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Homenagem a V P Zinchenko

I. AS PRINCIPAIS POSIÇÕES DA CONCEPÇÃO DA MEMÓRIA

2. METODOLOGIA DAS PESQUISAS

1. Do ponto de vista da abordagem da atividade, o “problema” estratégico

do estudo psicológico da memória consiste em que para desvendar as leis da própria atividade do sujeito, ou seja, as leis psicológicas propriamente […] O estudo das leis da atividade psíquica do sujeito em função de seu conteúdo e estrutura disciplinar deve levar a uma concretização das condições de formação das associações e da avaliação correta de seu valor no funcionamento e desenvolvimento dos processos da memória (Zinchenko, 1961, p.135).

E ainda a afi rmação programática:

“A principal unidade na análise da estrutura dos processos da memória, seu funcionamento e memória, deve ser a ação do sujeito… É exatamente a esta posição que diz respeito à divisão dos processos da memória em processos involuntários e voluntários” (Zinchenko, 1961, p.456-457, 521). 2. A tarefa estratégica das pesquisas “consistia no estudo

das leis da memorização involuntária, no estudo de suas particularidades que a distinguem da memorização voluntária” (Zinchenko, 1961, p.136).

Nós consideramos o caminho do estudo comparativo da memorização involuntária e voluntária em condições de modos iguais de trabalho com o material, o principal e o mais frutífero, para o esclarecimento tanto das diferenças entre elas como também das leis de suas ligações (Zinchenko, 1961, p.256).

O caminho apontado

abre possibilidade nos experimentos com estagiários de várias idades de descobrir as diferenças entre a memorização involuntária e voluntária em função da formação da ação cognitiva e mnemônica. Pois as distinções nestes dois tipos de memorização não podem permanecer

inalteradas em todas as etapas do desenvolvimento intelectual da criança (Zinchenko, 1961, p.257).

3. Uma das principais hipóteses do autor é:

O nível distinto de domínio pelos estagiários de diferentes idades de determinados modos de trabalho com o material para o alcance do objetivo cognitivo e mnemônico irá provocar também mudanças nas relações mútuas entre as memorizações involuntária e voluntária (Zinchenko, 1961, p.257).

4. A inovação do objeto de pesquisa estava em que ele era aquele tipo de memorização involuntária que é produto da atividade. Com relação a isto o trabalho de P. I. Zinchenko “difere das pesquisas na psicologia dos outros países, onde a memorização involuntária era tratada, sobretudo, como um produto de um gênero diverso de distrações de certa […] atividade” (Zinchenko, 1961, p.137).

5. As leis da memorização involuntária e voluntária foram estabelecidas em experimentos nos quais se estudou como a produtividade da memorização depende de uma série de fatores independentes:

a. do fator etário (dependência genética);

b. de fatores de estímulo (dependência da memorização do material);

c. do fator motivador (dependência do motivo da atividade);

d. de fatores de estrutura e atividade (dependência da posição do material memorizado na estrutura da atividade);

e. de fatores operacionais (dependência do tipo de tarefa e da complexidade da atividade dos estagiários com o material).

Frisemos que a investigação no todo não foi só um experimento de múltiplos fatores e sim a grande série de experimentos de dois ou três fatores realizados no decorrer de vinte anos aproximadamente.

Quase todos os experimentos têm um procedimento de duas fases: primeiro a fase da atividade com o material (ou mnemônica, ou tarefa “cognitiva”), depois a fase da reprodução das partes do material indicadas na instrução e frequentemente inesperadas para os estagiários. Uma vez que, nas experiências com a memorização involuntária, os estagiários não devem adivinhar a próxima tarefa da reprodução, logo as experiências repetidas com a memorização involuntária (em condições variadas) pelo menos não deviam ser conduzidas com os estagiários; nestes casos para diferentes condições usavam-se novos (“ingênuos”) estagiários (plano entre grupos), entretanto as comparações entre memorização involuntária e voluntária eram comumente realizadas com o auxílio de um plano dentro de um grupo.

P. I. Zinchenko descreve em sua monografi a os resultados de acordo com problemas teoricamente destacados, sem a observação da cronologia dos experimentos, e por essa razão os resultados de alguns grandiosos experimentos multifatores são analisados repetidamente porém sob diferentes ângulos e uns quantos capítulos. Na exposição breve que se segue será indicado, quando possível, o ano de primeira publicação.

