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MECANISMOS DE AJUSTES COM INVESTIMENTO INCENTIVADO

No documento NOTA TÉCNICA CRFEF 14/2016 (páginas 51-53)

O fato de haver montante significativo de recursos em um item de Destinação Específica permitiu a criação de mecanismos de ajustes que funcionam como seguro contra fatores imprevisíveis, tais como:

 evolução dos custos operacionais devido à entrada em operação da ETE União-Indústria (discutida ao final do item “9. Custos Operacionais”);

 evolução da base de ativos regulatória pela entrada em operação de obras em andamento nos próximos anos (discutida no item “11. Custos de Capital”);

 comportamento do mercado (unidades usuárias e volumes consumidos) nos próximos 4 anos com relação ao mercado do Período de Referência (a ser discutido no item “20. Mecanismo de ajuste de mercado”).

Assim, os valores destinados a Investimento Incentivado, assim como o saldo na conta vinculada, serão usados como uma espécie de amortecedor que permitirá ajustes relativos a variações de custos (operacionais ou de capital) ou de receita, sem a necessidade de alterações tarifárias. Será possível manter as tarifas constantes durante o ciclo tarifário, a não ser pela inflação e fator de produtividade dos custos operacionais nos Reajustes Tarifários anuais, através de ajustes internos entre contas, usando o investimento Incentivado como conta de fechamento.

Caso a ETE União-Indústria não entre em operação na data ou segundo as vazões de tratamento previstas, a Cesama terá de ressarcir à conta de Investimento Incentivado os valores destinados à cobertura dos custos projetados. Como haverá custos operacionais menores que os previstos, tais recursos não consumidos passam a ser conduzidos a investimentos.

De acordo com a evolução da base de ativos regulatória de setembro de cada ano, calculada a cada Reajuste Tarifário, serão redefinidos valores de remuneração e de amortização/depreciação, totalizando Custos de Capital que a Cesama terá direito como contrapartida dos ativos em operação construídos com

recursos onerosos. A variação do item Custos de Capital, seja para cima ou para baixo, será compensada pela conta do item Investimento Incentivado. Assim, caso entrem em operação ativos de valor superior à redução de ativos por amortização/depreciação anual, haverá aumento dos Custos de Capital e redução do item Investimento Incentivado. A capacidade de investimento da Cesama será mantida, mas com maior parcela onerosa. Caso contrário, o item Investimento Incentivado será ampliado. Tal discussão é ampliada no tópico Fator de Capital, dentro do item “22. Reajustes Tarifários entre Revisões”.

Por último, de acordo com a variação do indicador receita de água por economia, será avaliado o comportamento do mercado em que as tarifas serão aplicadas (próximos 4 anos) com relação a valores trimestrais de referência. Conforme discutido no item “20. Mecanismo de ajuste de mercado”, caso a receita de água por economia supere o valor trimestral de referência, houve aumento de mercado e a Cesama terá faturado mais receita que o necessário para cobertura de seus custos. Consequentemente, a Cesama deverá depositar o excedente na conta com Destinação Específica para Investimento Incentivado, o que permitirá mais investimentos não onerosos e menores tarifas no futuro. Se ocorrer o contrário, terá ocorrido queda de mercado, tendo a Cesama faturado receita insuficiente para a cobertura de seus custos, com ameaça a seu equilíbrio econômico-financeiro. Assim, a Cesama será autorizada a sacar da conta investimento Incentivado recursos equivalentes à diferença além do nível de risco alocado ao prestador. Haverá menos recurso para investimentos, sendo necessário adiar a execução de alguns itens do PMSB, mas o equilíbrio do prestador será garantido sem a necessidade de alterações tarifárias que afetariam usuários.

A tabela abaixo apresenta os valores de Investimento Incentivado para os 4 anos do ciclo tarifário, considerando uma vazão de tratamento da ETE União-Indústria de 600 L/s, a evolução da base de ativos regulatório a serem apuradas em setembro de cada ano, mas sem avaliar oscilações de mercado com relação ao Período de Referência. Os valores anuais de Investimento Incentivados somados aos valores anuais previstos de Custos de Capital disponíveis para investimento resultariam em uma capacidade de investimentos de R$ 140 milhões em 4 anos, ou uma média anual de R$ 35 milhões, algo muito próximo do necessário para cumprimento do Plano de Investimento.

Tabela 20 - Evolução dos valores para Investimento Incentivado (R$)

Fonte: Cálculos da Arsae.

Devido aos mecanismos de ajuste citados, é possível que haja mais recursos para investimentos que os R$ 35 milhões anuais previstos, pelas seguintes razões:

 Atraso da inauguração da ETE União-Indústria e do tratamento da vazão de 600 L/s, o que fará com que a Cesama tenha de depositar trimestralmente um valor destinado aos seus custos operacionais na conta de Investimento Incentivado. Estima-se um valor fixo de R$ 1,58 milhão pela entrada em operação da ETE e uma parcela variável de R$ 846 mil a cada 100 L/s tratados de custos operacionais e manutenção previstos.

 Recuperação de parte do consumo médio de água por economia, caso a escassez hídrica em Juiz de Fora seja contornada, seja pela melhoria das condições hidrológicas ou pela entrada em operação da adutora que liga o reservatório Chapéu D’Uvas à Estação de Tratamento Castelo Branco, o que pode contribuir para o fim do racionamento de Juiz de Fora. Entretanto, não se espera que o consumo retorne aos níveis anteriores devido à mudança de hábitos e maior conscientização da população sobre a importância do consumo consciente.

Como visto, o atraso da entrada em operação de obras em andamento não afetará o montante total de recursos para investimentos, mas apenas ajustes internos entre as contas de Custos de Capital

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4

(remuneração e amortização/depreciação) e de Investimento Incentivado. Atrasos significarão mais recursos para a conta Investimento Incentivado e, portanto, menores valores de base de ativos regulatórios em revisões tarifárias futuras.

Outra consideração diz respeito ao Mercado de Referência, de abr/15 a mar/16, adotado nesta revisão tarifária. Os valores, em R$, divulgados nas tabelas desta Nota Técnica apenas serão verificados pela incidência das tarifas caso o mercado em que serão aplicados (próximos anos) forem idênticos ao Mercado de Referência. Assim, qualquer desvio de mercado provocará alterações dos valores das contas em R$, mantidas as participações em termos percentuais. Ou seja, caso haja crescimento de mercado (mesmo vegetativo, isto é, crescimento de economias sem alterar o consumo médio por economia) haverá mais receita tarifária e maiores valores em todas as contas. Os custos do prestador para atendimento deste maior mercado também tendem a crescer. Ocorrerá o inverso em caso de queda de mercado e a Cesama terá de controlar custos.

No documento NOTA TÉCNICA CRFEF 14/2016 (páginas 51-53)

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