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4. Resultados e Discussão

4.1. Maturidade Sexual

A freqüência geral de Classes Andrológicas resultante das avaliações

nos dois anos consecutivos, nas duas fazendas, estão sumariadas nas

Tabelas 1 e 2. Os resultados obtidos mostram-se satisfatórios, visto que a

maioria dos animais já se mostraram sexualmente maturos nos dois anos

estudados, demonstrando precocidade na faixa etária de 20 a 22 meses de

idade, comparando-se com os resultados obtidos por PINTO et. al. (1987) e

FONSECA et. al. (1976).

A classe 4, representada por animais descartados por apresentarem espermiogênese imperfeita severa (item 3.4.3), não foi encontrada nos animais estudados, e dessa forma não está representada nas tabelas de resultados.

Tabela 1 – Freqüência de Classes Andrológicas de acordo com o ano, em

touros da raça Nelore, criados em condições extensivas no estado de São Paulo.

Classes Andrológicas*

ANO 1 (%) (N) 2 (%) (N) 3 (%) (N) 5(%) (N) 1999 74,85(1336) a 13,33 (238) a 7,73 (138) a 4,09 (73) a 2000 65,51 (925) b 13,17 (186) a 16,36 (231) b 4,96 (70)a * = Padrões recomendados por Guimarães (comunicação pessoal)

χ2 = gl

3 = 7,82 ; p<0,05 χ2cal = 61,91

N = número de animais; Classes Andrológicas: 1 - animais aptos à reprodução, 2 - animais aptos à reprodução em regime de monta natural, 3 - animais temporariamente inaptos à reprodução, 4 - animais inaptos à reprodução, 5 - animais descartados da reprodução.

a,b

= Letras diferentes na mesma coluna, indicam diferença estatística (p<0,05)

Tabela 2 – Freqüência de Classes Andrológicas ( padrões preconizados

pelo CBRA, 1998) de acordo com o ano, em touros da raça

Nelore, criados em condições extensivas no estado de São

Paulo.

Classes Andrológicas*

ANO 1 (%) (N) 2 (%) (N)

1999 68,47 (1166) a 31,53 (537) a

2000 75,24 (1003 )b 24,76 (330) b

* = Padrões recomendados pelo Colégio Brasileiro de Reprodução Animal- CBRA;

χ2

N = número de animais; Classes Andrológicas: 1 - animais aptos à reprodução, 2 - animais inaptos à reprodução.

a,b

= Letras diferentes na mesma coluna, indicam diferença estatística (p<0,05)

Os dados avaliados, de acordo com os padrões preconizados pelo

Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (CBRA) (Tabela 2), revelaram

aumento (p<0,05) no número de animais maturos sexualmente quando

comparados aos valores de 68,47 vs 75,24 % obtidos, respectivamente,

para os anos 1999 e 2000. (Figuras 1 e 2).

Estes valores mostraram-se superiores aos resultados obtidos por

FONSECA et al. (1974) e VALE FILHO et al. (1989) em animais da

mesma raça. Os primeiros autores não registraram nenhum animal maturo

sexualmente em faixa etária semelhante a deste estudo, porém os últimos

autores citados registraram 53 % de animais maturos sexualmente aos 24

meses de idade. Ambos os autores mencionam que as raças zebuínas são

extremamente tardias quando comparadas às raças taurinas, que em

condições tropicais, alcançam a maturidade sexual até os 20 meses de

idade. O presente estudo demonstra que animais manejados em regime

extensivo podem se mostrar precoces, desde que o rebanho seja

selecionado para tal característica.

Porém, quando os dados foram avaliados e distribuídos em cinco

Classes Andrológicas (item 3.4.3.), os números de animais aptos à

reprodução mostraram-se

ainda maiores (88,18 vs 78,68 %,

respectivamente para os anos de 1999 e 2000), considerando as classes 1 e

2 como aptas à reprodução (p<0,05). Esta diferença demonstra que o

padrão de cinco Classes Andrológicas é menos rigoroso no julgamento dos

animais. Contudo, deve-se ressaltar que Guimarães (comunicação pessoal)

preconiza tal padrão somente para animais jovens, ainda em fase de

crescimento e maturação sexual, onde é freqüente a presença de anomalias

espermáticas acima de 5%, individualmente, porém, não comprometendo a

capacidade fecundante das células espermáticas.