6. P. I. Zinchenko colocou ainda o problema de aplicar os dados obtidos na elaboração de recomendações práticas, principalmente pedagógicas.

7. Descrição sucinta dos experimentos conduzidos por P. I. Zinchenko

O volume limitado deste artigo não nos permite apresentar aqui os resultados de todos os experimentos em toda a sua extensão.11

Limitar-nos-emos à metade deles escolhendo o que consideramos mais representativo e inovador.

1. 1. A pesquisa na qual se comparou a produtividade dos dois tipos de memorização involuntária, ou seja, a memorização do material incluído e não incluído na atividade (Zinchenko, 1961, capítulo III; publicação Zinchenko, 1939a). Em condições semelhantes estudou-se também a memorização voluntária; porém os dados sobre sua efi ciência são 11

expostos no capítulo VII, no contexto da comparação entre memorização involuntária e voluntária.

1.1. Material de estímulo: 15 cartões com a figura de objetos e cifras.

1.2. Exercícios cognitivos dos estagiários (fase de memorização): classifi cação das fi guras (primeiro experimento), ordenação dos números (segundo experimento com outros estagiários).

No primeiro experimento, o objeto (conteúdo, material) da atividade eram as imagens, enquanto que os números atuavam como “provocadores de fundo”; no segundo experimento, ao contrário, os números eram o objeto da ação, e as fi guras; os provocadores de fundo. Não havia exercício mnemônico.

Foto – P. I. Zinchenko.

Fonte: Dubna Psychological Journal. № 2, с.1-23, 2013. www.psyanima.ru.

Na segunda fase de ambos os experimentos, os estagiários recebiam inesperadamente um exercício de reprodução, sendo que eles deveriam recordar tanto as imagens como os números.

1.3 Estagiários: desde pré-escolares até adultos (para os pré- escolares a metódica era um pouco alterada).

1.4. Resultados:

1.4.1. O material incluído no conteúdo (objeto) da atividade é memorizado de maneira involuntária e signifi cativamente melhor do que o material que é o fundo.

É difícil encontrar na psicologia um efeito tão poderoso: por exemplo, as fi guras com as que atuam os estagiários adultos eram memorizadas melhor do que os números (assimilados em tempo igual ao daqueles), não em 2-3 vezes, o que já seria muito impressionante, mas em 19 vezes!

1.4.2. A magnitude dessa diferença tem uma dependência inversa da idade dos estagiários. Assim, em um grupo de alunos de escola mais velhos as fi guras eram memorizadas 12 vezes mais efi cazmente dos que os números de fundo, já no grupo de alunos menores – somente (!) 8,1 vezes. 1.4.3. As fi guras eram memorizadas um pouco melhor do que os

números. 1.5. Conclusão:

Os resultados confi rmaram a colocação de que “a condição mais geral e necessária para a memorização involuntária é que haja uma atividade em relação a ela” (Zinchenko, 1961, p.165).

Nós demos ao efeito mnemônico estabelecido por P. I. Zinchenko o nome de “efeito de inclusão do material da atividade”.

2. A pesquisa da dependência da memorização involuntária com respeito à posição (lugar) do material na estrutura da atividade.

Consideravam-se duas posições do material na estrutura: meta da ação versus condições para atingir a meta (Zinchenko, 1961, capítulo IV; publicações dos anos 1941 e 1945).

2.1. Material: 15 números de dois algarismos, incluídos no enunciado dos exercícios aritméticos.

2.2. Exercícios cognitivos dos estagiários na fase de memorização: solução de problemas aritméticos prontos (primeiro experimento); invenção de problemas (segundo experimento); invenção de problemas com

números dados (terceiro experimento, ou experimento de controle).

Estes experimentos eram realizados com vários estagiários. A tarefa da reprodução: lembrar os números e os problemas.

2.3. Estagiários: alunos das primeiras classes e estudantes. 2.4. Resultados

2.4.1. Foram obtidos dados surpreendentes sobre as diferenças etárias na produtividade da memorização involuntária – os índices mais altos de memorização foram dos alunos da primeira classe; por exemplo, no primeiro experimento, onde eram resolvidos os problemas prontos, os alunos da primeira classe memorizaram quase 3 vezes melhor do que os alunos da terceira classe e do que os estudantes! 2.4.2. Os estagiários memorizavam bem melhor os números na

condição em que eles inventavam problemas aritméticos (segundo experimento) do que quando resolviam problemas análogos que lhes eram postos já prontos (primeiro experimento); fatos como este atualmente são chamados de “efeito de geração”.

