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6. FASE II, PARTE I – DESENVOLVIMENTO E LANÇAMENTO 38 !

6.1. Metodologia de desenvolvimento 39 !

A experiência prática em desenvolvimento de produtos pode resultar na apreensão de diversos métodos, mas os estudos que incidem sobre esses métodos providenciam fundamento, orientação e propósito na condução das operações.

O conjunto de regras e princípios teóricos que alicerçaram o desenvolvimento do serviço Web PNO são apresentados neste capítulo como constituintes de uma metodolo- gia de desenvolvimento.

A escolha desta metodologia foi fruto da revisão bibliográfica e adequação aos objetivos do estudo.

6.1.1. Design baseado em investigação

Segundo a citação de Victor Papanek transcrita por Teemu Leinonen, Tarmo Toi- kkanen e Katrina Silfvast (2008), o processo de design é caracterizado pelo planeamento e padronização de qualquer ato orientado a um fim previsível e desejado. Este processo dá-se por terminado no momento em que o produto das ações tomadas corresponde ao fim almejado (LEINONEN et al., 2008). Considera-se “concepção” como um termo justo para transposição deste conceito de design para a língua portuguesa.

Na área da informática, o termo “desenvolvimento” aplica-se frequentemente à im- plementação técnica. No presente capítulo, este termo associa-se à concepção progres- siva do projeto, contemplando: a sua definição, especificação funcional, desenho da interface, modelo de interação e implementação técnica. O lançamento do serviço Web consiste no culminar do desenvolvimento – o fim do processo de concepção.

Teemu Leinonen, Tarmo Toikkanen e Katrina Silfvast (2008) dedicaram-se a estu- dar os métodos aplicados no design de software, permeando a sua investigação com conhecimentos das ciências sociais e das ciências da educação. Os princípios estabele- cidos por esta equipa orientaram a concepção do software inerente a esta investigação. A sua metodologia é designada por Research-based Design e pode ser encarada como uma filosofia de concepção de software.

O design [de software] baseado em investigação comporta quatro fases iterativas que decorrem em paralelo: 1) inquérito contextual, 2) design participativo, 3) design de produto e 4) produção do protótipo de software como hipótese.

A iteração entre fases e o progresso em cada uma delas nutre progressivamente a noção do produto na consciência de cada membro da equipa de desenvolvimento.

Figura 8 – Processos de design baseado na investigação (LEINONEN et al., 2008) | figura adaptada para língua portuguesa

6.1.1.1. Inquérito contextual

O processo inicia-se com um inquérito contextual, que visa clarificar:  Quem são os destinatários do software;

 Qual é o seu propósito e quais são os desafios inerentes;  Como se resolverão;

 Porque é que se devem resolver tais desafios.

O levantamento de tendências e estudos etnográficos fornecem informações com- plementares quanto aos desafios principais do projeto. O inquérito dirigido aos destinatá- rios do software visa compreender necessidades e expectativas face ao produto. Esta fase é equiparável à fase de exploração do projeto vigente.

6.1.1.2. Design participativo

A metodologia original de design baseado na investigação contempla como segun- da fase o design participativo. Esta fase consiste na execução de workshops de design onde os destinatários são envolvidos no processo criativo, partilhando as suas visões do produto por meio de esboços e diagramas mentais. Trata-se de um processo lúdico, experimental e que resulta em artefactos semelhantes a storyboards preliminares.

O desenvolvimento do serviço PNO não contemplou uma fase de design participati- vo, tendo antes por referência o levantamento de aplicações similares e desenho de mapa mental do projeto com base nas sugestões recebidas durante os inquéritos por entrevista realizados durante a fase de exploração. A análise de resultados das entrevis- tas foram indubitavelmente significativos para o design do produto.

6.1.1.3. Design de produto

A fase de design de produto almeja definir cenários de uso e modelos de interação aplicáveis ao software. A metodologia original considera esta fase como uma refinação dos storyboards obtidos durante as sessões de design participativo. Os protótipos conse- quentes desta fase são considerados como descartáveis: uma experiência quase funcio- nal com fins experimentais.

A concepção da plataforma PNO foi condicionada por restrições temporais que não coadunariam com a elaboração alargada de experiências que não viessem a ser direta- mente utilizáveis no produto final. O processo de design do produto foi iterativo e muito influenciado pelos resultados de inquéritos entre os destinatários do serviço, mas todos os progressos ao nível do design foram considerados como avanços na implementação efetiva do projeto.

6.1.1.4. Produção do protótipo de software como hipótese

Na metodologia original, a fase final consiste na produção de um protótipo de alta fidelidade que se apresenta como hipótese de resposta à concepção do produto. Esta fase resulta na entrega de inúmeros artefactos, tais como protótipos diferenciados na sua composição e funcionalidades.

O objetivo desta fase é registar o impacto dos protótipos no público alvo e retificar versões do produto até este se aproximar cada vez mais do objetivo final. Cada protótipo do software constitui uma nova hipótese a ser avaliada.

No caso específico do serviço Web PNO, a fase de lançamento e avaliação pela amostra de destinatários contemplou uma denominada “versão alfa” que não constituía um protótipo, mas sim a primeira iteração completamente funcional da aplicação.

Caso se viesse a prolongar o estudo vigente, os resultados da avaliação retomari- am o ciclo iterativo de concepção do serviço, resultando num produto otimizado de acor- do com o impacto registado nos seus destinatários.

A metodologia de design baseado na investigação não se foca explicitamente sobre o software em si, mas sim nas pessoas que o irão utilizar, nas suas atividades, necessi- dades e aspirações (LEINONEN et al., 2008).

Os resultados da fase de avaliação do projeto a que este manuscrito diz respeito corroboram que a aplicação de métodos típicos da investigação em ciências sociais prova-se versátil e produtiva no contexto de desenvolvimento de software.