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Integrated analysis of landscape through the GTP method (Geosystem / Planning /Landscape) in a Serrano Complex brazilian Semiarid Environmental changes and their consequences

2 Material e Métodos

2.1 Caracterização da área de estudo

O “Complexo Serrano de João do Vale” se distribui nas mesorregiões Oeste Potiguar e Sertão Paraibano, ao longo dos municípios de Triunfo Potiguar, Campo Grande e Jucurutu, no Estado do Rio Grande do Norte, e Belém do Brejo do Cruz no Estado da Paraíba (coordenadas UTM 690822W – 9348788S e 716460W – 9324737S; Figura 1), compreendendo uma área de 370 km², com altitudes variando de 100 a 747 metros.

Figura 1- Delimitação do Complexo Serrano João do Vale, e sua localização nos municípios de Jucurutu,

Triunfo Potiguar, Campo Grande, no Estado do Rio Grande do Norte e, Belém do Brejo do Cruz no Estado da Paraíba. Fonte: Elaborado pela primeira autora, utilizando uma imagem de satélite LandSat-TM 05, composição R7G4B2, do ano de 2010, na escala de 1:150.000 e os limites municipais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE.

No platô do complexo serrano residem 1800 habitantes, sendo 971 homens e 829 mulheres (IBGE, 2010); praticamente toda a área de platô foi desmatada para a ocupação dos domicílios e para o desenvolvimento das diversas atividades.

As comunidades que habitam o platô serrano têm como base econômica a agricultura e fruticultura, sendo esta última ainda pouco desenvolvida. A base da agricultura é o plantio de mandioca (Manihot

esculenta Crantz), feijão (Vigna unguiculata L. Walp.), milho (Zea. mays L.), fava (Vicia faba L.), jerimum

(Cucurbita máxima), batata (Ipomoea Batatas), entre outros; já na fruticultura destacam-se graviola (Annona

muricata L.), caju (Anacardium occidentale L.), mamão (Carica papaya), manga (Mangifera indica L),

laranja (Citrus sinensis), maracujá (Passiflora edulis Sims) e banana (Musa spp). Conforme diagnóstico realizado pelo Plano de Desenvolvimento Sustentável da região do Seridó, o Complexo Serrano João do Vale tem potencial para fruticultura, que constitui a atividade de maior importância e potencialidade para essa região (SEPLAN, 2000b).

As comunidades locais denominam essa área de altitude de brejo, e as terras baixas, de sertão, o que condiz com a literatura (Ab’Saber, 1999; Souza e Oliveira, 2006), que reconhece como brejo de altitude essas áreas de exceção no Domínio das Caatingas, que apresentam elevadas altitudes e umidade. As terras baixas denominadas de sertão encontram-se na depressão sertaneja, com clima semiárido e seco.

2.2 Procedimentos metodológicos

A base teórico-metodológica utilizada neste trabalho foi a Análise Integrada da Paisagem, através do método GTP (Geossistema, Território e Paisagem), que utiliza estes três conceitos integrados para analisar o geossistema, ou seja, um determinado espaço geográfico em sua totalidade.

Nesse sentido e conforme Bertrand e Bertrand (2009), o sistema GTP utilizado neste estudo compreendem as seguintes etapas:

O ponto de partida foi a imagem multiespectral do sistema de imageamento orbital Landsat 5 TM. Esta imagem foi submetida a um georreferenciamento para correções de efeito das distorções espaciais que são ocasionadas durante a aquisição da imagem devido a fatores como, por exemplo, variações da plataforma do satélite, rotação e curvatura da Terra, que geram imprecisões cartográficas quanto ao posicionamento de objetos, superfícies ou fenômenos nelas representados (CROSTA, 1992). O georreferenciamento de todos os produtos foi realizado utilizando-se o software Er Mapper 7.1, no sistema de coordenadas UTM Zona 24S em relação ao Datum SAD-1969, tendo como base cartográfica as Cartas Topográficas da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), Folha SB- 24-Z-B-I, Caicó e SB-24-X-D-IV, Augusto Severo na escala de 1:100.000.

Após a seleção e georreferenciamento das imagens, foi realizado o processamento digital, envolvendo a utilização de composições coloridas RGB e, em seguida, submetidas aos procedimentos de análise e interpretação visual, sendo aplicadas técnicas de realce de cores utilizando o sistema de cores RGB, e aplicação de transformações histográficas. As transformações com o histograma da imagem descreve a distribuição estatística dos níveis de cinza, em termos de número de amostras (pixels) com cada nível de

cinza, realçando assim os contrastes das imagens (SCHOWENGERDT, 2007). Em seguida, a imagem foi submetida às mudanças de contrastes dos histogramas, com a aplicação da transformação linear (aumento linear de contraste), para o realce da dinâmica visual para cada banda espectral individualizada, de modo que aperfeiçoou a distinção visual dos diferentes aspectos na imagem. Para a realização desse processamento digital das imagens foi utilizado o software Er Mapper 7.1.

Seguinte ao tratamento dos dados, estes foram trabalhados em um ambiente Geographic

Information System (GIS) utilizando-se a plataforma do software ArcGIS 10 para a elaboração de todos os

mapas temáticos.

O trabalho de campo foi realizado para auxiliar no reconhecimento da área de estudo, e observar/registrar os aspectos quanto a altitude do relevo, as feições da vegetação, usos e cobertura do solo do Complexo Serrano, além de auxiliar nos trabalhos de mapeamento.

