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A metodologia utilizada no trabalho empírico foi a de obtenção de resposta a questionário específico apresentado, presencialmente, a uma amostra significativa das empresas vitivinícolas da região do Alentejo. As questões, uma vez elaboradas, foram discutidas com alguns dos actores antes da sua aplicação. Desta forma, procurou eliminar- se pontos ambíguos e suscitantes de dúvidas que poderiam, de alguma forma, prejudicar a boa interpretação e resposta às questões. Também as instituições de ensino e as de apoio ao desenvolvimento em geral e ao desenvolvimento da indústria do vinho em particular foram consultadas com o intuito de se obter elementos que pudessem permitir uma melhor análise e compreensão das respostas ao questionário para, assim, poder atingir-se o objectivo deste trabalho que é o estudo do cluster do vinho no Alentejo e sua dinâmica de inovação.

O questionário foi subdividido em quatro partes: - identificação e caracterização geral da empresa;

- relacionamentos entre os vários actores do Sistema Regional de Inovação; - dinâmica de inovação;

- estratégia de I&D e de Qualidade.

Para o estabelecimento do conjunto de empresas a ser estudado utilizou-se a base de dados Belém referente a 2001 (INE: 2002)88. Como os dados do INE não referem o volume de facturação das empresas, mas apenas o escalão ao qual elas pertencem, arbitrou- se que as empresas tivessem um volume de facturação igual ao valor do limite inferior do escalão correspondente. Após este procedimento, ordenou-se a lista obtida, primeiramente, por escalão de facturação, em seguida, fez-se a ordenação pelo escalão do número de pessoas ao trabalho e, finalmente, ordenou-se pelo escalão do capital social da empresa. Com isto conseguiu-se estimar, por baixo, o volume de facturação total desta empresas e a participação de cada uma delas na composição desta facturação. Além disto, acrescentou- se algumas empresas que, não aparecendo na lista do INE, parecem ser relevantes para a região e para se ter um espectro mais alargado de análise.

O critério para o estabelecimento da amostra inicial foi o da selecção das empresas responsáveis por, aproximadamente, 60% do volume de facturação da indústria vitivinícola da região do Alentejo. Procurou-se, além disto, montar um grupo que

contivesse grandes e pequenas empresas além de empresas com reconhecida actuação em investigação e desenvolvimento; assim, seleccionou-se 16 empresas. Esta informação está resumida no Quadro 10.

Quadro 10 - Empresas inquiridas

Empresa Localidade Limite inferior do escalão de facturação (1000 €) % facturação % facturação acumulada CAE Actividade Económica Principal

Finagra – Sociedade Industrial e Agrícola S.A. Reguengos de Monsaraz 15.000 12,5 12,5 15931 Produção de vinhos comuns e licorosos CARMIM – Cooperativa Agrícola de

Reguengos de Monsaraz CRL Reguengos de Monsaraz 15.000 12,5 25,0 15931 Produção de vinhos comuns e licorosos

Adega Cooperativa de Redondo CRL Redondo 15.000 12,5 37,5 15931 Produção de vinhos comuns e licorosos

Adega Cooperativa de Borba CRL Borba 7.000 5,8 43,3 15931 Produção de vinhos comuns e licorosos

J. Portugal Ramos, Vinhos S.A. Estremoz 3.000 2,5 45,8 15931 Produção de vinhos comuns e licorosos

ROQUEVALE – Sociedade Agrícola da

Herdade da Madeira S.A. Évora 3.000 2,5 48,3 15931

Produção de vinhos comuns e licorosos Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e

Alvito CRL Vidigueira 3.000 2,5 50,8 15931

Produção de vinhos comuns e licorosos

Fundação Eugénio de Almeida - IPSS Évora 3.000 2,5 53,3 15931 Produção de vinhos comuns e licorosos

Sogrape Vinhos de Portugal S.A. (Herdade do

Monte do Peso) Vidigueira 1.500 1,3 54,6 15931

Produção de vinhos comuns e licorosos

Sociedade Agrícola Quinta do Carmo S.A. Estremoz 1.500 1,3 55,9 1132 Viticultura

SOVIBOR - Sociedade de Vinhos de Borba

Lda Borba 1.500 1,3 57,2 15931

Produção de vinhos comuns e licorosos

Adega Cooperativa de Portalegre CRL Portalegre 1.500 1,3 58,5 15931 Produção de vinhos comuns e licorosos

Fundação Abreu Calado - IPSS Avis (Portalegre) 500 0,4 58,9 15931 Produção de vinhos comuns e licorosos

Francisco Nunes Garcia – Emp. Individual Moura (Beja) 500 0,4 59,3 15931 Produção de vinhos comuns e licorosos Tapada do Chaves – Sociedade Agrícola e

Comercial S.A. Portalegre 500 0,4 59,7 15931

Produção de vinhos comuns e licorosos

Adega da Cabaça Lda Portalegre 250 0,2 59,9 15931 Produção de vinhos comuns e licorosos

Fonte: INE (2002)88

As empresas seleccionadas foram previamente contactadas por telefone para a marcação de uma reunião com as pessoas autorizadas a responder ao questionário; nesta primeira visita foram apresentados tanto o carácter e os objectivos do trabalho como o questionário a ser respondido.

Aqui, começou a encontrar-se uma série de dificuldades, colocadas pelas empresas, devido ao conteúdo exigido pelas respostas. A primeira delas foi com respeito à

profundidade dos dados contabilísticos pedidos; todas as empresas pediram um prazo para responder a estas questões, o que lhes foi concedido. Após o transcorrer do prazo acordado as empresas, sem excepção, disseram não ser possível o fornecimento daqueles valores. Algumas alegaram confidencialidade, outras, mais pragmáticas, afirmaram que poderiam vir a ter problemas com o fisco caso tais valores fossem tornados públicos. Um terceiro grupo de empresas, pura e simplesmente, disse não ter estes dados organizados e, portanto, não os poderia fornecer.

Sendo assim, os questionários foram refeitos de modo a que as respostas não contivessem nenhum dado sigiloso. Perdeu-se, com isto, a possibilidade da realização de uma análise quantitativa, mais objectiva, baseada em dados de “input-output” do comércio entre as empresas da cadeia produtiva. Porém, o novo questionário, quase todo de carácter qualitativo, poderia, ainda, permitir a identificação do cluster vitivinícola do Alentejo e seu padrão de inovação. Assim, às mesmas empresas foi entregue o questionário refeito e procedeu-se à explicação sobre o novo conteúdo; após um novo período de tempo concedido às empresas para que estas tivessem oportunidade de respondê-lo, iniciou-se novo périplo para conseguir as respostas.

Finalmente, após cinco meses de frequentes telefonemas e, mesmo, renovadas visitas às empresas conseguiu-se com que doze delas apresentassem o questionário; estas doze empresas respondem por 43% do volume de facturação da indústria vitivinícola do Alentejo. Porém, a abrangência e a qualidade das respostas escritas não foram, de modo geral, condizentes com a imagem de empresas organizadas e profissionalizadas. O que revelou ser de extrema importância foi o conteúdo das entrevistas iniciais.

Esta dificuldade em conseguir-se dados parece ser comum, pois vários dos investigadores que participaram na conferência da EUNIPl queixaram-se do facto de as bases de dados das agências oficiais conterem informações em nível muito elevado de agregação e as empresas demonstrarem pouco interesse em fornecer dados em qualidade e em quantidade para a realização de seus trabalhos.

8- O cluster do vinho do Alentejo: análise e discussão dos

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