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CAPÍTULO V A COBERTURA JORNALÍSTICA DA COMUNIDADE LGBTI+ NA RTP

2. Metodologia

De modo a encontrar resposta às questões previamente definidas, criou-se uma metodologia constituída por três métodos: análise de dados, entrevistas e observação participante do estagiário ao longo dos três meses de estágio.

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Análise de dados

Neste trabalho de investigação foi feita uma análise de forma e conteúdo, através de métodos quantitativos (recolha e criação de uma base de dados, criação de tabelas e gráficos) e qualitativos (interpretação da base de dados obtida e das entrevistas para cruzar toda a informação e dados). O objetivo desta investigação foi entender de que modo é que a RTP Notícias representa e apresenta a comunidade LGBTI+.

Foi possível verificar que existe um grande problema no desempenho do motor de pesquisa do site, bem como bugs no arquivo (que muitas vezes apresenta notícias antigas com data recente).

Para legitimar os dados, os conteúdos jornalísticos foram limitados de acordo com as contribuições que se focassem no interesse específico deste estudo. Foram pesquisados artigos publicados utilizando as seguintes palavras-chave: gay,

homossexual, lésbica, transgénero, bissexual, intersexo, travesti, assexual, cisgénero, orientação sexual, homofobia, expressão de género, identidade sexual, minorias sexuais.

A introdução destas palavras permitiu encontrar todos os conteúdos jornalísticos que utilizassem estes vocábulos.

Entrevistas

As entrevistas tiveram como objetivo permitir que os participantes articulassem as suas perspetivas pessoais e profissionais sobre o papel dos media na representação da comunidade LGBTI +. A análise pretende fazer o contraste entre representantes dos

dois polos distintos: os jornalistas e a associações LGBTI+. As entrevistas foram

realizadas via e-mail e pessoalmente.

Relativamente à RTP foram entrevistados Catarina Marques Rodrigues, jornalista com especialização em Direitos Humanos, e Alexandre Brito, responsável pela secção multimédia da RTP. Neste âmbito, os jornalistas e da redação multimédia da RTP foram questionados para refletirem sobre as suas práticas profissionais relativamente à cobertura deste grupo minoritário.

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Relativamente às associações foram entrevistados Marta Ramos, diretora executiva da ILGA Portugal, e António Serzedelo, presidente da Opus Gay. Os diretores das associações que avocam publicamente pelos direitos à comunidade LGBTI refletiram sobre a representação deste grupo nos media portugueses, em particular no serviço público de rádio televisão nacional.

2.1. Corpus

Relativamente à sistematização dos dados, a análise da redação multimédia foi realizada durante 12 meses, num período compreendido entre janeiro e dezembro de 2018. No total foram recolhidos 105 conteúdos jornalísticos publicados na RTP

Notícias durante o período anteriormente assinalado. No entanto, podem existir mais conteúdos52. O total de 105 conteúdos indica que, em média, no ano de 2018, foram

publicadas cerca de oito peças por mês sobre a comunidade LGBTI+.

A escolha de um corpus de análise que englobasse um ano completo resultou da falta de artigos sobre o tema da investigação em questão numa primeira instância, o que poderia resultar numa amostra pouco representativa da realidade. Além disso, durante os três meses de estágio, foi possível verificar que muito raramente eram publicados artigos sobre a comunidade LGBTI+. Embora o número de conteúdos recolhidos ainda apresente um valor baixo, um ano completo permite uma investigação mais próxima da realidade e mais material para analisar.

Fazem parte dos conteúdos jornalísticos publicados no site da RTP Notícias peças de televisão (referentes aos noticiários Bom dia Portugal, Jornal da Tarde e Telejornal) peças de rádio (provenientes da estação Antena 1) e digital (artigos publicados pela equipa multimédia). Não foram considerados conteúdos associados ao entretimento nesta análise.

52 Foi utilizado o motor de pesquisa do site www.rtp.pt/noticias para recolher os artigos publicados ao longo de 2018. Devido ao funcionamento disfuncional desta ferramenta, algumas notícias podem não ter sido arquivadas ou organizadas corretamente durante o período em análise.

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2.2. Variáveis de Análise

A base de dados foi contruída com 14 variáveis, agrupadas em duas categorias:

Forma e Conteúdo.

A análise da forma é constituída pelas seguintes variáveis:

• Data (entender quais os meses de 2018 que tiveram um abrangente número de notícias);

• Dia da semana (perceber quais os dias da semana que têm mais notícias sobre a comunidade);

• Género jornalístico ou digital (caracteriza o género – notícia, imagem do dia, galeria de imagens, reportagem, perfil, etc. – mais utilizado);

• Autoria (identifica se existem mais artigos assinados pela agência LUSA ou pela própria RTP);

• Secção (identifica a secção onde foi destinada a peça).

Os parâmetros que integram a análise de conteúdo são:

• Foco geográfico (Identifica geograficamente a origem da peça: nacional ou internacional);

• Multimodalidade (Verificar se a peça engloba vídeo, imagem ou áudio); • Tom (Atribuição de um tom dominante aos artigos - positivo, negativo ou

neutro)53;

• Temática (Identifica o tema principal da peça);

• Relevância conferida à comunidade (Identifica se as minorias sexuais aparecem como foco principal ou secundário na peça);

• Fontes de informação LGBTI+ (Perceber se a comunidade LGBTI+ é fonte dos artigos);

• Utilização da sigla da comunidade (Verificar se é utilizada alguma sigla da comunidade, LGBT, LGBTI ou LGBTI+, e respetiva definição);

53 A questão do tom utilizado (positivo, negativo ou neutro) é subjetiva, uma vez que depende sempre do leitor. Nesta investigação, o tom das notícias tem como base a temática, as fontes e o enquadramento.

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• Performatividade (Perceber se a peça explica ou esclarece, informa ou contextualiza);

• Representação Social (Identificação de categorias através de palavras associadas à comunidade).

3. Análise e discussão dos resultados

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