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MESA: MEMÓRIA HISTÓRICA NESTES 50 ANOS DE CAMINHADA DA PJ NACIONAL

3º DIA | QUINTA-FEIRA | 09/01/

MESA: MEMÓRIA HISTÓRICA NESTES 50 ANOS DE CAMINHADA DA PJ NACIONAL

Painelistas: Carmém Lucia Teixeira (CAJUEIRO); Pe. Edinho (Pastorais Sociais

do Regional Sul 3); Ir. Joilson Toledo (Irmãos Maritas)

Carmem: Queríamos aqui uma disciplina para mais pessoas participarem. Ao

preparar esse movimento encontrei com uma escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie que diz: “É preciso cuidar do período da história de forma única”. E a outra pessoa que encontrei foi com a paulista Djamila Ribeiro, que fala da importância do lugar da fala. Queria então que vocês se levantem para ver os tópicos no chão; os papéis rosas, nestes 50 anos, estão ligadas às questões sociais, os papéis azuis são referentes às questões da igreja, em amarelo as questões ligadas às PJs, os centros de juventude e em branco as questões da

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organização da pastoral. Se vocês perceberem e se está faltando alguma data ou fato importante podem falar.

Dinâmica de andar sobre a linha do tempo colada no chão se situando onde está e o contexto envolvido.

Carmem fala de forma geral que as pessoas não se fixassem em alguns fatos, pediu para que as pessoas se atentassem em como esses fatos nos ajudam a entender como alguns grupos queriam/querem construir uma história única por exemplo: ditadura militar, etc. Tudo importante para entendermos os conflitos atuais, por exemplo, em 1964 uma série de interesses em que existia um movimento de participação popular e um movimento contra a participação popular, este pregava o medo da expansão do comunismo. Neste caminhar, você tem em 1968 a reação dos jovens na frança contra o modelo capitalista em busca de espaço, respeito, representação. No Brasil, neste período, temos o AI- 5 com a ascensão do modelo repressão e a morte do jovem Edson Luís que foi marcado com a presença da Igreja. Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Hélder Câmara, são figuras que vão denunciando o que está acontecendo no Brasil e o enterro do jovem Edson Luís se torna um marco das atrocidades que estavam acontecendo no Brasil.

Em 1980 temos, em Santa fé, uma reunião de vários grupos ligados ao capitalismo e aos Estados Unidos que gera o Documento de Santa Fé, este que tem um propósito muito claro de como combater o marxismo na América Latina e para isso, é necessário acabar com o Teologia da Libertação e tudo que está em torno dessa teologia. A Teologia da Libertação é uma experiência da Igreja do Continente Latino Americano que nasceu em Medellin. Em Medellín podemos ver como a Igreja do continente latino americano acolheu o Vaticano segundo. Esse grupo em Santa Fé reuniu estratégias de como interromper esse

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estadunidense, importantíssimo para pensarmos esses 50 anos, aponta que os Estados Unidos vê nas drogas uma forma de fazer intervenções nos países latino americanos sem gerar problemas diplomáticos, ele faz intervenções nos países com o slogan de “Combate às Drogas” . Precisamos estar atentos uma vez que essa é uma estratégia de dominação dos países latino americanos. Em 1986 esse grupo volta a se reunir em Santa Fé para reforçar essas estratégias. Outro dado importante para compreender os 50 anos é que a religião está no centro dessas estratégias de dominação, visto que a religião estava organizando o povo. Essa organização foi feita a base de muita estratégia política, um exemplo é a presença de Dom Angélico Sândalo Bernardino na prisão do Lula. A presença de Dom Angélico significa uma Igreja que acompanha os processos políticos do país, uma igreja que estava organizada nas Comunidades Eclesiais de Base - CEBs e com isso, apoiava as lutas por direitos, nas greves e na organização de partidos políticos. Todo esse movimento é muito importante para entendermos os conflitos e as contradições que existem dentro desses 50 anos. Recordam ontem em que o Paulo dizia que a construção cultural do Brasil é marcada pelo falso mito do racismo e pela questão do patriarcado. Precisamos entender isso porque a Pastoral da Juventude tem uma ação que é pela vida das mulheres e pode fazer bobagem, ainda mais na palavra protagonismo, aí a bobagem pode ser fatal, porque o protagonismo é um só no teatro, não é todo mundo, é um protagonista. A Pastoral da Juventude quer uma, ou todas as mulheres? Porque os homens diz de um lugar natural. A palavra do homem é uma palavra dita, está naturalizada, mas a palavra da mulher não é uma palavra naturalizada, é um outro lugar de fala, e é um lugar que pode incomodar muitos homens, instituições, mesmo sendo o tema da violência. Por que isso? Precisamos entender que somos parte de uma cultura patriarcal, machista, misógina, racista e LGBTfóbica. Entender todo esse caminho, é entender todas essas questões que estão postas para uma ação de transformação. O caminho

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precisa nos ajudar a fazer perguntas. Nesse caminhar que vamos fazendo, em que a igreja, a religião vai sendo instrumentalizada. Essa memória que é feita, é marcada por contradições ideológicas como de não participação, de participação, não temos que conseguir fazer os links para dizer que interesses estão atrás desses 50 anos. Ai eu convido vocês não para “Quantos grupo de jovens a gente tem?”... é bom a gente pensar isso enquanto quantidade, uma ação, mas é perigoso também. “A gente perdeu” (fazendo memória dos dados apresentados na pesquisa nacional dos grupos de base). Esse é uma realidade que está posta, é uma exigência ao olhar para os 50 anos. Se não a gente olha para a nossa fundação, idealizamos a origem e ficamos no mesmo lugar. Nessa dinâmica dos 50 anos é preciso compreender as contradições de dentro, o que perpassa, os momentos que há uma dinâmica diferenciada.

Pedi para ao olharmos a linha do tempo e nos sensibilizarmos ao mapa da violência, se não tocar nosso coração a violência vivida pelos jovens, não há pastoral que se sustente, assim também observar o índice de de desigualdade social, a mudança estrutural que aconteceu nos últimos anos e a violência de gênero que foi naturalizada. Em 2015 temos mais de 65 milhões de pessoas em trânsito no mundo, migrantes. Chegamos em 2020 com um alto índice de migração, pobreza acentuada, morte de juventude, feminicídio e desigualdade social. Ou olhamos para as juventudes e os desafios que nos circundam, ou morremos. A Igreja do Brasil tem perdido um milhão de fiéis por ano. Precisamos rever nosso discurso de Pastoral da Juventude, há uns discursos que ainda estão travados no passado, desde 1983 já se faz os discursos de ontem, é preciso avançar nos atualizar/estudar, não devemos lamentar, mas recriar métodos para ao que está posto. Paulo Freire diz: precisamos ter esperança do verbo esperançar e não do verbo esperar.

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