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Na nova metodologia BPM6 os fluxos antes chamados de IED ou IDE agora são os Investimentos Diretos no País (IDP) Para melhor especificação consulte o apêndice dessa dissertação.

DINÂMICA DA LIQUIDEZ MUNDIAL E CICLOS REFLEXOS DOS FLUXOS DE CAPITAIS DIRIGIDOS AO BRASIL NOS ANOS

IV) Período 2009Q3-2011Q

47 Na nova metodologia BPM6 os fluxos antes chamados de IED ou IDE agora são os Investimentos Diretos no País (IDP) Para melhor especificação consulte o apêndice dessa dissertação.

principalmente relacionada aos impactos no câmbio. A entrada excessiva de capitais causa pressões para a valorização da moeda nacional, o que leva a perda de competitividade das empresas/produtos nacionais, além de elevar os passivos das empresas endividadas em dólares. O estudo termina frisando a importância da vigilância contínua sobre os fluxos de capitais, a fim de controlá-los e utilizá-los em prol do interesse nacional.

Da mesma forma, na Carta Conjuntura Ipea (2011e), eles observam o aumento da volatilidade e maior ingresso do IDP bruto, a partir de dezembro de 2010, através de modelo GARCH, seguindo a metodologia proposta por Munhoz e Corrêa (2009). O trabalho daqueles evidenciam que a alta volatilidade é característica de fluxos de curto prazo, com caráter especulativo, o que desconstrói o sentido comum atribuído aos Investimentos Diretos Externos (próximo ao que são os IDP).

Corrêa et al (2012) detalham mais esse estudo, analisando também a relação entre a volatilidade dos fluxos de Investimentos em Carteira e de Investimentos Diretos com a existência do que chamaram de “quase renda” e que foi definida no primeiro capítulo do presente trabalho. Mostram que a volatilidade dos Investimentos em Carteira é contínua e que o crescimento do ingresso de capitais pela modalidade de Investimentos em Carteira está relacionada ao crescimento da “Quase Renda” após 2006, fato comentado em nosso capítulo anterior. Nesses termos, a hipótese é a de que estaria havendo uma “arbitragem regulatória” e de que parte dos IDPs é constituído sim de fluxos especulativos, em que a entrada destes por esta via ocorreu não somente num momento em que houve aumento da regulamentação dos capitais sobre outras contas48, mas também num momento em que a taxa de juros dos títulos internos estava oferecendo um rendimento extra aqueles ofertados no exterior. Ou seja, houve, a partir de 2010, principalmente, entrada de capitais pela rubrica IDP a fim de realizar operações de arbitragem em função do elevado diferencial entre as taxas doméstica e internacional de juros. Neste trabalho os autores, também através de modelagem ARCH/GARCH, constatam

um aumento da volatilidade dos fluxos de IDP próximo daquela encontrada nos ICP.

Na análise da volatilidade da Conta Financeira brasileira feita por Carvalho (2014), este indica que ainda que o nível de volatilidade do IDP seja menor do que o em IC, ela cresceu bastante, principalmente, a partir de 2007, apresentando movimentos mais intensos de volatilidade no período da crise do Euro. Seus resultados também vão ao encontro dos encontrados por Munhoz e Corrêa (2009), de que a volatilidade está intrinsicamente ligada aos fluxos com caráter especulativo e de curto prazo.

48 Para melhor entendimento dos controles impostos sobre os capitais no Brasil a partir de 2000, veja Corrêa et al (2012).

O trabalho de Pereira (2015), avança um pouco mais e analisa os fluxos que mais contribuem para o aumento da vulnerabilidade da Conta Financeira brasileira, apreendendo os seus fluxos com viés mais curto-prazista, através de análise criteriosa. Observa que não só os Investimentos em Carteira de Estrangeiros (Passivo - e suas subcontas) são importantes no entendimento da volatilidade da Conta Financeira, mas que os Investimentos Diretos no País (essencialmente de estrangeiros), e em particular, os em Participação no Capital, também são fluxos voláteis e são importantes para compreender a volatilidade da Conta Financeira. A partir daí, utiliza a modelagem econométrica (VEC) relacionando os subfluxos de Investimentos em Carteira de Estrangeiros a variáveis conjunturais externas e a variáveis macroeconômicas internas. Posteriormente faz o mesmo estudo para os Investimentos Diretos Participação no Capital. A conclusão é a de que os fluxos são mais influenciados pelas variáveis conjunturais externas - especialmente pelo índice VIX.

