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2.6 Medidas e Tecnologias mais Utilizadas na Recuperação de Solos

2.6.2 Medidas de Reconversão/Reabilitação

Como já foi referido, dentro das medidas de recuperação existem três variantes [25]:

Restauração: Metodologia pela qual se devolve o estado original, removendo a causa de degradação até se atingir a restituição mais pura possível relativamente ao estado pré-existente. Apesar de ser o objectivo primordial de uma intervenção de recuperação, pode por vezes ser inviável e inadequada. De facto, a reposição exacta da situação existente antes da implantação de uma unidade extractiva só se justifica se existirem meios de restabelecer a morfologia, a qualidade dos solos, bem como a qualidade do meio ambiente original, que muitas vezes se desconhece a maior parte das vezes não se justifica;

Reconversão: Metodologia pela qual se visa uma utilização do espaço afectado para outros usos distintos dos originais, não sendo obrigatória a revegetação autóctone do local. Normalmente, esta metodologia é limitada pela inexistência dos usos futuros para os espaços, muitas vezes devido à inexistência de expectativas concretas por parte dos promotores.

Reabilitação: Metodologia pela qual se pressupões uma recuperação das funções e processos naturais dentro do contexto da perturbação., ou seja, defende a criação de um ecossistema alternativo compatível com a envolvente, sendo que essa criação tem normalmente como objectivo a obtenção da comunidade clímax.

Dadas as limitações descritas das duas primeiras abordagens, a reabilitação é a metodologia esmagadoramente mais aplicada na recuperação de áreas. Para além disso, e economicamente mais viável e a que reúne mais consenso por parte das entidades licenciadoras.

A reabilitação é feita após a descontaminação do local e é importante na medida em que consegue fornecer novos usos do território (ver Ilustração 12) numa altura em que estes sofrem um incremento da sua valorização devido ao crescimento da população e às exigências resultantes do aumento da qualidade de vida. No entanto, é necessário que estas soluções não entrem em conflito com as Plantas de Condicionantes ou de Ordenamento do Território. Assim, as medidas consideradas aplicadas aos espaços afectados tem uma diversidade limitada apenas pela imaginação ou a tecnologia. [12] [25]

Ilustração 12: Designações que podem ser atribuídas a pedreiras abandonadas. Fonte: [11]

No entanto, a reabilitação tem que considerar obrigatoriamente as tipologias da zona: a remoção da fauna e da flora natural ou a criação de um uso cujo solo não consiga suportar pode levar ao aumento da erosão deste, à degradação dos ecossistemas adjacentes e a uma recaída da contaminação do solo e da água. Assim, o uso óptimo do local terá que ser definido em grande parte pelo enquadramento do local e pelas suas características mais específicas. [12]

Algumas técnicas utilizadas normalmente neste tipo de reabilitação são apresentadas abaixo.

Enchimento

O enchimento da corta é normalmente efectuado para possibilitar a reutilização do local para os fins mencionados, para além de garantir a estabilidade do terreno e evitar colapsos. Este enchimento pode ser efectuado com os resíduos da exploração pedreira (com menos impactes ambientais porque não é necessário haver transporte) e outros resíduos rochosos cujos testes de lixiviação sejam característicos de resíduos inertes segundo o Anexo III do Decreto-Lei 152/2002. [3]

Existem vários tipos de enchimento que podem ser considerados, referidos na Ilustração 13.

Ilustração 13: Vários tipos de enchimento que podem ser aplicados à corta. Fonte: [25].

Desenvolvimento de Projectos

Para a implementação de projectos, nomeadamente os referidos na Ilustração 12, basta haver a certeza de que a planta de condicionantes não o invalida, bem como a garantia que o enchimento foi bem efectuado, não havendo o perigo de instabilidade do terreno.

Pedreiras Abandonadas

Desenvolvimento de Projectos

Instalações Industriais Zonas Residenciais Cemitérios Infra- Estruturas

Espaços Abertos

Agricultura Reabilitação Natural Turismo e Lazer

Deposição Controlada de Resíduos Ausência de Enchimento Enchimento Mínimo Enchimento Parcial Enchimento quase completo Enchimento completo

Espaços Abertos

No que toca à criação de espaços abertos, existem igualmente várias opções, como a reabilitação natural, que tem como vantagens o aumento da resistência à erosão do solo e o acrescento do valor ecológico à zona, principalmente se esta for efectuada com espécies autóctones. Por outro lado, a conversão de antigas pedreiras em aterros bem planeados e controlados, poderá também ser uma solução promissora, não só porque não é necessária a deslocação de terras para depois se proceder ao enchimento, podendo-se utilizar a corta, mas também devido aos aterros já possuirem alguns impactes associados. Assim, ao se utilizar uma zona já com alguns impactes, pelo menos não irão ser afectados outros terrenos, talvez mais saudáveis, se o aterro fosse construído nesses locais. No entanto, esta solução poderá trazer alguns problemas morais no que toca à legitimidade da instalação de um aterro num local que necessita já por si de reabilitação e que posteriormente poderia trazer alguma mais-valia à população envolvente. Para além disso, a natureza do solo de antigas pedreiras pode não ser o mais indicado para a futura deposição de resíduos uma vez que normalmente apresenta algumas fracturas profundas, naturais da actividade extractiva, que podem ser complicadas de corrigir. Esta situação poderá ser particularmente gravosa se durante a extracção não houver medidas que garantam a protecção do ambiente e a segurança. [3] [11]

De qualquer das formas, o uso futuro final terá que resultar de um consenso entre os proprietários do terreno, partes interessadas e da população, de tal forma que se possa tornar num uso com benefícios sócio-económicos e ambientais, ajudando no desenvolvimento da região.

De notar que, apesar de se promoverem os aspectos ambientais, as medidas em questão também terão que considerar igualmente as perspectivas que o dono da pedreira terá para o seu terreno de forma a conseguir usufruir da posse do terreno, de uma forma sustentável.

Capítulo 3

Recolha e Análise Preliminar dos Dados

Nesta secção, procedeu-se à metodologia para a análise de risco e descontaminação da zona de estudo, sendo que para isso foi necessário inicialmente recolher informação relativa ao local de forma a que a selecção dos parâmetros fosse a mais adequada, bem como as respectivas metodologias. Seguidamente procede-se à análise dos resultados obtidos, havendo mais uma vez uma preferência pelos resultados das análises ao solo.

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