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Medidas de prevenção do controle do risco, em Segurança do Trabalho, se entende por um con -junto de atitudes proativas que visam, por meio de conscientização, treinamento adequado e

técnicas de análise de riscos, identificar os riscos nos ambientes de trabalho, avaliá-los e imple -mentar medidas de controle. Essas medidas são titulações de itens que representam o coletivo

de ações estratégicas de prevenção destinada a eliminar ou reduzir, mantendo sob controle as

incertezas e eventos indesejáveis com a capacidade potencial para causar lesões ou danos à

saúde dos trabalhadores e, dessa forma, transpor as dificuldades possíveis na obtenção de um resultado esperado, dentro de condições satisfatórias.

A NR 10 estabelece que as organizações deverão adotar medidas de prevenção contra choque elétrico, arco elétrico e outros fatores de riscos de origem elétrica, além dos fatores de riscos

adicionais, sempre em conformidade com o Programa de Gerenciamento de Riscos. Importante

notar que não apenas os riscos referentes à área elétrica são considerados, mas também os chamados riscos adicionais, como risco de queda (trabalho em altura), exposição a produtos

químicos, acidentes com ferramentas, e outros.

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so planejamento, que contemplará todas as etapas que serão desenvolvidas,

dimensionan-do os recursos materiais e humanos para sua execução.

O projeto elétrico é o documento essencial para o desenvolvimento das atividades e neces

-sariamente deve estar à disposição dos trabalhadores que operam e realizam manutenção.

E as informações contidas no projeto são fundamentais para a garantia de segurança dos

trabalhadores e também do patrimônio.

Projeto Elétrico

A NR 10 especifica que as instalações elétricas devem ser executadas a partir de projeto elétrico que assegure condições de segurança e saúde dos trabalhadores e usuários, e que deve conter no mínimo:

a) Plantas baixas, cortes e detalhes;

b) Esquemas ou diagramas unifilares;

c) Laudos de aterramentos e equipotencialização, além de outros documentos, quando

aplicáveis; e

d) Memorial descritivo da instalação.

É imprescindível que o profissional que estiver elaborando o projeto seja conhecedor dos cri

-térios de segurança inerentes ao projeto elétrico. O projeto elétrico deve atender às normas técnicas oficiais (NBRs) estabelecidas pelos órgãos competentes (ABNT) e, somente no caso de ausência ou omissão destas, às normas internacionais cabíveis, e ser elaborado por profissional legalmente habilitado.

A norma técnica NBR 16384/2020 – Segurança em Eletricidade – Recomendações e orientações para trabalho seguro em serviços com eletricidade, de 18 de março de 2020, recomendam que os desenhos sejam mantidos atualizados e acessíveis, bem como as especificações de equipa

-mentos, o memorial descritivo de projeto e os registros das instalações elétricas.

A NBR 16384 estabelece ainda que, além dos documentos de projetos com informações técnicas de engenharia da instalação elétrica e concepção do sistema elétrico, é recomendado que sejam elaborados documentos específicos com informações necessárias para o planejamento e execução segura e confiável dos serviços, como isolamento, operação e manutenção do sistema elétrico. A elaboração do diagrama unifilar ou multifilar, conforme aplicável, é importante para a operação com o propósito de segurança e deve conter as seguintes informações:

a) Tensão de alimentação;

b) Informações das fontes de alimentação, incluindo geradores de emergência e energia armazenada, pontos de seccionamento, e que possa ser fácil e rapidamente identificado, o fluxo

de energia para o local de serviço;

c) Todas as situações operacionais possíveis e indicações de seccionamentos efetivos

da(s) alimentação(ões), ou intertravamentos elétricos ou mecânicos, incluindo fontes auxilia

-res, como geradores de emergência, fontes alternativas de energia e energia armazenada;

d) Nível de energia incidente do arco elétrico para cada situação operacional do sistema;

e) Tensão, capacidade de ruptura e corrente nominal dos dispositivos de proteção;

f) Filosofia do sistema de aterramento adotado

g) Identificação dos dispositivos e unidades funcionais;

h) Identificação dos circuitos elétricos.

É conveniente que o diagrama unifilar ou multifilar seja elaborado para cada local, sistema elé

-trico ou equipamento, e esteja acessível a todos os envolvidos no local de serviço. Também é recomendado que as identificações dos dispositivos e unidades funcionais sejam idênticas em

todos os documentos de projeto.

A NBR 16384 recomenda que as instalações sejam documentadas pelos desenhos de instalação

indicados abaixo, quando aplicáveis:

a) Desenho da planta contendo a configuração do sistema de aterramento e equipoten

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b) Plantas da classificação de áreas, incluindo planta baixa e cortes, quando aplicáveis;

c) Desenho da instalação subterrânea ou enterrada;

d) Desenho do sistema de combate a incêndio;

e) Desenho das instalações elétricas aéreas;

f) Arranjo dos equipamentos e desenho da distribuição do sistema elétrico como: salas e encaminhamento de cabos elétricos, incluindo rotas de fuga e iluminação de emergência;

g) Desenhos do Sistema de Proteção contra Descarga Atmosférica (SPDA).

