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Medidas com vista à sustentabilidade da ADSE

Questão 5 – Limitações Existe alguma limitação do

4. Avaliação de Impacte

4.1 Avaliação do Alargamento Sustentável

4.1.4. Medidas com vista à sustentabilidade da ADSE

A sustentabilidade da ADSE passa também por outros mecanismos de controlo da despesa e de receita. Em seguida serão analisadas algumas das medidas que são mais vezes contempladas na análise da documentação referente à ADSE, ou que existem noutros subsistemas de saúde similares.

4.1.4.1. Limiares Máximos de desconto

Tal como já foi observado, dado o mecanismo percentual de desconto, os contribuintes com vencimentos mais elevados poderiam, num eventual cenário de alargamento à população, não considerar vantajosa a sua adesão ao subsistema.

Em contrapartida, os contribuintes com rendimentos mais baixos teriam um contributo financeiro reduzido, sendo plausível que as suas despesas de saúde ultrapassassem o valor da contribuição.

O estudo realizado pela Porto Business School, em 2015, calcula que num cenário de imposição de limites de contribuição a 80€ mensais, e supondo que com tal condição não haveria renúncias, a situação da ADSE melhoraria face aos cenários que contemplam desistências.

A fixação de um teto máximo de contribuição não parece ser algo consensual entre os vários peritos na matéria. José Mendes Ribeiro mostra-se favorável à introdução de um valor máximo de desconto que desincentive as pessoas dos escalões mais elevados a sair do sistema. Contudo, Eugénio Rosa revela-se contra a introdução de limiares máximos e mínimos de desconto, e Pedro Pita-Barros considera que a introdução destes limiares não resolve o problema da sustentabilidade.45

4.1.4.2. Idade Máxima de Adesão

Visto que o aumento da idade média dos beneficiários constitui um risco para a sustentabilidade da ADSE e sabendo que os indivíduos mais velhos tendem a representar um maior encargo com despesas em saúde, poderá ser preconizado a colocação de uma idade máxima de adesão ao subsistema de saúde. Considerando uma população mais velha, que esteja já em idade de reforma, caso a contribuição a aplicar seja percentual, é provável que o valor de receita

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arrecadado seja inferior ao valor das despesas em saúde.

No Reino Unido, o subsistema de saúde afeto aos funcionários do serviço civil, setor público e de organizações sem fins lucrativos tem uma idade limite de adesão de 74 anos e 11 meses.51

José Abraão e José Mendes Ribeiro mostram-se a favor desta opção.

José Manuel Silva refere que tal questão dependerá da necessidade de garantir a sustentabilidade e que deveria ser tida em conta em futuros estudos atuariais.

4.1.4.3. Ajuste da contribuição de acordo com variáveis

Outra solução preconizada para garantir a sustentabilidade prende-se com o ajustamento da contribuição de acordo com certas variáveis, entre elas: o número de dependentes que o beneficiário tem a seu cargo e que não descontam para a ADSE, a despesa anual prevista ou o número de anos de desconto.

Num eventual cenário de abertura da ADSE à população em geral, entrariam no subsistema pessoas com diferentes características, quer ao nível da idade, vencimento, anos de desconto efetuados, anos previstos de desconto e familiares associados, por exemplo.

Na opinião de José Mendes Ribeiro, uma forma de acautelar a sustentabilidade do sistema, mas também valorizar os beneficiários com mais anos de descontos, compreende a criação de uma contribuição de base, a qual seria posteriormente modulada por uma fórmula que tivesse as várias variáveis em conta. Como fatores que pudessem levar à redução da contribuição dos beneficiários poderiam constar variáveis como: mais tempo de desconto, entrada para o sistema numa idade mais precoce, menos dependentes a cargo ou despesa anual prevista mais baixa. Por outro lado, teriam um incremento aqueles beneficiários que descontassem há menos tempo, que tivessem entrado para o sistema numa idade mais avançada, com mais dependentes a cargo, ou com uma despesa anual prevista mais elevada.

A ideia não passa por penalizar aqueles que entrassem de novo para o sistema, mas implementar um regime contributivo mais justo, que valorize os descontos dos beneficiários que se encontram há mais tempo no sistema, nunca perdendo de vista o mecanismo de solidariedade que é parte vital da ADSE.

