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Materias de Revestimento e proteção para madeira

No documento SEGURANÇA DAS ESTRUTURAS (páginas 38-41)

5 MÉTODOS PARA DIMENSIONAMENTO

5.3 MADEIRA 1 Introdução

5.3.3 Materias de Revestimento e proteção para madeira

A proteção de elementos estruturais de madeira pode ser realizada por meio do cobrimento dos elementos estruturais com materiais de propriedades isolantes e por meio da incorporação de produtos químicos que proporcionem melhorias na sua reação ao fogo.

5.3.3.1 Cobrimento do elemento estrutural de madeira

A proteção da madeira por meio do cobrimento visa isolar a madeira das temperaturas elevadas (figura 50). São inúmeros os materiais de proteção antitérmica disponíveis comercialmente para a madeira. São comumente empregados: gesso, lã de rocha, lã de vidro. Morfologicamente, esses produtos são dispostos de forma a envolver elemento estrutural contornando-o superficialmente.

Invariavelmente, quando se opta pela escolha da madeira como material estrutural, o projetista busca principalmente tirar proveito de suas propriedades organolépticas. Portanto, em poucas situações é desejável ocultá-la visualmente, sendo esse método de proteção indicado para espaços onde a madeira se encontra confinada ou como por exemplo em locais onde já é previsto o recobrimento, tal qual em paredes entramadas onde é comum o uso de placas acartonadas de gesso.

Figura 50 - Proteção da madeira por material isolante por cobrimento em pilares e vigas, exemplos de fixação (Fonte: Eurocode 5, 2004)

5.3.3.2 Tratamentos ignífugos

O tratamento contra o fogo aplicado à madeira visa incorporação de produtos químicos de modo a torná-la um material que tão somente carbonize até sua completa degradação sem que propague chamas ou que contribua para a combustão no ambiente, assegurando um desempenho que não teria naturalmente, (LEPAGE et al, 1986). Dois processos são utilizados para esse fim, segundo a forma de aplicação. - Tratamento superficial com tintas ou vernizes intumescentes (figura 51)

A ação desses produtos se dá por meio do retardo na propagação de chamas devido à intumescência da camada de tinta, formando uma espuma microporosa e termo- isolante, cuja espessura após a exposição ao fogo pode chegar até a 30 mm, que inibe a elevação da temperatura no substrato, impede o acesso do oxigênio na reação de combustão, retarda a propagação de chamas, reduz a emissão de fumaças tóxicas e a liberação dos produtos inflamáveis necessários à combustão.

Tinta intumescente Tinta intumescente combinado com verniz

Figura 51 – Tinta intumescente

(Fonte:CKC do Brasil Ltda , 2007 e FLOORINGTEC BRASIL, 2007)

Existe uma gama produtos para conferir a melhoria da reação ao fogo à madeira. Em alguns casos, inseticidas são adicionados ao produto ignífugo. Esses ignífugos são solvidos em água, com tempo de cura de até três dias e apresentam opção de acabamento incolor ou pigmentado. A aplicação é feita por rolo ou pincelamento cruzado, com espessura final entre 40 µm a 12 mm. O rendimento varia em função do tipo de superfície de madeira, sua absorção e em função do produto ignífugo:

aproximadamente 200 ml/m2 a 500 ml/m2. Além do pincelamento, alguns produtos possibilitam a aplicação por pistolas.

É importante salientar que, salvo por orientação do fabricante, não é recomendada a sobreposição de outros produtos sobre o produto ignífugo empregado, tal como tintas ou vernizes comuns, pois resulta na perda do efeito ignífugo do revestimento

Como ilustração apresentam-se na tabela 11, alguns produtos disponíveis no mercado. Tabela 11 – Produtos ignífugos disponíveis no mercado brasileiro

Produto Fornecedor Características

SPAC- Anti-fogo para madeira

Spalaor comercial Ltda.