No aspecto técnico devem ser observados alguns pontos na hora de definir e especificar alguns dispositivos ou equipamentos. Desta forma o profissional que elaborar o projeto deve observar os

seguintes pontos:

a) Devem ser especificados dispositivos de desligamento de circuito com impedimento

da reenergização e para sinalização desta condição;

b) Sempre que for possível especificar dispositivo de seccionamento simultâneo com

impedimento de reenergização;

c) Previsão do distanciamento e espaços suficientes nas instalações para manter seguro o trabalhador que for executar serviços de montagem e manutenção;

d) Implementar medidas preventivas as influências externas;

e) Definir e informar o esquema de aterramento escolhido no projeto;

f) Prever condições de aterramento provisório nas instalações;

g) Observar os critérios de ergonomia (NR 17) quanto ao posicionamento adequado do trabalhador e iluminação adequada.

A NR 10 determina que toda a documentação que compõe o projeto elétrico deve ser revisada e mantida atualizada de forma a corresponder fielmente ao que foi executado. Após a execução da instalação elétrica deverá ser realizado o projeto como construído (as built).

A abrangência das medidas de prevenção depende das características das exposições e das necessidades de controle das instalações elétricas.

Medidas de Eliminação do Fator de Risco

O principal fator de risco para quem executar as atividades com eletricidade é a própria

eletricidade. A NR 10 estabelece que, prioritariamente, deverá ser adotada a eliminação

do fator de risco decorrente do emprego da energia elétrica por meio da desenergização das instalações elétricas. A desenergização é um conjunto de ações coordenadas entre si, sequenciadas e controladas, destinadas a garantir a efetiva ausência de tensão no circui

-to, trecho ou ponto de trabalho, durante todo o tempo de intervenção e sob controle dos trabalhadores envolvidos.

Delimitação e sinalização da área de trabalho - para realizar serviços em instalações

de-senergizadas é necessário assegurar que a instalação elétrica do local de serviço esteja sem tensão e se mantenha sem energia durante a realização do serviço. Isto vai exigir a identifi

-cação clara e a delimitação elétrica precisa do local de serviço que sofrerá intervenção. A área de trabalho, onde serão realizados os procedimentos de desenergização do circuito e onde serão realizados os serviços, deverão ser devidamente delimitados (isolados) e sinaliza -dos. Para isso, normalmente são utilizadas cones, placas, grades de proteção, faixas de sina-lização, cavaletes, cordões de isolamento e outros dispositivos, cabendo ao encarregado do serviço ou a um elemento designado, advertir e afastar aos que tentarem adentrar a área de risco demarcada.

Seccionamento ou desligamento - é a ação de desligar completamente um equipamento ou

circuito realizando a separação adequada de contatos para garantir condições de segurança

específica. A parte da instalação ou equipamento em que vai ser realizado o serviço deve estar desconectado de todas as fontes de alimentação, incluindo fontes de emergência e fontes alter -nativas por meios ou dispositivos de seccionamento efetivo de todas as fases.

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A interrupção de energia pode ser executada com manobra local (manual) ou remota se for o caso (a distância).

Caso exista chave seccionadora tipo seca, o procedimento correto de seccionamento consiste

de duas etapas:

• desligar o disjuntor ou chave de abertura sob carga, e • abrir a chave seccionadora.

Convém que a desconexão seja assegurada por uma distância no ar (isolação) ou um isolamen

-to de eficácia equivalente que assegure que o pon-to de seccionamen-to não provoque falha elé

-trica. Desta forma o seccionamento terá mais eficácia quando se puder constatar visualmente a

separação dos contatos, como, por exemplo, a abertura de seccionadoras, a retirada de fusíveis ou a extração de disjuntores.

Constatação da ausência de tensão - é conferir se realmente todas as fases do circuito

se encontram desligadas, na condição de zero volt, usualmente por sinalização

lumino-sa ou voltímetro instalado no próprio painel. Na inexistência ou inoperabilidade de tal equipamento, deve-se constatar a ausência da tensão com equipamentos apropriados (voltímetro portátil, detectores de tensão de proximidade ou contato), adequados à classe

de tensão no ponto de execução da tarefa, garantindo a segurança do usuário. Utiliza-se o detector de tensão de proximidade com sinal sonoro especialmente em alta tensão, e o voltímetro ou multiteste na baixa tensão.

Antes de proceder ao teste de ausência de tensão, usa-se o equipamento em circuitos sabida

-mente energizados (ligados) para comprovar que o aparelho se encontra em perfeito estado

de funcionamento.