Os peritos foram questionados sobre eventuais fatores de modulação na contribuição dos beneficiários, sendo a primeira das questões relativa a um ajuste da contribuição face ao número de

anos que o beneficiário descontou para o sistema; aqueles que descontaram mais tempo podem usufruir de uma redução na sua contribuição.

As respostas foram as seguintes:

Figura 7 - Pergunta 2.

Quanto a uma eventual modulação na contribuição, de forma a que quem entre numa idade mais avançada tenha um incremento na sua contribuição, a opinião dos peritos foi a seguinte:

Figura 8 - Pergunta 3.

Outra das medidas abordadas trata o ajuste da contribuição da face ao número de dependentes inseridos na ADSE que o beneficiário tem a seu cargo, os quais não realizam qualquer desconto, para que quem tem mais familiares a seu cargo suporte um incremento no desconto. O veredicto foi o seguinte:

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Figura 9 - Pergunta 4.

No que a um incremento das contribuições aos beneficiários que têm mais dependentes a seu cargo, José Manuel Silva refere que uma medida deste tipo não auxiliaria a resolver o problema demográfico existente em Portugal, pois sobrecarregaria as famílias com mais filhos.

Por fim, quanto a esta questão, abordou-se ainda uma eventual contribuição face à despesa anual prevista, de modo a que se esta fosse superior, haveria um incremento na contribuição do beneficiário.

Figura 10- Pergunta 5.

De todos os cenários abordados, apenas este último colhe uma avaliação tendencialmente negativa, sendo nos restantes maioritariamente positiva ou então neutra.

4.1.4.4. Cobertura Modular

No contexto internacional existem alguns exemplos de subsistemas de saúde que funcionam com cobertura modular.

Um deles é o CSHealthcare, no Reino Unido, uma sociedade de matriz mutualista, afeta a funcionários do serviço civil, setor público e de organizações sem fins lucrativos.51 Para além deste

sistema contemplar uma idade máxima de adesão de 74 anos e 11 meses, apresenta uma cobertura modular: o pacote Health Bridge é o mais barato e apresenta cobertura ao nível de exames complementares de diagnóstico (até 15.000 GBP anuais); tratamentos e cirurgias, excluindo doenças neoplásicas e cardíacas (até 15.000 GBP anuais); cobre ainda despesas de reabilitação e apoio. Todos os procedimentos apresentam um copagamento de 15%, até um máximo de 250 GDP anuais.

Existe, também, um outro pacote – Your Choice – que tem coberturas adicionais, as quais podem ser adquiridas pelos beneficiários, na área da saúde oral, ocular, doenças neoplásicas, cardíacas, entre outras.52

O Canadá apresenta outro exemplo de um subsistema de saúde afeto a funcionários públicos – Public Service Health Care Plan –, que fornece cobertura de planos de saúde de natureza privada a cerca de 600 mil membros do plano e respetivos dependentes.53 Este plano de saúde privado é financiado pelo Governo, que suporta os custos dos cuidados de saúde alargados ou com o nível I dos benefícios hospitalares. Caso os beneficiários queiram cobertura adicional têm de suportar essa despesa.

Quando questionados sobre a viabilidade que uma solução semelhante a esta poderia ter na ADSE, a resposta dos peritos originou o resultado seguinte:

Figura 11 - Pergunta 6.

4.1.4.5. Opting-In

Uma das opções para angariar mais contribuintes para a ADSE passa por permitir a reentrada a antigos beneficiários – opting-in –, uma eleição de José Abraão, pois refere esta situação como frequente, afirmando que são “centenas” as pessoas que renunciaram a ADSE e que neste momento desejam voltar. Segundo o próprio, se esta readmissão ocorrer, deve dar-se sob certas condições; alguém que abandonou o sistema esteve vários anos sem contribuir para o mesmo. Logo, a entrada deveria ser acompanhada do pagamento de algum retroativos.

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José Mendes Ribeiro é também a favor desta opção, nas mesmas condições.

José Manuel Silva apresenta-se contra a readmissão de beneficiários que renunciaram ao sistema, declarando que tenderiam a voltar os que apresentam piores condições de saúde, e isso iria sobrecarregar o subsistema em termos de despesa.

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