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Metodologia de Projeção da Componente Migrações

No documento DOCUMENTO METODOLÓGICO VERSÃO 3.0 (páginas 35-38)

No estabelecimento das hipóteses foram consideradas duas etapas.

Numa primeira etapa foram assim analisados os valores de saldo migratório, como um todo, e para os anos de 1960 a 2015.

Todavia, as condições sociais e económicas sobre as quais assentaram os valores fortemente negativos de saldo migratório, quase exclusivamente devido a fortes fluxos emigratórios verificados na década de 60 do século passado, dificilmente se repetirão. Por outro lado, os picos observados nos anos pós revolução deveram-se a fortes fluxos de retorno das ex-colónias, fenómeno que também não se prevê repetível.

Assim, testou-se a aplicação de um modelo ARIMA sobre os valores de saldo migratório estimados para os anos de 1976 a 2015, de que resultou uma previsão pontual (point

35 forecast) de saldos migratórios a tender para 0, sendo que em 2080 e num intervalo de

previsão de 80%, estes poderiam variar entre -37 559 e +37 559, valores que considerámos como limites entre os quais poderiam assentar as hipóteses de evolução futura do saldo migratório.

Contudo, o saldo migratório resulta da combinação de dois tipos de fluxos migratórios: emigração (ou fluxo de saída - emigrantes) e imigração (ou fluxo de entrada - imigrantes), pela adição algébrica de ambos.

t t t I E

SM   (27)

Sendo o saldo migratório num determinado ano t, o número de imigrantes (pessoas que entraram no território nacional) no ano t, e, o número de emigrantes (pessoas que saem do território nacional) no ano t.

Numa segunda etapa, foram então analisados os valores de emigrantes e de imigrantes para os anos de 1991 a 2015.

Emigração

Relativamente a emigrantes, aplicou-se um modelo ARIMA sobre os valores de 1991 a 2015 de que resultou uma previsão pontual de 24 356 em 2080. Estes valores foram considerados para a hipótese pessimista da componente migrações.

Tendo em atenção os elevados valores de emigração que se registaram nos anos pós-crise económico-financeira de 2008, com impactos mais acentuados a partir de 2010, e pressupondo que a sua repetição será menos provável no futuro, apesar da elevada volatilidade associada aos comportamentos migratórios, procedeu-se à aplicação de um modelo ARIMA sobre os valores de 1991 a 2009, de que resultou uma previsão pontual de 13 857 em 2080. Estes valores foram considerados para a hipótese otimista da componente migrações.

Foi ainda considerada a possibilidade de uma evolução intermédia dos valores anuais de emigrantes de 20 856 em 2080, valores que foram utilizados na construção da hipótese central da componente migrações.

Imigração

Relativamente a imigrantes, aplicou-se um modelo ARIMA sobre os valores estimados de 1991 a 2015 de que resultou uma previsão pontual de 33 294 em 2080. Estes valores foram considerados para a hipótese central da componente migrações.

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Adicionalmente, considerou-se a possibilidade dos fluxos imigratórios poderem sofrer quer uma redução quer um aumento, face aos resultados obtidos na previsão pontual. Assim, para a construção da hipótese pessimista da componente migrações consideraram-se os resultados obtidos na previsão pontual de imigrantes mas reduzidos em cerca de 40%, a atingir 21 308 em 2080.

E, para a construção da hipótese otimista da componente migrações consideraram-se os resultados obtidos na previsão pontual de imigrantes aumentados em 30%, a atingir 43 948 em 2080.

Regiões NUTS II

Considerando que o âmbito do presente exercício engloba, não apenas o contexto nacional, mas também o contexto regional, procedeu-se à desagregação dos fluxos migratórios pelas regiões NUTS II.

A distribuição dos fluxos emigratórios resulta da alteração gradual da repartição pelas regiões no último ano observado para uma repartição assente na proporcionalidade dos efetivos populacionais dessa região no total nacional, obtida após a realização de um exercício preliminar sem fluxos migratórios.

A distribuição dos fluxos imigratórios resulta da alteração gradual da repartição pelas regiões no último ano observado para uma repartição assente na proporcionalidade dos efetivos populacionais dessa região no total nacional, obtida após a realização de um exercício preliminar sem fluxos migratórios, mas sujeita a ajustamentos que evitem desvios demasiado acentuados.

Estruturas por sexo e idade

Tanto a nível nacional como regional, na repartição por sexos, quer dos fluxos de entrada quer dos fluxos de saída, assumiu-se a alteração gradual da repartição no último ano observado para uma repartição equitativa em 2080.

As estruturas etárias dos fluxos de entrada e de saída, resultam de uma alteração gradual da observada para cada tipo de fluxo e para cada um dos sexos, para uma distribuição sujeita a um processo de alisamento em 2080.

Saldos migratórios

Finalmente, o saldo migratório anual resultará da adição algébrica dos valores de entradas e saídas, considerados separadamente para cada um dos sexos e para cada

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idade singular, bem como para cada região, assegurando a coerência entre sexos, idades e regiões, tendo-se procedido a arredondamentos e ajustamentos, resultando em valores de saldos migratórios dentro dos intervalos de previsão atrás mencionados, nas seguintes hipóteses de evolução da componente migratória:

Hipótese pessimista – possibilidade de manutenção de saldos migratórios negativos, partindo dos valores estimados para o ano base (-10 481) e a atingir em 2080 um saldo migratório negativo de -3 058 (21 294 e 24 352, respetivamente para os fluxos de entrada e de saída);

Hipótese central - possibilidade de recuperação para saldos migratórios positivos, partindo dos valores estimados para o ano base e a atingir em 2080 um saldo migratório positivo de 12 442 (33 300 e 20 858, respetivamente para os fluxos de entrada e de saída);

Hipótese otimista – possibilidade de recuperação dos saldos migratórios para valores positivos mais elevados que no cenário central, partindo dos valores estimados para o ano base e a atingir em 2080 um saldo migratório positivo de 29 892 (43 712 e 13 820, respetivamente para os fluxos de entrada e de saída);

Hipótese “sem migrações” – foi ainda considerada uma quarta hipótese em que se admite a possibilidade de ausência de fluxos migratórios internacionais.

De referir que os saldos migratórios considerados nas três primeiras hipóteses se enquadram nos limites estabelecidos na primeira etapa.

No documento DOCUMENTO METODOLÓGICO VERSÃO 3.0 (páginas 35-38)

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