2.4.3. P. I. Zinchenko chama atenção que a quantidade do “efeito de geração” – a razão (em %) entre a quantidade de números memorizados no experimento com invenção de problemas (segundo experimento) e sua quantidade no experimento com solução de problemas prontos (primeiro experimento) – depende essencialmente da idade dos estagiários: 110 – nos alunos da primeira classe, 275 nos alunos da terceira classe e 255% nos estudantes.

2.5. Conclusões:

2.5.1. O material, que constitui o objetivo da ação, é mais efi cazmente memorizado do que o mesmo material relativo aos modos de realização da ação (operações); uma capacidade de memorização dos números mais elevada no segundo experimento está relacionada com o fato que ao inventar o problema os números atuam como objetivo da ação. Foi exatamente nessas noções estruturais-ativas que P. I. Zinchenko interpretou o “efeito de geração” obtido

por ele que, por conseguinte, pode ser considerado uma variante do efeito ativo-estrutural e novamente uma confi rmação da concepção de atividade da memória. 2.5.2. A produtividade da memorização involuntária varia

dependendo do nível de domínio dos modos de atividades: quanto mais elevado o nível de automatização do modo de ação, pior se memorizam as condições de sua realização, e foi o que mostrou o primeiro experimento em que os estudantes reproduziram em três vezes menos números do que os alunos de primeira classe. O autor retornou a essa colocação mais tarde no capítulo VII.

3. O estudo da dependência da memorização involuntária em função da posição (lugar) do material na estrutura da atividade: o lugar do objetivo da atividade e o lugar das condições para o alcance do objetivo, e também, usando o termo da psicologia cognitiva, surgido quase 20 anos mais tarde, da “profundidade da elaboração” do material (Zinchenko, 1961, capítulo IV, p.196-207; publicação do ano 1956).

3.1. O material e a forma de apresentação: 1) nos experimentos com estudantes 10 linhas (séries) de palavras, com quatro palavras em cada linha, eram ditadas aos estagiários num ritmo em que eles teriam tempo de anotar as palavras e executar o problema posto (ver (3.2)); 2) nos experimentos com os alunos de escola o mesmo material era apresentado na forma impressa (à máquina de datilografar).

3.2. Os exercícios cognitivos dos estagiários (na primeira fase): escolher (achar e sublinhar) para cada primeira palavra de cada linha uma palavra das três outras na linha dada de acordo com uma regra de ligação determinada (três regras – três “séries” de experimentos, embora fosse mais correto falar de “condições”) – 1) a “ligação conceitual” (gênero- tipo, por exemplo, casa-edifício), 2) a “ligação concreta” (parte-todo, por exemplo, janela-casa) e 3) a “ausência de ligação signifi cativa” (por exemplo, casa-peixe). (Embora a ligação se chame “sem sentido” seu estabelecimento exige análise semântica!)

Os exercícios de reprodução: 1) a primeira reprodução – recordar todas as 40 palavras; 2) segunda reprodução – com a memorização da primeira palavra na linha; 3) reprodução completa postergada em uma semana.

3.3. Estagiários: alunos mais novos e mais velhos, estudantes. 29. (3.4) Os resultados (sem levar com conta as primeiras

palavras, ou de apoio, na linha):

3.4.1. Poderia parecer que todas as palavras têm o mesmo valor e podem ser memorizadas em igual medida (hipótese zero), porém o experimento revelou diferenças signifi cativas. 3.4.2. Conforme o que já se sabe acerca da infl uência do lugar

do material na estrutura da atividade, as palavras que em cada série dada se tornam palavras metas devem ser memorizáveis bem melhor, porém essa expectativa esteve longe de ser justifi cada.

Estabeleceu-se que em todas as séries (condições), isto é independente de quais palavras se tomava como metas (graças à ação dos estagiários seguindo uma regra dada), as palavras que melhor foram recapituladas eram as relacionadas (objetivamente) com a primeira palavra de forma conceitual, e pior foram as palavras que não tinham uma relação evidente com a primeira palavra. Esta tendência revelou-se em todas as três reproduções (na imediata e nas duas postergadas). Por exemplo, as palavras que se achavam na ligação de signifi cado (e obviamente, associativa) com as palavras base, mesmo não sendo palavras metas, reproduziram-se duas vezes melhor do que as palavras que ocupavam o lugar de meta de ação, porém ligadas aleatoriamente com a primeira palavra (7,1 contra 3,0)! Nos termos da psicologia cognitiva moderna, o resultado obtido não é outro senão o efeito da profundidade de elaboração.