Há algumas anomalias, tais como gota citoplasmática proximal,

estreito na base, delgado e abaxial, que não apresentam relação com a

capacidade fecundante dos ejaculados na espécie bovina (BARTH et al.,

1997). No presente estudo, animais classificados como inaptos temporários

apresentaram com maior freqüência anomalias de gota protoplasmática

proximal ou distal e caudas fortemente enroladas ou dobradas com ou sem

gota protoplasmática proximal. Portanto, na metodologia adotada com

cinco Classes Andrológicas, a avaliação de anomalias excedendo os 5 %

individuais é feita criteriosamente, relacionando-a com a capacidade

fecundante dos ejaculados.

Avaliando-se os dados dos aspectos reprodutivos obtidos em cada Fazenda observou-se, da mesma forma que na análise anterior, diferença nos parâmetros estudados (p<0,05) para ambos os critérios de classificação de touros (cinco e duas Classes Andrológicas).

Considerando o critério de cinco classes, verificou-se que houve redução no número de animais aptos à reprodução com aumento no número de animais inaptos temporariamente à reprodução no ano de 1999 para 2000 na Fazenda 1(p<0,05) (Tabela 3). Já na freqüência registrada, empregando-se os critérios preconizados pelo CBRA (1998), os valores foram menores, porém observou-se acréscimo no número de animais aptos à reprodução (p<0,05) (Tabela 4). Contudo, os valores mostram -se excelentes,

considerando-se que os animais se encontravam neste estudo na faixa etária de 20 a 22 meses de idade, portanto muito jovens.

Tabela 3 – Freqüência geral de Classes Andrológicas de touros da raça Nelore

dos 20 aos 22 meses de idade, criados em condições extensivas, na Fazenda 1, em dois anos consecutivos, no estado de São Paulo. Classes Andrológicas ANO 1 (%) (N) 2 (%) (N) 3 (%) (N) 5 (%) (N) 1999 75,29(841)a 14,68(164) a 7,25(81) a 2,77(31) a 2000 65,16 (752)b 13,17(152) a 16,46(190)b 5,20 (60)b χ2 = gl 3 = 7,82 ; p<0,05 χ2cal = 57,98

Classes Andrológicas: 1 - animais aptos à reprodução; 2 - animais aptos à reprodução em regime de monta natural; 3 - animais inaptos temporariamente à reprodução; 5 - animais descartados do rebanho.

a,b

= Letras diferentes na mesma coluna, indicam diferença estatística (p<0,05)

Tabela 4 – Freqüência geral de Classes Andrológicas (padrões CBRA) de

touros da raça Nelore dos 20 aos 22 meses de idade, criados em

condições extensivas na Fazenda 1, em dois anos consecutivos

Classes Andrológicas ANO 1 (%) (N) 2 (%) (N) 1999 68,54 (743)a 31,46 (341)a 2000 74,84 (812)b 25,16 (273)b χ2 = gl1 = 3,84 ; p<0,05 χ2cal = 10,59

Classes Andrológicas: 1 - animais aptos à reprodução; 2 - animais inaptos temporariamente à reprodução.

a,b

= Letras diferentes na mesma coluna, indicam diferença estatística (p<0,05)

Na Fazenda 2 observou-se o mesmo comportamento com relação às freqüências das Classes Andrológicas registradas na Fazenda 1, com valores

de 68,34 e 77,02 % de animais aptos à reprodução (Classe 1), respectivamente, para os anos de 1999 e 2000 ( Tabela 5) e freqüência de 85,18 e 80,23 % de animais aptos à reprodução (Classes 1 e 2) (Tabela 6). Portanto, com aumento e redução do número de animais aptos observados,respectivamente , empregando-se os critérios preconizados pelo CBRA (1998) e Guimarães ( 2000-comunicação pessoal) na Fazenda 2, e pelo fato de ser composta por três graus de sangue diferentes (Nelore-PO, Nelore- PC e Nelore-Comercial), efetuou-se outra análise com a freqüência de Classes Andrológicas de acordo com os graus de sangue (Tabela 7). Da mesma forma, observou-se o maior percentual de animais maturos sexualmente na faixa etária estudada, baseando-se nos resultados obtidos por FONSECA et al. (1976) e PINTO et al. (1987), confirmando a precocidade desses animais. Certamente tal fato se deve ao Programa de Melhoramento para a Precocidade Sexual desenvolvido pela empresa desde o ano de 1983.

