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CAPÍTULO II – COMPONENTE INVESTIGATIVA

3. Metodologia

3.1. O contexto da realização do estudo

A investigação realizou-se na Escola Básica 1 de Marrazes – pertencente à rede pública e situada na freguesia de Marrazes, do concelho e distrito de Leiria – decorreu no ano letivo de 2011/2012, durante a PP do 1.º CEB e envolveu os alunos de uma turma do 1.º ano. O grupo era constituído por 19 alunos, onze do sexo masculino e 8 do sexo feminino, com idades situadas entre os 6 e os 7 anos. As diferentes ações desenvolvidas na investigação envolveram toda a turma, não tendo sido selecionada nenhuma amostra específica.

No que diz respeito ao tipo de metodologia de investigação utilizada, considerámos adequado optar pela investigação-ação.

3.2. O processo de investigação-ação

A investigação-ação relaciona indissoluvelmente o conhecimento e a prática, um conhecimento que se age e uma prática que se conhece, ou seja, um conhecimento para a ação e uma ação para o conhecimento (Esteves & Silva citado por Simões, 1990). Por outro lado, Elliott (citado por Esteves, 2008), define investigação-ação como o estudo de uma situação social com o intuito de aperfeiçoar a qualidade da ação que decorre na mesma e a necessidade de a investigar.

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Outros autores têm perspetivas diferentes, é o caso, por exemplo, de Bogdan e Biklen (1994), para quem a investigação-ação consiste na recolha de dados com o intuito de impulsionar mudanças sociais em que o investigador se envolve ativamente nas causas da intervenção.

Tendo em conta a metodologia de investigação-ação, recolhemos os dados através da observação direta participante, uma vez que tivemos a oportunidade de estar em contato direto e observar os alunos envolvidos. De acordo com Quivy e Campenhoudt (1992), a observação direta participante é a que vai ao encontro das preocupações dos investigadores, uma vez que esta consiste em estudar a situação social em questão, estando o investigador a participar coletivamente na situação a estudar. Partindo do que o investigador vive durante a sua participação na situação social em estudo, vai sendo possível recolher informações necessárias para o projeto de investigação. Sendo que “o investigador estará particularmente atento à reprodução ou não dos fenómenos observados, bem como à convergência entre as diferentes informações obtidas, que devem ser sistematicamente delimitadas” (ibidem, p. 197).

Uma vez que este estudo tem cariz qualitativo, queremos salientar que neste tipo de investigação os investigadores analisam de uma forma “naturalista”, ou seja, interagem com os sujeitos em estudo de uma forma natural; avaliam e interpretam os dados quando os recolhem, sem causar distúrbios (Carmo & Ferreira, 1998), devendo este processo ser descritivo e rigoroso. Estes dados ressaltam de transcrições de entrevistas, notas de campo, fotografias, vídeos e documentos escritos. Os investigadores analisam os dados obtidos com fidelidade, respeitando, se possível, a forma em que estes foram registados (ibidem).

Referindo-nos concretamente ao processo desenvolvido no estudo realizado, salientamos que este se estruturou nos seguintes momentos:

 Diagnóstico inicial

 1.ª Sessão – Ver, Dialogar e Experimentar a partir de duas obras de Amadeo Modigliani e Arpad Szenes.

 2.ª Sessão – Ver, Dialogar e Experimentar a partir de uma obra de Pierre-August Renoir.

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 3.ª Sessão – Ver, Dialogar e Experimentar a partir de uma obra de Henri Matisse.

 4.ª Sessão – Ver, Dialogar e Experimentar a partir de uma obra de Max Ernst.

 5.ª Sessão – Ver, Dialogar e Experimentar a partir de duas obras de David Edgar.

 6.ª Sessão – Ver, Dialogar e Experimentar a partir de uma obra de Mimmo Rotella.

 Avaliação final

No diagnóstico inicial fez-se um levantamento às ideias prévias das crianças sobre “as artes” através da realização de desenhos, da análise de um material didático e de um diálogo/debate com a turma.

Cada uma das seis sessões integrou momentos de observação e análise de obras, e sequentemente, a realização de experiências práticas de expressão plástica onde os alunos aplicavam materiais e técnicas semelhantes às obras observadas e analisadas. Esta sequência de propostas educativas foi estruturada à luz de princípios do modelo Primeiro Olhar, cuja explicação foi apresentada no enquadramento teórico. A concretização prática tem afinidades com o referido modelo, tendo sido necessariamente adaptada ao contexto em que desenvolvíamos a PP e aos objetivos que delineámos para a nossa investigação. Com o momento de avaliação final, procurámos evidências que revelassem as aprendizagens que os alunos construíram ao longo do processo.

3.3. Técnicas de recolha de dados e análise de dados

A recolha de dados foi realizada em contexto de sala de aula aquando da realização de cada sessão, através do registo áudio, fotográfico, notas de campo e reflexões realizadas após cada sessão.

Os alunos foram informados dos objetivos do estudo, assim como os pais e encarregados de educação, aos quais foi pedida a autorização para poder fotografar os educandos. Foi garantida também a confidencialidade relativamente à identidade de todos os envolvidos nesta investigação.

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Para proceder à análise de dados recolhidos, começamos por fazer a transcrição dos registos áudio de cada sessão, rever algumas notas de campo e o registo fotográfico. O conteúdo obtido através destes elementos permitiu-nos “reconstruir” o processo de investigação-ação, cujo desenvolvimento apresentamos no ponto 4 e nos anexos relativos às diferentes sessões.

Os trabalhos produzidos pelos alunos foram analisados procurando identificar evidências que mostrassem aspetos visados pelos objetivos da investigação. Sendo assim, procurou-se caraterizar os elementos representados, a utilização de materiais e técnicas e a composição no seu todo. Neste sentido, na 1.ª sessão observámos os elementos representados pelos alunos e vimos o que havia em comum; na 2.ª sessão observámos os elementos representados pelos alunos e identificámos categorias com os aspetos que nos apresentavam (sol, casa, escrita do nome, entre outros); na 3.ª sessão observámos se os alunos tinham aplicado a técnica pelo autor da obra observada (desenhar com a tesoura) e quais os elementos representados, à semelhança da 2.ª sessão; já na 4.ª sessão procurou-se identificar o número de diferentes tipos de texturas que introduziram nas composições; na 5.ª sessão, observámos a diversidade do uso de materiais de desperdício e o modo como os reaproveitaram e os elementos representados; e na 6.ª sessão, analisámos as técnicas e materiais utilizados nas composições plásticas.