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1 1.2 Medidas de acurácia diagnóstica

IV) Perceção do cuidador e de duas enfermeiras peritas/investigadoras sobre a presença do diagnóstico.

21 Incerteza e pesar quanto à mudança no relacionamento com o

2.6 Medidas de acurácia diagnóstica

Além do modelo anterior, foram calculados a sensibilidade, a especificidade, os valores preditivos, e a área sob a curva ROC das CD do diagnóstico de enfermagem Sobrecarga do Cuidador.

De acordo com os dados da Tabela 21, duas CD apresentam valores de sensibilidade acima de 90% e foram: apreensão em relação ao futuro, no que diz respeito à saúde

do recetor de cuidados, e dificuldades em acompanhar o recetor de cuidados a passar pela doença. Outras sete acima de 80%: Falta de tempo para satisfazer as necessidades pessoais, fadiga, preocupação com a rotina de cuidados, humor depressivo, mudanças na vida social e nas atividades de lazer, labilidade emocional e sensação de aprisionamento ao papel. Estes resultados indicam que estas CD são

aquelas que estão presentes quando um cuidador tem o diagnóstico em estudo. Por outro lado, nove CD apresentam valores abaixo de 50%: raiva, falta de privacidade,

perceção de mudança na qualidade dos cuidados prestados, culpa, baixa autoestima, deterioração das relações familiares, sentimentos de manipulação pelo recetor de cuidados, vergonha do recetor de cuidados e incerteza e pesar quanto à mudança no relacionamento com o recetor de cuidados. Estas são aquelas que menos estão

presentes aquando do diagnóstico de sobrecarga do cuidador.

Estes valores correspondem à proporção de cuidadores com sobrecarga que apresentavam estas CD, conforme a Tabela 21, já anteriormente observada.

Relativamente à especificidade, verificamos que cinco CD apresentam valores superiores a 80%, o que indica a proporção de cuidadores sem sobrecarga que não apresentaram essa CD e são: falta de privacidade, baixa autoestima, sentimentos de

manipulação pelo recetor de cuidados, vergonha do recetor de cuidados e incerteza e pesar quanto à mudança no relacionamento com o recetor de cuidados. Assim,

quando estas CD estão ausentes nos cuidadores, poderão indicar que estes não possuem o diagnóstico de enfermagem SC.

Através da análise precedente, constatamos uma certa inversibilidade nos resultados da sensibilidade e especificidade, em que as CD com maiores valores de sensibilidade apresentam valores mais baixos de especificidade e vice-versa. Ainda focados na análise da Tabela 21, verifica-se que os valores preditivos positivos mais elevados são na CD coping ineficaz (70,2%), seguido de agravamento de doenças prévias (67,5%),

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falta de privacidade (64,7%) e baixa autoestima (63,0%). Estes valores indicam a

proporção de cuidadores que apresentavam estas CD e realmente tinham sobrecarga. No que se refere aos valores preditivos negativos, os mais elevados são: fadiga (86,8%), falta de tempo para satisfazer as necessidades pessoais (82,8%), humor

depressivo (85,7%), mudanças na vida social e nas atividades de lazer (78,1%) e coping ineficaz (78,1%). Estes valores correspondem à proporção de cuidadores que

não apresentavam estas CD e efetivamente não tinham o diagnóstico em estudo.

Tabela 21 - Sensibilidade, especificidade, valores preditivos, curva de ROC e área sob a curva das CD do diagnóstico de enfermagem Sobrecarga do Cuidador

CD Característica definidora Se (%) Sp (%) VPP (%) VPN (%)

2 Apreensão em relação ao futuro, no que diz respeito à saúde do recetor de cuidados 91,5 17,2 44,8 73,3 22 Dificuldades em acompanhar o recetor de cuidados a

