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11. Outros cuidados de saúde prestados na Farmácia

11.3 Medição de Glicémia Capilar

A Diabetes Mellitus, principalmente a tipo II, é uma condição patológica cada vez mais frequente na população em geral. Embora esta doença seja aparentemente assintomática, pode conduzir a uma série de complicações, especialmente quando não controlada. Deste modo o farmacêutico deve disponibilizar-se a acompanhar o doente no controlo da doença e a esclarecer todas as dúvidas que lhe possam surgir. Para um controlo adequado desta patologia o doente deve verificar regularmente a glicémia capilar, controlo que pode ser efetuado na farmácia através de um procedimento simples que nos permite obter o valor de glucose sanguínea em poucos segundos a partir de uma só gota de sangue.

Segundo o colégio Americano de Endocrinologia e a Associação Americana de Médicos Endocrinologistas [25], os níveis de glicémia devem encontrar-se dentro dos valores indicados na tabela 5.

Tabela VI – Valores de referência de glicémia [25].

11.4 Medição de Colesterol total e triglicéridos

A maioria da população assídua da FN possui medicação para a dislipidémia (estatinas, fibratos, etc.) pelo que a medição do colesterol é rotina na farmácia. Constata-se portanto que a incidência de dislipidémias é elevada, o que vai de acordo com estudos recentes que alertam para o crescente número destes doentes e consequentemente para o aumento de doença coronária, uma das principais consequências dos elevados valores de colesterol [28].

A medição do colesterol deve ser realizada em jejum e pode ser medido sob a forma de colesterol total ou triglicéridos, através da recolha de 2-3 gotas de sangue no dedo, utilizado para isso o mesmo aparelho mas tiras distintas.

Os valores de referência para colesterol total e triglicéridos encontram-se listados na tabela 6.

Valor de referência (mg/dL) Valores associados ao diagnóstico de

Diabetes Mellitus (mg/dL)

Glicémia em jejum <110 ≥126

Glicémia pós-prandial <140 ≥200

Tabela VII - Valores de referência para colesterol total e triglicéridos [25].

Classificação Colesterol total (mg/dL) Triglicéridos (mg/dL)

Normal <200 <150 Normal – alto 200 – 239 150 – 199 Elevado ≥240 200 – 499 Muito elevado ≥500

11. Preparação de Medicamentos Manipulados

A preparação de medicamentos manipulados é uma prática ancestral da farmácia comunitária, na qual o farmacêutico preparava fármacos secundum artem (segundo a arte). A produção tradicional tem declinado consideravelmente ao longo dos anos devido ao avanço da ciência e tecnologia, nomeadamente das preparações industriais, pelo que a preparação de medicamentos manipulados surge hoje apenas em casos pontuais. Contudo, e porque existem utentes que necessitam de terapêuticas personalizadas e específicas, a farmácia deve estar equipada com um laboratório possuindo todas as condições necessárias à preparação de manipulados.

Durante este procedimento deve respeitar-se as Boas Práticas [1] assim como toda a regulamentação intrínseca ao mesmo. Como referido na seção 2.4.4 o laboratório encontra-se devidamente equipado com todo o material necessário à realização deste tipo de produtos. As MP a utilizar na preparação dos mesmos devem satisfazer as exigências da respetiva monografia inscrita na Farmacopeia Portuguesa (FP) ou nas Farmacopeias de outros Estados membros da União Europeia. Devem portanto, assim como todo o material de laboratório, encontrar-se devidamente armazenadas. Usualmente as MP permanecem na sua embalagem original, e são colocadas em armários protegidos da luz solar e com temperatura e humidade controladas [29]. O laboratório deve dispor de superfícies lisas para facilitar a sua limpeza e deve estar corretamente iluminado e ventilado.

Na preparação de um manipulado deve preencher-se uma ficha de preparação (em anexo), na qual deve constar:

§ forma farmacêutica e data da sua preparação;

65 § MP utilizadas e respetivo lote;

§ descrição do procedimento laboratorial e aparelhagem utilizada;

§ tipo e capacidade da embalagem na qual foi acondicionada a preparação; § prazo de validade e condições de utilização;

§ rotulagem, nome e identificação do médico prescritor; § cálculo do preço do manipulado.

A rotulagem é de extrema importância visto possuir a informação necessária para o uso correto do produto pelo utente. O rótulo deve portanto possuir: nome do doente (no caso de se tratar de uma fórmula magistral); fórmula do medicamento e sustâncias utilizadas; número do lote atribuído ao medicamento preparado; prazo de utilização; condições de conservação; instruções especiais (ex.: “agite antes de abrir”, “para uso externo”); via de administração; posologia; identificação da farmácia; identificação do DT.

A atribuição de prazos de utilização dos vários manipulados está disponível no Formulário Galénico Português, consoante a sua forma farmacêutica.

No final do procedimento e antes do preenchimento da ficha de preparação, verificam-se os caracteres organoléticos: cor, cheiro e aspeto e verifica-se a sua conformidade.

Após a preparação do manipulado deve ser anexa à ficha de preparação a fotocópia da receita e do rótulo elaborado. As fichas de preparação devem ser armazenadas na farmácia por um período de 3 anos, estando estas sujeitas a fiscalização pelo INFARMED.

Quanto à sua natureza é importante mencionar ainda que os medicamentos manipulados dividem- se em preparados oficinais, isto é, fórmula inscrita numa farmacopeia e, preparados magistrais, ou seja, produzidos de acordo com a prescrição médica e a sua produção é da responsabilidade de um farmacêutico [8].

Para a preparação de um medicamento manipulado deve existir uma prescrição médica, normalmente elaborada nos modelos de receitas normais, contudo, e para que se possa aplicar a comparticipação prevista na lei [29], a prescrição deve conter exclusivamente o medicamento em causa com a indicação “manipulado”. A comparticipação de manipulados em vigor para o SNS é de 50% desde que estes estejam incluídos na FP ou no Formulário Galénico Português ou se constarem da lista de medicamentos manipulados comparticipáveis [30].

Por fim, o cálculo do preço de venda ao público dos medicamentos manipulados por parte das farmácias de oficina é efetuado com base no valor dos honorários da preparação, no valor das matérias-primas e no valor dos materiais de embalagem [31].Resulta portanto da fórmula:

Os honorários da preparação são calculados com base num fator F de valor fixo, e que é atualizado anualmente.

A prescrição e preparação de manipulados encontram-se devidamente legisladas pelo DL n.º 95/2004, de 22 de abril [6], seguindo igualmente as Boas Práticas indicadas na Portaria n.º 594/2004, de 2 de junho [29].

Durante o meu estágio tive a possibilidade de preparar um manipulado (Ácido Salicílico 5%) (Figura 6), embora seja, como já referido, uma prática pouco comum na FN.

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