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PARTE I RELATÓRIO DE ESTÁGIO

3. COMPETÊNCIAS ESPECIFICAS DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA EM

3.3. MAXIMIZA A INTERVENÇÃO NA PREVENÇÃO E CONTROLO DA

ORGÂNICA

A última competência do EE em EPSC relatada no Regulamento n.o 124/2011 de 18 de Fevereiro (2011, p. 8657), da OE, consiste em maximizar a “…intervenção na prevenção e controlo da infeção perante a pessoa em situação crítica e ou falência orgânica, face à complexidade da situação e à necessidade de respostas em tempo útil e adequadas.”. É suposto que um futuro EE em EPSC seja capaz de conceber planeamento de prevenção e controle de infeção, enquanto cumpre a satisfação das necessidades em contexto do doente crítico.

O Programa Nacional de Prevenção e Controlo da IACS da DGS (2007) planeia diminuir a nível nacional a incidência das IACS nas unidades do SNS, com metas de redução de 5% até 2013, entretanto renovadas e monitorizadas no Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e Resistência aos Microbianos da DGS (2017a).

Segundo os autores, essa redução assenta principalmente em estratégias de promoção da implementação de precauções básicas do controlo de infeção e implementação de feixes de intervenção na realização de procedimentos e dispositivos invasivos mais importantes, através de normas de orientação clínica. A DGS atualmente implementa feixes de intervenção associados à prevenção da pneumonia relacionada à intubação, infeção do local de cateter central, prevenção da infeção associada ao cateterismo vesical e da infeção do local cirúrgico.

Assim sendo, é importante visualizar o que tem sido feito nas instituições e serviços em que decorreram os EC, em relação à prevenção e controle das IACS. Em contexto de EC de Urgência, planeei a prestação de cuidados em colaboração na prática de inserção e manutenção do Cateter Venoso Central (CVC) e efetivamente houve oportunidade de colaborar na aplicação de CVC em vários momentos, nas áreas de prestação de cuidados da UMC e em Sala de Emergência. Essas atividades foram transversais aos EC em UCI. As situações de abordagem da PSC com CVC decorreram em contexto de agravamento

68 aplicação. Apesar de ser uma instrumentalização predominantemente médica, também é repartida com o enfermeiro. Toda a equipa presente é responsável no sucesso da intervenção, sendo que a segurança do doente é primordial na implementação e manutenção do CVC.

Segundo dados recentes do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos, da DGS (2016, p. 15), existe vigilância epidemiológica da infeção nosocomial da corrente sanguínea, monitorizando “… infeções da corrente sanguínea, principalmente a bacteriemia por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (…) e a bacteriemia relacionada com o cateter venoso central (CVC). Trata-se de infeções graves, em muitos casos diretamente relacionadas com os processos de cuidados”. Segundo o mesmo autor, com o cumprimento das boas práticas de controlo de infeção na aplicação, manutenção e exteriorização de cateteres, poderá ser reduzida a incidência destas. Dados de 2014, evidenciam a descida dos valores de incidência da bacteriemia resistente, assim como da bacteriemia associada ao CVC.

As Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related Infections (2011) sobre a educação, treino e equipa, recomendam: a aquisição de competências em relação às indicações para cateterismo intravascular; os procedimentos adequados para a sua aplicação e manutenção; medidas de prevenção de IACS relacionadas ao cateter. De igual modo, recomenda o acesso às recomendações de boas práticas a toda a equipa associada ao cuidar do doente com CVC e a importância da execução apenas por pessoal experiente. A abordagem à segurança dos cuidados na gestão do CVC e a prevenção da IACS nomeadamente na gestão do penso de CVC, despertou a minha atenção. O SUMC possui protoloco específico para a gestão de CVC, que cumpre todas as recomendações em vigor de boas práticas e controle de infeção. Teve como base um projeto de investigação designado Portuguese Quality Indicator Project em 2005, com base na avaliação de desempenho clínico, considerando um conjunto de indicadores e as medidas para a sua melhoria, envolvendo vários hospitais, internacionalmente. De entre 10 indicadores, surgem as infeções associadas a dispositivos como CVC, cateter urinário e ventiladores em UCI e transpôs-se as conclusões para o SU e UCI.

