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Neste capítulo, será apresentado o Estudo de Caso da Rede RAR, com delimitação à Rede de Franquias de Livrarias EMH, apresentando como limitação o

4.1 O Mercado de Livrarias no Brasil

O livro é considerado uma cadeia produtiva para a Economia. Essa cadeia é formada pelos seguintes setores: autoral; editorial; gráfico; produtor de papel; produtor de máquinas gráficas; distribuidor; atacadista; livreiro; e bibliotecário (MENDES, 2009).

Basicamente, o mercado de livros é composto por duas modalidades de relações: o editor-livreiro, que pode ser composto por atacadista e por distribuidores; e o varejista-consumidor final, que é composto por pessoas físicas e/ou bibliotecas (MENDES, 2009).

Sobre a constância da leitura no Brasil, em pesquisa realizada, em 2011, o Instituto Pró-Livro (2013) apontou as razões pelas quais os entrevistados não leram nenhuma obra nos três meses anteriores ao questionamento. Consta ainda uma redução do número de leitores em relação a 2007 – de 4,7% para 4%, respectivamente. Portanto, são identificadas razões para a pouca ou nenhuma leitura do brasileiro: falta de tempo, desinteresse ou o fato de não gostar de ler, bem como, a preferência por outras atividades. Essas são as respostas apontadas como as mais recorrentes para explicar porque a pessoa não lê. A dificuldade de

compreensão, o preço dos livros e a falta de local para a aquisição são as respostas menos frequentes.

No primeiro semestre de 2013, a vendagem de livros no varejo cresceu 11% no Brasil. O crescimento, em faturamento, foi de 12%, se comparado aos primeiros semestres de 2012 e 2013. Os segmentos de didáticos, científicos, técnicos e profissionais (CTP), nos meses de janeiro e fevereiro de 2013, representaram 39% e 41% dos exemplares vendidos no varejo, nessa ordem. O peso no faturamento das empresas foi ainda maior: 60% e 64%, respectivamente (BINDO, 2013).

O número é inferior a 2012, o que indica que as obras gerais estão ganhando mais importância, tanto no volume de vendas quanto no faturamento do varejo. Essa pesquisa detectou que as vendas de literatura estrangeira, em especial, de best-seller de impacto e infanto-juvenil, continuam em crescimento acentuado nas livrarias brasileiras. Tal crescimento é resultado de maior preocupação com a profissionalização de livrarias e de editoras, em decorrência da concorrência internacional (BINDO, 2013).

O número percentual em faturamento e exemplares, a partir das categorias de assuntos tratados nas obras é assim apresentado:

1) didáticos: 41,09% do faturamento e 34,76 dos exemplares; 2) religiosos: 13,18% do faturamento e 23,76% dos exemplares;

3) didáticos, científicos, técnicos e profissionais: 19,37 do faturamento e 11,44% dos exemplares; e

4) gerais: 26,36% do faturamento e 30,04% dos exemplares (BINDO, 2013). Os principais canais de comercialização de livros, no Brasil, são: 45,64% em livrarias (físicas e virtuais); 25,32%, por distribuidores; e 13,66% em vendagem porta a porta, dados que representam 84,62% do total (BINDO, 2013).

O país conta com 3.073 livrarias, segundo diagnóstico da Associação Nacional de Livrarias (ANL, 2013). O número representa uma livraria para cada 63.113 habitantes. Dessas livrarias, 62% representam empresas com apenas uma loja; 16%, de duas a dez lojas; e 22%, acima de dez lojas.

O período entre 2009 e 2012 foi pontuado pelo crescimento das grandes redes de livrarias e pelo retrocesso das redes médias, de acordo com a Associação

Nacional de Livrarias (WALTZ, 2013). Segundo informação da Rede estudada, essa concentração e a ausência de livrarias nos pequenos e médios municípios denotam a falta em outras cidades brasileiras. Há concentração de livrarias nas grandes cidades – 75% nas regiões Sudeste e Sul. O Estado de Roraima, por exemplo, possui apenas 25 livrarias.

Ednilson Xavier, Presidente da ANL, explica que o mercado sobrevive, não obstante o surgimento dos livros digitais, em entrevista acostada ao sítio da Associação Brasileira de Imprensa:

Mesmo diante das previsões apocalípticas, temos resistido às tentações do livro digital e adaptando-nos a essa nova realidade. Continuamos sendo agentes formadores de leitores, e cada vez mais, nossas livrarias, independentemente do porte, têm se tornado verdadeiros centros de entretenimento para todas as classes sociais. No contexto de grande concentração de mercado, diferenciar-se na dedicação ao negócio e na criatividade é um desafio que exige senso estratégico. E uma das estratégias imprescindíveis diz respeito à definição da ‘identidade’ da livraria. É preciso ajustar o foco e desenvolver sua especialidade, optando por determinado nicho. E a principal contribuição deste Anuário é nos trazer um mapa real deste setor em todo o território nacional. (WALTZ, 2013, [S.I]). Dados disponibilizados pela ANL atestam que as grandes redes de livrarias, com número superior a cem lojas, cresceram de 6%, em 2009, para 15%, em 2012. A vendagem nas redes médias foi reduzida de 31% para 22% nesse período. A redução é visualizada pelo percentual de livrarias que faturam de R$ 350 mil a R$ 1,2 milhões, ou seja, que encolheu de 41% para 24%, entre 2009 e 2012 (WALTZ, 2013).

