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O presente capítulo apresentará a escolha do método e os procedimentos necessários para atender aos objetivos propostos. O método escolhido para analisar como o Modelo C auxilia o desenvolvimento de modelos de negócios sociais foi o estudo de caso, aplicado em uma pesquisa qualitativa descritiva.

3.1 TIPO DE PESQUISA

A presente pesquisa qualifica-se como qualitativa, de caráter descritivo, realizada através de estudos de casos múltiplos. A pesquisa é qualitativa por ser “[...] um conceito guarda- chuva cobrindo algumas formas de investigação que ajuda a entender e explicar o significado do fenômeno social com a menor quebra possível do ambiente natural” (MERRIAM, 1998, p.179), adequando-se a aplicação da presente pesquisa de entender a relação entre o conceito de negócios sociais, no tocante aos seus modelos de negócios.

Além disso, a pesquisa é descritiva por descrever uma alternativa de ferramenta que desenvolve modelos de negócios sociais e a percepção dos seus empreendedores quanto à aplicação da ferramenta. O método escolhido foi o estudo de caso, por ser um método que permite o detalhamento de um único objeto de estudo ou de múltiplos objetos e por ser utilizado para compreender fenômenos pouco estudados e os aspectos específicos de uma teoria (PESCE; ABREU, 2019; YAZAN, 2016).

Assim, o estudo de caso em uma pesquisa qualitativa descritiva pode ser considerado como uma análise intensiva de um fenômeno ou unidade social, caracterizando-se como uma pesquisa empírica que investiga o fenômeno no contexto real e delimitado, conforme a presente pesquisa se propõe a fazer (MERRIAM, 1998).

3.2 SUJEITOS ESCOLHIDOS

O protocolo de escolha dos casos se baseou nos seguintes critérios: setores de atuação diferentes; negócios com mais de 1 (um) ano de operação; negócios sociais que aplicaram as ferramentas Business Model Canvas e Teoria de Mudança para estruturar seus modelos de negócio. Esses critérios foram escolhidos para que a coleta de dados obtivesse vasta informação qualificada e coerente, para corroborar com os objetivos geral e específicos da pesquisa.

Seguindo os critérios do protocolo de definição dos casos, foram listados 12 (doze) negócios sociais brasileiros através de pesquisas online e contato com organizações que apoiam negócios sociais no país. Após o mapeamento, foram identificados 3 (três) negócios que se adequavam aos critérios estabelecidos e ainda que se localizavam na região Nordeste, viabilizando a logística para de aplicação da ferramenta presencialmente. São eles: Negócio Social 1 (NS1) – localizado em João Pessoa-PB, possui dois anos de atuação no mercado, gera receitas, mas não possui sustentabilidade financeira completa, busca promover igualdade de gênero através do empreendedorismo; Negócio Social 2 (NS2) – localizado em Recife-PE, possui três anos de atuação no mercado com sustentabilidade financeira, sua proposta de valor social é oferecer acesso a exames laboratoriais a população vulnerável que depende unicamente do SUS; Negócio Social 3 (NS3) – localizado em Recife-PE, possui dois anos de atuação e busca promover acesso à informações e educação jurídica para população vulnerável e crianças da base da pirâmide, gera receita, mas não possui seu modelo de negócio desenvolvido.

3.3 TÉCNICA DE COLETA DADOS

A coleta de dados foi amparada em entrevistas realizadas com os empreendedores responsáveis, dados secundários (documentos estratégicos e confidenciais disponibilizados pelos casos estudados, que consistiam em: histórico do negócio, demonstrativos financeiros e estratégias futuras de atuação) e observação direta.

Os dados primários foram coletados em duas fases distintas. Assim, os instrumentos de pesquisa para coleta de dados consistiram em dois roteiros de entrevistas semiestruturadas, sendo o primeiro diretamente relacionado à aplicação da ferramenta e o segundo na percepção dos casos sobre a utilização do Modelo C.

O primeiro instrumento de pesquisa (Apêndice A) foi realizado com a finalidade de extrair informações sobre o modelo de negócio, através da aplicação do Modelo C. O instrumento foi elaborado com base na literatura e na ferramenta escolhida, não sendo aplicado no formato do seu framework para não limitar a resposta dos entrevistados aos quadrantes da ferramenta e para que fosse possível entender, não só a resposta final, mas também como o empreendedor define cada categoria do seu modelo de negócio. No entanto, a ferramenta foi explicada aos empreendedores sociais através de uma apresentação visual, elaborada com base na literatura, conforme consta no Apêndice B.

O segundo instrumento de pesquisa (Apêndice C) teve o objetivo de entender a percepção dos entrevistados sobre a aplicação da ferramenta. Por esse motivo, foi apresentado aos

entrevistados o resultado do framework do Modelo C resultante da aplicação do primeiro instrumento de pesquisa e dos dados secundários disponibilizados pelos casos.

As entrevistas foram marcadas com os fundadores dos negócios sociais através do envio de um e-mail, por correio eletrônico. O corpo do e-mail consistia em um breve descritivo da pesquisa, juntamente com os procedimentos a serem seguidos caso o empreendedor desse seu aceite. Os agendamentos das entrevistas foram realizados de acordo com a disponibilidade dos entrevistados, sem tempo de duração pré-definido para que o entrevistado conseguisse disponibilidade sem horário limitado.

As entrevistas foram realizadas utilizando uma ferramenta de chamada de vídeo online, preservando o contato visual entre entrevistado e entrevistador. A modalidade virtual foi definida pela localização e disponibilidade de horário dos entrevistados, considerando que no momento de coleta de dados se instaurou a pandemia do novo coronavírus e a orientação era manter distanciamento social. Ambos instrumentos de pesquisa consistiam em entrevistas semiestruturadas com um roteiro de perguntas abertas, possibilitando aos entrevistados discorrerem sobre as questões da maneira que julgavam mais coerente a sua realidade (YAZAN, 2016).

3.4 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE DADOS

Após a aplicação do primeiro instrumento de pesquisa, os dados coletados foram tratados e possibilitaram a estruturação do modelo de negócio social de cada caso de estudo, utilizando o framework do Modelo C. Assim, as informações obtidas na primeira entrevista foram norteadoras para que cada categoria da ferramenta fosse preenchida. A primeira análise foi mais objetiva e direta quanto à estruturação dos modelos de negócio.

O segundo instrumento de pesquisa, por sua vez, possibilitou que os entrevistados pudessem falar sobre suas percepções, resultando assim nas orientações de como cada categoria do Modelo C poderia ser respondida, assim como a utilidade da ferramenta para o desenvolvimento dos seus modelos de negócio.

As análises se basearam na identificação da narrativa dos empreendedores com o encontrado na literatura, suas considerações quanto à ferramenta ao desenvolvimento do seu modelo de negócio, assim como a indicação de melhorias para o Modelo C.

Após a coleta dos dados pelos instrumentos de pesquisa aplicados, a análise dos resultados foi realizada com o apoio do software ATLAS.ti que auxiliou na análise de conteúdo (BARDIN, 2011) e triangulação dos dados das entrevistas, observação direta e dados

secundários, para contemplar as respostas das preposições e objetivos da pesquisa através de quadros de relações.

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