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METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

3.1. Introdução

Ao longo deste capítulo, depois de serem passados em revista os métodos e fases do processo de pesquisa apresenta-se o problema de investigação, o objeto de estudo, são ainda levantadas as hipóteses de investigação e descrito o método de análise de dados.

3.2. Métodos e Fases do Processo de Pesquisa

O método é uma conceção intelectual que define um conjunto de operações e que recorre as várias técnicas de investigação (Bravo 2005). Segundo Gil (1996) é importante que o projeto de investigação clarifique o processo de pesquisa, as etapas e o processo que será desenvolvido para atingir os objetivos, devendo ser detalhado e claro.

A complexidade do conceito de metodologia científica está profundamente relacionada com as diferentes perspetivas em que esta pode ser abordada e com a diversidade de métodos relacionados, existindo por isso uma multiplicidade de definições passíveis de análise.

Independentemente da escolha metodológica deve-se considerar um conjunto de critérios para garantir o rigor, a autenticidade e validade do processo pesquisa. Para Lazarfeld (1973) estes critérios reguladores são quatro: verdade; aplicabilidade; consistência; e neutralidade.

O critério da verdade refere-se ao rigor dos resultados e procedimentos utilizados, correspondendo aos critérios de validade interna e credibilidade das metodologias empíricas e analíticas, e socio críticas respetivamente. O critério de aplicabilidade visa assegurar a relevância e a generalização dos resultados de pesquisas noutros contextos. Duma metodologia empírica- analítica corresponderia à validade externa e, a partir de uma metodologia socio crítica corresponde ao critério da transmissibilidade.

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O critério de consistência prende-se com a estabilidade dos resultados ou seja, até que ponto os resultados podem ser repetidos e estudados num contexto similar. O critério de estabilidade também designado por confiabilidade do ponto de vista empírico-analítico, é concebido como uma dependência de abordagem socio crítica. O critério de neutralidade mais conhecido como objetividade (abordagem empírica analítica). Este último critério reflete a utilização de técnicas e procedimentos.

Para Bravo (2005) são dez as características do método cientifico:

 Técnico na sua origem e no seu fim, o seu ponto de partida é geralmente na teoria prévia sobre uma realidade objeto de análise sendo esta teoria normalmente a fonte do conhecimento científico;

 O método científico é problemático e hipotético. Baseia-se na formulação do problema e adianta soluções prováveis para as hipóteses levantadas;

 É empírico;

 Pode ser dedutivo ou indutivo;  É crítico;

 É circular;

 O modelo do método científico não é apenas observação empírica, mas também a teoria que nos permite captar a realidade de uma determinada forma;

 É analítico sintético;  É seletivo; e

 Deve atender as regras metodológicas formais.

Segundo Martinez et al. (1999) as etapas de procedimento do método científico são sete: a pergunta de partida; a exploração; a problemática; as leituras; as entrevistas exploratórias; a construção do modelo de análise; a observação; a análise das informações; e as conclusões.

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Para Malhotra (2004) a pesquisa deve distinguir-se pela objetividade e pela imparcialidade, procurando fornecer respostas e informações que focalizadas sobre situações reais ajudem na resolução de problemas, identificando seis etapas a que deve obedecer o processo de pesquisa nomeadamente: a definição do problema; a abordagem ao mesmo; a conceção da pesquisa; a análise de dados; e a elaboração do relatório.

Na presente dissertação seguiu-se o proposto por Malhotra (2004): Observação – identificação da área a investigar e obtenção de dados; definição do problema; formulação das hipóteses; design da Pesquisa; recolha, análise e interpretação de dados; deduções: e a elaboração do relatório.

Segundo Pizam (1994) existem diferentes tipos de pesquisa, aplicáveis conforme o problema que se pretende estudar, nomeadamente exploratória, causal ou explicativa, e descritiva. Quando o investigador formula e levanta hipóteses para estudos posteriores, está-se na presença de pesquisas exploratórias.

