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4 ANÁLISE EMPÍRICA

4.1 METODOLOGIA

Objetiva-se, com a pesquisa empírica, descobrir até que ponto o discurso dos ouvintes da Rádio Universitária coincide ou não com a idéia que, como foi tratado nos capítulos anteriores, define a Rádio Universitária da UFG como um veículo de caráter público. Busca-se aqui, por meio da pesquisa qualitativa, entender que imagem os ouvintes da Rádio Universitária da UFG, dentro do número de entrevistados limitados pela pesquisa, têm da emissora.

A pesquisa qualitativa, segundo Bauer, Gaskell & Allum (2002:23), “lida com interpretações das realidades sociais” e tem como um dos principais recursos metodológicos a entrevista em profundidade. Ela é vista como uma estratégia autônoma de pesquisa. Segundo Bauer, Gaskell & Allum (2002: 24), a grande contribuição do método qualitativo é que ela “deslocou a atenção da análise em direção a questões referentes à qualidade e à coleta de dados”

Dessa maneira, a abordagem qualitativa, de acordo com Fort (2005), “procura entendimento e explicação do comportamento humano a partir da perspectiva dos participantes dos fenômenos”. Para a autora, o sujeito é considerado como parte integrante do processo de conhecimento. Dessa forma, “a subjetividade atua como base do método da pesquisa qualitativa e é, também, a base da sua validade”.

De acordo com Fort (2005), no que se refere à análise qualitativa dos dados e na apresentação dos resultados, é preciso que as generalizações sejam relativizadas, desconsideradas, o que, mesmo assim, não reduz a legitimidade dessa abordagem metodológica.

A pesquisa qualitativa como aquela que busca uma compreensão particular daquilo que estuda. Portanto, não há preocupação com generalizações, princípios e leis. Aos questionamentos de como o pesquisador descobre a qualidade a ser estudada, os autores apontam à intuição e à habilidade do pesquisador. O objetivo da pesquisa qualitativa é captar os significados do sujeito em sua cultura e em seus sentimentos. (FORT, 2005: 106)

Deste modo, Duarte (2005: 63) aponta que o objetivo essencial dos estudos qualitativos está “mais relacionado à aprendizagem por meio da identificação da riqueza e diversidade, pela integração das informações e sínteses das descobertas do que o estabelecimento de conclusões precisas e definitivas”. É nesse sentido que se buscará saber que imagem os ouvintes da Rádio Universitária têm da emissora.

No período de um mês, foi realizada uma lista, que continha o maior número possível de nomes dos ouvintes da emissora, a fim de manter um primeiro contato com eles para a realização da entrevista em profundidade e semi-estruturada. Para isso, foi necessário acompanhar, diretamente dos estúdios de transmissão, alguns programas e, também, contar com a colaboração dos apresentadores, já que a Rádio Universitária da UFG, até então, não possuía qualquer tipo de arquivo ou programa que pudesse registrar e identificar os seus ouvintes. Desse processo, construiu-se uma lista de 200 nomes e telefones de pessoas que ouviam a programação da Rádio Universitária da UFG. Nesse momento particular da pesquisa de campo, nota-se a limitação em termos de acesso ao público, no sentido de se chegar às pessoas para quem os conteúdos da rádio são direcionados, o público.

Dos 200 nomes, procurou-se escolher, aleatoriamente, e estabelecer contato com alguns ouvintes da emissora para marcar um encontro na data, horário e no ambiente escolhido pelo próprio entrevistado. Foram entrevistados, no período de aproximadamente um mês, que se estendeu de 15 de abril a 24 de maio de 2008, 13 ouvintes da emissora.

O passo seguinte foi selecionar ouvintes que costumam escutar a Rádio Universitária em grande quantidade de horas por dia e nos seus diversos gêneros. Eles podem, por causa do tempo maior de contato com a Rádio, ter desenvolvido uma relação mais próxima com a emissora, um conhecimento mais amplo sobre a grade programação da Rádio. A esse público, denomina-se aqui de “ouvinte geral”. Dos 13 ouvintes entrevistados, seis enquadraram-se no perfil de ouvintes gerais, o que parece ser pertinente em relação aos objetivos estabelecidos pela pesquisa e por se tratar de um método qualitativo. Mas em determinados momentos, os sete restantes também poderão fazer parte de quadros quantitativos.

