipo e inclinação de substrato. O tipo de substrato foi classificado de acordo com o tamanho e altura da rocha: Substrato inconsolidado (Areia) - Substrato arenoso de granulometria variada; Clastos pequenos (Matacão) - rochas roladas menores que 0,2m em seu maior comprimento, podendo estar uma sobre as outras ou soltas no ambiente; Clastos maiores (Rocha) – Rochas com comprimento e altura superiores à 0,2m. A inclinação do substrato foi classificada de acordo com sua orientação em relação ao fundo: Vertical (V) - substrato com inclinação de 90º e Horizontal (H) substrato com inclinação de 0º. Assim, da combinação dos descritores ambientais foram utilizados cinco fatores para as análises estatísticas: Rocha

25 V, Rocha H, Matacão V, Matacão H e Areia. Estes fatores foram testados tanto para o RASO, quanto para o FUNDO.

A abundância por transecto foi quantificada através da soma de todos os indivíduos por espécie presentes na área do amostrador (0,2x0,2m) e da mesma forma, foi realizada para a coleta dos dados dos fatores abióticos. Os dados dos fatores abióticos só foram quantificados quando havia a presença de esponjas. Da mesma forma foram quantificados os padrões de crescimento.

O padrão de crescimento das espécies de esponjas foi determinado conforme a terminologia utilizada por Boury-Esnault & Rutzler (1997) e Bell & Barnes (2003). Estes últimos autores utilizam três categorias de espécies incrustantes, optando-se neste trabalho em dividi-las em apenas duas categorias (figura 3). São elas: (1)- Incrustante (de <3 mm até 1cm); (2)- Arborescente; (3)- Digitiforme; (4)- Massivo: espécimes sem forma definida com altura superior a 1cm; (5)- Repente; (6)- Tubular.

Figura 3. Desenho esquemático dos seis padrões de crescimento encontrados nas ilhas das Aranhas, Xavier e Campeche, Florianópolis. Imagem modificada de Bell & Barnes (2001).

26 Identificação Taxonômica das Espécies de Esponjas

As esponjas foram identificadas conforme Mothes-de-Moraes (1985) e Mothes (1987) e o material coletado foi depositado na Coleção de Porífera do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica.

Análise dos Padrões da Comunidade de Esponjas

Os cinco fatores Rocha V, Rocha H, Matacão V, Matacão H e Areia foram utilizados para as análises dos Modelos lineares Generalizados (GLM-Generalized Linear Models) e para as análises multivariadas ANOSIM e MDS.

Para verificar se houve diferença significativa entre as ilhas, profundidades e tipos de rocha, foi utilizado o Modelos Lineares Generalizados para variáveis de Poisson (McCullagh & Nelder, 1989) através do software estatístico SPSS versão 18.

A riqueza de espécies foi calculada através do somatório de espécies registradas em cada um dos pontos amostrados nas três ilhas. Para análise de diversidade de espécies das três ilhas foi calculado o Índice de Shannon-Weaver. Para classificar as espécies quanto a sua frequência de ocorrência nos transectos foi utilizada a definição de constância baseada nas percentagens sugeridas por Dajoz (1973), onde 0 a 25% são consideradas Ocasionais, de 25 a 50% Acessórias e >50% Constantes.

Para verificar a similaridade entre as ilhas quanto à composição de espécies de esponjas, foi calculado o índice de similaridade de Bray-Curtis. Através da matriz de similaridade foi realizada uma análise de escalonamento multi-dimensional (nMDS) para representar a distribuição dos descritores ambientais em relação à composição de espécies. Para testar a significância dos fatores subtrato, inclinação e ilhas, na composição das espécies foi realizado uma ANOSIM, onde H0 indica ausência de efeito dos fatores tipo de

27 pacote estatístico do programa PRIMER v.6.0. (CLARKE & WARRICK, 2001; CLARKE & GORLEY, 2006).

RESULTADOS

Distribuição dos descritores ambientais nas ilhas

O substrato Rocha Vertical foi o mais frequente no presente trabalho, com 44,1% de todos os pontos amostrados nas 28 transecções, sendo Matacão Horizontal, com 23,4%, o segundo. Nas ilhas das Aranhas e do Campeche o substrato Rocha Vertical foi o mais frequente. No entanto, na ilha do Campeche, os substratos formados por clastos de tamanhos médios à grandes apresentaram maior representatividade, chegando 60% do total, enquanto que na ilha das Aranhas este tipo de substrato representou 50% e, por último, na ilha do Xavier, apenas 30% (figura 4). A ilha do Xavier apresentou substratos com menor inclinação que as demais ilhas, com alta frequência do substrato Areia e Matacão Horizontal, sendo este último o principal (figura 4).

