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3.1-Caracterização da amostra

A amostra do nosso estudo é constituída por 647 indivíduos, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 8 e 16 anos de idade, bem como os respectivos pais, residentes na área metropolitana do Porto.

Quadro 3.1 Distribuição da amostra em função da idade e sexo

e (anos) Rapazes Raparigas Total

8 48 41 89 9 90 100 190 10 52 69 121 11 4 3 7 12 16 24 40 13 43 53 96 14 19 30 49 15 14 28 42 16 3 10 13 289 358 647

3.2-Procedimentos Metodológicos

As variáveis apresentadas neste estudo são medidas antropométricas e valores de actividade física que a seguir se descrevem.

Devido ao horário de funcionamento das escolas não foi possível efectuar as medições, em todas as escolas, à mesma hora. Deste facto advém que a mensuração não foi constante sendo as avaliações efectuadas entre as 8.30h e as 18.30h.

As avaliações foram sempre efectuadas pelos mesmos observadores, tentando desta forma reduzir ao mínimo os erros por mudanças de observadores (erro inter- observador), tal como é sugerido por Lohman (1984).

Medidas antropométricas

O peso foi medido com o aluno/a descalço, vestindo camisola e calça de fato de treino e totalmente imóvel. Utilizou-se uma balança digital (SECA 708) com os valores registados em quilogramas (kg) com aproximação às 100 gramas (gr).

Relativamente à avaliação do peso, era registado o valor obtido numa primeira pesagem sendo depois o aluno medido (altura), e só posteriormente efectuada uma segunda pesagem. Sempre que existia uma diferença entre os valores superior a 0.2 kg era efectuada uma nova pesagem, fazendo-se depois a média.

Os valores da altura foram avaliados através de um antropómetro de Martin, sendo aquele parâmetro medido entre o vertex (ponto superior da cabeça, no plano mediano-sagital) e o plano de referência do solo de acordo com a técnica proposta por Ross e col. (1990). As medidas foram registadas em centímetros com aproximação à primeira casa decimal, milímetro (mm).

No que diz respeito à altura, os alunos faziam a primeira medição após serem pesados pela primeira vez, e a segunda avaliação após serem pesados pela segunda vez. Era solicitado aos alunos para se manterem numa posição estável (atitude antropométrica, encostados a um plano vertical, com os calcanhares, nádegas, omoplatas e cabeça encostadas nesse plano), sendo efectuada uma medição aos milímetros (mm), através do antropómetro de "Martin". Sempre que existia uma

diferença entre mensurações superior a 2 mm era obtida uma terceira, com a qual se registava uma média dos valores verificados.

Para obtenção dos valores de composição corporal utilizou-se o fracionamento da massa corporal em dois compartimentos, a massa gorda e a massa magra.

Foram medidas duas pregas de adiposidade subcutânea, a tricipital (TRI) e a subscapular (SUB), de acordo com a técnica descrita por Heyward (1991). As pregas TRI e SUB foram determinadas no lado direito dos sujeitos, usando um plissómetro marca "Harpenden", com uma pressão constante de 10 gr/mm2. Foi utilizada para

análise estatística a média de duas avaliações. Foi efectuada uma terceira medição sempre que a diferença entre a primeira e a segunda medição excedia 5% (Lukaski,

1987). No final, foi calculada a média aritmética entre os dois valores mais próximos obtidos. Para a obtenção da percentagem de massa gorda (%MG), recorremos às equações de predição propostas por Slaughter e col. (1988) que utilizam o somatório das pregas de adiposidade subcutânea TRI e SUB (XSkf) validada para crianças dos 8 aos 18 anos de idade.

Critérios de referência de obesidade

Para a correcta avaliação da obesidade, diversos autores tem recorrido a um vasto número de indicadores (Lohman e col., 1984; Must e col, 1991; Rocchini, 1993; Rolland-Cachera e col., 1997). Neste trabalho utilizaremos o índice de Massa Corporal (IMC), definido como a relação entre o peso, em quilogramas, e o quadrado da altura, em metros (kg/m2), referido por diversos autores (Lohman, 1982; Must e col., 1991;

Pawson e col, 1991) como bom indicador de obesidade em estudos epidemiológicos. Dada a falta de uma tabela validada, para a população portuguesa, para a classificação da obesidade em crianças e jovens, utilizamos a sugerida por Cole e col. (2000), cujos valores de corte para ambos os sexos dos 2 aos 18 anos de idade dos percentis 25 e 30 se encontram representados no quadro 3.2.

