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3.1.Origem, Colheita e Preparo dos Frutos

Foram utilizadas neste trabalho uvas da cultivar Itália, sendo provenientes de parreirais da colônia Pinhal, da região de São Miguel Arcanjo – SP, com ciclo fenológico de, aproximadamente 120 dias, cachos com peso médio de 500 g, possuindo resistência ao transporte e ao armazenamento. As bagas apresentando diâmetro médio de 23 mm, consistência carnosa e possuindo boa aderência ao pedicelo. O talhão na qual foram coletados as uvas foi do sétimo ano de produção, com espaçamento de 4x3, porta-enxerto 420- A, sendo utilizada adubação na cova e de cobertura. A adubação na cova utilizada foi: 1,5 kg da fórmula 4-14-8, 150 g de sulfato de potássio, 500 g de calcário calcítico, 1 kg de farinha de osso, 15 kg de adubo orgânico e 10 litros de pó de carvão. A adubação de cobertura foi dividida em três partes: na primeira foi aplicado 200 kg/ha da fórmula 10-10-10, na segunda foi colocado 150 kg/ha de sulfato de potássio e na terceira e última parte foi aplicado também 150 kg/ha de sulfato de potássio. Sendo realizado posteriormente pulverizações com produtos comerciais: manzate, antracol, cercobin, trifmine, rovral, mytos, dipterex e outros. E após a

fase de chumbinho da uva, foi aplicado calda bordalesa. A altitude da região é de aproximadamente 700 metros, com latitude 23º53’ S, longitude 47º58’ O, temperatura média anual de 14ºC e precipitação média anual de 1475 mm.

Figura 1. Cachos de uva ‘Itália’.

A colheita foi realizada com os frutos em completo desenvolvimento fisiológico, apresentando um teor mínimo de sólidos solúveis totais entre 12 a 16,5 º Brix. As uvas foram colhidas manualmente com o auxílio de tesoura de poda, onde foi cortada a parte lignificada do pedúnculo, ou seja, junto ao ramo de produção, sendo feita dessa forma para evitar a desidratação do engaço e do cacho. A colheita do primeiro experimento foi realizada dia 31 de janeiro de 2003 e a do segundo experimento foi dia 28 de março de 2003. Após a colheita, os cachos foram colocados em caixas de isopor limpos, e transportadas de automóvel para o Laboratório de Frutas e Hortaliças, pertencente ao Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial, da Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP – Campus de Botucatu, SP.

A seguir, os cachos passaram por uma seleção quanto ao tamanho dos cachos e bagas, injúrias, defeitos, aparência, visando uniformizar o lote.

Figura 2. Caixa utilizada para comercialização das uvas da colônia Pinhal, São Miguel Arcanjo/SP.

3.2.Experimentos

Para melhor quantificar o efeito isolado da irradiação e também o efeito combinado com a atmosfera modificada, na conservação pós-colheita da uva, o presente trabalho foi dividido em dois experimentos.

3.2.1.Primeiro Experimento

Os tratamentos a que os cachos foram submetidos no primeiro experimento visando quantificar o efeito isolado da irradiação foram: 0,0; 0,2; 0,4; 0,6; 0,8 e 1,0 kGy. A aplicação da irradiação foi feita na Empresa Brasileira de Radiação (EMBRARAD), localizada em Cotia – SP, onde as uvas, colocadas em bandejas fechadas com filme plástico (Figura 4), receberam a aplicação de raios gama, que tem como fonte o Cobalto 60. Após os cachos serem submetidos aos tratamentos, estes foram transportados de automóvel a Botucatu dentro de caixas de isopor limpos, onde foram armazenados sob refrigeração, a 5±1ºC e 85 - 90% de UR, em câmara fria (Figura 5), por 28 dias.

Figura 4. Embalamento das uvas em bandejas fechadas com filme plástico (Primeiro Experimento).

Figura 5. Armazenamento do primeiro experimento em câmara fria à 5±1ºC e 85-90% UR.

