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Maus-tratos

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IV – DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E SAÚDE

7) Maus-tratos

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,

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tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

§ 2º - Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990)

O crime de maus-tratos é um crime PRÓPRIO (só pode ser praticado por quem detenha a guarda ou vigilância da vítima).

Tutela-se, aqui, a saúde e a vida da pessoa sob guarda ou vigilância de outrem.

O elemento subjetivo exigido é o dolo, devendo haver A FINALIDADE ESPECIAL DE AGIR (Dolo específico), consistente NA INTENÇÃO DE EDUCAR, ENSINAR, TRATA OU CUSTODIAR. Não se admite, obviamente, na forma culposa.

O tipo objetivo (conduta incriminada) é PLURINUCLEAR, ou seja, o crime pode ser praticado de diversas maneiras diferentes:

 Privar de alimentação;

 Privar de cuidados indispensáveis;

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 Abusar dos meios de correção ou disciplina.

Assim, se o agente, mediante alguma destas condutas, expõe a perigo de lesão (à saúde ou à vida) pessoa sob sua guarda, e o faz, COM A INTENÇÃO específica prevista no tipo penal, comete o crime em tela.

CUIDADO! Este crime não se confunde com o crime de tortura! No crime de tortura é necessário que a vítima seja submetida a intenso sofrimento (físico ou mental) e a intenção do agente dever ser a de torturar, ou seja causar sofrimento excessivo com a finalidade específica de obter alguma declaração da vítima, para simplesmente demonstrar poder, etc. Ou seja, SÃO CRIMES BEM DIFERENTES!

O momento da consumação varia conforme cada uma das modalidades de conduta possíveis. Se a conduta for comissiva (praticar alguma lesão), o crime se consuma com efetiva ocorrência da lesão, podendo haver tentativa, em razão de ser o crime plurissubsistente, ou seja, é possível que o agente venha a ser impedido de consumar o delito no momento em que estava prestes a praticá-lo.

Em se tratando de conduta omissiva, não há possibilidade de tentativa (deixar de alimentar, deixar de prestar cuidados básicos, etc). A Doutrina majoritária exige, ainda, que no caso de “deixar de alimentar” a conduta seja HABITUAL, ou seja, deve ocorrer frequentemente, não configurando o crime o castigo de “deixar sem jantar”, por exemplo.

Os §§ 1° e 2° trazem hipóteses nas quais a conduta do agente acaba por causar lesões graves ou morte. No primeiro caso (lesões graves), a pena será de 1 a 4 anos. No segundo caso (morte) a pena será de 4 a 12 anos.

Mas e se o agente apenas causar lesões leves? Entende-se que as lesões leves estão englobadas neste tipo penal, ficando absorvidas por ele. Assim, havendo lesões leves, a pena é a prevista no caput do artigo.

O § 3° traz UMA CAUSA DE AUMENTO DE PENA, no caso de a vítima ser menor de 14 anos (a pena é aumentada 1/3).

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 Nos crimes de Periclitação da vida e saúde, somente o crime de perigo de contágio de doença VENÉREA é crime de ação penal CONDICIONADA à representação. TODOS OS DEMAIS

SÃO CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA

INCONDICIONADA;

 Forma qualificada = Nova previsão de pena mínima e pena máxima;

 Causa de aumento de pena = Lei estabelece apenas um percentual de aumento sobre a pena fixada pelo Juiz;

 Em qualquer destes crimes, deve-se sempre analisar a conduta do agente, e sua INTENÇÃO. Cuidado com isso! No Direito Penal, o que vai determinar a natureza de um delito QUASE SEMPRE É A INTENÇÃO DO AGENTE. Nos maus-tratos, por exemplo, se o agente queria a morte da vítima, o crime é de homicídio. Se não queria a morte (queria só educar), mas se excedeu e causou a morte, o crime é o de maus-tratos qualificado pelo resultado morte. CUIDADO!

V – DA RIXA

O capítulo IV do Título I do CP pune apenas o crime de rixa, que pode ser conceituado como a briga, contenda, entre MAIS DE DUAS PESSOAS, cada um agindo por conta própria, na qual há prática de vias- de-fato ou violência recíproca. Aqui, o CP visa a evitar que o delito fique impune, por não se saber quem deu início à briga (pois se não houvesse o

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crime de rixa, e não se soubesse quem deu início às agressões, não seria possível condenar ninguém).

Está previsto no art. 137 do CP:

Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:

Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.

Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.

O elemento subjetivo, obviamente, é o dolo, não se punindo a conduta culposa.

Parte da Doutrina entende que os participantes da rixa são, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo do delito (em razão das mútuas agressões) - Bastante controvertido.

A Doutrina exige que haja três ou mais pessoas se agredindo mutuamente. Se for possível definir dois grupos contendores (brigas de torcidas organizadas, por exemplo), cada grupo responderá pelas lesões corporais. Não é necessário contato físico (pode ser praticado à distância, disparando tiros, jogando pedras, etc).

Além disso, é plenamente possível o concurso de pessoas. Aliás, o crime é de CONCURSO NECESSÁRIO, pois necessariamente deve ser praticado por mais de duas pessoas. A participação pode ocorrer, tanto na forma material (quem empresta um pedaço de pau, por exemplo), quanto moral (quem incentiva os contendores).

O elemento subjetivo é o dolo de participar da rixa, salvo se entrar nela para separar os brigões. Não há previsão de modalidade culposa.

A consumação se dá com o início da rixa, ou com a entrada do agente na rixa, com a efetiva troca de agressões ou vias-de-fato entre os rixosos. A ocorrência de lesões é mero exaurimento, irrelevante para a

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consumação do delito. Por ser crime que se consuma num único ato (plurissubsistente), não há possibilidade de tentativa.

O § único prevê a forma qualificada, que ocorrerá caso sobrevenha a ALGUMA PESSOA (que participa ou não da rixa), lesão grave ou morte. Nesse caso, a pena será de seis meses a dois anos.

Entretanto, todos os participantes da rixa respondem pela forma qualificada ou somente aqueles (ou aquele) que efetivamente causaram as lesões graves ou morte? É bastante dividido na Doutrina, existindo várias posições. PREVALECE O ENTENDIMENTO DE QUE TODOS OS PARTICIPANTES DA RIXA RESPONDEM PELA FORMA QUALIFICADA.

No entanto, a Doutrina (majoritária) entende que mesmo se o agente se retirou da rixa antes da ocorrência da lesão grave ou morte, responde pela forma qualificada, pois a sua conduta contribuiu para a existência da rixa. Entretanto, se o agente entrou na rixa apenas após a ocorrência das lesões graves ou morte, responde por rixa simples.

A ação penal é pública incondicionada.

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