No serviço é adotado a penso de gaze e adesivo hipoalergénico, efetuado de 48/48 horas, mas este não permite a visualização do local de inserção e o despiste de complicações

locais. Não era tido em conta a aplicação de penso semipermeável, transpirável e transparente, conforme a minha prática quotidiana, em que a sua substituição pode ir até 7 dias (Andrade, 2010).

No entanto, constatei em conjunto com a orientadora, que o material de penso plástico disponível no serviço não era transparente (cor creme), nem semipermeável, não mantinha a integridade necessária e acumulava humidade, sendo, portanto, ineficaz nesta condição, obrigando à aplicação de penso tradicional.

O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) (2011) nas guidelines for the

prevention of intravascular catheter-related Infections recomenda, com elevados padrões

de evidência cientifica, que: se utilize uma compressa de gaze estéril ou um penso transparente, estéril e semipermeável, para cobrir o local de punção do cateter; se utilize uma compressa de gaze se o doente está diaforético, ou se o local de punção está com sangue ou com exsudado, até resolução do quadro; se substitua o penso do local de inserção de cateter ao apresentar-se húmido, solto ou visivelmente sujo; se substitua o penso do CVC a cada 2 dias, quando aplicada compressa de gaze; se substitua o penso do CVC até aos 7 dias, quando aplicados pensos transparentes, excepto na pediatria, avaliando o risco de exteriorização do cateter.

Ainda sobre a aplicação do penso transparente sobre o CVC, o CDC (2011, p. 34) refere que o “transparent, semi-permeable polyurethane dressings permit continuous visual

inspection of the catheter site and require less frequent changes than do standard gauze and tape dressings.” Segundo o mesmo autor, é importante aplicar clorexidina de base

alcoólica na desinfeção do local da introdução do CVC e punção lombar, ao invés da iodopovidona, com o incremento da segurança para o doente, evitando a toxicidade do iodo. Ainda hoje, esta prática está comigo no meu local de trabalho, sendo aplicada sem falha, depois de um processo de aquisição do antisséptico para o serviço.

Penso que ao demonstrar, na equipa multidisciplinar, a superioridade e atualidade das recomendações sobre procedimentos no controle das IACS, vou de encontro aos critérios de avaliação da unidade de competência do Regulamento n.o 124/2011 de 18 de Fevereiro (2011) da OE. O EE deve liderar o desenvolvimento de procedimentos de controlo de infeção, de acordo com os normativos, demonstrando conhecimentos específicos sobre

70 prevenção e controlo das IACS, sendo um referencial para a equipa, fazendo cumprir os procedimentos e auditando as medidas implementadas.

A UUM tem desenvolvido vários projetos, protocolos e trabalho na gestão de qualidade e do risco, com resultados visíveis e mensurados no serviço, como o caso da gestão da via aérea artificial. Os doentes internados na UUM, na sua maioria, têm necessidade de ventilação mecânica pela sua instabilidade ventilatória, hemodinâmica e analítica. Assim sendo, focalizei a minha atenção na colaboração e execução de cuidados de enfermagem especializados aos doentes entubados endotraquealmente, à vigilância dos parâmetros respiratórios em ventiladores e sua relação com o estado clinico do doente

Segundo a DGS (2003) as UCI devem possuir uma avaliação contínua de qualidade, onde conste por exemplo as escalas de gravidade dos doentes internados, tempo médio de internamento, mortalidade e reinternamento às 48 horas. Em relação à ventilação, o documento aborda o tempo médio de ventilação, a taxa de reintubações até às 48 horas e principalmente a incidência de IACS.

A UCI do HVFX tem implementado todos os cuidados universais de gestão e prevenção de IACS, disponibilizando equipamento de proteção individual, soluções de base alcoólica, lavatórios entre outros recursos indispensáveis nesta tipologia de serviço. A chefia de enfermagem efetua a monitorização de cateterismos, ao abrigo de protocolo com a comissão de controlo de infeção. Tem também protocolado os cuidados associados aos cateteres, nomeadamente nos tempos máximos para a substituição do cateterismo, segundo as indicações mais recentes sobre a temática. Sendo um serviço com predominância da especialidade de anestesiologia, com execução de técnicas invasivas de cateterismos, existiam todos os recursos para aplicação de técnicas assépticas em segurança. Colaborei na colocação de linhas arteriais, cateteres venosos centrais, cateteres de diálise e a manipulação na gestão dos ramos e permeabilidade destes, durante e após a realização de técnicas de substituição renal.