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CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DOS DADOS

4.3 Mediação e adequação da fala

compensar setores da economia para a preocupação com o desenvolvimento sustentável, senão no desencadeamento de competências transversais?

representa a própria competência comunicativa. Daí, a importância entre aprender e importar soluções para a questão do turismo e para uma cultura da hospitalidade a visitantes estrangeiros.

No entrecruzamento da competência comunicativa em contextos elementares e específicos com o vocabulário básico da área, o agente de turismo tem por responsabilidade interagir com o turista ou grupo de visitantes estrangeiros. Para tanto, esse agente, investido da função de mediar a relação entre a demanda e a oferta turística, precisará dominar manifestações sócio-culturais gerais, do local ao global, e poder, assim, aparelhar-se para a comunicação no contexto específico da atividade turística.

Sabe-se, entretanto, que existem infinitas oportunidades de mediação do diálogo entre anfitriões e turistas e que seria impossível prever todas essas situações.

A noção de competência comunicativa, segundo NAWA (1988), alargou o escopo do estudo das línguas em contato para além dos elementos puramente lingüísticos para incorporar, também, elementos culturais e comportamentais. Para o referido autor, o estudo da mudança de código, e aqui pensa-se na relação entre o visitante turista e o guia-intérprete, é, especialmente, interessante porque enfatiza o contraste sócio-simbólico existente no uso das duas línguas, quando os significados sociais, durante a interação, são manipulados pelos falantes.

[...] Se levarmos em consideração o contexto mais amplo da mudança lingüística [e com isto lembramos da combinação de fatores sociais, econômicos, técnicos, culturais e políticos que integram o turismo], observamos que, através destas micro-situações, poderemos interferir e reconstituir todo um processo histórico-social que deve estar ocorrendo nesse determinado momento. (NAWA, 1988:69)

Para o presente autor, tomando como pretexto o vínculo da estrutura técnica com os recursos humanos aplicados ao turismo, no que tange ao atrativo turístico e à hospitalidade para visitantes estrangeiros, a transformação da atividade produtiva em proporções mundiais demanda um estudo específico da comunicação e das relações internacionais. Assim, lembrando da complementaridade e do aperfeiçoamento técnico dos transportes para o fluxo de pessoas no mundo, é preciso reconhecer todas as interfaces também do turismo.

Em linhas gerais, neste trabalho está em discussão, de certa forma, o papel crescente da competência técnica e profissional, no desempenho do turismo e das relações internacionais em particular. Desde os trens de alta velocidade no Japão, que são por si só atrativos turísticos, aos guias-intérpretes japoneses, que acompanham os turistas em viagens e visitas a locais de interesse, o tema da competência relativa à produção e à prestação de serviços, nesse contexto, acompanha todo o desenrolar da relação entre anfitriões e visitantes estrangeiros.

Não há, pois, como confundir estrutura técnica e recursos humanos. Assim como não se pode confundir essas duas dimensões da atividade turística com a de evolução do setor de serviços. Suspendendo comentários e concentrando a atenção na realidade empírica, tanto a estrutura técnica quanto os recursos humanos são requisitos da promoção e do planejamento do turismo.

Estrutura técnica ou infra-estrutura é a contrapartida pública capaz de tornar os espaços turísticos como destinos atraentes do capital globalizado. Os recursos humanos ou a competência profissional dizem respeito às estratégias de marketing e condições de permanência do turista. Nesse último ponto, estão os guias-intérpretes, que acompanham os turistas em viagens e visitas.

No contexto das discussões motivadas pelo turismo, o observador externo percebe um conjunto de competências requisitado pela atividade turística: lingüística, sócio-lingüística, discursiva, estratégica e sócio-cultural, que depois formam a competência comunicativa.

Enfim, o turismo tem motivado inúmeras discussões, como a reestruturação de valores, costumes e hábitos da sociedade, assim como a interação entre o local e o global, de modo que alguns profissionais mais ousados já conseguem trabalhar um conjunto de variáveis que compreende essa atividade econômica de forma a não priorizar umas em relação a outras.

Se o conteúdo cultural é parte na interação entre anfitriões e visitantes, não se pode separar ou entender que, entre competência cultural e competência comunicativa, uma seja mais importante que a outra. Entretanto, é preciso que o agente de turismo

seja competente, no sentido de que sua competência cultural lhe sirva para atuar junto aos indivíduos com quais ele entra em contato.

CONCLUSÃO

A concepção atual do turismo tem vigência no século XX, quando se combinam uma série de fatores sociais, econômicos, técnicos, culturais e políticos. Trata-se de um pressuposto que de certa forma esteve presente aqui o tempo todo.