Em seguida, para a delimitação da área de estudo (Complexo Serrano João do Vale), foram utilizados os limites topográficos, selecionando apenas o complexo serrano que está representado na paisagem pelas altas declividades e diferentes fisionomias, distinguindo-se das áreas de depressão (áreas planas). Também para reconhecer os limites dos municípios nos quais esse complexo se insere, foram utilizados arquivos vetoriais no formato shapefile disponibilizados no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A classificação e quantificação de área das diferentes classes de cobertura do solo presentes no ambiente, foi realizada através da interpretação visual e vetorização da imagem de satélite LANDSAT 01 (sensor MSS, órbita 231, ponto 64, composição R4G7B5 e resolução espacial de 80 metros, de 06/10/1973); LANDSAT 05 (sensor TM, órbita 215, ponto 64, composição R7G4B2 e resolução espacial de 30 metros, de 17/06/1984); e LANDSAT 05 (sensor TM, órbita 215, ponto 64, composição R7G4B2, e resolução espacial de 30 metros, de 25/06/2010), sendo os mapas trabalhados na escala de 1: 50.000 e apresentados na escala de 1:200.000.

Foram identificadas seis classe de cobertura do solo: Caatinga arbórea, Caatinga arbóreo- arbustiva, Caatinga arbustiva, área antrópica, solo exposto e água. As classes denominadas para a vegetação estão de acordo com Veloso et al. (2002), que descreveram vegetação arbórea para as áreas elevadas de planalto, e as arbustivas nas áreas planas das depressões. A área antrópica foi denominada segundo o IBGE (2006), referindo-se às áreas antrópicas agrícolas e não agrícolas. Para melhor identificação dessas classes, foram selecionadas as melhores combinações de bandas com destaque para as composições coloridas: R7G4B1, R7G4B2, R3G4B1 e R4G7B5.

As imagens de satélites foram obtidas no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), correspondentes aos meses de outubro de 1973, junho de 1984 e de 2010.

Para a elaboração do mapa temático de hipsometria foi utilizado a imagem SRTM do ano de 2000 da NASA Shuttle Radar Topografy Mision (SRTM; disponível no site da NASA (National Aeronautics and Space Administration); a partir dessa imagem foi reclassificada a altimetria de 100 em 100 metros.

O mapa de declividade foi elaborado a partir do modelo MDT (Modelo Digital do Terreno), utilizando a ferramenta 3D analyst e usando a extensão Slope, e os intervalos foram definidos em

porcentagem de acordo com Duarte et al. (2004): 0 – 3% (relevo plano); 3 – 8 % (relevo suave ondulado); 8 – 20 % (relevo ondulado); 20 – 45% (relevo forte ondulado); 45 – 75% (relevo montanhoso).

O mapa da rede de drenagem foi extraído da SRTM, a partir do MDT, utilizando a ferramenta Spatial Analyst Tools, usando a extensão Hydrology.

Com base no mapa de geologia do Estado do Rio Grande do Norte na escala de 1:500.000, produzido pelo Serviço Geológico do Brasil- CPRM (ANGELIM et al., 2006), foi extraída a área de limite geológico do complexo serrano João do Vale.

O mapa de relevo foi criado com base na topografia com uma imagem SRTM do ano de 2000 da NASA, e a partir da hipsometria, declividade, e geologia usando os limites topográficos para a vetorização do mapa.

O mapa de solos foi elaborado com base no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos em escala de 1:5.000.000 (EMBRAPA, 2011), disponível as shapefile no site da Embrapa, sendo extraído para o Complexo Serrano João do Vale.

A elaboração do mapa das unidades de paisagem foi efetuada de acordo com a definição das unidades inferiores, geossistema e geofácies (BERTRAND E BERTRAND, 2009), definindo as feições homogêneas com base no cruzamento das informações de cada elemento analisado da paisagem, como a declividade, hipsometria, embasamento rochoso, relevo, solo, e uso e cobertura do solo. Com base nesta análise foi elaborado o sistema GTP (Geossistema/ Território/ Paisagem) para o Complexo Serrano.

3 Resultados e Discussão 3.1 Hipsometria

A formação topográfica na qual se encontra o Complexo Serrano João do Vale data do Pré- cambriano está inserida no embasamento cristalino, formado por um conjunto de rochas ígneas e metamórficas. O conhecimento dessa formação se faz imprescindível para a compreensão da dinâmica e evolução do relevo, possibilitando entender os acontecimentos e conhecer as potencialidades de usos da terra de acordo com a capacidade de suporte dos ambientes. Apresenta um relevo que varia de plano a ondulado e montanhoso, com altitudes variando entre 100 e 747 metros (Figura 2). O platô serrano apresenta-se plano, variando entre 600 a 747 metros de altitude; o qual foi todo desmatado e ocupado pelo homem, seja para habitações pelas comunidades locais, como também pelos diversos usos da terra, por exemplo, a fruticultura de cajueiro (Anacardium occidentale L.) e graviola (Annona muricata L.). Enquanto nas feições íngremes, nas escarpas, o uso é limitado devido às dificuldades de acesso devido às altitudes elevadas. Assim como em outros ambientes serranos, as áreas de platô são propícias à fixação da população e onde se desenvolve a agricultura de subsistência (NASCIMENTO et al., 2010).

Cabe destacar que, segundo o IBGE (2009), a representação do relevo através de curvas de nível é importante elemento de análise, tendo em vista as informações quantitativas que representam. Ainda destaca- se na Figura 2 o perfil topográfico oriundo das informações quantitativas existentes em um mapa de curvas de nível, dando uma ideia compreensível da forma do relevo que varia de plano a ondulado na área

selecionada e, conforme Zacharias (2010), mostra com clareza a espacialização dos diferentes níveis topográficos representados pelos valores altimétricos das curvas de nível.

Dessa forma, com a espacialização desses valores altimétricos é possível conhecer o terreno, e servir de subsídios para o planejamento e ocupação das atividades no platô Serrano, tendo em vista que este ambiente é o mais vulnerável quanto às ações antrópicas.