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Capítulo I. Enquadramento teórico

3. Documentos oficiais orientadores/sustentadores da planificação

3.4. Metas Curriculares do 1.º Ciclo do Ensino Básico

As Metas Curriculares para o 1.º Ciclo do Ensino Básico, tal como os programas, constituem-se como “instrumentos de apoio à gestão do currículo, disponibilizadas para serem utilizadas pelos professores no seu trabalho quotidiano” (Afonso, et al., 2010, p.2). Ou seja, definem as competências e as capacidades básicas que as crianças devem adquirir e auxiliam o professor no desenvolvimento do seu trabalho, favorecendo as aprendizagens realizadas pelas crianças. Constituem-se ainda, a par dos programas, em documentos orientadores do ensino e da avaliação, sendo que os segundos enquadram a aprendizagem, enquanto as primeiras a concretizam. Essas competências encontravam-se inscritas no documento intitulado Currículo

Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais, que deixou de ser apreciado pelo

Ministério da Educação, através do despacho datado, de 12 de dezembro de 2011, como já referimos. O documento em causa deixou “de se constituir como documento orientador do Ensino Básico pelas insuficiências que continha e que se vieram a manifestar como prejudiciais” (Despacho n.º 5306/2012, p. 13952). Neste sentido, através do despacho n.º 5306/2012, de 18 de abril de 2012, determinou-se ainda que se afigura,

agora, da maior importância a reformulação das metas de aprendizagem iniciadas em 2010 que mostraram algumas limitações quanto à função que poderiam ter na gestão do ensino. A forma como nelas foram compatibilizados os conteúdos programáticos com os objectivos do então «Currículo Nacional» criou obstáculos tanto à autonomia pedagógica das escolas como à liberdade dos professores usarem a sua experiência e

profissionalismo. Ao se confundirem metas de aprendizagem concretas como objectivos vagos e muitos gerais, metas curriculares como métodos de ensino e metas cognitivas com atitudes, continuou-se a não se destacar devidamente os conhecimentos e capacidades a adquirir pelos alunos em cada disciplina (p. 13952).

Ou seja, as Metas Curriculares apresentadas em 2010 mostraram algumas limitações, quanto à sua função na gestão do ensino. Deste modo, surgiu a necessidade de se reformularem as Metas Curriculares de Português e de Matemática. Assim, consta no despacho n.º 5306/2012, de 18 de abril de 2012, que o desenvolvimento do novo Currículo Nacional pretende contemplar,

padrões de rigor, criando coerência no que é ensinado nas escolas; Permitam que todos os alunos tenham oportunidade de adquirir um conjunto de conhecimentos e de desenvolver capacidades fundamentais nas disciplinas essenciais; Garanta aos professores a liberdade de usar os seus conhecimentos, experiência e profissionalismo para ajudar os alunos a atingirem o seu melhor desempenho (p.13952).

Finalizada a elaboração das Metas Curriculares, estas foram homologadas pelo Despacho n.º 10874/2012, de 10 de agosto, onde se inscreve o seguinte:

1- Homologo as Metas Curriculares das disciplinas de Português, de Matemática (…) do ensino básico. (…); 2 – As Metas Curriculares objecto do presente despacho constituem- se como orientações recomendadas para as disciplinas de Português, de Matemática (…) do currículo do ensino básico no ano lectivo de 2012-2013. Serão posteriormente tornadas vinculativas, devendo ser respeitadas na execução dos programas em vigor (p. 28184).

Então, as Metas Curriculares de Matemática foram homologadas, através do Despacho n.º 9888-A/2013 de 26 de junho. No despacho exposto declara-se que

Este documento contém já as clarificações necessárias ditadas pela experiência deste ano de aplicação das Metas Curriculares de Matemática aprovadas, tendo sido introduzidas no Programa de Matemática de 2007 os reajustamentos mínimos indispensáveis a uma boa articulação entre as orientações do Programa e das Metas, de forma a facilitar o ensino. Tem-se pois em conta as finalidades da disciplina, os conteúdos e os objectivos a atingir, complementando-se as Metas Curriculares, que têm como propósito enunciar de forma organizada e sequencial os conteúdos referenciados aos objectivos da disciplina [p.23666-(2)].

Porém, o documento intitula-se Programas e Metas Curriculares de Matemática, tendo sido elaborado com base nos conteúdos expressos no Programa de Matemática do

Ensino Básico, homologado em 2007. Segundo Bivar, Grosso, Oliveira e Timóteo (2013), as Metas Curriculares de Matemática encontram-se divididas por anos de escolaridade, estando

fragmentadas por domínios de conteúdos, nomeadamente: Números e Operações; Geometria e

Medida e Organização e Tratamento de Dados. Cada ano de escolaridade encontra-se

organizado por domínios e subdomínios, seguindo-se os descritores de desempenho e, ainda, em função dos temas transversais (resolução de problemas, raciocínio matemático e comunicação matemática), indispensáveis ao cumprimento dos objetivos definidos. Ou seja, o

documento apresenta-nos um conjunto de metas que as crianças devem alcançar ao longo do ensino básico. Nelas constam “objectivos gerais que são especificados por descritores, redigidos de forma concisa e que apontam para desempenhos precisos e avaliáveis” (Bivar, Grosso, Oliveira, & Timóteo, 2013, p. 4).

O documento das Metas Curriculares de Português tem como base o Programa de

Português do Ensino Básico, homologado em 2009. De acordo com Reis, Dias, Cabral, Silva,

Viegas, Bastos, Mota, Segura e Pinto (2009), estas encontram-se organizadas de maneira a considerar aquilo que é fundamental para a aprendizagem das crianças. Este documento está estruturado por anos de escolaridade, no qual é possível constatar quatro domínios de referência (competências específicas), nomeadamente: Oralidade; Leitura e Escrita; Educação

Literária e Gramática. Contém ainda, para cada domínio os objetivos pretendidos e

obrigatórios, assim como os respectivos descritores de desempenho13. Estas Metas

Curriculares apontam-nos “uma visão o mais objetiva possível daquilo que se pretende

alcançar, permitindo que os professores se concentrem no que é essencial e ajudando a delinear as melhores estratégias de ensino” (Buescu, Morais, Rocha, & Magalhães, 2015, p. 4).

13 Entende-se por descritor de desempenho “aquilo que o aluno deve ser capaz de fazer, como resultado de uma

aprendizagem conduzida em função do estádio de desenvolvimento linguístico, cognitivo e emocional em que ele se encontra, bem como das etapas que antecederam esse momento” (Reis, et al., 2009, p.78). Este “consiste num enunciado preciso e objectivo, por meio do qual se refere o que se espera que o aluno seja capaz de fazer no final do ano letivo” (Buescu, Morais, Rocha, & Magalhães, 2015, p. 3).