A perspectiva, ao longo deste trabalho, foi chamar a atenção para a relação e para o efeito multiplicador da atividade turística, como uma conseqüência positiva para o desenvolvimento local e/ou regional.

Também, devido à natureza e o alcance dessa discussão, ficará para uma futura oportunidade uma análise depurada do que, aqui, aparece apenas como ilustração de um problema maior, com o qual deve-se aprender e importar soluções para a questão do turismo e para uma cultura da hospitalidade a visitantes estrangeiros.

As análises econômicas, por si só, tendem a enfocar o turismo por uma perspectiva unilateral, ressaltando o lado positivo dos impactos econômicos do turismo, mesmo sabendo que há diversos impactos econômicos negativos como: sazonalidade, trabalhos temporários, falsa sensação de empregabilidade, etc.

Já o estudo dos impactos ambientais, sociais e culturais no desenvolvimento turístico tende a destacar a necessidade de uma cultura de turismo, sem abrir mão da responsabilidade com os impactos negativos e dos benefícios de potencialidades locais.

Por outro lado, é certo que, para que o Japão se constituísse um grande destino turístico mundial, foi necessário que ele consolidasse primeiro um turismo interno forte, de qualidade e competitividade, depois um turismo intra-regional significativo para, então, poder consagrar-se como um destino internacional.

Realmente parece inegável, no caso japonês, a existência de uma reforma interna entre os problemas trazidos pela modernização econômica da Era Meiji e a competição contemporânea.

No século XX, o lazer e o turismo tornaram-se atividades de massas, trazendo à tona, assim, muitas oportunidades de novos negócios, que atingiram um patamar de

crescimento que fez com que, do ponto de vista econômico, passassem a ser considerados como indústrias que superam a economia de bens.

Atualmente, e isto curiosamente deve fundamentar o nascimento da era pós-industrial, a indústria e os serviços ligados ao lazer e ao turismo estão entre os campeões de crescimento, alinhando-se seguramente entre os mais promissores para o futuro.

Nesse contexto, sem reduzir o turismo ao significado econômico, é necessário buscar melhoria no quadro de concentração de renda ou dos indicadores sociais.

Na década de 70, com o aparecimento da Empresa Brasileira de Turismo – EMBRATUR, surgiram no Brasil algumas novidades para a época, no tocante a esse tema, e, nesse sentido, a nova área do turismo e das viagens passou a competir com os velhos cursos de contabilidade, comércio, direito, medicina, dentre outros, abertos por todo o país.

O mundo contemporâneo, através do avanço técnico e lógico-científico, plantou a convivência de diferentes sistemas, tendências, regimes e concepções. De onde também emergem o crescimento e a renovação do particularismo sócio-cultural. Todas as manifestações dependem do respeito às histórias particulares de cada uma.

Nesse contexto, vale observar que, no que tange às relações sociais e ao convívio humano, cada sociedade confere especial preocupação à competição pela qual se passa hoje e que, na pluralidade de programas, projetos e utopias, é evidente o confronto entre a herança cultural e a mudança contemporânea.

Contudo, sobre as regiões que não tiveram muitas possibilidades de crescimento durante o domínio da sociedade do trabalho, assim como o Brasil, e a pretexto da competitividade e da mudança contemporânea, algumas análises parecem vislumbrar nisso a superação para dificuldade e limitações do desenvolvimento do turismo brasileiro.

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ANEXOS

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TABELA 3.1 - OBJETIVOS DA POLÍTICA DE TURISMO ESTRATÉGICO

- Desenvolver um OBJETIVOS DA POLÍTICA DE TURISMO ESTRATÉGICO setor smo que seja, por todos os aspectos e em todos os níveis, de

- Desenvolver um setor de turismo que seja, por todos os aspectos e em todos os níveis, de alta qualidade, embora não necessariamente de alto custo;

- Encorajar o uso do turismo para intercâmbio tanto cultural Quanto econômico;

- Distribuir os benefícios econômicos do turismo, diretos e indiretos, da forma mais ampla e para a maior parcela de comunidade anfitriã, quando viável;

- Preservar os recursos culturais e naturais como parte do desenvolvimento do turismo, facilitar isto por meio de desenhos de arquitetura e de paisagismo que reflitam as tradições locais;

- Atrair um largo segmento de turistas internacionais e domésticos, através de políticas e programas de desenvolvimento de locais e de instalações;

- Atrair turistas de alto nível de gastos;

- Aumentar o nível de emprego;

- Auxiliar regiões periféricas, pelo aumento de renda e emprego, deste modo reduzindo ou coibindo a emigração.

Fonte: Wanhill (1997)

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