Figura 4. Frequência (%) de cada tipo de substrato nas 28 transecções amostradas nas ilhas das Aranhas, Xavier e Campeche, Município de Florianópolis.

28 Abundância, Densidade, Diversidade e Riqueza de esponjas

Foram analisados 1816 fotoquadrados, contabilizando 6947 indivíduos distribuídos em 50 espécies de esponjas nas três ilhas amostradas. A ilha com maior número de espécies e abundância foi a Ilha das Aranhas com 43 espécies e 2859 indivíduos. A ilha do Xavier apresentou a segunda maior riqueza, 38 espécies, porém a menor abundância, 1665 indivíduos. Já a ilha do Campeche apresentou a menor riqueza, 34 espécies, porém a segunda maior abundância de indivíduos, 2423 (tabela I). Tanto na ilha das Aranhas, quanto na Ilha do Campeche, a riqueza e a abundância foram maiores no FUNDO do que no RASO. Já na ilha do Xavier o padrão foi o inverso, sendo a abundância maior no RASO do que FUNDO. A riqueza de espécies se manteve igual tanto no RASO, quanto no FUNDO (tabela I).

Os valores do índice de Diversidade de Shannon praticamente não variaram entre as localidades, no entanto foram mais altos na ilha das Aranhas e do Xavier, do que na Ilha do Campeche, apresentando mesma tendência dos que os encontrados para a riqueza de espécies.

Tabela I. Abundância total de indivíduos, número de espécies e Índice de Diversidade de Shannon nas Ilhas das Aranhas, Xavier e Campeche, Florianópolis, SC. Os termos RASO e FUNDO se referem às faixas de profundidades: 6m e 12m.

Localidade N

o de Indivíduos No de Espécies

Total de Ind. (Total de Spp)

Diversidade

Raso Fundo Raso Fundo Raso Fundo

Ilha das Aranhas 1160 1699 35 36 2859 (43) 1,0832 1,0316 Ilha do Xavier 922 743 32 32 1665 (38) 0,955 0,985 Ilha do Campeche 878 1545 22 29 2423 (34) 0,859 0,950 2960 3987 46 45 6947

Na figura 5 estão representados os valores do número de indivíduos e riqueza de espécie por transecção. Ilha das Aranhas apresentou a maior ocorrência de espécie em um ponto

29 com 25 espécies. A ilha do Campeche apresentou o ponto com a menor riqueza e a menor abundância de todos as transecções amostradas com apenas seis espécies e menos que 100 indíviduos. Todas as ilhas apresentaram flutuação tanto riqueza de espécies, quanto na abundância de uma transecção a outra.

Figura 5. Riqueza de espécies e abundância total em cada uma das 28 transecções amostradas nas ilhas das Aranhas, Xavier e Campeche, Florianópolis. Os valores sobre as barras se referem a riqueza de espécie

30 Das 50 espécies de esponjas registradas para as ilhas das Aranhas, do Xavier e do Campeche, apenas 6 representaram 60,7% da abundância total de esponjas no presente estudo, podendo-se destacar três destas que apresentaram as maiores densidades, Dragmaxia anomala (6,6 ind/2m2) na ilha das Aranhas, FUNDO, Pachychalina alcaloidifera (5,78 ind/2m2) e Haliclona (Halichoclona) sp.2 (4,44 ind/2m2), ambas na ilha do Campeche, FUNDO (tabela II).

Tabela II. Valores da densidade das espécies de esponjas em 2m2, abundância total, frequência

de ocorrência das espécies e constância de Dajoz (1973) nas ilhas das Aranhas, Xavier e Campeche, Florianópolis, SC. Os termos RASO e FUNDO se referem às duas faixas de profundidades: 6m e 12m.