Para descrever as características de determinados grupos; prever ou descobrir relações e interações entre variáveis, mas não relações de causalidade, então o tipo de pesquisa é de carácter descritivo. O investigador não tem influência sobre as variáveis porque estas, ou não são manipuláveis, ou já fazem parte do passado (Pizam, 1994).

A pesquisa exploratória segundo Gil (1999) é desenvolvida no sentido de proporcionar uma visão geral acerca de determinado acontecimento. Este tipo de pesquisa é realizada sobretudo quando o tema escolhido é pouco explorado e se torna difícil formular as hipóteses precisas e operacionalizáveis.

Ainda segundo Gil (1999) a pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou fenómeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis.

Gil (1999) afirma que a pesquisa Causal ou Explicativa é o tipo de pesquisa mais complexa e delicada, pois o risco de cometer erros é grande. Estas pesquisas têm como

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preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenómenos.

Por tudo que foi referido o tipo de pesquisa utilizada nesta dissertação é a se carácter descritivo.

Para Pinheiro et al. (2009) amostra define-se como um subconjunto, uma parte selecionada da totalidade de observações abrangidas pela população, a partir da qual se faz a inferência sobre as características da população. Neste estudo utilizou-se uma amostra não probabilística por conveniência.

Os relatórios e contas são constituídos pelos seguintes componentes: Relatório de gestão, balanços, demonstrações de resultados, demonstrações fluxos de caixa e notas com resumos das principais políticas contabilísticas utilizadas e outras notas explicativas (Ferreira 2008). Alguns relatórios comportam ainda informação sobre o governo das sociedades e relatório de sustentabilidade.

Em Portugal os relatórios e contas são regulamentados pelo Código das Sociedades Comerciais (artigo 66º e 508º) e pela Norma Internacional de contabilidade nº1 (Ferreira, 2008).

Segundo as Normas Internacionais de Contabilidade concretamente a IAS nº 1º estabelece os requisitos gerais para apresentação das demonstrações financeiras, incluindo como devem ser estruturados, conceitos e os requisitos mínimos para a sua elaboração.

A natureza da informação contida nos relatórios e contas é de obrigatória divulgação para todas as empresas cotadas na Bolsa de Valores de Lisboa. Neste estudo considerou- se basicamente informações contabilísticas e financeiras contidas nos relatórios e contas e disponíveis via internet para todos os que precisarem ou quiserem consultar. (disponível em http://www.cmvm.pt).

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3.3. Problema de Investigação

Para Malhota (2004) a identificação clara e precisa do problema é fundamental para conduzir o estudo de forma adequada, pois estabelece o rumo de todo o processo de investigação. Uma definição do problema incorreta é o ponto de partida para o insucesso de um projeto de investigação.

O problema desta dissertação é:

O Capital Intelectual medido pelo método VAICTM contribui para o desempenho financeiro das empresas?

3.4. Objetivo do Estudo

De forma a responder ao problema formulado, que permite estabelecer o objetivo principal do estudo, foram definidos objetivos específicos e levantadas hipóteses que testam proporções relativas a cada um deles.

Assim o objetivo geral estabelecido foi o seguinte:

A investigação pretende avaliar as relações existentes entre a manifestação do valor do CI, através do método VAICTM detetado nas empresas cotadas na Bolsa de Valores de Lisboa, em 31/12/2012, e o seu desempenho financeiro através do ROI, RCP, e ROA.

Definiu-se como objetivo específico:

A mensuração do CI e das suas componentes, apesar de se tratar de um ativo intangível.

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3.5. Hipóteses de Investigação

Com base na revisão da literatura, a principal hipótese da pesquisa é a seguinte:

Hipótese 1. Existe uma correlação positiva entre o CI das empresas e o seu desempenho financeiro.

A hipótese principal pode ser dividida em quatro hipóteses secundárias que demonstram a associação entre os componentes VAIC™ e o desempenho financeiro.

