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CAPÍTULO 1. CARACTERIZAÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURAL DE UM

1.2 Material e Métodos

As amostragens florística e fitossociológica foram realizadas no remanescente de Floresta Estacional Semidecidual Submontana (IBGE, 1992) mais preservado da Terra Indígena, de aproximadamente 9,42ha. Apesar do elevado grau de degradação, a escolha da área amostral baseou-se no fragmento capaz de fornecer o máximo de informações a respeito das características da floresta ocorrente na microbacia, a fim de subsidiar a definição das ações necessárias para a restauração da área. Concomitantemente, realizou-se um levantamento dos registros históricos e das fotografias aéreas efetuadas na região para uma avaliação adequada da área a ser estudada, conforme recomendações de White; Walker (1997).

Para a caracterização fitossociológica foram implantadas 30 parcelas contíguas (MUELLER- DOMBOIS; ELLENBERG, 1974) de 10m x 10m. Todos os indivíduos com perímetros do caule a 1,30m de altura (PAP) iguais ou superiores a 10cm foram incluídos na amostragem. A adoção deste critério teve como finalidade abranger indivíduos jovens e assim compreender melhor a dinâmica de regeneração da vegetação. Cada indivíduo amostrado foi identificado com uma plaqueta de alumínio numerada e teve registrados seu PAP (medido com fita métrica) e altura total (estimada através de comparação com uma vara de altura conhecida).

Indivíduos mortos ainda em pé foram incluídos em um grupo à parte, devido à impossibilidade de identificação taxonômica destes.

A ocorrência de ramificações no caule foi considerada como pertencente a um único indivíduo quando esta ramificação deu-se acima do solo. Caules de localização próxima, mas cujas ramificações ocorreram abaixo do nível do solo, foram considerados distintamente, como pertencentes a diferentes indivíduos.

A fim de conseguir uma amostragem florística mais abrangente efetuou-se a coleta de todas as espécies observadas fora das parcelas contendo material reprodutivo, independentemente de sua forma de vida, altura ou DAP.

Para cada planta coletada foram registrados o local, hábitat, hábito de crescimento (MORI et

al., 1989), altura, cor e odor das flores e frutos, presença de látex, textura das folhas, tipo de casca,

manual e tesoura de poda de galhos altos, escada, saco de polietileno, fita adesiva, caderno de anotações e binóculos para constatação das fases reprodutivas.

Após a coleta, o material botânico foi tratado segundo as instruções contidas em Fidalgo; Bononi (1989), IBGE (1992) e Mori et al. (1989) para posteriormente ser incorporado aos herbários UEC, ESA, UNBA e BAUR, pertencentes respectivamente aos departamentos de Botânica da UNICAMP e ESALQ e aos departamentos de Biologia da UNESP, campus de Bauru e Universidade do Sagrado Coração.

A identificação taxonômica foi feita através do uso de chaves taxonômicas, floras e revisões, utilizando o sistema de classificação proposto por APG (1998). Sempre que necessário, as exsicatas foram levadas a especialistas para identificação ou confirmação taxonômica.

A classificação das espécies em estádios sucessionais foi realizada através de observações de campo e de consultas aos trabalhos de Bernacci; Leitão Filho (1996) e Gandolfi et al. (1995).

Os parâmetros fitossociológicos usuais foram estimados através de fórmulas apresentadas por Mueller Dombois; Ellenberg (1974) e Martins (1991) e os cálculos foram feitos através do programa FITOPAC (SHEPHERD, 1995).

Visando a avaliar a representatividade florística regional do fragmento estudado utilizou-se o índice de similaridade de Jaccard, pela facilidade encontrada em sua aplicação e interpretação. Sua fórmula é indicada por J = 100a/(a + b + c), onde “a” é o número de espécies comuns entre duas áreas e “b” e “c” representam o número de espécies exclusivas a cada área. Para esta comparação foram consideradas as espécies presentes em listas fitossociológicas e/ou florísticas de 24 trabalhos realizados principalmente no estado de São Paulo em áreas de Floresta Estacional Semidecidual (IBGE, 1992). Nos trabalhos em que a amostragem foi realizada em mais de uma área, procurou-se escolher a que apresentava condições mais semelhantes às do presente estudo, seja em relação à altitude, estádio sucessional, estrato ou forma de vida utilizados para a investigação. Para efeitos de padronização a classificação do IBGE (1992) foi adotada em todos os trabalhos da TABELA 1.4, embora originalmente alguns autores tenham utilizado as classificações de Rizzini (1963) “Floresta Estacional Mesófila Semidecídua”, Andrade-Lima (1966) “Floresta Estacional Latifoliada Subcaducifólia Tropical Pluvial” ou Eiten (1970) “Floresta Semidecídua de Planalto”. Apenas uma área de mata ripária ou Floresta estacional semidecidual aluvial (IBGE, 1992) foi incluída na análise, por localizar-se no mesmo município em que foi desenvolvido o presente estudo. Os taxa apresentados em outros trabalhos com denominações mais antigas foram sinonimizados para a análise comparativa.

1.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

1.3.1 Caracterização florística

No fragmento florestal da Terra Indígena foram amostradas 152 espécies, pertencentes a 49 famílias. As árvores (74 espécies) constituíram o grupo de maior riqueza florística, seguidas pelas trepadeiras (46 espécies) e os arbustos (28 espécies). Apenas 2 espécies herbáceas terrestres e 1 epífita foram inventariadas no remanescente (TABELA 1.1). Alguns taxa lianescentes foram identificados apenas até família, em decorrência das dificuldades de coleta e da ausência de material reprodutivo durante o período de amostragem. Tais valores de riqueza representam o mínimo esperado para um fragmento florestal da região, no qual a dinâmica florestal estaria ainda atuando dentro dos padrões de perpetuação das espécies.

Fabaceae (sensu APG, 1998), foi a família mais rica, com 24 espécies (6 Caesalpinioideae, 8 Mimosoideae e 10 Faboideae). Excluindo-se as trepadeiras, as famílias com maior número de espécies arbustivo-arbóreas foram Myrtaceae (9 espécies), Rubiaceae (7 espécies), Rutaceae (6 espécies), Meliaceae (5 espécies) e Boraginaceae (5 espécies) (FIGURA 1.1). Com exceção desta última, as famílias citadas ocupam lugar de destaque na maioria dos levantamentos realizados em florestas semidecíduas (ARAÚJO et al., 1997; ASSIS-CAMARGO, 1999; BAITELLO et al., 1988; BERNACCI; LEITÃO FILHO, 1996; BERTONI et al., 1988; CARDOSO-LEITE, 1995; CAVASSAN et

al., 1984; CÉSAR; LEITÃO FILHO, 1990; CHRISTIANINI, 1999; COSTA; MANTOVANI, 1995;

MATTHES, 1992; PAGANO; LEITÃO FILHO, 1987; PAGANO et al., 1987; SCHLITTLER et al., 1995; TONIATO, 2001; TORRES, 1989 etc.). Espécies das famílias Myrtaceae e Rubiaceae estão entre as principais representantes da condição de subdossel e sobosque (GANDOLFI et al., 1995).

Famílias como Euphorbiaceae, Apocynaceae, Moraceae, Lauraceae, Solanaceae e Annonaceae, normalmente bem representadas em espécies nas florestas semidecíduas, apresentaram poucas espécies neste estudo. Espécies de ampla distribuição como Astronium

graveolens, Aspidosperma polyneuron e Galesia integrifolia (LEITÃO FILHO, 1982) nem mesmo

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