3.2.2.Segundo Experimento

Os tratamentos a que os cachos foram submetidos no segundo experimento visando quantificar o efeito combinado da melhor dose de irradiação: 0,2 kGy, com a atmosfera modificada (AM) foram: embalagem plástica + 0,2 kGy; embalagem plástica à vácuo + 0,2 kGy; embalagem plástica com 5%O2:1%CO2 + 0,2 kGy; embalagem plástica

com 5%O2:2%CO2 + 0,2 kGy e embalagem plástica com 100%N2 + 0,2 kGy.

A aplicação da atmosfera modificada foi feita no Laboratório de Frutas e Hortaliças, pertencente ao Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial, da Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP – Campus de Botucatu, SP, onde as uvas receberam diferentes concentrações de gases (O2 e CO2) dentro de embalagens plásticas (0,8 µm). O

cachos serem submetidos aos tratamentos, foram armazenados sob refrigeração, a 5±1ºC e 85 – 90% de UR, em Câmara fria, por 28 dias.

Figura 6. Embalagens plásticas utilizadas no segundo experimento (Tratamentos).

Figura 7. Armazenamento do segundo experimento em câmara fria à 5±1ºC e 85-90% UR.

3.3.Avaliações Pós-colheita

As avaliações pós-colheita foram divididas dentro de 3 grupos:

Grupo Controle: foram feitas análises físicas como perda de massa fresca, índice de doença, desgrana natural, bagas rachadas e avaliação da conservação pós-colheita das frutas em função da sua qualidade comercial. Este grupo constitui-se por 10 cachos para cada tratamento, os quais foram numerados e mantidos intactos. O intervalo de amostragem foi a cada 4 dias, num período de 28 dias, com exceção para a conservação pós-colheita onde foram deixados os cachos por um período maior em função da sua qualidade.

Grupo Destrutivo: Neste grupo foram feitas análises físicas, físico-químicas e químicas como firmeza, pH, sólidos solúveis totais, acidez titulável, “Ratio”, respiração, açúcar total, açúcar redutor e sacarose. Foi utilizado 21 cachos por tratamento, com 3 cachos representando 3 repetições em cada dia de análise, as quais foram realizadas a cada 4 dias, num período de 28 dias.

Grupo Sensorial: Esta análise foi realizada por um grupo de 11 provadores devidamente treinados, os quais provaram três bagas do cacho dos diferentes tratamentos, identificados com números aleatórios, e atribuíram notas para os parâmetros aroma, textura e sabor, de acordo com uma escala de notas: Aroma: 0-1 (sem aroma); 2-3 (aroma fraco); 4-6 (aroma moderado); 7-8 (aroma forte) e 9-10 (aroma muito forte); Textura: 0-1 (textura bem mole); 2-3 (textura mole); 4-6 (textura média); 7-8 (textura dura) e 9-10 (textura muito dura) e; Sabor: 0-1 (sem sabor); 2-3 (sabor fraco); 4-6 (sabor moderado); 7-8 (sabor forte) e 9-10 (sabor muito forte) (Apêndice). Esses parâmetros foram realizados no começo, na metade e no final dos 28 dias de análise.

3.4.Parâmetros Analisados

Os parâmetros analisados foram:

Perda de Massa Fresca: Os cachos foram pesados a cada 4 dias em balança, OWALABOR – carga máxima de 2000 g e divisão de 10 mg, considerando o peso inicial de cada unidade, com os resultados expressos em percentagem.

Índice de Doença: As doenças são identificadas através da avaliação dos sintomas, e a seguir pelo isolamento através da obtenção de culturas puras e identificadas no microscópico. Utilizando a seguinte equação:

V = (ni/n) x 100, onde: V = valor em % de frutos infectados;

ni = número de frutos infectados e n = número total de frutos da amostra.

Desgrana Natural e Bagas Rachadas: Foi observado o número de bagas desligadas do cacho e rachadas que apareceram durante os dias de análise.

Conservação Pós-colheita: Foi avaliado pelo número de dias em que os frutos se conservaram em função da sua qualidade comercial.