Ignífugo e cupinicida; incolor e pigmentado

NOFIRE Wood Flooringtec do Brasil Incolor; flexível; aplicação por imersão ou rolo; retarda chamas NFW-Thicness Color Flooringtec do Brasil Incolor; retarda chamas

FLAMMEX 01 Fakolith Intumescente; pigmentado em

várias opções de cores; para uso externo ou de possível impacto mecânico é recomendado o uso de verniz protetor

FLAMMEX HOLZ 2K Fakolith Intumescente; transparente; especialmente indicado para climas tropicais devido a boa resistência a alta umidade

CKC-2020 CKC do Brasil Ltda. Retarda chamas; incolor;

aplicado com um

impermeabilizante que permite resistência a intempéries

CKC-F-268 CKC do Brasil Ltda Intumescente; tinta em Cor branca com possibilidade de adição de pigmentação na cor desejada

CKC-141vr CKC do Brasil Ltda Verniz acabamento brilhante ou fosco; retarda chamas

CKC-166vi CKC do Brasil Ltda Verniz intumescente; aplicável em ambiente externo quando combinado ao verniz CKC-167

Fonte: SPALAOR Comercial Ltda, 2004; FAKOLITH, 2007, CKC do Brasil Ltda, 2007; FLOORINGTEC Brasil, 2007

Podemos citar como vantagens desse método: a execução do tratamento na própria obra ou edificação, mesmo após sua conclusão; apresenta pouca interferência nas propriedades mecânicas e físicas da madeira; resistência à lixiviação e bom desempenho no retardamento da propagação da chama. Como desvantagens citam-se: menor controle de qualidade; fácil remoção do produto por abrasão e lixiviação.

Consiste em impregnar na madeira as soluções com sais ignífugos. O método por imersão é citado como opção pelos fabricantes de alguns produtos como uma opção de tratamento por impregnação, no entanto, devido à maior eficácia, o tratamento de impregnação por pressão é mais difundido. Desse modo, uma combinação de vácuo e pressão é realizada na madeira, forçando a penetração dos sais em sua estrutura. Esse método de proteção é realizado em usinas de tratamento. Possui um carater industrial e apresenta algumas vantagens em relação ao processo de imersão por haver a possibilidade de uniformidade no produto final, facilidade no controle de qualidade e segurança.

O fator crítico para a eficácia desse tratamento é a espessura do produto impregnado à madeira, visto ser um fenômeno de superfície. Concorre favoravelmente para isso a permeabilidade do substrato, o qual varia em função da espécie de madeira utilizada entre outros fatores. Normalmente as madeiras leves, espécies coníferas e a madeira oriunda do alburno apresentam melhor absorção por impregnação, devido a sua constituição anatômica.

Podemos citar como vantagens desse método: melhor controle de qualidade, resistência da remoção do tratamento por ação mecânica; possibilita adição de formulações inseticidas e fungicidas. Como desvantagens citam-se: o custo elevado, se comparado ao método de pintura; redução de cerca de 10% na resistência mecânica da madeira; por ser um produto solúvel em água, a variação do teor de umidade na madeira pode conduzir a migração dos sais para a superfície, vindo a se cristalizarem; a cristalização dos sais na superfície eleva a alcalinidade da madeira atacando eventuais peças metálicas a ela incorporadas. A opção pelo tratamento deve preceder a construção, pois a madeira é tratada em usina. Após a obra pronta ou em edificações já existentes esse método se inviabiliza (AGUILAR, 1986).

Em suas formulações, os tratamentos comerciais inorgânicos, tal como, cromato de zinco cromatado; Minalith e Pyresote, possuem em suas formulações fosfatos de amônio. As formulações com compostos orgânicos contêm carbono, halogênios e derivados de fósforo. O American Institute of Timber Construction - AITC, não recomenda que peças estruturais de grande dimensão sejam tratadas por ignífugos impregnados. O motivo reside na resistência natural que esses elementos já possuem pela suas dimensões, de modo que o tratamento não elevaria de modo significativo a resistência ao fogo desses elementos e contribuiria desfavoravelmente para a redução das propriedades da madeira.

No documento SEGURANÇA DAS ESTRUTURAS (páginas 38-41)

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