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Capítulo IV – Apresentação e análise dos dados

1. Metodologia de análise de dados

“A análise de conteúdo pretende desvendar aquilo que “se esconde” por detrás de signos, linguísticos ou visuais – na tessitura de um registo” (Pardal & Lopes, 2011, p. 93)

Dada a natureza do nosso estudo, privilegiámos como técnica de análise de dados a análise de conteúdo, por se tratar de uma técnica de investigação que “incide sobre a captação de ideias e de significações da comunicação”, através da qual “se viabiliza, de modo sistemático e quantitativo, a descrição do conteúdo” da mesma, podendo esta apresentar-se sob a forma escrita (um discurso, uma dissertação, um livro) ou sob formas não escrita (vídeos, fotografias, programas televisivos) (Pardal & Correira, 1995, pp. 72-73). Nesta mesma linha de pensamento, Coutinho (2011) refere

“a análise de conteúdo é uma técnica que consiste em avaliar de forma sistemática um corpo de texto [ou material audiovisual], por forma a desvendar e quantificar a ocorrência de palavras/frases/temas considerados chave que possibilitem uma comparação posterior” (p. 193).

Quer isto dizer que, para os referidos autores, a análise de conteúdo constitui um método de análise do pensamento dos sujeitos que permite ao investigador interpretar o texto ou material audiovisual que está a analisar, retirando e organizando a informação a que tem acesso.

No caso do nosso estudo, o corpus é constituído por fotografias, videogravações, notas de campo e de observação, desenhos e registos escritos realizados pelas crianças ao longo das seis sessões que constituem o nosso projeto de intervenção e, ainda, pelos resultados de um inquérito por entrevista realizado na última sessão. De salientar que de modo a interpretar e a proceder a uma análise mais detalhada das videogravações e das respostas ao inquérito por entrevista, procedemos à sua transcrição (cf. Anexo 4).

Com a finalidade de analisar até que ponto atingimos os objetivos deste estudo e de dar resposta às questões de investigação formuladas, orientámos a nossa análise de acordo com três fases, sendo elas a pré-análise dos dados, a exploração do material e, por fim, o tratamento dos resultados – a inferência e a interpretação (cf. Bardin, 2004; Coutinho, 2011). Primeiramente, na pré-análise, procedemos à seleção e organização do corpus a analisar, atendendo aos objetivos de investigação. Para tal, selecionámos como foco da nossa análise as videogravações das seis sessões, que transcrevemos, assim como as

fotos e os registos escritos realizados com as crianças ao longo das nossas sessões. Nesta fase, definimos ainda as categorias que delimitariam as dimensões em análise.

Numa segunda fase, de exploração do material, procedemos à codificação do texto em função das categorias previamente formuladas e respetivos descritores, com o propósito de as explicitar.

Por fim, numa terceira fase, a fase do tratamento dos resultados obtidos, procedemos ao tratamento dos dados e à interpretação inferencial dos textos como um todo, de acordo com o quadro teórico e os objetivos definidos para o presente estudo. Para tal, considerámos pertinente colocar, a par das nossas interpretações, exemplos relevantes e expressões das crianças, com o intuito de fundamentar a nossa análise.

Fonte: Bardin (2004, p. 96)

1.2 Categorias de análise de dados

A análise de conteúdo, enquanto técnica de análise de dados, organiza-se, geralmente, em torno de um processo de categorização crucial da análise de conteúdo que Franco (2003) define como “uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação seguida de um reagrupamento baseado em analogias, a partir de critérios [previamente] definidos” (p. 51). Quer isto dizer que os procedimentos de análise organizam-se em torno de um processo de categorização para o qual identificámos “gavetas ou rúbricas significativas” (Bardin, 2004, p. 32), isto é, unidades pertinentes em função das quais classificámos o conteúdo dos textos em análise. Formular categorias é, sem dúvida, um processo moroso, difícil, refletido e desafiante.

De acordo com Bardin (2004), “as categorias são rúbricas ou classes, que reúnem um grupo de elementos (unidades de registo, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão dos caracteres comuns destes elementos” (p. 111).

No que concerne ao nosso estudo, as categorias e subcategorias que definimos surgiram do cruzamento dos temas apresentados no enquadramento teórico que sustenta a nossa investigação, da pré-leitura dos dados recolhidos, na procura e descoberta de regularidades, e da concordância com os nossos objetivos de investigação, com o intuito de recolher o maior número de informações válidas para avaliar a sua consecução. Entendendo no âmbito deste estudo as categorias como competências a desenvolver ou a adquirir pelas crianças, as subcategorias reportam-se aos elementos constitutivos das competências, ou seja, a conhecimentos, capacidades, atitudes e valores.

Assim, no quadro seguinte, apresentamos as categorias e subcategorias de análise selecionadas para o nosso estudo e respetivos descritores.

Quadro 4 - Categorias e subcategorias de análise de dados

Categorias

Subcategorias

Descritores

C 1 - Diversidade Linguística e

Cultural

S 1.1 - Conhecimentos

a) Identificar nacionalidades e etnias b) Identificar as línguas que as crianças

dominam

c) Identificar línguas existentes no meio/comunidade

d) Saber que há várias línguas no mundo e) Reconhecer a existência de diferentes

sistemas de escrita

f) Identificar sistemas de escrita g) Reconhecer os alfabetos latino e

cirílico

S 1.2 - Capacidades

a) Reconhecer diferentes línguas

b) Ser capaz de comparar e/ou observar semelhanças e diferenças entre alfabetos

c) Descodificar palavras escritas com recurso ao alfabeto cirílico

d) Fazer a correspondência entre o alfabeto cirílico e o alfabeto latino e) Refletir sobre dados linguísticos

S 1.3 - Atitudes e valores

a) Mostrar curiosidade em aprender novas línguas

b) Aceitar a diversidade

c) Demonstrar respeito pela diversidade

C 2 - Escrita

S 2.1 - Conhecimentos a) Conhecer as principais funções da escrita

S 2.2 - Capacidades

Ao nível da dimensão gráfica da escrita:

a) Respeitar a direccionalidade da escrita no alfabeto latino

b) Usar a linha como suporte da escrita c) Estabelecer a fronteira entre palavras d) Escrever com um tamanho de letra

adequado

e) Utilizar corretamente os instrumentos de escrita f) Escrever de modo legível