• Nenhum resultado encontrado

O século XXI marca um grande movimento de inclusão da pessoa com deficiência mental no mercado de trabalho. Segundo Silveira (2009): “De 2001 a 2005, o número de deficientes empregados no Estado de São Paulo saltou de 601 para 35.782. A cada dia, mais empresas buscam se enquadrar na chamada Lei de Cotas, que obriga a contratação de 2% a 5% de funcionários com deficiência.”

O descumprimento da Lei de Cotas n. 8.213/91, em seu artigo 93, tem sido foco de intensa fiscalização das Delegacias Regionais do Trabalho. Desse modo, as empresas verificam que é hora de cumprir a determinação, de maneira eficiente, econômica e que proteja os interesses de sua empresa. Porém, várias empresas têm encontrado dificuldades para desenvolver projetos bem estruturados, que cumpram as exigências da Lei de Cotas, n. 8.213/91, apesar de seus esforços. As organizações esbarram nas discriminações do passado. As pessoas com deficiência podem exercer praticamente qualquer atividade profissional, mas é necessário que as barreiras da discriminação sejam quebradas, e a empresa se ocupe em treinar seus funcionários para receber esta nova clientela. No entanto, nesta fase de transição, torna-se um desafio encontrar mão-de-obra qualificada para o trabalho.

Apenas, as empresas que aprendem a localizar, contratar e treinar pessoas com deficiência, além de prepararem os seus locais de trabalho e os seus funcionários para atuação em equipe, estão conseguindo vencer desafios de inclusão no mercado de trabalho para as pessoas com deficiência.

Além disso, a empresa possui outros compromissos e responsabilidades, como por exemplo: com as questões ambientais, com os seus vizinhos e seu entorno e, mais do que isso, ela precisa ter uma postura ética. Incentivar a diversidade, combater o preconceito e trabalhar para eliminar as diferenças são exemplos éticos que toda empresa deve buscar. Com isso, as chances e as oportunidades de trabalho se igualam e os diferentes se tornam iguais, fazendo com que possam desenvolver suas aptidões e talentos, podendo permanecer na empresa dentro de critérios de desempenho. Matarazzo (2009): menciona:

Vivemos em uma sociedade altamente consumista, onde tudo é medido com base “no mercado”. Assim, é interessante pensar que, se temos, no Brasil, mais de 24 milhões de pessoas com deficiência e cada uma delas

se relaciona com pelo menos três pessoas (marido, mãe, pai, filho, etc.), é natural que o número de pessoas abertas a se informar e a consumir produtos pensados especialmente para esse público atinja, no mínimo, a casa dos 100 milhões de consumidores. Só não vê quem não quer. E continuar ignorando um mercado como esse é estupidez. (MATARAZZO, 2009, p. 21).

No que diz respeito ao mercado de trabalho inclusivo, e referente ao modelo integrativo, apenas algumas pessoas deficientes conseguem conviver com as barreiras físicas e atitudes programáticas da empresa. Por isso há a necessidade de a empresa reduzir ou eliminar essas barreiras e possibilitar a contratação de muitas pessoas deficientes e não-deficientes que possuam necessidades especiais para trabalhar.

Algumas organizações procuram seguir o modelo inclusivo, conforme a Resolução 45/91, de 1990, da Organização das Nações Unidas – ONU, que propõe a construção de uma sociedade de “igualdade para todos”. Porém, no que diz respeito à inclusão do deficiente intelectual no mercado de trabalho, na área da construção civil, nada foi encontrado pela pesquisadora. Assim sendo, conclui-se que a falta de literatura sobre o que concerne ao trabalho do deficiente intelectual, se faz realidade porque este tipo de deficiência ainda é considerado por muitos como uma doença, a qual impede a pessoa de mostrar sua competência. Mas, de acordo com a Lei, toda pessoa com deficiência, desde que qualificada, tem direito ao trabalho.

Assim, uma das conseqüências negativas provocadas por essa situação tem sido a total dificuldade enfrentada pelas pessoas com necessidades especiais na hora de encontrar empregos abertos à comunidade. Uma pequena porcentagem, hoje, consegue ingressar no mercado de trabalho, o que no passado ocorria de forma bastante preconceituosa e discriminatória.