O estudo de Labanca (2016), através de modelos VAR e GMM, encontra forte correlação entre os IDP e as variáveis financeiras (taxa de juros norte americana, índice Bovespa, taxa de juros interna), principalmente para os indicadores de risco-país. Além disso, indica que parte destes fluxos (em IDP) podem ter auferido, entre 2001 e 2015, elevados ganhos de arbitragem, seguindo também, a metodologia de Munhoz e Corrêa (2009) e de Corrêa et al

(2012).

A perspectiva do trabalho, segue então a discussão acima, considerando que a dinâmica dos fluxos de capitais, com viés de curto prazo, é fortemente influenciada por alterações na dinâmica da liquidez mundial, que envolvem a questão da incerteza, da hierarquia das moedas, da confiança dos agentes e dos potenciais de rentabilidade. Mesmo em momentos que o país apresentar bons fundamentos econômicos, isto não assegurará que os capitais aqui “instalados” permaneçam caso haja uma mudança no cenário externo, no sentido das expectativas. O avanço de nosso estudo em comparação aos demais, envolve o fato de que consideraremos as subcontas de IDP e de ICP. Essa questão é importante pois investigaremos as volatilidades dos Investimentos em Carteira Passivos em Títulos de Renda Fixa em separado das aplicações em Ações. Também analisaremos a especificidade da volatilidade de Investimentos Diretos Participação no Capital em separado das Operações Intercompanhias.

Segundo, o nosso trabalho pretende avançar nessa temática ainda pouco abordada, que é a dinâmica particular dos Investimentos Diretos no País em Participação no Capital (IDP PC), avançando especialmente no trabalho apresentado por Pereira (2015). A hipótese é a de que a subconta da conta Investimento Direto no País, a em Participação no Capital apresenta dinâmica próxima daquela encontrada na conta Investimento em Carteira Passivo em Ações. Essa questão

foi abordada por Pereira (2015), mas avançaremos no estudo, apresentando a relação por subperíodos, o que não havia sido feito anteriormente. A nossa hipótese é a de que a dinâmica dos IDP PC difere, se considerarmos os períodos (2000-2008) e (2009-2015), o que foi levantado no Capítulo II e testaremos agora. Outro avanço no estudo é o de que efetuaremos os modelos VAR e VEC levando em conta variáveis adicionais, que não foram consideradas no estudo citado.

Com isto, as variáveis e os modelos econométrico selecionados, demonstrados nas seções seguintes, vão ao encontro da teoria e dos trabalhos estudados, a fim de verifica a plausibilidade das hipóteses levantadas.

3.2 - Aspectos metodológicos dos modelos VA R/VEC e A R C H /G A R C H

A seguir, apresentaremos, de forma breve, as metodologias que serão desenvolvidas nos dois grupos de estudos que faremos. Indicaremos os passos seguidos pelos modelos ARCH/GARCH (primeiro estudo) e pelos modelos VAR/VEC (segundo estudo). Depois dessas explicações, no item 3.3 apresentaremos nosso trabalho aplicado, detalhando a construção dos modelos e seus resultados

3.2.1 - M odelos A R C H /G A R C H

A metodologia econométrica utilizada para estudar a volatilidade das séries que consideraremos no trabalho refere-se aos modelos ARCH/GARCH49 (processo autoregressivo com heterocedasticidade condicional e sua generalização).

O estudo para observar a citada volatilidade pode ser realizado através da análise da variância das séries ou do Coeficiente de Variação, uma vez que estes medem a volatilidade estocástica de séries temporais. No entanto, eles são incapazes de aferir a volatilidade localizada nas séries temporais, em determinados períodos de suas trajetórias.

A volatilidade deste tipo é conhecida pela variância condicional50, passível de ser modelada por modelos ARCH/GARCH, que possibilita destacar os períodos específicos que ela ocorre (volatilidade).

O modelo ARCH foi introduzido inicialmente por Engle (1982), e sua extensão (generalização) por Bollerslev (1986). Estes modelos tratam-se de uma formulação não linear das equações da variância, uma vez que esta é uma função não linear de valores passados da

49 Há outras variações desses modelos, mas para os propósitos desse trabalho, em que não é necessária uma