Espécies Aranhas Ind/2m2 Ind/2mXavier 2 Campeche Ind/2m2 Abundância Total Ocorrência Freq. Constância

Raso Fundo Raso Fundo Raso Fundo No. Ind. (%)

1 Pachychalina alcaloidifera 3,36 2,92 3,3 2,68 1,7 5,78 1000 96,4 constante

2 Guitarra sepia 3,14 3,54 3,52 2,52 0,22 3,98 845 96,4 constante

3 Hemimycale sp1 3,34 3,02 2,12 2,42 2,04 3,56 825 96,4 constante

4 Haliclona (Halichoclona) sp.2 2,3 3,66 0,72 0,78 2,2 4,44 708 89,3 constante

5 Dragmaxia anomala 0,22 6,56 0,04 0,3 - 2,22 459 53,6 constante

6 Dragmacidon reticulatum 0,72 2,12 0,98 1,42 0,86 1,46 378 92,85 constante

7 Scopalina ruetzleri 0,62 2,22 1,82 0,58 - 1,48 275 71,4 constante

8 Mycale microsigmatosa 1,52 0,4 1,08 0,6 0,78 1,04 271 85,7 constante

9 Clathrina sp. 0,38 0,22 0,36 0,06 2,78 0,72 226 57,1 constante

10 Tedania ignis 0,98 0,24 0,06 0,06 2,07 - 202 32,1 Acessória

11 Cliona celata 0,18 0,82 0,04 0,28 0,04 2,7 200 64,3 constante

12 Haliclona (Halichoclona)sp.1 1,12 1,26 0,08 0,04 0,2 1,08 192 71,4 constante

13 Aplysilla aff rosea 0,56 0,34 1,22 0,36 0,08 0,38 147 78,6 constante

14 Phorbas sp. 0,18 2,24 - - - - 123 21,4 Ocasional

15 Clathria sp.2 0,32 0,2 0,32 0,46 0,44 0,16 101 89,3 constante

16 CHALINIDAE sp.1 0,86 0,02 0,22 0,24 0,64 - 99 35,7 Acessória

17 Haliclona.(Halichoclona) sp.3 0,6 0,7 0,1 - - 0,4 90 42,9 Acessória

18 Terpios manglaris 0,04 - 0,92 0,38 0,24 0,06 82 32,1 Acessória

19 Polymastia janeirensis 0,58 0,2 0,18 0,44 - 0,2 80 53,6 constante

20 Suberites aurantiacus 0,12 - 0,8 0,2 0,38 0,08 79 39,3 Acessória

21 Leucascus sp. 0,46 0,68 0,06 - - - 60 25 Acessória

22 Clathria sp.1 0,56 0,56 0,08 0,06 - - 56 39,3 Acessória

23 Haliclona (Haliclona) sp.2 - - - - 1,12 - 56 7,1 Ocasional

24 Aulospongus sp. 0,02 0,26 0,02 0,16 - 0,34 40 39,3 Acessória

25 Monanchora sp. 23 0,16 0,1 0,02 - 0,02 38 32,1 Acessória

26 DICTYOCERATIDA sp.1 - 0,04 - 0,02 0,62 - 34 14,3 Ocasional

27 Haliclona (Haliclona) sp.1 - 0,06 - 0,06 0,12 0,34 29 25 Acessória

28 Hymeniacidon heliophila 0,1 0,32 - 0,12 - - 27 28,6 Acessória

31

30 Mycale arcuiris - 0,02 0,02 0,16 0,16 0,14 25 28,6 Acessória

31 Petromica citrina - 0,1 0,06 0,3 - 0,02 24 28,6 Acessória

32 Oceanapia sp. - 0,38 - - - - 19 7,1 Ocasional

33 DICTYOCERATIDA sp.2 - - - 0,28 14 10,7 Ocasional

34 CHALINIDAE sp.2 - - 0,04 0,02 - - 12 10,7 Ocasional

35 Callyspongia pseudotoxa 0,1 0,08 - - 0,02 0,02 12 21,4 Ocasional

36 Haliclona (Haliclona) sp.3 0,06 0,06 - 0,02 - 0,08 11 14,3 Ocasional

37 Arenosclera sp. - - 0,2 - - - 11 14,3 Ocasional 38 Chalinula sp.1 0,1 - 0,06 0,02 - - 10 3,6 Ocasional 39 M. magnirhaphidifera 0,04 0,14 - - - - 9 10,7 Ocasional 40 Mycale sp.1 - - - 0,04 0,08 0,2 9 7,1 Ocasional 41 DICTYOCERATIDA sp.3 0,06 0,1 0,02 0,06 - - 9 21,4 Ocasional 42 Callyspongia sp.1 - - - - 0,14 - 8 10,7 Ocasional 43 HALICHONDRIDA sp.1 0,02 - - 0,08 - - 7 7,1 Ocasional 44 POECILOSCLERIDA sp. - 0,04 - - - 0,06 5 7,1 Ocasional

