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2.2 MANEJO FLORESTAL

2.3.4 Mercado para produtos certificados

As florestas com certificação FSC fornecem matéria prima para diversas cadeias produtivas, como a de móveis, cosmético, papel, construção civil entre outras (RUA ET AL, 2009).

Em diversos países do mundo, inclusive no Brasil, já existem grupos de empresas que buscam produtos com certificação. São empresas e também órgãos governamentais que tem interesse em comprar, comercializar ou utilizar em seus processos produtivos madeira certificada.

De acordo com o Viana et al (2002), já existem grupos de compradores interessados em produtos com certificação florestal em países como: Brasil, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Áustria, Austrália, Alemanha, Suíça, Estados Unidos, Canadá, Espanha, França, Noruega, Suécia e Finlândia. Existem mercados em formação em países como: Japão, Itália, Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong, África do Sul e Irlanda.

Em todo o mundo grandes redes varejistas já comercializam produtos de origem de madeira certificada, nos Estados Unidos na Grã - Bretanha e em outros países europeus, lojas como Home Depot, B & Q e Carrefour, entre outros, dão preferência a produtos certificados e na Holanda existem 500 empresas fornecedoras exclusivas de produtos com certificado FSC (VIANA et al., 2002).

Dados de 2008, do WWF-Brasil, demonstravam que a diferença entre o preço médio do m3 da madeira certificada e da não certificada, em São Paulo, era de apenas 8,5%, o que torna a madeira certificada ainda mais competitiva.

No âmbito do Governo Brasileiro, já existem iniciativas no sentido de orientar os diversos órgãos públicos a adquirirem produtos que sejam produzidos através de práticas ambientalmente sustentáveis.

Em 2008, através da portaria número 44 de 13 de fevereiro de 2008, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), foi criado o Comitê Gestor de Produção e Consumo Sustentável (CGPCS).

O Comitê é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e tem representantes de diversos órgãos, entidades e organizações não governamentais, entre os quais seis ministérios, o banco nacional do desenvolvimento (BNDES) e as confederações nacionais da Indústria e do Comércio, além da Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Instituto Ethos, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e da ONG Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE).

A principal atribuição do CGPCS é a elaboração e execução do plano de ação para produção e consumo sustentável (PPCS), que já foi elaborado e divulgado em novembro de 2011.

A elaboração do PPCS, foi um compromisso assumido pelo Brasil, ao aderir formalmente ao Processo de Marrakesh5 em 2007.

O PPCS brasileiro, foi elaborado para ter o seu primeiro ciclo no período de 2011 a 2014, tendo como principal missão promover mudanças verificáveis nos padrões de produção e consumo, as quais devem estar relacionadas à descarbonização da economia e uso responsável dos recursos naturais.

Dentre os seis temas prioritários elencados pelo PPCS, estão às compras públicas sustentáveis, que passa a ser uma diretriz do governo brasileiro que tem como objetivo, através da demanda por produtos e serviços ambientalmente sustentáveis, pelas três esferas do governo brasileiro, estimular setores industriais e empresas a ampliarem a oferta de produtos e serviços sustentáveis, induzindo com essa dinâmica a ampliação de atividades compatíveis com a economia verde ou de baixo carbono.

Através do decreto nº 7.746, de 5 de junho de 2012, o Governo Federal regulamentou art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, para estabelecer critérios, práticas e diretrizes para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas pela administração pública federal, e institui a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública (CISAP).

No art. 2º do decreto Federal nº 7.746, de 5 de junho de 2012, fica estabelecido que a administração pública federal direta, autárquica e fundacional e as empresas estatais

5 O processo de Marrakesh é resultado de reunião realizada, na cidade de Marrakesh em Marrocos, no ano de

2003, o qual foi concebido com o intuito de operacionalizar o conceito de produção e consumo sustentáveis (PCS). O processo de Marrakesh solicita e estimula que cada país membro das Nações Unidas e participante do processo desenvolva seu PPCS (MMA).

dependentes poderão adquirir bens e contratar serviços e obras considerando critérios e práticas de sustentabilidade objetivamente definidos no instrumento convocatório.

O Ministério do Planejamento (MP), mantém no sistema de compras do Governo Brasileiro, um catálogo com produtos sustentáveis, no qual já constam materiais com selo FSC.

A instrução normativa número 1, de 19 de janeiro de 2010, do Ministério do Planejamento, em seu capítulo II, que trata das obras públicas sustentáveis, determina que sejam utilizadas nas obras públicas tecnologias e materiais que reduzam o impacto ambiental, entre elas a comprovação da origem da madeira a ser utilizada na execução da obra ou serviço.

As medidas que estão sendo adotadas pelo Governo do Brasil são importantes para fortalecer o mercado brasileiro para produtos de base florestal com selo verde, pois de acordo com Pereira (2012), a tendência do mercado brasileiro é de adquirir produtos com certificado florestal pelo mesmo preço dos não certificados. O que já não ocorre com o mercado externo, que paga mais por produtos certificados, o que leva os EMF a destinarem parte de sua produção para o mercado externo.

Gráfico 4 – Volume de recursos das exportações dos EMF do Estado Pará com certificação FSC.

Fonte: MDIC (2011).

Dados do Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio exterior (MDIC) mostram que 75% dos EMF, com certificado FSC no Estado do Pará, exportam para o exterior. O faturamento desses empreendimentos varia de zero a um milhão de dólares até mais de cinquenta milhões de dólares.

No ano de 2011, os EMF, com certificado florestal no Estado do para tiveram um faturamento de mais de 50 milhões de dólares com exportações de produtos de base florestal com certificado FSC, conforme demonstrado no gráfico 4.