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Visando manter as condições de viabilidade do sistema, ele opera por meio de dois mecanismos essenciais: (1) o mecanismo de adaptação, e (2) o mecanismo de comando e controle. O primeiro refere-se à comunicação entre a organização e o ambiente. O segundo trata das atividades internas da organização.

Como descrevem Guirro e Da Silva (2006, p. 114-117), o mecanismo de adaptação visa administrar a complexidade. Um organização para ser viável deve ser capaz de adaptar-se à dinâmica das mudanças ambientais. Isto é possível em estruturas flexíveis, leves, rápidas e eficientes.

Já o mecanismo de comando e controle trata da administração das variedades internas em face das políticas estabelecidas. Tenta manter um equilíbrio entre as “liberdades” internas e a necessidade de se cumprir planos e objetivos. Monitora o rendimento das unidades e gerencia as distorções, informando aos planejadores os rumos internos (realimentando internamente o sistema).

Stafford Beer estabeleceu as leis gerais do Modelo de Sistema Viável em The Heart of Enterprise (BEER, 1979). Devido à complexa abordagem implícita na sua aplicação, Beer elaborou um resumo das leis, axiomas e princípios inerentes ao MSV, que reproduzimos, em tradução livre, no Quadro 5. Com vistas a referência futura, os seis sistemas do MSV são descritos no Quadro 6.

Quadro 5. Resumo das leis gerais do MSV. Leis

Lei da coesão para recursão

múltipla do sistema viável A variedade do Sistema 1 acessível ao Sistema 3 de Recursão x é IGUAL a variedade disposta pela soma dos metassistemas de Recursão y para cada par recursivo.

Princípios

Primeiro princípio da organização As variedades gerencial, operacional e ambiental, difusas através de um sistema institucional, TENDEM A IGUALAR-SE; elas devem ser projetadas para causarem um mínimo de dano pessoal e econômico. Segundo princípio da organização Os quatro canais direcionais que carregam informações entre a unidade

gestora, a operação e o ambiente devem, cada um, ter uma capacidade de transmitir uma dada quantidade de informação relevante para a seleção de variedade em dado tempo, MAIOR QUE o subsistema original teve para gerá-lo neste tempo.

Terceiro princípio da organização Onde quer que a informação transportada em um canal capaz de distinguir uma variedade dada cruza uma fronteira, ela sofre

transdução14; a variedade do transdutor15 deve ser ao menos equivalente

a variedade do canal.

Quarto princípio da organização A operação dos primeiros três princípios de ser ciclicamente mantido através do tempo sem hiatos ou atrasos.

Aforismos

Primeiro aforismo regulatório Não é necessário ingressar em uma caixa-preta (black box) para entender a natureza da função desempenhada por ela.

Segundo aforismo regulatório Não é necessário ingressar em uma caixa-preta (black box) para calcular a variedade que potencialmente ela pode gerar.

Teoremas

Teorema do sistema recursivo Em uma estrutura organizacional recursiva, qualquer sistema viável contém, e está contido em, um sistema viável.

Axiomas

Primeiro axioma da administração A soma da variedade horizontal disposta por n elementos operacionais é IGUAL à soma da variedade vertical disposta nos seis componentes verticais de coesão corporativa.

Segundo axioma da administração A variedade disposta pelo Sistema 3 resultando da operação do Primeiro Axioma é IGUAL à variedade disposta pelo Sistema 4.

Terceiro axioma da administração A variedade disposta pelo Sistema 5 é IGUAL à variedade residual gerada pela operação do Segundo Axioma.

Fonte: Beer, 1979, p. 565-567.

14 Processo pelo qual um sinal se transforma em outro de natureza diferente.

15 Circuito capaz de transformar um sinal de entrada de natureza mecânica ou eletromagnética (p.ex., som ou luz, em sinais elétricos de saída

Quadro 6. Resumo dos subsistemas do MSV. Sistema Um

(Implementação) Nível inferior do sistema, representando as unidades operacionais responsáveis pela geração de produtos ou prestação de serviços.

Sistema Dois

(Coordenação) Conjunto de regras e comportamentos que regulam as operações do Sistema 1, direcionando-as aos objetivos previstos. Permite que as unidades do Sistema 1 resolvam seus problemas de forma autônoma e descentralizada, mas zelando pela harmonia das suas operações.

Sistema Três

(Controle) Administra o meio interno da organização, responsável pelo transporte de ordens e informações relacionadas às operações. Ele recebe as informações do Sistema 2, administra o funcionamento do Sistema 3* e transmite as ordens do Sistema 4, conduzindo, no entanto, as negociações para distribuição de recursos, dentre outras.

Sistema Três*

(Auditoria) Tem autonomia e possui diretrizes específicas mas que deve emitir relatórios ao Sistema 3, do qual está sempre associado. Ele somente é acionado quando o Sistema 3 identifica um conflito entre as informações do Sistema 2 e do Sistema 1.

Sistema Quatro

(Inteligência) Responsável pela integração entre a organização e o ambiente. Preocupa-se em obter informação do ambiente e informar à organização as tendências ambientais (p.e., o Mercado, os avanços tecnológicos). Trata de administrar as realimentações (feedback) para que se projete o futuro da organização. Está relacionada às atividades de planejamento, definindo diretrizes para cada unidade operacional, suas funções e prazos para tarefas.

Sistema Cinco

(Política) Fornece uma direção ao sistema todo, estabelecendo valores e objetivos da organização, bem como as condições de eficiência operacional. Utiliza-se das informações do Sistema 4, cria políticas para o Sistema 3, que serão implementadas pelo Sistema 1, certificando-se que a organização é capaz de manter um equilíbrio interno adequado e ser adaptável às

condições externas.

4 O CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

É o instinto de abuso do poder que faz sonhar com tanta paixão com o poder. O poder sem abuso perde o encanto.

Paul VALÉRY

O sistema de controle externo da administração pública brasileira exercido pelos tribunais de contas é o tema desse capítulo. Primeiramente, uma breve síntese histórica é apresentada, visando contextualizar o sistema de controle adotado no Brasil. O sistema brasileiro é descrito nas duas últimas seções.