passar pela doença 91,5 15,6 44,3 71,4

8 Falta de tempo para satisfazer as necessidades pessoais 89,4 37,5 51,2 82,8

18 Fadiga 89,4 51,6 57,5 86,8

5 Preocupação com a rotina de cuidados 87,2 29,7 47,7 76,0

14 Humor depressivo 87,2 56,3 59,4 85,7

19 Mudanças na vida social e nas atividades de lazer 85,1 39,1 50,6 78,1

11 Labilidade emocional 83,0 40,6 50,6 76,5

24 Sensação de aprisionamento ao papel 80,9 48,4 53,5 77,5

6 Stress 78,7 57,8 57,8 78,7

12 Padrão de sono perturbado 78,7 40,6 49,3 72,2 7 Coping ineficaz 70,2 78,1 70,2 78,1

10 Impaciência 70,2 59,4 55,9 73,1

29 Dificuldades financeiras 70,2 60,9 56,9 73,6

3 Dificuldade para prestar os cuidados necessários 68,1 54,7 52,5 70,0

9 Frustração 66,0 70,3 62,0 73,8

1 Apreensão em relação ao futuro, no que diz respeito à capacidade do cuidador para prestar cuidados 63,8 48,4 47,6 64,6

16 Somatização 63,8 48,4 47,6 64,6

20 Mudanças na atividade laboral/ académica 59,6 67,2 57,1 69,4 17 Agravamento de doenças prévias 57,4 79,7 67,5 71,8

13 Raiva 48,9 54,7 44,2 59,3

28 Falta de privacidade 46,8 81,3 64,7 67,5

4 Perceção de Mudança na qualidade dos cuidados

prestados 40,4 79,7 59,4 64,6

27 Culpa 40,4 70,3 50,0 61,6

15 Baixa autoestima 36,2 84,4 63,0 64,3

23 Deterioração das relações familiares 36,2 71,9 48,6 60,5 25 Sentimentos de manipulação pelo recetor de cuidados 27,7 79,7 50,0 60,0 26 Vergonha do recetor de cuidados 14,9 82,8 38,9 57,0 21 Incerteza e pesar quanto à mudança no relacionamento

145 Como já havíamos referido anteriormente na metodologia, articular estas várias medidas de acurácia do diagnóstico reveste-se de complexidade, pois torna-se difícil obter elevados valores de sensibilidade e de especificidade em uma CD, como foi possível verificar na Tabela 21. Desta forma, usou-se a área sob a curva de ROC, conforme apresentado na Tabela 22.

Verificamos que as CD que apresentam valores mais elevados foram nove CD: coping

ineficaz, humor depressiva, fadiga, agravamento de doenças prévias, stress, frustração, dificuldades financeiras e impaciência, classificadas com “bom” com

valores de 0,7 ASC, para previsão do diagnóstico de sobrecarga do cuidador. Salientamos que todas estas se apresentam estatisticamente significativas com valores de p ≤0,05, com maior destaque para as três primeiras com valores inferiores ou iguais a 0,001.

Constatamos que 13 CD foram classificadas como “suficiente” com valores de 0,6 de ASC. Destas, seis apresentam-se estatisticamente significativas com p ≤0,05 e são elas:

falta de privacidade, falta de tempo para satisfazer as necessidades pessoais, mudanças na atividade laboral/ académica, labilidade emocional, mudanças na vida social e nas atividades de lazer e dificuldade para prestar os cuidados necessários.

Destacamos que nenhuma das CD foi classificada de “inadequada”, tendo todas obtido valores superiores a 0,5 de ASC.

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Tabela 22 - Área sob a curva de ROC das CD

Clas.36 Nº da CD Característica definidora Área sob a curva ROC p B om 7 Coping ineficaz 0,7 ≤0,001 14 Humor depressivo 0,7 ≤0,001 18 Fadiga 0,7 ≤0,001

17 Agravamento de doenças prévias 0,7 0,001

6 Stress 0,7 0,001

9 Frustração 0,7 0,001

29 Dificuldades financeiras 0,7 0,005

10 Impaciência 0,7 0,008

24 Sensação de aprisionamento ao papel 0,7 0,009

Su

ficien

te

28 Falta de privacidade 0,6 0,012

8 Falta de tempo para satisfazer as necessidades pessoais 0,6 0,016

20 Mudanças na atividade laboral/ académica 0,6 0,016

11 Labilidade emocional 0,6 0,034

19 Mudanças na vida social e nas atividades de lazer 0,6 0,030

3 Dificuldade para prestar os cuidados necessários 0,6 0,041

4 Perceção de mudança na qualidade dos cuidados prestados

0,6 0,071

12 Padrão de sono perturbado 0,6 0,082

15 Baixa autoestima 0,6 0,065

5 Preocupação com a rotina de cuidados 0,6 0,129 1 Apreensão em relação ao futuro, no que diz respeito à

capacidade do cuidador para prestar cuidados 0,6 0,271

16 Somatização 0,6 0,271

27 Culpa 0,6 0,335

R

uim

2 Apreensão em relação ao futuro, no que diz respeito à

saúde do recetor de cuidados 0,5 0,436

22 Dificuldades em acompanhar o recetor de cuidados a

passar pela doença 0,5 0,523

23 Deterioração das relações familiares 0,5 0,470 25 Sentimentos de manipulação pelo recetor de cuidados 0,5 0,510

13 Raiva 0,5 0,745

21 Incerteza e pesar quanto à mudança no relacionamento com o recetor de cuidados

0,5 0,91

26 Vergonha do recetor de cuidados 0,5 0,837

De seguida, apresentamos os critérios utilizados para manutenção e classificação da CD.

2.7 Critérios para manutenção e classificação das características