34.3. O efeito positivo do lugar de meta do material na estrutura da atividade consegue ser mostrado caso se comparar a reprodução das mesmas palavras em diferentes séries (condições): em média as palavras meta eram reproduzidas 1,3-1,4 vezes mais exitosamente do que as

palavras referentes às condições de busca da palavra meta. Infelizmente, o autor não conferiu as hipóteses estatísticas e nem mesmo deu aos índices variabilidade.

3.4.4. A memorização involuntária não revelou uma superioridade acentuada na produtividade em comparação com a voluntária, embora essa conclusão, dada a ausência de um tratamento estatístico sufi ciente no trabalho de P. I. Zinchenko, deixa algumas dúvidas.

3.5. Conclusões:

3.5.1. De forma mais efi caz o material dado é memorizado quando ele faz parte do conteúdo da meta da ação, se comparado com o caso quando o mesmo material faz parte da condição do seu alcance.

3.5.2. Entretanto a produtividade de memorização do material é determinada não apenas pelo lugar na estrutura da atividade, mas também pelo conteúdo objetivo (“pela profundidade de elaboração”), e em relação a isso também pelo caráter da relação com a experiência passada do homem (Zinchenko, 1961, p.201, 219).

3.6. Interessante notar, que P. I. Zinchenko, ainda em 1939, fez um experimento análogo com o conjunto de imagens de objetos; aos estagiários era solicitado escolher para cada imagem uma outra seja baseando-se na relação funcional (por exemplo, fechadura-chave), seja baseando-se na identidade de primeiras letras das palavras denotando um par de objetos representados. Sobre os resultados informa-se rapidamente o seguinte: “Alguns experimentos, conduzidos por essa metódica, deram uma acentuada preponderância na memorização dos objetos no primeiro experimento, em que se estabeleciam entre eles ligações de conteúdo, em comparação com o segundo, quando as ligações estabelecidas eram puramente exteriores” (Zinchenko, 1961, p.209). 4. O estudo da dependência da produtividade da

memorização involuntária em função do modo de atividade com um mesmo material (Zinchenko, 1961, capítulo V; investigação dos anos 1948-1949).

e a anterior (3) está em que naquela aos estagiários era apresentado o material pronto, já no presente experimento, os estagiários tinham que inventar as palavras conforme uma regra dada.

Aqui são expostos apenas dados da memorização involuntária, embora tenham sido feitos experimentos também com a memorização voluntária (os resultados desses últimos estão no capítulo VII de Zinchenko, 1961, p.274-284).

4.1. Material: palavras.

4.2. Exercícios cognitivos dos estagiários (fase de memorização): invenção para cada palavra dada (ao todo 15) de uma nova palavra conforme uma de três regras, com nomes condicionais 1) “pelas ligações” (por ex. “martelo – pregos”, “armário – livro”), 2) “pelas propriedades” (ex., “galo-poeta”, “casa de madeira”) e 3) “pela letra inicial” (como por ex. “bola – óleo”). O tipo do exercício (isto é de regra) entrava como um fator independente principal, cuja infl uência na memorização involuntária se considera neste capítulo. Exercício de reprodução: lembrar, em qualquer ordem, as palavras dadas e inventadas para o mesmo. Na elaboração dos dados calculava-se a quantidade média de palavras reproduzidas de 15 dadas.

4.3. Estagiários: alunos pré-escolares (6-7 anos), alunos (II e V classes) e estudantes. (4.4) Resultados:

4.4.1. Os índices mais elevados de memorização foram obtidos no exercício de invenção de palavras “conforme as ligações”, e as piores memorizadas foram as palavras no exercício de invenção pela regra “pela letra inicial”. 4.4.2. A produtividade da memorização das palavras cresce de

forma monotônica com a idade dos estagiários.

4.5. As conclusões (para essas conclusões se usou também resultados do experimento com palavras, descrito por nós no ponto anterior):

4.5.1. Pressupõe-se que três exercícios colocados para os estagiários são resolvidos usando diferentes ações de raciocínio, de diferente grau de complexidade.

50. (4.5.3) Uma grande atividade intelectual ajuda na transformação de operações em ações individuais objetivas.

51. (4.5.4) A efi ciência mnemônica das distintas ações intelectuais acha-se em relação direta com o quanto essas ações exigem de elevada atividade do intelecto (Zinchenko 1961, p.220-221).

