• Nenhum resultado encontrado

3 METODOLOGIA: DESCRIÇÃO DA INTERVENÇÃO

3.2 Metodologia de ensino e intervenção pedagógica

Nesta etapa da intervenção, desenvolvemos oficinas de leitura, no 6º ano do ensino fundamental, tendo como principais fundamentos teóricos as concepções de leitura, os estudos interativos sobre compreensão leitora e as sequências textuais de Adam (2011).

Considerando o fato de uma pesquisa nascer de uma necessidade, motivação, escolha ou verificação de um problema, metas e objetivos a serem alcançados, uma metodologia será aplicada, a fim de se confirmar ou não uma hipótese. Esse procedimento contribui para fundamentar e sustentar a linha de investigação e, nesse caso, também de se construir como intervenção pedagógica.

A pesquisa foi desenvolvida a partir da implementação de estratégias de compreensão leitora nas fábulas e nos contos com fundamentação teórica de Solé (1998), as oficinas de leitura

segundo os apontamentos dos Projetos Pedagógicos de Lopes-Rossi (2011) e a sequência narrativa ancorada pelas sequências textuais de Adam (2011). O corpus é constituído por textos produzidos por 36 alunos do 6º ano A, do turno matutino, da Escola Municipal Professora Nazaré de Andrade Duarte.

Nos itens a seguir, vamos explicar sobre os fundamentos teórico-metodológicos que sustentam nossa prática de intervenção. O trabalho aqui elucidado partiu da motivação de resolver problemas, referentes às práticas de leitura, na tentativa de propor estratégias que tornassem o ato de ler, sobretudo, em um processo de construção de significados sobre o texto que pretendemos compreender. É imprescindível ao leitor encontrar sentido no que está lendo, para isso faz um esforço cognitivo, ao compreender o texto, sente-se motivado e, com isso, seu interesse é mantido ao longo da leitura proposta. Esse é o nosso desafio durante a intervenção docente.

Sabemos que um dos múltiplos desafios a ser enfrentado pela escola é o de fazer com que os alunos aprendam a ler, pois a aquisição da leitura é imprescindível para agir com autonomia nas sociedades letradas. A ausência desse desempenho provoca uma desvantagem profunda nas práticas sociais das pessoas.

Nessa perspectiva, reiterando o objetivo geraldesta pesquisa,pretendemos desenvolver, por meio das concepções de leitura, as estratégias de leitura que contribuam para aampliação da competência leitora dos alunos do 6º ano do ensino fundamental, visando a propor uma intervenção, que provoque os sujeitos-leitores a buscar, por meio da aplicação de estratégias, hábitos de leitura. Para tanto, utilizamos textos de gêneros com predominância narrativa como as fábulas e os contos. Para alcançarmos esse objetivo proposto, desenvolvemos os seguintes objetivos específicos:

 Descrever como as concepções de leitura sustentam as estratégias de compreensão leitora dos alunos.

 Sistematizar as estratégias de leitura para a construção do sentido do texto com predominância narrativa, com os gêneros fábulas e contos, partindo de um contexto mais simples para o entendimento do mais complexo.

 Aprimorar as habilidades leitoras dos alunos, nos diversos textos que predominam os elementos da narrativa, compreendendo o ato de ler não como apenas decodificação, mas como prática social.

 Propor uma intervenção teórico-metodológica que envolva as estratégias de compreensão leitora dos elementos implícitos e explícitos das fábulas e dos contos.

As estratégias pedagógicas usadas para definição do tema abordado nas propostas de produção foram: conversa informal sobre o que é saber ler, se os alunos gostavam de ler e o que mais gostavam de ler; sondagem dos conhecimentos prévios para a aplicação da proposta de leitura; pesquisa e leitura, pelo docente, de textos relacionados com a temática em questão; identificação do problema-objeto de pesquisa; elaboração das atividades; apresentação de gêneros textuais diferentes para percebemos qual gênero possibilita uma leitura mais espontânea e eficiente; aplicação da segunda proposta de leitura, observando se houve ou não aprendizagem reflexiva e crítica do fenômeno linguístico em questão; questionários feitos a partir de fábulas, explorando questões que permitiram detectar em que nível de leitura a turma se encontra. E a descrição e análise da produção dos alunos.

A atividade foi conduzida pela docente sem que houvesse sua intervenção nessa primeira leitura, justamente para que ela pudesse compreender que interpretação se obteria do texto apresentado. Na atividade proposta, foram feitas perguntas que possibilitariam reprodução do texto, interpretação textual e questões cujas respostas não estavam explícitas no texto e outras questões que poderiam facilmente serem detectadas.

Observadas as atividades dos alunos, identificamos o problema e o objeto de pesquisa, apresentado a partir das leituras feitas em sala de aula. Em seguida, apresentamos atividades reflexivas; aplicação de proposta de produção numa segunda etapa de leitura, feita com a intermediação da docente com o mesmo tipo de texto, confrontando se houve ou não aprendizagem reflexiva do fenômeno em discussão.

Nessaetapa, propomos a produção escrita para observarmos a competência leitora e se os alunos envolvidos na pesquisa fazem uso de estratégias para desenvolver a leitura crítica e autônoma, assim como, nos questionamos sobre as seguintes indagações que cercam as questões sobre leitura nas escolas: ao ensinarmos o aluno a ler, costumamos instigá-los a recuperar pistas textuais que permitem a construção de um percurso interativo ou nos limitamos a propor uma leitura superficial? Como podemos contribuir de forma significativa para construção de significados e compreensão leitora dos alunos no que se refere a textos que predominam a sequência narrativa nas fábulas e nos contos?