O estudo demonstra uma redução da lucratividade nos livros no faturamento anual das livrarias:

O estudo identificou ainda uma queda da representatividade dos livros no faturamento anual das livrarias. Em 2009, a venda de livros representava mais da metade do faturamento total em 81% das livrarias. Em 2012, essa parcela foi de 48%. Ao mesmo tempo, as livrarias aumentaram a variedade de itens comercializados. A maior parte (62%) das lojas vende CDs e DVDs. Material de papelaria está presente em 48% dos pontos de venda. (WALTZ, 2013, [S.I]).

O Brasil é o nono no ranking do mercado de livros. O número é expressivo, porém é não animador, haja vista a grande quantidade de aquisição pelo Governo Federal brasileiro:

Apesar de números pouco otimistas, o Brasil é o 9º maior mercado de livros do mundo. A explicação vem na ponta da língua: ‘O Brasil é o 9º por causa dos livros didáticos. O Governo Federal compra livros e os distribui em escolas públicas e para seus estudantes’, explica Zoara Failla. Se retirarmos o governo brasileiro, os números já não ficam tão expressivos. Muito pelo contrário. ‘Apenas 15% da população brasileira comprou livros’, afirma Zoara. ‘Ou seja, 85% das pessoas não compraram nenhum livro em 2011’, resume. [...], os maiores leitores brasileiros estão na faixa etária escolar: de 5 a 17 anos. ‘Ou seja, não foi desenvolvido na escola o gosto pela leitura. Leu-se porque era uma obrigação, tinha uma prova para ser realizada, e não, por interesse. No fim, essas pessoas saem da escola e param de ler. É o papel da escola, da família e da sociedade como um todo despertar o interesse pelo livro’, resume Zoara. (CIDADANIA, 2013, [S.I]).

Fica evidenciado que a leitura é percebida como uma obrigação, e não, como possibilidade de aprimoramento educacional ou de lazer. A pesquisa do Instituto Pró-Livro (2013, [S.I]) aponta que as mães são as maiores incentivadoras da leitura. Se os maiores leitores estão entre cinco e dezessete anos, os principais incentivadores são: as mães, os pais e os professores, respectivamente, nessa ordem. Assim, “[...] as mães estão no topo da lista das maiores incentivadoras do hábito de ler, com 49%, à frente dos professores, com 33%, e dos pais, com 30%.”. A vendagem de conteúdo digital, como e-books e áudio books, está presente em 27% do total das livrarias. Das livrarias que não comercializam o conteúdo digital, 54% afirmam que pretendem participar desse segmento. A concentração das livrarias na Região Sudeste, foco deste estudo, foi ampliada: de 53%, em 2006, para 60%, em 2012. A Região Nordeste conseguiu uma recuperação, em 2012, para 15% em relação aos 12%, em 2006 (WALTZ, 2013). A informação acerca da vendagem de livros digitais é corroborada por notícia, de janeiro de 2014, veiculada no jornal

Folha de S.Paulo:

As maiores editoras do país fecharam 2012 com os e-books representando cerca de 1% de suas vendas totais. Agora, após um ano com a Amazon,

Apple, Google e Kobo oferecendo e-books nacionais, as casas informam

que o digital chega a 3% de suas vendas. É, ainda, uma parcela pequena e que decepciona editores, mas um crescimento esperado para um país cujos leitores ainda tateiam as opções de leitura digital. (DA COLUNISTA, 2014, [S.I]).

Nos Estados Unidos e no Reino Unido, esse número está estagnado após bater a marca de 20% de vendagem digital em relação ao mercado de livros (DA COLUNISTA, 2014).

As pessoas tendem a acreditar que a Internet é o maior ambiente de vendas de livros. Assim, o método tradicional (em ambiente físico) está à frente e as livrarias

são os principais meios de comercialização, de acordo com a ANL (2013). As principais informações acostadas neste tópico foram sintetizadas pela ANL, cujas conclusões são estas:

* A concentração populacional, o mais alto nível de escolaridade e a melhor situação econômica, colaboram para que quase 2/3 das livrarias se concentrem na região Sudeste.

* O Nordeste apresenta indícios de recuperação, mas o Sul retorna ao patamar de 2006.

* O número de livrarias independentes continua a ser relevante para o setor, já que 65% delas possuem de 1 a 2 lojas.

* Por outro lado, observa-se que as grandes redes continuam investindo em abertura de novas lojas. Livrarias com mais de 100 lojas passam de 6% para 15% de importância.

* Nota-se um processo de encolhimento das livrarias de médio porte e aumento das de grande porte. A importância das livrarias cujo faturamento é de até 350 mil se mantém em 40% enquanto que as que faturam de 7 a 10 milhões sobe de 3% para 17%. Esse movimento é reflexo de abertura de novas lojas também.

* 82% das livrarias pretendem investir em suas lojas em 2013, principalmente em reforma, tecnologia e capacitação de funcionários. * O nível de informatização do setor é elevado, atualmente, apenas 12% das livrarias não estão informatizadas. (ANL, 2013, [S.I]).

Dessa feita, pontuam-se como informações de destaque o alto índice de informatização do setor, a redução de livrarias de médio porte e o aumento das livrarias de grande porte, foco deste estudo, bem como, a concentração nas Regiões Sul e Sudeste e outras informações relevantes a esta tese de doutoramento.

Portanto, analisado o segmento no qual está inserida a Rede EMH, o próximo tópico apresenta a Rede RAR de Livrarias e, consequentemente, o surgimento da EMH.