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4 CAPÍTULO I SELEÇÃO PRECOCE DE CLONES DE BATATA PARA

4.2 Material e métodos

As sementes botânicas foram obtidas de cruzamentos envolvendo pelo menos um parental para processamento industrial e foram realizados na Estação Experimental de São Joaquim da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), nos cultivos de verão de 2006 e 2007. Sementes de 43 cruzamentos (Apêndice A) foram imersas em uma solução contendo 1500 mg L-1 de ácido giberélico por 12 h, para a quebra da dormência. A semeadura foi realizada em vasos, em telado do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 12 de abril de 2007. Aproximadamente 250 plântulas de cada cruzamento foram transplantadas para canteiros do mesmo telado (geração 0 - G0), na densidade de 200 plântulas por m2 entre os dias 1 e 15 de maio de 2007 (Tabela 1). Foi utilizado o sistema de cultivo sem-solo, com areia grossa como substrato e subirrigação (ANDRIOLO, 2006). A solução nutritiva utilizada, os tratos culturais e o manejo das plantas foram realizados conforme Dellai et al. (2008). A colheita de um tubérculo de cada planta foi realizada entre os dias 6 e 8 de agosto de 2007.

Após o período de cura, os tubérculos foram pulverizados com uma solução de etanol, água e ácido giberélico na concentração de 30 mg L-1 para a quebra da dormência (BURTON, 1978; BENEDETTI et al., 2005) em 27 de agosto de 2007 e armazenados no escuro a 20oC até o plantio. Os tubérculos brotados, com pelo menos um broto de 2 mm de comprimento, foram plantados na EPAGRI em São Joaquim, SC (primeira geração - G1) em 20 de outubro de 2007, no espaçamento de 0,75 m entre fileiras e 0,30 m na fileira (Tabela 1). Os tratos culturais e o manejo das plantas seguiram o sistema de produção tecnificado para a cultura da batata (BISOGNIN, 1996; EPAGRI, 2002). A seleção dos clones, considerando a tuberização precoce, o formato e a aparência dos tubérculos, foi realizada em 25 de janeiro de 2008.

Os tubérculos de cada clone selecionado foram transportados para a UFSM, tratados para a quebra de dormência (BENEDETTI et al., 2005) e armazenados no escuro a temperatura ambiente até o próximo plantio. Os clones com tubérculos brotados e as testemunhas (Agata, Atlantic, Asterix, Macaca, Panda e SMIJ461-1) foram plantados em parcelas de quatro covas (segunda geração - G2) no Departamento de Fitotecnia da UFSM, em 28 de março de 2008 (Tabela 1). A densidade, os tratos culturais e o manejo das plantas foram os mesmos da G1. A seleção, considerando a maturidade precoce, a uniformidades das plantas e a aparência dos tubérculos, foi realizada em 25 de junho de 2008. Após a cura por 14 dias a temperatura ambiente, os tubérculos foram avaliados (Tabela 1).