Tabela 5 – Freqüência geral de Classes Andrológicas (padrões CBRA) de

touros da raça Nelore dos 20 aos 22 meses de idade, criados em condições extensivas na Fazenda 2 em dois anos consecutivos.

Classes Andrológicas ANO 1 (%) (N) 2 (%) (N) 1999 68,34 (423)a 31,66 (196)a 2000 77,02 (191)b 22,98 (57)b χ2 = gl 1 = 3,84 ; p<0,05 χ2cal = 6,45

Classes Andrológicas: 1 - animais aptos à reprodução; 2 - animais inaptos temporariamente à reprodução.

a,b

= Letras diferentes na mesma coluna, indicam diferença estatística (p<0,05)

Tabela 6 – Freqüência geral de Classes Andrológicas de touros da raça Nelore

dos 20 aos 22 meses de idade, criados em condições extensivas na Fazenda 2 em dois anos consecutivos

Classes Andrológicas ANO 1 (%) (N) 2 (%) (N) 3 (%)(N) 5 (%) (N) 1999 74,10 (495)a 11,08 (74) a 8,53 (57) a 6,29 (42) a 2000 67,05 (173) a 13,18 (34) a 15,89 (41) a 3,88 (10) a χ2 = gl 3 = 7,82 ; p<0,05 χ2cal = 13,43

Classes Andrológicas: 1 - animais aptos à reprodução; 2 - animais aptos à reprodução em regime de monta natural; 3 - animais inaptos temporariamente à reprodução; 5 - animais descartados do rebanho.

a,b

= Letras diferentes na mesma coluna, indicam diferença estatística (p<0,05)

Tabela 7 – Freqüência geral de Classes Andrológicas de touros da raça Nelore

dos 20 aos 22 meses de idade, criados em condições extensivas, na Fazenda 2, em dois anos consecutivos

Classes Andrológicas 1 (%) (N) 2 (%) (N) 3 (%) (N) 5 (%) (N) SANGUE/AN O 1999 2000 1999 2000 1999 2000 1999 2000 PO 68,18 (45) 75,00 (14) 9,09 (6) 5,00 (1) 12,12 (8) 10,00 (2) 10,61 (7) 10,0 0 (2) PC 76,57 (134) 75,00 (21) 16,00 (28) 10,71 (3) 4,0 (7) 14,0 (4) 3,43 (6) 0,00 (0) CH 74,00 (316) 65,24 (135) 9,37 (40) 14,29 (30) 9,84 (42) 16,67 (34) 6,79 (29) 3,81 (8)

Classes Andrológicas: 1 - animais aptos à reprodução; 2 - animais aptos à reprodução em regime de monta natural; 3 - animais inaptos temporariamente à reprodução; 5 - animais descartados do rebanho.

PO - Nelore-PO, PC - Nelore-PC e CH - Nelore comercial.

A Classe 5, destinada aos animais descartados (item 3.4.3), constituiu-se de animais que apresentaram, na ocasião dos exames andrológicos, anomalias de caráter irreversível ou de tratamento de custo elevado ou demorado. Dentre elas se destacou a vesiculite, que esteve presente nas formas unilateral ou bilateral, ocasionada provavelmente pelo comportamento homossexual ou sodomia presente entre os animais. Outras alterações registradas foram assimetria acentuada dos testículos (acima de 1,5 cm na largura ou comprimento), perímetro escrotal muito pequeno (pelo programa das Fazendas, animais com perímetros escrotais inferiores a 27 cm são descartados do rebanho), orquite, hidrocele, persistência do frénulo peniano, estenose do óstio prepucial, braquignatia, prepúcio extremamente longo e lesões de casco .

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