45 Aplysina caissara - 0,08 - - - - 5 14,3 Ocasional

46 MICROCIONIDAE sp.1 - 0,02 0,02 - - - 4 10,7 Ocasional

47 HALICHONDRIDA sp.2 - - 0,04 - - - 2 7,6 Ocasional

48 Ciocalypta alba 0,02 - - - 2 3,6 Ocasional

49 Spongia catarinensis 0,02 - - - 1 3,6 Ocasional

50 Trachycladus sp. - - - 0,02 1 3,6 Ocasional

Apesar da espécie D. anomala apresentar a maior abundância, ela esteve presente em apenas 53,6% das 28 transecções utilizadas nas três ilhas no raso e fundo. Um total de 14 espécies foi considerado constante pela presença superior a 50% nas 28 transecções. As espécies com maior frequência de ocorrência (96,4%), foram também as mais abundantes, P. alcaloidifera, Guitarra sepia e Hemimycale sp. Espécies menos abundantes também apresentaram frequência de ocorrência alta, como Clathria sp.2 e Polymastia janeirensis, com ocorrências tanto no RASO, quanto no FUNDO. No entanto, a maioria das espécies (35spp) apresentou ocorrência inferior a 50%, sendo 13 spp acessórias e 22 spp ocasionais (tabela II). Destas espécies ocasionais, 12 apresentaram distribuição restrita a apenas uma ilha. A ilha que mais apresentou espécies únicas foi a ilha das Aranhas, totalizando 6: Aplysina caissara, Ciocalypta alba, Mycale magnirhaphidifera, Oceanapia sp., Phorbas sp., Spongia catarinensis. A segunda em número de espécies únicas foi a ilha do Campeche com 4 ocorrências: Callyspongia sp., DICTYOCERATIDA sp.2, Haliclona (Haliclona) sp.2, Trachycladus

32 sp. Por último, a ilha do Xavier apresentou 3 espécies únicas: Arenosclera sp., CHALINIDAE sp.2, HALICHONDRIDA sp.2 (tabela II).

Relação entre as espécies e os descritores ambientais

A tabela III descreve os resultados para os testes dos efeitos principais e de interação entre os fatores para as variáveis dependente riqueza de espécies. Assim, de acordo com os resultados se constatou interação significativa entre a localização (ilha) e o tipo de substrato para a riqueza de espécies, (p-valor < 0,001). Além da interação entre os locais e substrato, a profundidade também apresentou diferenças, quanto a composição de espécies entre RASO e FUNDO, bem como o substrato e os locais também apresentaram diferenças na riqueza de espécies.

Tabela III. Resultados da análise do Modelo Linear Geral (GLM) para a variável dependente riqueza de espécies em relação aos fatores profundidade (RASO e FUNDO), Locais (Ilha das Aranhas, do Xavier e do Campeche) e Substrato (Rocha V, Rocha H, Matacão V, Matacão H, Areia), nas ilhas de Florianópolis, Santa Catarina.

Testes dos efeitos do Modelo Fonte Wald Chi- Square DF Sig. (Intercept) 303,621 1 ,000 Profundidade 4,925 1 ,026 Locais 13,135 2 ,001 Substrato 82,486 4 ,000 Profundidade * Locais 3,177 2 ,204 Profundidade * Substrato 9,110 4 ,058 Locais * Substrato 32,908 8 ,000

Profundidade * Locais * Substrato 4,853 7 ,678

Tabela IV. Resultados das interações entre Local e Substrato a partir da análise do Modelo Linear Geral (GLM) para a variável dependente riqueza de espécies nas ilhas de Florianópolis, Santa Catarina. As letras minúsculas indicam diferenças significativas entre os fatores em cada ilha e as letras maiúsculas indicam diferenças significativas entre as ilhas.