Hipótese 2. O CEE, SCE, HCE esta associado positivamente com o retorno sobre o ROI

Hipótese 3. O CEE, SCE, HCE está associado positivamente com a rentabilidade medida pelo ROA

Hipótese 4. O CEE, SCE, HCE está associado positivamente com a rentabilidade medida pelo RCP

Hipótese 5. Da análise das componentes do CI que apresentem relação com alguns dos indicadores financeiros é possível medir o efeito individualizado dessa componente sobre indicador da rentabilidade.

3.6. Método de Recolha e tratamento de Dados

3.6.1. Processo de Amostragem

O processo de amostragem utilizado foi de carácter não probabilístico, por julgamento. A amostra é composta pelas empresas cotadas na Bolsa de Valores mobiliários de Lisboa em 31/12/2012, opção que partiu do facto destas serem obrigadas a apresentar publicamente os seus relatórios e contas anuais, encontrando-se estas disponíveis no site oficial da CMVM, fonte que foi utilizada para a recolha dos dados.

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3.6.2. Tratamento de Dados

O tratamento estatístico dos dados foi realizado com o auxílio do programa Excel 2010 e do SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), com recurso a técnicas de estatística e inferência estatística.

Com auxílio do método proposto por Pulic (1998, 2000) como medida de eficiência do Capital Financeiro e Intelectual empregue, ao qual o autor atribuiu o nome de VAICTM – Value Added Intelectual capital Coefficiente, foram feitos vários testes de análise, com os valores retirados dos relatórios anuais e contas das referidas empresas.

3.6.3. Variáveis

As variáveis utilizadas no presente estudo emergem da revisão da literatura, mais concretamente do modelo de avaliação de Capital Intelectual – VAICTM, que se

encontram apresentadas na Tabela 15.

De salientar que na seguinte Tabela, as variáveis aparecem catalogadas como independentes e dependentes, uma vez que, tal como referido anteriormente, vão ser utilizadas técnicas de inferência estatística (regressões lineares).

De salientar que as variáveis independentes foram calculadas com base nos dados financeiros publicados pelas empresas e conforme ilustração do modelo VAIC,

43 Tabela 15. Variáveis do Estudo

VAICT M VARIÁVEIS I n d e p e n d e n t e s D e p e n d e n t e s ROI SCE CEE HCE ROA RCP Fonte: Autor 3.6.4 . Método VAICTM

Tal como referido anteriormente, este estudo utiliza a metodologia desenvolvida por Pulic (2000) designada por VAIC™ que permite avaliar a eficiência dos recursos nas

organizações empresariais. Numa organização o CI é dividido em capital empregue, Capital Humano e Capital Estrutural.

O pressuposto fundamental deste modelo é que o Capital Humano é um investimento e não um custo. Valor Acrescentado é, portanto, a diferença entre saídas e entradas. Com coeficiente intelectual de valor acrescentado, definido através de seus componentes do coeficiente de Capital Humano, o coeficiente de Capital Estrutural, e coeficiente de Capital Empregue os gestores têm um indicador com o qual se pode estudar e

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monitorizar eficiência de criação de valor da empresa, devido à utilização de CI. O cálculo do VAICTMenvolve cinco etapas descritas na ilustração da Tabela 16:

Ilustração da equação do VAICTM

Tabela 16 . Ilustração da Equação VAICTM

Fonte: Pulic (1998)

Na Tabela 16 considera-se as etapas de cálculo do VAICTM onde:

VA = Valor Acrescentado

CE = Valor líquido Contabilístico da empresa CEE = Coeficiente de eficiência de capital empregue ICE = Coeficiente eficiência do Capital Intelectual HC = Capital Humano

HCE = Eficiência do Capital Humano SC = Capital Estrutural da Empresa

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A origem desta fórmula de cálculo do VAICTM está no Modelo Skandia Navigator que é considerado o primeiro modelo de medida do CI cujo alicerce de sustentação são os fatores críticos de sucesso de quem ficou conhecido pelo Pai do Capital Intelectual (Pulic 1998) utilizou as seguintes fórmulas de cálculo:

Cálculo do Valor Adicionado (VA)

Este cálculo pode ser efetuado de duas formas:

Onde "Entradas" representa o ganho total de todos os produtos e serviços vendidos no mercado, e "Saídas" contém todos os gastos incorridos na obtenção da receita com exceção das despesas com pessoal, como eles são tratados como investimentos. VA pode também ser expressa como:

Cálculo do Capital Humano empregue (HC)

Tratar o total de despesas com Pessoal como o investimento que capta o esforço total humano para gerar valor corporativo, HCE é expresso como a quantidade de valor acrescentado gerado por unidade monetária investida em mão de obra. E onde HC representa o Capital Humano, pode ser calculada utilizando a "folha de pagamentos" (Pulic, 2000). Portanto considerou-se HC igual aos gastos com o pessoal.

46 Cálculo do Capital Estrutural empregue (SC)

O SC representa o Capital Estrutural, que é derivado de subtrair o Capital Humano de valor acrescentado.

Cálculo da proporção da participação do Capital Estrutural na geração de valor (SCE)

A eficiência do Capital Estrutural (SCE) é refletida pela proporção do valor adicionado total contabilizada pelo Capital Estrutural. Isto significa que quanto maior é o contributo do Capital Humano (HC) no valor acrescentado (VA) menor é o contributo do Capital Estrutural (SC)

Cálculo da eficiência do Capital empregue na geração de valor (CEE)

O cálculo do Capital financeiro empregue (CP) foi efetuado recorrendo do método descrito por Neves (cit. in Codeço 2008) em que o valor contabilístico do capital próprio é apurado pela diferença entre o valor contabilístico dos ativos e dos passivos.( CP = Total do Ativo – total do Passivo)

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Cálculo da eficiência do Capital Humano na geração de valor (HCE)

Cálculo da eficiência do Capital Intelectual (ICE)

Cálculo do coeficiente de valor adicionado do Capital Intelectual (VAICTM )

3.6.5 . Rentabilidade dos Capitais Próprios (RCP); Taxa de Retorno (ROI); Rentabilidade dos Capitais Próprios (ROA)

Como variáveis dependentes utilizaram-se as que são mais usuais para medir o desempenho financeiro das empresas. Como sejam: o Método de rentabilidade dos ativos ROA – Return on Asserts (a Taxa de retorno gerado pela aplicações realizadas no ativo); Taxa de Retorno ou Retorno sobre os investimentos ROI - Return on investiment; Rentabilidade dos capitais próprios RCP – Return on equity.

O RCP é um instrumento de análise financeira, que expressa a rentabilidade de uma empresa, ou melhor a rentabilidade dos capitais próprios. Medida de desempenho económico utilizada como controlo de gestão, indicador da capacidade da empresa em geral resultados.

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Uma empresa necessita de gerar excedentes para ser rentável e manter o seu equilíbrio financeiro (Neves 2014). Também conhecido por ROE- Return on Equity em português retorno sobre património, é frequentemente utilizado por investidores, acionistas, financeiros e outras entidades para seguir o potencial e estabilidade de uma empresa. O cálculo pode ser efetuado de duas maneiras:

O ROI denominado taxa de retorno ou de rendimento, expressa geralmente uma percentagem que indica se a empresa está ou não a usar os seus recursos de forma eficiente. É a relação entre a quantidade de dinheiro ganho (ou perdido) como resultado de um investimento e a quantidade de dinheiro investido (Neves 2014). O cálculo do ROI possui diversas metodologias algumas simples, apresentadas em seguida:

O ROA denominado taxa de rentabilidade do ativo, como a sua designação indica, um indicador de que os ativos totais da empresa são rentáveis. Fornece uma taxa que informa se a empresa faz uma gestão eficiente dos seus ativos no sentido de gerar lucros.

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É calculado dividindo o valor dos resultados operacionais pelo valor do ativo total. Quanto maior for o rácio da rentabilidade do ativo melhor será a performance operacional da empresa. Um rácio elevado significa que os ativos da empresa estão a ser bem utilizados e a produzirem bons resultados (Neves 2014).Pode ser calculado pela fórmula seguinte:

Fórmulas de cálculo utilizadas neste estudo:

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