Firmeza: Foi determinada pelo uso do texturômetro (STEVENS – LFRA texture analyser) com a distância de penetração de 15 mm e velocidade de 2,0 mm/seg., utilizando-se o ponteiro TA 9/1000. Procedendo-se a leitura em lados opostos da seção equatorial dos frutos, sendo que o valor obtido para se determinar à firmeza em gramas/força, foi definido como a máxima força requerida para que uma parte do ponteiro penetre na polpa do fruto.

pH: Foi realizado por potenciometria utilizando-se o potenciômetro ANALYSER – modelo pH 300, conforme técnica descrita por Pregnolatto & Pregnolatto, 1985.

Sólidos Solúveis Totais (SST): Foi realizada através da leitura refratométrica direta, em graus Brix, digital, com o refratômetro tipo Palette com medições de 0-32ºBrix, marca ATAGO PR-32, segundo recomendação de Tressler & Joslyn (1961).

Acidez Titulável (AT): O conteúdo de acidez titulável, expresso em gramas de ácido tartárico por 100 gramas de polpa, foi determinado através da titulação de 10 gramas de polpa homogeneizada e diluída para 90 ml de água destilada, com solução padronizada de hidróxido de sódio a 0,1 N, tendo como indicador o ponto de viragem da fenolftaleína (Association of Official Analytical Chemists, 1980), seguindo as recomendações de Pregnolatto & Pregnolatto (1985).

Relação SST/AT (“Ratio”): Foi determinado pela relação entre o teor de sólidos solúveis totais e a acidez titulável (Tressler & Joslyn, 1961).

Respiração: A determinação da taxa de respiração foi efetuada de forma indireta, pela medida do CO2 liberado, de acordo com metodologia adaptada de Bleinroth et al (1976). Onde

a taxa respiratória foi calculada pela seguinte fórmula: TCO2 = 2,2.(B-A).V1/P.T.V2 , onde:

TCO2 = taxa de respiração em ml de CO2.kg de Fruta-1.hora-1;

B = volume gasto em ml de HCl padronizado para a titulação de Hidróxido de Potássio – padrão antes da absorção de CO2;

A = volume gasto em ml de HCl padronizado para a titulação de Hidróxido de Potássio após a absorção do CO2 da respiração;

V1 = volume de hidróxido de potássio usado na absorção de CO2 (ml);

P = peso dos frutos (kg); T = tempo das reações metabólicas (hora); V2 = volume de hidróxido de potássio utilizado na titulação (ml);

2,2 = devido ao equivalente do CO2 (44/2), multiplicado pela concentração do ácido

clorídrico a 0,1 N.

Figura 8. Equipamento utilizado para medir a respiração das uvas ‘Itália.

Açúcares Redutores e Totais (Primeiro Experimento): Foram determinados pela metodologia descrita por Somogyi e adaptada por Nelson (1944). O aparelho utilizado foi o espectrofotômetro MICRONAL B 382, com a leitura efetuada a 535 nm, sendo os resultados expressos em percentagem.

Sacarose (Primeiro Experimento): Foi determinada pela diferença entre o açúcar total e o açúcar redutor, sendo os resultados expressos em percentagem.

Aroma, Textura e Sabor: Foram obtidos por avaliação sensorial através de uma equipe de provadores devidamente treinados para provar o fruto e avaliar tais atributos (Wang, 1999). Aroma: 0-1 (sem aroma); 2-3 (aroma fraco); 4-6 (aroma moderado); 7-8 (aroma forte) e

9-10 (aroma muito forte); Textura: 0-1 (textura bem mole); 2-3 (textura mole); 4-6 (textura média); 7-8 (textura dura) e 9-10 (textura muito dura) e; Sabor: 0-1 (sem sabor); 2-3 (sabor fraco); 4-6 (sabor moderado); 7-8 (sabor forte) e 9-10 (sabor muito forte) (Apêndice).

3.5.Análise de Custo

Foi verificada a viabilidade econômica do projeto, sendo utilizado: o preço e o volume da uva ‘Itália’, o custo da irradiação e da atmosfera modificada ativa.

3.6.Delineamento Estatístico

Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado. No Primeiro Experimento foram realizados 6 tratamentos e 7 repetições, utilizando para este a análise de regressão. No Segundo Experimento foram realizados 5 tratamentos e 7 repetições, com teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade (Gomes, 1987).

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO

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