Aranhas Xavier Campeche

Rocha V a 16,4 A a 8,4 B a 17,75 A

Rocha H b 8,4 A b 1,9 B b 5,9 A

Matacão V b 4,0 A a/b 5,0 B c 2,4 C

Matacão H b 9,3 A a 7,8 A c 3,0 B

33 De acordo com os resultados representados na tabela IV, o tipo de substrato Rocha Vertical registrou os maiores valores nas médias de riqueza de espécies nas ilhas das Aranhas (16,4), Xavier (8,4) e Campeche (17,7), sendo superior em relação aos demais substratos. Nos demais tipos de substratos, em geral, não foram detectadas diferenças significativas. Já entre as ilhas, o substrato Rocha Vertical e Rocha Horizontal, apresentam mais espécies nas ilhas das Aranhas e Campeche, quando comparado com a ilha do Xavier, onde os substratos Matacão Vertical, Matacão Horizontal e Areia apresentaram superior de espécies que nas demais ilhas (figura 6).

Figura 6. Gráfico das interações entre Local e Substrato a partir da análise do Modelo Linear Geral (GLM) para a variável dependente riqueza de espécies, nas ilhas de Florianópolis, Santa Catarina.

Os resultados apresentados na tabela V mostram interação significativa entre a local (ilhas) e o tipo de substrato para a variável dependente número de indivíduos (p= 0,039).

34 Tabela V. Resultados da análise do Modelo Linear Geral (GLM) para a variável dependente número de indivíduos em relação aos fatores profundidade (RASO e FUNDO), Locais (Ilha das Aranhas, do Xavier e do Campeche) e Substrato (Rocha V, Rocha H, Matacão V, Matacão H, Areia), nas ilhas de Florianópolis, Santa Catarina.

Teste do efeito do Modelo Fonte Wald Chi- Square df Sig. (Intercept) 124,707 1 ,000 Profundidade ,651 1 ,420 Locais ,779 2 ,677 Substrato 81,407 4 ,000 Profundidade * Locais 1,469 2 ,480 Profundidade* Substrato 4,815 4 ,307 Locais * Substrato 16,227 8 ,039

Profundidade* Locais * Substrato 3,389 7 ,847

Os resultados descritos na tabela VI mostram diferenças menores entre os fatores do que os encontrados para a riqueza de espécies.

Tabela VI. Resultados das interações entre Local e Substrato a partir da análise do Modelo Linear Geral (GLM) para a variável dependente abundância, nas ilhas de Florianópolis, Santa Catarina. As letras minúsculas indicam diferenças significativas entre os fatores em cada ilha e as letras maiúsculas indicam diferenças significativas entre as ilhas.

Aranhas Xavier Campeche

Rocha V a 176,8 A/B a 83,3 A a 234,25 B

Rocha H b 40,6 A b 4,7 A b 39,6 A

Matacão V b 7,0 A a/b 17,7 A b 9,4 A

Matacão H b 56,0 A a/b 41,5 A b 14,75 A

Areia b 10,9 A a/b 21,3 A b 7,25 A

O substrato Rocha Vertical apresenta valores superiores para as médias no número de indivíduos nas três ilhas em relação aos demais tipos de substratos. Na ilha do Xavier, a única diferença significativa ficou por conta da grande diferença dos valores de abundância entre Rocha Horizontal e Rocha Vertical. Entre as ilhas, chama a atenção os valores de abundância no substrato Rocha Vertical, na ilha do Campeche, significativamente maior que nas outras duas ilhas (figura 7).

35 Figura 7. Gráfico das interações entre Local e Substrato a partir da análise do Modelo Linear Geral (GLM) para a variável dependente abundância, nas ilhas de Florianópolis, Santa Catarina.

Conforme os resultados das interações apresentados nas tabelas III e V, o substrato rochoso vertical, mais estável, adquire importância nas três ilhas amostradas, devido a grande presença de esponjas, tanto em número de indivíduos, como em riqueza de espécies. Este fato é mais evidente nas ilhas das Aranhas e do Campeche do que na ilha do Xavier, onde o substrato formado por clastos menores e areia também sustenta um grande número de indivíduos e de espécies.

Os resultados da análise ANOSIM mostram os fatores inclinação do substrato (R= 0,4 p<0,01) e o tipo de substrato (R= 0,246 p<0,05) significativos, demonstrando efeito na estrutura das assembléias de esponjas.

