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A mensuração florestal é um importante elemento no manejo florestal, possibilitando o melhor planejamento de suas atividades e permitindo a tomada de decisões adequadas na realização deste. As duas variáveis mais utilizadas para a realização de inventários florestais são a altura e o diâmetro, que são usadas para o cálculo da área basal e do volume de madeira existentes em uma floresta (FREITAS e WICHERT, 1998).

De acordo com Machado e Figueiredo Filho (2003), a altura total de uma árvore pode ser definida como a distância do nível do solo até o topo da árvore, ao longo de seu eixo principal.

A altura constitui-se em uma importante característica da árvore e pode ser medida ou estimada. Sua medição ou estimação é muito importante para o cálculo do volume, de incrementos em altura e, em determinadas situações, pode servir como indicadora da qualidade produtiva de um local (SOARES et al., 2006). A medição dessa variável no campo demanda envolvimento de muitos recursos, como pessoal, veículo, equipamento e tempo. Todos esses elementos com implicações e custos diversos e, especialmente, o tempo, que neste mundo globalizado é um recurso escasso e crítico (PIRES, 2005).

Lingnau et al. (2008) comentam que a obtenção de variáveis dendrométricas é realizada em campo através de amostragens, sendo que as medições referentes às alturas das árvores em muitos casos são realizadas em apenas algumas árvores, por se tratar de uma obtenção muito difícil em campo. Em florestas tropicais nativas, o levantamento de dados de campo é uma atividade ainda mais complexa, devido às adversidades inerentes ao ambiente e à demanda pela qualidade dos dados a serem coletados. Assim, a densidade e a diversidade de uma floresta tropical tornam complexa a coleta dos dados de altura das árvores (GONÇALVES et al., 2009). Como consequência dessas dificuldades, essas alturas importantes nem sempre são consideradas nos inventários florestais (GRAAF, 1986; ALDER e SYNNOTT, 1992). Porém, em florestas nativas, a altura total das árvores pode ter importante significado ecológico e para fins de manejo, à medida que ajuda a compreender a estrutura vertical da comunidade, podendo-se estimar por meio

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dessa variável as espécies que apresentam maior importância ecológica considerando-se este tipo de estrutura (SOUZA e SOUZA, 2004).

A posição sociológica das espécies pode ser calculada, tomando-se em conta as alturas das árvores amostradas na comunidade, de acordo, por exemplo, com metodologias apresentadas por Finol (1971), Longhi (1980) e Souza e Leite (1993). Esses autores destacam a importância em se estimar a altura das árvores em estudos fitossociológicos.

Para estimações de altura das árvores, existem tipos variados de equipamentos que são usados internacionalmente (BRACK, 1997, apud GONÇALVES et al, 2009). Os aparelhos utilizados para realizar a estimação da altura de árvores são denominados de Hipsômetros e são classificados em duas categorias, de acordo com o seu princípio de construção: Princípio Geométrico, baseado na relação entre triângulos, como o Hipsômetro de Christen e o Princípio Trigonométrico, que se baseia na relação entre ângulos e distâncias. Entre os hipsômetros que utilizam esse princípio de construção, têm-se o Nível de Abney, Blume-Leiss, Haga, Suunto Clinômetro e o Vertex, que já apresenta uma tecnologia digital (SOARES et al., 2006).

Os instrumentos mais utilizados na área florestal para estimação de altura de árvores em pé são os hipsômetros baseados em princípios trigonométricos, porém existem hipsômetros que têm seu funcionamento baseado em outros sistemas (GONÇALVES et al., 2009).

Para estimar a altura total de uma árvore, o topo e a base da árvore devem ser visíveis simultaneamente após o posicionamento do observador à árvore, a uma distância que seja no mínimo igual à altura da árvore a ser medida, conforme recomendado (COUTO e BASTOS, 1988). Porém, muitas vezes, o ápice da copa e a base da árvore não podem ser visualizados com nitidez ou certeza, podendo haver erros nas estimações, causando super ou subestimativas, principalmente em florestas nativas (LINGNAU et al., 2008). Sendo assim, a densidade do povoamento pode prejudicar a descoberta de um ponto ótimo de visão, dificultando o encontro do topo da árvore (COUTO e BASTOS, 1988).

Dessa forma, o desenvolvimento de novos métodos, buscando-se a obtenção das variáveis dendrométricas, visando uma menor demanda de

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tempo, mantendo uma boa precisão e eliminando os possíveis erros causados pelo homem, é de grande interesse na área florestal (LINGNAU et al., 2008).

O Vertex Forestor é um tipo de hipsômetro eletrônico que tem o funcionamento baseado em ondas sonoras, e além da altura também mede a distância da árvore até o aparelho (GONÇALVES et al., 2009). O Vertex propicia leituras em vegetação densa e ambientes difíceis e realiza até seis registros de altura por objeto (HAGLÖF SWEDEN, 2010).

Os diferentes hipsômetros têm aspectos positivos e negativos. A significância de cada aspecto vai depender das circunstâncias relacionadas ao propósito e uso de cada instrumento (FORESTRY RESEARCH WORKING GROUP 2, 1999).

Segundo Bechtold et al. (1998) e Brack (1999) apud Gonçalves et al. (2009), pode-se esperar um aumento no nível de precisão da estimativa ocular, desde que as pessoas responsáveis pelas estimativas sejam treinadas de forma mais intensiva, e realizem uma “calibração” em cada parcela a ser inventariada, por meio da medição prévia de algumas árvores com aparelhos de estimação de altura. Torna-se evidente que, apesar da utilização de instrumentos óticos de alta precisão, como é o caso do Vertex, é necessário dispor de pessoas que possam estimar visualmente a altura das árvores com razoável precisão.

Em florestas nativas, o número de árvores de maior porte é bem reduzido em relação ao número das árvores de pequeno porte. Como existem no mercado réguas telescópicas com até 15 metros de altura, a grande maioria das árvores pode ser medida de forma direta com grande precisão, considerando que através de um inventário realizado numa floresta estacional semidecidual do Sul do Espírito Santo (ARCHANJO, 2008) pôde-se observar que as árvores apresentam altura total média próxima a 10 metros.

Tendo em vista que estudos de crescimento e produção em florestas tropicais necessitam de precisão nos dados coletados, torna-se imprescindível a identificação de metodologias e instrumentação que, apesar das dificuldades inerentes, possam gerar dados de boa qualidade (GONÇALVES et al., 2009), reduzindo o tempo e a quantidade de recursos para sua obtenção (PIRES, 2005).

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