Nosso comentário.

Passados muitos anos depois da condução do experimento exposto por P. I. Zinchenko e da edição de “Memorização involuntária”, psicólogos cognitivos norte-americanos conhecidos (F. I. M. Craik, R. S. Lockhart, E. Tulving e outros) seguiram mais ou menos o mesmo caminho, fazendo da abordagem metodológica de P. I. Zinchenko (sem fazer referência a ele) o principal método de verifi cação da teoria da profundidade (dos níveis) de elaboração, em essência, rigorosamente muito parecida com as ideias do método da atividade para a memória, elaborado por P. I. Zinchenko. Em parte este fato foi aceito pelo autor de um grande trabalho de revisão sobre a psicologia cognitiva Robert Solso, o qual escreve em relação ao experimento de escolha da palavra (ponto (3) da nossa síntese), que ele “tinha um valor teórico importante para a fundamentação do conceito de “níveis de processamento” que exerceu grande infl uência na psicologia cognitiva e nas nossas noções sobre a memória do homem” (Solso, 1996, p.161). O experimento de P. I. Zinchenko descrito no ponto (4) evidentemente pode ainda em maior grau ser considerado o protótipo da metodologia básica destinada à verifi cação da teoria da profundidade da elaboração.

P. I. Zinchenko, apoiando-se em fatos próprios, formulou claramente a importância da “profundidade de elaboração” para a memória: “Quanto mais as ligações de conteúdo se revelam no material, por meio deste ou daquele modo de atividade, tanto mais produtiva é a memorização involuntária”; conquanto os modos de conteúdo da atividade – são exatamente aqueles que “dão a possibilidade de desvendar no material o seu conteúdo de signifi cado profundo”, “abre no material propriedades essenciais mais profundas, ligações e relações no material” (Zinchenko, 1961, p.216, 218). Na sistematização dos efeitos mnemônicos descrita a seguir, investigados por P. I.

Zinchenko, o efeito de profundidade da elaboração se considera como um dos efeitos de atividade (em particular como uma variante do efeito da mediação da atividade).

OVALORDASINVESTIGAÇÕESDEP

.

I

.

ZINCHENKO

O eixo teórico das investigações de muitos anos de P. I. Zinchenko, consagradas à memória das crianças e adultos, é sem dúvida a teoria psicológica da atividade, elaborada por A. N. Leontiev e S. L. Rubinstein. Contudo, é importante não esquecer que o processo de interação entre teoria desenvolvimental e o empirismo tem um caráter bilateral mutuamente vantajoso.

O fato que já os primeiros trabalhos experimentais de Zinchenko (1939a) se baseavam nos conceitos da teoria da atividade tem valor primordial e, deste modo, antecederam as primeiras publicações de A. N. Leontiev, nas quais foram introduzidas as principais noções e princípios da análise psicológica da atividade. E é isto que permite considerar que P. I. Zinchenko não apenas é aliado ou discípulo, mas é também um dos criadores da abordagem da atividade, o que, obviamente, não contradiz o reconhecimento do papel de liderança de A. N. Leontiev. O próprio P. I. Zinchenko lembrava com profunda gratidão a orientação de A. N. Leontiev: “Minhas posições psicológicas formaram-se sob a infl uência de A. N. Leontiev. Sob sua orientação foram feitas também minhas primeiras investigações da memória involuntária” (Zinchenko, 1961, p.6).

Não há dúvida de que na descrição dessas primeiras investigações refl etiu-se o processo misterioso de nascimento e formação de uma nova concepção teórica da psicologia, suas tentativas nada tímidas de justifi car seu direito à existência dentre as outras orientações da psicologia internacional. A. N. Laktionov e G. K. Seredá (1993)12

apontaram de forma bem clara para a contribuição teórica de P. I. Zinchenko ao desenvolvimento da teoria da atividade. Esse aporte foi a fundamentação do papel importante dessa construção teórica como “lugar do conteúdo da consciência na estrutura da atividade”. No exemplo da memória pela primeira vez se logrou mostrar convincentemente o valor dessa construção como princípio explicativo e preditivo.

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Quando descrevem os êxitos científi cos das várias orientações teóricas na psicologia e julgam sobre o aporte para a ciência de determinados autores, forte impressão causa a recordação de novos fatos (efeitos experimentais) descobertos e estudados por eles. Por exemplo,

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