As avaliações foram: número de hastes e de tubérculos por cova, aparência dos tubérculos, produtividade de tubérculos por cova, massa fresca média por tubérculo, porcentagem de massa fresca de tubérculos com menor diâmetro maior que 35 mm, cor de chips e teores de massa seca e açúcares redutores. A aparência dos tubérculos foi avaliada com base em notas de 1 (pior aparência) a 5 (melhor aparência), considerando aspectos como formato, tamanho médio e número de tubérculos e a ausência de defeitos fisiológicos externos e internos. A razão da massa fresca de parcela pelo número de covas resultou na produtividade por cova e pelo número de tubérculos da parcela resultou na massa fresca média de tubérculo. A razão entre a massa fresca dos tubérculos da parcela com menor diâmetro superior a 35 mm e a total da parcela expressa em porcentagem resultou na porcentagem de massa fresca de tubérculos maior que 35 mm. A cor de chips foi determinada numa amostra de cinco tubérculos, dos quais se retirou duas fatias transversais e centrais de cada uma com 2 mm de espessura. As dez fatias foram colocadas para fritar na temperatura de 185oC, numa fritadeira industrial a gás (Top Taylor, modelo TTF-35 G), com controle de temperatura por termostato, em gordura vegetal, até cessar as borbulhas. As amostras foram colocadas sobre papel para absorver o excesso de gordura por alguns minutos e logo a seguir foi realizada a leitura visual de cor de chips, atribuindo notas de 2 (mais claro) a 10 (mais escuro) (BISOGNIN; DOUCHES, 2002), considerando eventuais pontos escuros nas bordas do chips. O teor de massa seca foi determinado em uma amostra retirada da parte transversal e central dos tubérculos, picada e colocada a secar em estufa a 60oC, até massa constante. O teor de açúcares redutores foi determinado pelo método do 2,4 dinitrofenol (LONG; CHISM, 2004), com as adaptações propostas por Freitas et al. (2006). A seleção de clones foi feita na seguinte ordem de prioridade: cor de chips, teores de açúcares redutores e massa seca e produtividade por cova em comparação com as testemunhas.

Para a G3, 20 tubérculos de 120 clones selecionados de 36 famílias (Tabela 1) foram divididos em duas subamostras de 10 tubérculos cada, tratados para a quebra de dormência (BENEDETTI et al., 2005) e armazenados no escuro a temperatura ambiente até o plantio. Uma subamostra de tubérculos de cada clone foi plantada em parcela de 10 covas na Fundação de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Sul (FEPAGRO) de Júlio de Castilhos, RS (G3), no dia 3 de setembro de 2008, utilizando as mesmas seis cultivares testemunhas. A outra subamostra foi plantada na EPAGRI de São Joaquim, SC (G3), no dia 8 de dezembro de 2008. A densidade, os tratos culturais e o manejo das plantas foram os mesmos da G1. A colheita foi realizada nos dias 18 de dezembro de 2008 e 27 de março de 2009, respectivamente em Júlio de Castilhos e São Joaquim. Após a cura por 14 dias a temperatura ambiente, os tubérculos dos clones foram avaliados para os mesmos caracteres da G2. Os três locais de cultivo em G2 (Santa Maria) e G3 (Júlio de Castilhos e São Joaquim) foram considerados como repetições na análise estatística.

Os dados foram submetidos à análise da variância e as médias comparadas pelo teste de Scott-knott (SCOTT; KNOTT, 1974), a 5% de probabilidade de erro, com o auxílio do Programa NTIA (EMBRAPA, 1997). A correlação entre ambientes foi calculada para os caracteres agronômicos avaliados. O critério de identificação dos melhores clones foi realizado com base na soma de postos proposto por Mulamba; Mock (1978) e descrito por Cruz; Regazzi (1997). Este índice consiste em classificar os clones em relação a cada um dos caracteres, em ordem favorável ao melhoramento. As ordens de cada clone foram somadas, resultando em um valor tomado como índice para a seleção de clones (CRUZ; REGAZZI, 1997). Os caracteres utilizados para a construção dos índices foram a produtividade por cova, a aparência dos tubérculos, a cor de chips e os teores de massa seca e açúcares redutores. Para a cor de chips e teor de açúcares redutores a ordenação dos clones foi crescente, ou seja, a seleção foi para os clones com valores mais baixos, enquanto que para os demais caracteres a ordenação foi decrescente, ou seja, a seleção foi para os clones com maior valor de produtividade de tubérculos por cova, aparência dos tubérculos e massa seca. Os clones com valores de somatório menores que a cultivar Atlantic (melhor testemunha) foram selecionados, pois representam os clones com as melhores combinações de caracteres de produtividade e qualidade. O ganho genético de seleção foi calculado pela diferença entre a média dos clones selecionados e a média dos clones originais para o conjunto dos caracteres avaliados.

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