• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 4 - DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA E APLICAÇÃO DO PRODUTO

4.2 METODOLOGIA

A nossa peça de teatro, chamada de “Sistema Maluco”, foi realizada na feira de Ciências de uma escola particular do interior de São Paulo no dia 5 de outubro de 2019. Foram feitas duas apresentações: a primeira às 12 h e a segunda às 13h15, ambas com duração de 30 minutos. O panfleto de propaganda da peça está apresentado na figura 4.1.

Figura 4.1 – Panfleto mostrando o horário e o local da peça de teatro Sistema Maluco.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os ensaios da peça foram realizados às quartas-feiras que antecederam o dia da apresentação, das 13h30 às 15h00 na própria escola, totalizando 9 ensaios e 2 espetáculos.

O teatro foi realizado através de peças de curta duração, comumente chamadas de esquetes. Para a apresentação do modelo cosmológico de Ptolomeu, em que o movimento dos corpos celestes é considerado em torno da Terra, o sistema heliocêntrico de Copérnico, em que é considerado o Sol como o centro do Universo com a Terra e os outros planetas se movendo em torno do mesmo, foram necessárias um total de 9 esquetes.

Nos ensaios nós desenhávamos no chão, com giz de cera, uma elipse para representar a eclíptica. Cada esquete foi ensaiado independentemente, sendo anunciada pelo apresentador antes dos estudantes-atores entrarem em cena. O estudante que representou o Sol entrava e se posicionava em um dos focos da elipse desenhada no chão, enquanto o estudante que representou a Terra, entrava sempre seguindo o traçado da elipse. O estudante que representou a Lua girava ao redor da Terra e o estudante que representou os planetas girava ao redor do Sol.

Apesar da pouca experiência com teatro do professor e dos alunos que estavam atuando na peça, foi possível realizar um bom trabalho. Os alunos interagiram com muita motivação, apresentando o tema através de uma linguagem corporal muito interessante e até improvisaram em suas falas, mas sem cometer erros conceituais em relação ao assunto que estava sendo abordado, ou seja, os alunos estavam aprendendo enquanto se divertiam.

A partir de gravações dos ensaios foram feitas algumas análises do empenho da equipe para a realização de melhorias na peça. As cenas foram melhoradas à medida que mais ensaios eram conduzidos. Foi possível perceber que temas da Física, como o considerado, podem ser abordados através do teatro de maneira bastante efetiva com participação e motivação até dos alunos que não estavam atuando.

Para explicar que a Terra aumentava de velocidade ao se aproximar do Sol e diminuía de velocidade ao se afastar dele, questão que o físico Kepler não conseguiu responder, usamos a gravitação de Newton, a qual diz que massa atrai massa através de uma força. A personagem Terra saía do ponto afélio, mais afastado do Sol, caminhando cada vez mais rápido em sua órbita elíptica à medida que chegava próximo ao Sol. Em seguida ela dava as mãos para ele e passava pelo ponto periélio, mais próximo do Sol, o mais rápido possível. Os estudantes ficaram tão empolgadas com esta cena que, durante o espetáculo, repetiram esta explicação duas vezes.

Outro momento interessante se deu quando entraram quatro alunos representando a Terra e um aluno o Sol na mesma cena. As Terras traziam um bastão na mão para representar a inclinação delas em relação ao eixo perpendicular à sua trajetória. Cada uma delas se posicionou em um ponto específico da elipse para representar os pontos de solstícios e equinócios. Enquanto a Terra protagonista explicava a inclinação e sua implicação na formação das estações do ano, as demais saíram de cena. Adicionalmente, a personagem Terra começou a andar sobre a elipse para explicar a duração dos dias e das noites. Nosso objetivo foi mostrar ao público como acontecimentos do nosso cotidiano, que a princípio não sabemos explicar mas que aceitamos como verdadeiros, passam a ter mais sentido com uma abordagem mais acessível ao público geral, como o teatro.

The Dark Side of the Moon (O lado escuro da Lua) é o oitavo álbum de estúdio da banda britânica de rock progressivo Pink Floyd. Nós escolhemos a música que dá o nome a este álbum para a cena a qual a personagem Lua fica girando em torno dela mesma e da Terra, mostrando sempre a mesma face para a Terra. No diálogo entre a Terra e a Lua foi explicado que o período de rotação e translação da Lua é coincidente e por isso que vemos sempre a mesma face da Lua, com a Lua tendo um lado escuro, ou seja, que não vemos.

Na cena em que explicamos as fases da Lua e as marés, foi um momento em que todas as personagens participaram. No início da cena o Sol, a Terra e a Lua nova se posicionam. A Lua nova, que sempre fica entre a Terra e o Sol, disse que era responsável, junto a eles, pelas maiores marés, chamadas marés de sizígia. Na sequência entra em cena a Lua cheia e se posiciona do lado oposto da Lua nova e também diz que junto com a Terra e o Sol são responsáveis pelas maiores marés. Por fim, entram a Lua crescente e depois a Lua minguante que dizem que junto à Terra e ao Sol são responsáveis pelas menores marés. Com esta cena representamos de maneira animada as figuras da Terra, do Sol e as fases da Lua que usualmente são apresentadas nos livros didáticos. Os Eclipses tiveram que ser bastante ensaiados, para representar os alinhamentos possíveis entre o Sol, a Terra e a Lua, os quais não ocorrem em todas as Luas cheias e novas. Nós preparamos uma espécie de colar de isopor (disco) que a personagem Terra usou para evidenciar a inclinação do plano orbital da Lua. A personagem Terra colocando o seu colar de isopor é apresentada na figura 4.2.

Figura 4.2 – Personagem Terra colocando seu colar de isopor.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Fizemos o eclipse solar quando a personagem Lua nova ficou alinhada entre o Sol e a Terra e depois o eclipse lunar, que ocorreu quando a Terra ficou alinhada entre o Sol e a Lua cheia. Nos ensaios os estudantes ficaram bastante surpresos em saber da inclinação do plano da Lua, pois não imaginavam que houvesse esta inclinação e que por isso não ocorria eclipses em toda Lua nova e cheia. Ao encenarem puderam entender com clareza o funcionamento dos eclipses.

Os próprios estudantes fizeram todo figurino e cenário. Foram usados tecidos das cores amarelo para o Sol, azul para a Terra, branca para as Luas e vermelho para os Planetas. O firmamento foi feito com uma cortina de elanquinha preta, bastante grande, na qual foram

coladas, com fita adesiva, estrelas de cartolina de diferentes cores. O plano orbital da Lua foi feito de isopor pintado com tinta de cor verde. A imagem da figura 4.3 mostra a estudante que representou a Lua nova pintando uma placa de isopor.

Figura 4.3 – Personagem Lua pintando uma parte do colar de isopor.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Nosso teatro ocorreu em uma feira de Ciência aberta para a comunidade. Além dos estudantes da escola, haviam estudantes de outras escolas, pais e responsáveis, autoridades escolares, entre outros. Isso nos permitiu alcançar um público bastante diversificado para mostrar que a Ciência, no caso a Astronomia, está totalmente ligada com o nosso dia a dia e que devido ao modo de viver de algumas pessoas, acaba passando despercebido. Com o teatro conseguimos apresentar os conceitos de Física propostos de uma maneira mais acessível para o público geral, contribuindo também para desmistificar e minimizar a má fama que esta disciplina transparece para muitas pessoas.