Conforme apontamentos levantados no capítulo de fundamentação teórica, guiamo-nos, nesta proposta, levando em consideração as estratégias de leitura apontadas por Solé (1998,

p.72). É importante lembrar que as estratégias devem ser um meio e não um fim do ensino em si mesmo. Com as apresentações das estratégias não queremos que os alunos possuam amplos repertórios de estratégias, mas que saibam utilizar as estratégias adequadas para a compreensão do texto.

Ainda discutindo sobre a pertinência de se ensinar estratégias de leitura, Solé (1998) afirma que um leitor proficiente é aquele que aprende a partir de textos, sendo as estratégias relevantes meios para que o leitor realize avaliações acerca da leitura, interligando as informações com os seus saberes. Salienta também que o que se quer são leitores capazes de escolher estratégias adequadas para resolução de seus problemas, no momento da construção dos sentidos dos textos.

A autora ainda aponta que Polincsar e Brown (1984, apud SOLÉ, 1998, p.73-74) sugerem que as atividades cognitivas que deverão ser ativadas ou fomentadas mediante as estratégias são as que formulam ou deveriam formular questionamentos cujas respostas possibilitem, ao leitor, compreender o que lê. O Quadro 5, a seguir, nos dá uma ideia do que seriam tais estratégias.

Quadro 5 – Atividades cognitivas

Algumas ações dos leitores no processamento de textos a partir da utilização de estratégias de leitura

Ações Perguntas

Compreender os propósitos implícitos e explícitos da leitura.

O que tenho que ler? Por que/ para que tenho que lê-lo?

Ativar e apontar à leitura os conhecimentos prévios relevantes para conteúdo em questão.

O que sei sobre o conteúdo do texto? O que sei sobre conteúdos que podem ser úteis para mim? Que outras informações podem me ajudar: sobre o autor, gênero, o tipo do texto?

Dirigir a atenção ao fundamental, em detrimento do que pode parecer mais trivial em função dos propósitos perseguidos.

Qual é a informação essencial do texto e que é necessária ao meu objetivo de leitura? Que informação posso considerar pouco pertinentes para o propósito que persigo?

Avaliar a consistência interna do conteúdo expressado pelo texto e sua compatibilidade com o conhecimento prévio e com o “sentido comum”.

Esse texto tem sentido? As ideias nele expressadas têm coerência? É discrepante com o que eu penso, embora siga uma estrutura de argumentação lógica? Podem entender o que ele exprime? Que dificuldades apresentadas? Comprovar continuamente se a compreensão

ocorre mediante a revisão e a recapitulação periódica e a autointerrogação.

Que se pretendia explicar nesse parágrafo – subtítulo, capítulo - ? Qual é a ideia fundamental que extraio daqui? Posso reconstruir o fio dos argumentos expostos? Posso reconstruir as ideias contidas nos principais pontos? Tenho uma compreensão adequada dos mesmos?

Elaborar e provar inferências de diversos tipos, como interpretações, hipóteses e previsões e conclusões.

Que final teria este texto? O que sugeriria para resolver o problema exposto aqui? Qual poderia ser – por hipótese – o significado desta palavra

que me é desconhecida? Que pode acontecer com este personagem?

Fonte: Solé (1998)

De acordo com Solé (1998, p. 75), as estratégias de leitura podem ser didaticamente divididas em três etapas: estratégias usadas antes da leitura, estratégias usadas durante a leitura e estratégias usadas depois da leitura.

 Antes da leitura: é a ativação de conhecimentos prévios como estratégia para compreensão de texto. Pois se o texto estiver bem escrito e o leitor possuir um conhecimento adequado do mesmo, terá muitas possibilidades de atribuir-lhe significado.

 Durante a leitura: realizar atividades de leitura compartilhada, ou seja, professor e aluno, alternadamente, assumem a responsabilidade de organizar a tarefa de leitura e de envolver os colegas no processo, trabalhando as estratégias de formular previsões, perguntas sobre o que foi lido, esclarecer possíveis dúvidas e resumir as ideias. Vale ressaltar que o que é mais importante é colocá-las em prática.

 Depois da leitura: a estratégia de formular perguntas e serem respondidas pelos alunos, continuar compreendendo depois da leitura.

Precisamos saber que essas estratégias podem ajudar o leitor a escolher outros caminhos quando se deparar com problemas na leitura. E que aos pontos acima apresentados, fica subjacente à ideia de revisão e mudança da própria atuação quando necessário.

Nesta intervenção, baseamo-nos também, com algumas adaptações, na proposta de produção escrita de textos, apresentada por Lopes-Rossi (2011), que trata da utilização de sequência didática em projetos, denominados de “Projetos Pedagógicos para Leitura e Produção de Gêneros Discursivos na Escola”. Essa autora que tem como uma de suas referências o Grupo de Genebra, ressalta que trabalhar com projetos, possibilita ao aluno seu desenvolvimento do domínio da linguagem posta em funcionamento em situações reais de comunicação, o que permitiria uma maior autonomia desses alunos no processo de leitura e produção textual. Para ela, é preciso “criar condições para que os alunos possam apropriar-se de características discursivas e linguísticas de gêneros diversos, em situações de comunicação real” (LOPES- ROSSI, 2011, p.71). Defende ainda que, por meio de projetos pedagógicos, há possibilidades de produzir diversos gêneros com eficiência. Nessa direção, a autora sintetiza três etapas para o desenvolvimento de projetos pedagógicos, explicitados:

Quadro 6 – Projeto de produção escrita de gêneros discursivos na escola

Módulos didáticos Sequência didática Módulo 1: Leitura para as características típicas

do gênero discursivo

Atividades de leitura, comentários e discussões de vários exemplos do gênero para conhecimento de suas características discursivas, temáticas e composicionais (aspectos verbais e não verbais).

Módulo 2: Produção escrita do gênero de acordo