Quadro 3.2 Pontos de corte internacionais do IMC para sobrepeso e obesidade para cada género entre os 2 e 18 anos definidos para atingir o IMC de 25 e 30 kg.m-2 aos 18 anos, obtidos através de dados do Brasil, Grã-Bretanha, Hong Kong, Singapura e Estados Unidos (Cole e col., 2000)

Idade IMC 25 kg.nT Rapazes Raparigas IMC 30 kg.mz Rapazes Raparigas 18.4 18.0 20.1 20.1 17.9 17.6 19.6 19.4 17.6 17.3 19.3 19.1 17.4 17.1 19.3 19.2 17.6 17.3 19.8 19.7 17.9 17.8 20.6 20.5

Adaptado de Cole e col. (2000)

Para a classificação da obesidade dos pais das crianças utilizaram-se os valores de IMC definidos pela OMS (1998) os quais são expressos no quadro abaixo apresentado.

Quadro 3.3 Classificação do excesso de peso e obesidade a partir do IMC segundo a OMS (1998) IMC (kg/m2) Obesidade (tipo)

Abaixo Normal Sobrepeso Obeso < 18.5 18.5-24.9 25.0-29.9 30.0-34.9 35.0-39.9 >40 I II III

Por uma questão de simplificação na apresentação e discussão dos resultados não foi feita a divisão dos obesos por tipo (I, II e III).

Actividade Física

Para a avaliação da actividade física foi adaptada uma versão do "Weekly Activity Checklist" de Sallis e col. (1993). Neste questionário as crianças indicam o número de vezes, em média por semana, que dispensaram mais de 15 minutos, em actividades contínuas.

Foram adoptadas medidas para preparar as crianças uma vez que recordar a actividade física é uma tarefa complexa (Baranowsky, 1998). Foi utilizado o protocolo descrito por Sallis e col. (1993a).

Foi utilizada uma linguagem com vocabulário familiar e adaptado ao nível das crianças. As crianças foram auxiliadas no preenchimento no sentido de assegurar que estas entendiam as questões propostas. Foram então questionadas acerca das actividades realizadas durante a semana anterior (Sallis e col., 1993a).

As actividades foram categorizadas, de acordo com a sua intensidade, em termos de MET's. De referir que 1 MET (metabolic equivalent) é aproximadamente igual a um consumo de oxigénio de 3,5 ml.kg"' min"1 (Blair, 1988).

De acordo com estudos anteriores as actividades foram então classificadas em actividades fracas, correspondendo a 3 METs, actividades moderadas (5 METs) e actividades intensas (9 METs) (Sallis e col., 1993a).

Procedeu-se à alteração de algumas actividades que não tinham expressão na cultura portuguesa e inseriram-se outras com essa dominância (ex: baseball vs futebol)

O resultado foi obtido através do somatório dos produtos da frequência de cada actividade pelo valor MET correspondente. Daqui resultou um valor que é tecnicamente nMET's/15 minutos, sendo considerado um valor arbitrário (Sallis e col., 1993b) utilizado como um índice de actividade física. Este teste foi validado por Sallis e col. (1993b) demonstrando correlações significativas (p< .01) quer com a frequência cardíaca (r = 0.57) quer com o acelerometro (r = 0.30)

3.3-Procedimentos Estatísticos

A descrição das variáveis é efectuada a partir das medidas descritivas básicas: média e desvio padrão.

Os testes das hipóteses foram antecedidos de uma análise exploratória de forma a avaliar a normalidade da distribuição e a presença de outliers. Sempre que foi detectada a sua presença procedeu-se à eliminação desses valores da análise em causa.

O estudo do comportamento de cada item da bateria em função dos diferentes intervalos de idade foi efectuado a partir da análise da variância. Sempre que o valor de F evidenciou significado estatístico recorreu-se ao teste de comparações múltiplas à posteriori de Scheffé.

Para estimar a influência parental utilizou-se a correlação de Pearson e a de Spearman para as variáveis categóricas.

O nível de significância foi mantido em 5%.

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