Os resultados do MDS corroboram os resultados da ANOSIM com stress= 0,07, mostrando que os pontos tendem a se agruparem mais proximamente uns aos outros em função da inclinação do substrato, não importando a que ilha este ponto pertença (figura 8).

36 Figura 7. Análise de agrupamento através do índice de similaridade de Bray-Curtis para os pontos amostrados nas ilhas do Município de Florianópolis. Abreviações: Ar-Ilha das Aranhas; Xa-Ilha do Xavier; Ca-Ilha do Campeche. Abreviações das letras Maiúsculas: RV- Rocha Vertical; RH- Rocha Horizontal; SRV- Matacão Vertical; SRH- Matacão Horizontal; Sand - Areia.

Padrão de crescimento das esponjas em relação aos descritores ambientais

Na tabela VII, estão as frequências das 21 espécies mais abundantes no presente estudo (92,7% da abundância total) em relação ao tipo de substrato. Apenas duas espécies apresentaram 100% de frequência em um único tipo de substrato, Clathrina conifera e Terpios manglaris, cuja ocorrência foi apenas no substrato Rocha Vertical. Observa-se a grande predominância das espécies com padrão de crescimento incrustante, ao todo 16 espécies (76,2%). As espécies com crescimento massivo, tubular, palmado, arborescente ou digitiforme apresentaram maior frequência nos substratos com inclinação horizontal (Rocha Horizontal, Matacão Horizontal e Areia), sem preferência aparente por algum deles. As espécies Polymastia janeirensis e Suberites aurantiacum foram as duas únicas que apresentaram maior frequência na Areia. Guitarra sepia e Tedania ignis foram duas excessões à regra, pois são duas espécies massivas que tiveram suas maiores frequências no substrato Rocha Vertical. Apenas três espécies de esponjas, entre as mais abundantes, apresentaram mais de um padrão de crescimento, Dragmacidon reticulatum, G. sepia e T. ignis, sendo a D. reticulatum a espécie com a maior plasticidade morfológica, apresentando padrões massivo, tubular e palmado.

37 Tabela VII. Frequência das 21 espécies mais abundantes em relação aos tipos de substrato. Abreviações se referem ao padrão de crescimento das esponjas conforme Boury-Esnault & Rützler (1997) e ao tipo de substrato: INC- Incrustante; REP- Repente; MAS- Massiva; ARB- Arborescente; TUB- Tubular; DIG- Digitiforme; PERF- Perfurante; PALM- Palmada; Matac- Matacão. Letras Maiúsculas se referem a inclinação do perfil: V- Vertical; H- Horizontal.

Espécies Tipo de Substrato Rocha V Rocha H Matac V Matac H Areia

Aplysilla rosea - INC 56,1 0 28,4 14,2 1,3

Clathria sp.1 - INC 59,1 4,9 4,9 31,1 0

Clathria sp.2 - INC 61,8 9,3 3,1 21,7 4,1

Clathrina sp. – REP 100 0 0 0 0

Cliona celata - PERF 54,8 12,6 5 25,6 2

Dragmacidon reticulatum – MAS, TUB, PALM

11,8 21,9 0,8 37,7 27,8

Dragmaxia anomala – ARB 20,7 28,5 1,3 32,3 17,2

Guitarra sepia – MAS, INC 52,1 9,2 11,8 24,4 2,5

H. (Halichoclona) sp.1 - INC 86,5 4,2 1,5 7,8 0 H. (Halichoclona) sp.2 - INC 68 10,5 4,7 11 5,8 H. (Halichoclona) sp.3 - INC 64,5 21,5 4,3 6,4 3,3 Chalinidae sp.1 -INC 71 22 5 2 0 Hemimycale sp. - INC 76,4 5,9 4,1 13,1 0,5 Phorbas sp. – INC 47,6 17 6,1 29,3 0

Mycale microsigmatosa - INC 75,3 12,2 8,5 4 0

Pachychalina alcaloidifera - INC 85,4 1,9 3,9 7,8 1

Polymastia janeirensis - DIG 6,5 14,3 0 29,9 49,3

Scopalina ruetzleri - INC 80,2 8,7 7 3,8 0,3

Suberites aurantiacum - MAS 17,7 19 0 21,5 41,8

Tedania ignis – MAS, INC 66,8 32,7 0 0,5 0

Terpios manglaris - INC 100 0 0 0 0

DISCUSSÃO

Influência dos Descritores Ambientais na Composição de Espécies

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