Dessa maneira, no que se refere à escolha dos entrevistados da Rádio Universitária, buscou-se fazer o que Duarte (2005) chama de “seleção por conveniência”. Esta ocorre quando as fontes são selecionadas por proximidade ou disponibilidade. Elas devem ter envolvimento com o assunto e disposição em

conceder a entrevista. O autor explica que, em estudos qualitativos, a seleção das fontes depende do julgamento do pesquisador. Do mesmo modo, Gaskell (2002) comenta que a escolha dos entrevistados se dá de maneira não-probabilística

Diferentemente da amostra do levantamento, onde a amostra probabilística pode ser aplicada na maioria dos casos, não existe um método para selecionar os entrevistados das investigações qualitativas. Aqui, devido ao fato de o número de entrevistados ser necessariamente pequeno, o pesquisador deve usar a sua imaginação social científica para montar a seleção dos respondentes. (GASKELL, 2002:70)

O universo de seis ouvintes entrevistados, para falar sobre a Rádio Universitária, não reduz a possibilidade de se alcançar os objetivos desta monografia. Pois, como aponta Duarte (2005:69), é preferível ter um pequeno número de fontes, mas que tenham capacidade e sejam suficientes para responder à questão proposta pela pesquisa, do que ter muitos entrevistados sem relevância ou que tragam informações repetidas. Para o autor, “é possível, entrevistando pequeno número de pessoas, adequadamente selecionadas, fazer um relato bastante consistente sobre um tema definido”. Gaskell (2002) compartilha dessa mesma perspectiva ao apontar duas explicações sobre a pequena quantidade de entrevistas necessárias para uma pesquisa qualitativa.

Um ponto-chave que se deve ter em mente é que, permanecendo todas as coisas iguais, mais entrevistas não melhoram necessariamente a qualidade, ou levam a uma compreensão mais detalhada. Há duas razões para esta afirmação. Primeiro há um número limitado de interpelações, ou versões, da realidade [...]. A certa altura, o pesquisador se dá conta que não aparecerão novas surpresas ou percepções. [...]. Em segundo lugar, há a questão do tamanho do corpus a ser analisado. A transcrição de uma entrevista pode ter até 15 páginas; com 20 entrevistas haverá, então, umas 300 páginas no corpus. (GASKELL, 2002: 70-71)

Para o desenvolvimento das entrevistas com os ouvintes da emissora, buscou-se dar maior liberdade aos entrevistados para formular suas idéias, relatar suas lembranças, que estejam relacionadas à Rádio Universitária, e minimizar a interferência do entrevistador na fala dos ouvintes. Dessa maneira, optou-se pela realização de entrevistas do tipo semi-estruturadas e em profundidade. Para Gaskell (2002) a entrevista semi-estruturada, também denominada por alguns autores de semi-aberta, é uma forma de entrevista qualitativa que se caracteriza por ser uma

“conversação continuada menos estruturada, em que é feita uma série de questões predeterminadas”.

Uma entrevista semi-aberta geralmente tem algo entre quatro a sete questões, tratadas individualmente como perguntas abertas. O pesquisador faz a primeira pergunta e explora ao máximo cada resposta até esgotar a questão. Somente então passa para segunda pergunta. Cada questão é aprofundada a partir da resposta do entrevistado, como um funil, no qual perguntas gerais vão dando origem a específicas. O roteiro exige poucas questões, mas suficientemente amplas para serem discutidas em profundidade sem que haja interferência entre elas ou redundância. A entrevista é conduzida, em grande medida, pelo entrevistado, valorizando seu conhecimento, mas ajustada ao roteiro do pesquisador. (DUARTE, 2005: 66)

No caso, as entrevistas semi-estruturadas com os ouvintes da Rádio Universitária da UFG também são em profundidade porque elas resultam do relato individual dos entrevistados. Trata-se, de acordo com Duarte (2005), da entrevista feita com uma fonte de cada vez e que procura, com base nos objetivos estabelecidos pela pesquisa, “intensidade nas respostas, não-qualificação ou representação estatística”.

A entrevista em profundidade é um recurso metodológico que busca, com base em teorias e pressupostos definidos pelo pesquisador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva da uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja conhecer. [...]. A entrevista em profundidade não permite testar hipóteses, dar tratamento estatístico às informações, definir a amplitude ou quantidade de um fenômeno. [...]. Seu objetivo está relacionado ao fornecimento de elementos para compreensão de uma situação ou estrutura de um problema. (DUARTE, 2005: 62-63).

Dessa maneira, as principais questões que permearam a entrevista com os ouvintes da Rádio Universitária foram: a) a imagem que o ouvinte da Rádio Universitária tem do veículo de comunicação rádio; b) o tipo de interpretação e apropriação que ele faz ao entrar em contato com os programas, apresentadores e conteúdos da Rádio Universitária e, dessa maneira, qual a imagem que ele, a partir da sua visão, constrói da emissora; c) as forma de contato deste ouvinte com a emissora, de que maneira ele se interessou e tomou conhecimento desta e d) como ou quais as formas de interação do entrevistado com a Rádio Universitária.

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