Atualmente, o mercado de trabalho está mais conscientizado e sensibilizado sobre a questão da deficiência, mas não o suficiente para incluir pessoas com deficiência intelectual, mesmo que profissionalmente qualificadas, principalmente na área da construção civil

De acordo com Matarazzo (2009):

Ao pesquisar sobre inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, percebe- se claramente que há dois fatores importantes

e conflitantes: um deles que é uma boa notícia, é que a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho de maneira geral vem aumentando progressivamente. E o segundo não é uma notícia boa, é que ainda há muitas, mas muitas empresas mesmo, que não cumprem a lei, assim como há também as que ‘dão uma volta’ na legislação contratando, por exemplo, pessoas que mancam, as quais configuram nos termos legais como ‘pessoas com deficiência’, mas que rigorosamente não teriam tanta necessidade assim de se beneficiar das cotas. (MATARAZZO, 2009, p.137-138).

Ainda em seu livro, Matarazzo (2009, p. 207) chama a atenção para um depoimento de um deficiente, João Ribas:

A Inclusão Social é um caminho de duas mãos: tanto as pessoas com deficiência quanto as que não têm deficiência devem – juntas – procurar a forma recíproca de relacionamentos. Muitas vezes achamos que a Inclusão deve partir da Sociedade – que deve nos receber de braços abertos. Essa é uma posição cômoda e até perigosa para as pessoas com deficiência. Nós, que temos uma deficiência, precisamos entender que o nosso papel nessa relação é de responsabilidade, amadurecimento e negociação. E se não fizermos a nossa parte, toda e qualquer ação passa a ser paternalista, assistencialista e – pior e mais grave – mascarada de Inclusão Social. (MATARAZZO, 2009, p.137-138). Entretanto, além das mudanças nas infra-estruturas, nos equipamentos, nos relacionamentos, é preciso o mais importante: uma oportunidade de se sentir cidadão com dignidade.

Segundo Bechtold (2009):

[...] a inclusão das PNE’s, Pessoas com Necessidades Especiais, no mercado de trabalho e na sociedade em geral, só será efetivamente conquistada, quando a sociedade assumir que existe em nosso meio

cidadãos buscando alternativas e recursos para atender suas necessidades básicas, e além disso, estão buscando o direito de ser “cidadão”e não apenas “pobres coitados”, por possuírem algum tipo de deficiência. (BECHTOLD, 2009).

Bechtold (2009) continua a dizer:

Percebe-se na sociedade, a força individual de alguns membros sobrepondo-se aos interesses dos outros membros, ou seja, cada indivíduo inserido no mercado de trabalho não favorece outros cidadãos, oferecendo- lhes oportunidades igualitárias, muitas menos aos PNE’s, sendo que para a sociedade, estes não tem valor nenhum, pois não são considerados normais. Desta forma, o mercado de trabalho fica defasado, por não oferecer aos cidadãos oportunidades para seu aperfeiçoamento, para sua qualificação, fazendo assim, com que fiquem fora deste mercado, dando oportunidades apenas aos que já estão inseridos na mesma. (BECHTOLD, 2009).

E ainda:

Para haver a inclusão do PNE no mercado de trabalho é preciso que as instituições públicas e privadas reconheçam seu papel principal, fornecendo oportunidades para estes conquistarem seu espaço no mercado, pois desta forma poderão contribuir com o progresso social dentro de sua vocação e aptidão profissional. (BECHTOLD, 2009). Enfim, Bechtold (2009) concorda com os demais autores aqui pesquisados, o qual se posiciona, dizendo que:

As PNE’s devem ser qualificadas para inserirem-se no mercado de trabalho, pois este é muito competitivo. Mas para ocorrer esta qualificação deve-se fazer um processo de revisão na prática de educação profissional destas pessoas especiais. Este processo de capacitação deve ocorrer a partir

da instituição de ensino na qual o aluno está inserido, a partir desta qualificação o mesmo poderá ter mais e melhores chances profissionais. (BECHTOLD, 2009).

Documentos relacionados