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Ontogeny and bud from roots of Psychotria ipecacuanha Brot Stokes) Rubiaceae

MATERIAL E MÉTODOS

Local de coleta

As amostras de Psychotria ipecacuanha foram coletadas nos meses de fevereiro a março, em populações naturais no município de Itaperuna, no estado do Rio de Janeiro, localizado a 21º07’S/ 42º06’W e 190 m de altitude. A vegetação é constituída de fragmentos remanescentes de mata Atlântica, próximos a área de pastagem, na Fazenda Caeté.

Foram coletados fragmentos radiculares e plantas inteiras para o cultivo in vivo .

Aspectos da reprodução vegetativa

Foram realizadas observações de campo nos meses de janeiro a março, com alto regime hídrico. As observações visaram identificar alguns aspectos da reprodução vegetativa da espécie, como: profundidade do sistema radicular subterrâneo; o tipo de órgão gemífero, bem como o tipo de distribuição espacial da espécie.

Propagação in vivo

Para obtenção de gemas radiculares, Psychotria ipecacuanha foi propagada vegetativamente por meio de estacas radiculares.

Fragmentos de raízes, com aproximadamente 5 cm de comprimento, foram desinfestados por imersão em uma solução de Benlate 0,1 %, durante 15 minutos, e submetidos à lavagem em água destilada sendo, logo após, colocados em uma solução de hipoclorito comercial a 5%, por 30 minutos e submetidos a 4 lavagens em água destilada.

Os fragmentos radiculares foram cultivados e mantidos em locais sombreados com cobertura de sombrite (70%) em casa de vegetação. Foi testada a aplicação de BAP (benzilaminopurina)

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sistema de arejamento com 20 fragmentos radiculares para cada tratamento, num total de 80 segmentos. Realizaram-se 4 (quatro) tratamentos, sendo os fragmentos cultivados por 180 dias em: 1 – água destilada;

2 – solução de Hoagland (pulso de 24 h suplementado com 2 mg L-1 de BAP); 3 – água destilada (pulso de 24 h suplementado com 2 mg L-1 de BAP); 4 – solução de Hoagland;

Também foram cultivadas 70 plantas inteiras, visando à propagação vegetativa. As plantas foram cultivadas em vasos de polietileno, com capacidade de 6 L, contendo uma mistura de solo, esterco e areia (na proporção 3:1:1), com irrigação a cada dois dias. As plantas foram cultivadas por 270 dias.

O material testemunho foi preparado segundo as normas de herborização e depositado no Herbário VIC, do Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viçosa – UFV, sob registro de número 26.678.

Anatomia das gemas radiculares

Foram coletadas raízes com gemas adventícias, em diferentes estádios de desenvolvimento, para a realização dos estudos anatômicos, no Laboratório de Anatomia Vegetal da Universidade Federal de Viçosa.

Os segmentos com raízes gemíferas, diferenciadas in vivo, foram coletados e fixados em FAA50

(Johansen, 1940) e submetidas a vácuo. As amostras foram desidratadas em série etanólica e incluídas em parafina (Johansen, 1940). Foram obtidos cortes seriados transversais e longitudinais, com 10 µm de espessura, utilizando-se micrótomo rotativo LEICA RM 2155. Após a desparafinização, os cortes foram corados com safranina (em solução alcoólica 50%), durante 40 minutos, e azul de Astra, por 10 minutos (Gerlach 1969), e montados em bálsamo do Canadá.

Foram realizados testes com lugol, em fragmentos radiculares gemíferos não fixados, para a evidenciação de grãos de amido. As seções foram obtidas utilizando-se de um micrótomo de mesa (Ernst Leitvz – Wetzlar).

As observações e os registros fotográficos foram realizados em um microscópio esteroscópio Olympus SZH e num microscópio Olympus AX70, com sistema U-Photo.

RESULTADOS

Aspectos da reprodução vegetativa

Psychotria ipecacuanha ocorre em formações do tipo “reboleiras” (Fig. 1). O sistema subterrâneo radicular atinge aproximadamente 20-40 cm de profundidade no solo. As observações realizadas no campo indicam que a espécie apresenta aspecto semidecidual, e de acordo com as condições do ambiente ocorre a perda parcial da parte aérea. As gemas radiculares são formadas na época de chuvas entre os meses de novembro a março. Em meio natural ocorre a proliferação de gemas adventícias formadas em raízes interligadas a planta de origem, ou partir de segmentos radiculares isolados que sofreram injúria mecânica.

Após escavação, observou-se que quando as gemas radiculares subterrâneas estão dispostas horizontalmente, seu desenvolvimento dá origem a um caule com regiões sinuosas paralelas a superfície do solo antes de emergir; quando dispostas verticalmente, originam caules eretos, que atingem a superfície do solo como visto na Fig. 2.

A regeneração da espécie é principalmente via raiz gemífera (Fig. 3, 4 e 5), entretanto, formam-se gemas axilares oriundas do sistema caulinar, situadas na região do nó. Geralmente, o sistema caulinar apresenta porções prostadas ao solo, das quais são originadas raízes adventícias, na região do entre-nó (Fig. 6). O caule aéreo em estádio secundário de crescimento apresenta estrutura típica com um córtex amplo, destacando-se sucessivos felogênios (Figs 8-10), originados por divisões tanto de células epidérmicas (Fig. 7) quanto de células subepidérmicas (Fig. 8). Na região onde são formadas as raízes adventícias, observa-se a presença de felogênio e do súber situados internamente ao colênquima (Fig. 8). Após a emergência das raízes adventícias, o colênquima e o súber são eliminados, promovendo uma descamação de todo o caule (Fig. 9). O sistema caulinar apresenta endoderme nítida com estrias de Caspary proeminentes (Fig. 11) e na epiderme foram observados tricomas tectores unisseriados (não documentado).

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As raízes são protostélicas e poliarcas, apesar de serem adventícias, apresentam estrutura típica, com a ausência de medula, com o xilema ocupando a região central do órgão (Fig. 12), e muito cedo se estabelece o crescimento secundário (Fig. 13).

Propagação in vivo

Foram necessários aproximadamente 60 dias de cultivo hidropônico, para que as estacas radiculares produzissem gemas adventícias. Foram produzidas aproximadamente 12,5 gemas por segmento, nos cultivos em solução de Hoagland com a presença ou ausência de BAP. Nos tratamentos com água destilada e citocinina (2 mg L-1 de BAP) formou-se uma média de 5,5 de gemas por segmento, e no tratamento com apenas água destilada observou uma proporção de 8 gemas por segmento.

Figura 14: Representação gráfica da média de produção de brotos adventícios em segmentos radiculares de P. ipecacuanha, cultivados em meio hidropônico com sistema de arejamento em diferentes tratamentos, em local sombreado por 60 dias.

Nos tratamentos com BAP principalmente com água destilada, observou-se primeiramente a formação de raízes laterais. Em todos os tratamentos, as gemas adventícias distribuíram-se por todo o segmento radicular. 0 2 4 6 8 10 12 14 sh *H20 H20 Tratamentos M é d ia d e b r ot os ad ve n c ios /s e g m e n to

SH - Solução de Hoagland com ou sem BAP H20 - Água destilada + 2 mg L-1 BAP

H20 - Água destilada

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