Impedimento da reenergização - é o processo pelo qual se impede o religamento acidental do circuito seccionado utilizando bloqueio mecânico (lockout). O trabalhador que realiza uma

tarefa no circuito ou na instalação deve bloquear o circuito com cadeado ou algum recurso com

eficiência similar, para evitar o religamento intencional ou acidental.

Por exemplo em seccionadora aberta deverá ser utilizado um sistema de bloqueio, como

ilustra a figura. Este bloqueio requer o uso de cadeados a fim de impedir a manobra de reli

-gamento, pelo travamento da haste de manobra. Figura 6: Exemplo de impedimento da reenergização

Em disjuntores, a manopla deverá ser bloqueada através de um sistema de travamento, como

cadeado ou lacre. E em algumas instalações, quando tecnologicamente o equipamento

permi-tir, o bloqueio poderá ser executado pela remoção do disjuntor no painel. Este procedimento é

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Constatação da ausência de tensão para a instalação de aterramento temporário de equi-potencialização dos condutores dos circuitos - denomina-se temporário o aterramento para

situações determinadas e transitórias durante a execução de uma tarefa. Ele garante ligação elétrica efetiva, confiável, adequada e intencional à terra.

O aterramento temporário consiste em interligar condutores, fases e neutro curto circuitando-os

à malha existente ou à haste provisória de aterramento através de condutores e dispositivos

apropriados, para proteger contra manobras indevidas, sobretensões e induções, garantindo maior segurança aos executores da tarefa.

Deve-se lembrar que aterramento temporário significa a equipotencialização dos condutores e que somente pode ser realizado em circuitos desenergizados (condutores ou equipamento sem alimentação elétrica), como medida efetiva de segurança.

O condutor de neutro jamais deve ser utilizado em substituição ao ponto de terra na

insta-lação de aterramento temporário, porque o neutro é funcional, e não de segurança. Em outras palavras, se você usar o neutro como aterramento, na ocorrência de um problema, ao invés de ir direto para o terra, ele ficará flutuante no circuito (sem descarregar com eficácia no solo). Sequência do procedimento para a instalação do aterramento temporário:

• Afastar pessoas não envolvidas na execução do aterramento.

• Confirmar a desenergização do circuito a ser aterrado.

• Realizar a inspeção prévia dos dispositivos que serão utilizados.

• Ligar com firmeza o grampo de terra do conjunto de aterramento temporário à malha existente ou à haste provisória de aterramento.

• Ligar a outra extremidade do conjunto de aterramento aos condutores a serem aterrados.

• Procedimento para a remoção do aterramento temporário:

• Desconectar a extremidade ligada aos condutores aterrados.

• Desconectar o grampo ligado à malha de terra. • Recolher o conjunto de aterramento.

O aterramento temporário por curto-circuito trifásico dos condutores é um dos procedimentos

exigidos por norma para a desenergização e deve ser mantido continuamente durante a

manu-tenção na instalação elétrica.

Caso seja necessária a retirada do aterramento temporário por um breve período de tempo

para a execução de testes de isolação (megar o cabo, por exemplo), ele deve ser reconectado imediatamente após o término do teste. Também deve ser dada a devida atenção aos demais trabalhadores envolvidos na manutenção, que deverão ser afastados do local durante o teste. O curto-circuito trifásico feito em situações normais de trabalho utiliza o dispositivo de varetas. A barra de aterramento de baixa tensão é utilizada em situações de emergência, onde se faz o curto-circuito para evitar que o eletricista sofra o efeito de um choque acidental.

Proteção dos elementos energizados existentes nas imadiações - a proteção dos elementos energizados compreendem a proteção física contra contatos acidentais com outros circuitos ou

elementos que continuarão energizados na zona controlada e de risco, através da colocação de

barreiras e obstáculos.

Se houver partes de uma instalação elétrica próximas ao local de serviço que não podem ser desenergizadas, é necessário adotar medidas adicionais de proteção contra contatos antes de

iniciar o serviço.

Em algumas situações pode ser tecnicamente inviável instalar o aterramento provisório nos circuitos de baixa tensão. Nestes casos é necessário utilizar EPI completo para proteção contra choque elétrico e os efeitos térmicos de eventual arco elétrico ou barreiras isolantes.

Instalação da sinalização de impedimento de reenergização - compreende a sinalização

(tagout) do circuito, equipamento ou dispositivo desenergizado.

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todos os pontos possíveis de alimentação do equipamento principal, alertando que ele está

im-pedido de ser manobrado. Este tipo de sinalização é utilizado para diferenciar os equipamentos

energizados dos não-energizados.

A sinalização de impedimento de energização deve ser feita com etiquetas ou placas conten-do avisos de proibição de religamento, como:

“Homens trabalhando no equipamento.” “Não ligue esta chave.”

“Perigo de vida” “Perigo. Não mexa!”

Figura 7: Exemplo de sinalização de impedimento de energização

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