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Capítulo IV – Metodologia da investigação

4. Metodologia do estudo

4.1. Caracterização do contexto de estudo

A presente investigação parte da curiosidade despertada pela inclusão de um bloco de aulas, para trabalho de grupo disciplinar, no horário dos docentes de uma escola secundária com 3.º ciclo da cidade de Bragança. A população deste estudo é composta pelos professores em exercício de funções lectivas, no ano escolar 2010/2011, na Escola

da Urze, como doravante será designada por respeito à confidencialidade dos dados.

A Escola da Urze beneficia de um corpo docente e não docente estável, em grande parte presente na escola desde a sua criação. Recebeu cerca de 500 alunos no ano lectivo a que se reporta o estudo, dos quais cerca de metade são transportados de zonas rurais.

Esta escola apresenta uma oferta curricular diversificada, a saber, 3º ciclo e ensino secundário nos Cursos de Ciências e Tecnologias e de Línguas e Humanidades, do ensino regular, bem como Cursos de Educação e Formação de tipo 2 e 6, Curso Profissional, curso de Educação e Formação de Adultos de certificação escolar de Ensino Básico e

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Secundário, Programa Integrado de Educação e Formação (2º e 3º ciclos) e formação de Português Para Todos.

A escola apresenta vários serviços e projectos de promoção do sucesso escolar (serviço de Educação Especial, serviço de Psicologia e Orientação Escolar e Profissional, integração na Rede de Bibliotecas Escolares, Plano de Acção para a Matemática, Plano Nacional de Leitura, Plano de preparação para Exames, Projecto Mais Sucesso Escolar), projectos de acompanhamento de alunos (aulas previstas = aulas dadas, equipas pedagógicas), projectos de inovação pedagógica (Eco-Escola, ERTE/PTE/Moodle, Escola Virtual) e outros (Ciência em ponto pequeno, Clube Europeu, Clube de Protecção Civil, Desporto Escolar, Escola Promotora de Saúde, jornal online, Oficina do Conhecimento e Teatro).

À evidência da diversidade referida, reveladora do interesse em desenvolver projectos, associa-se a celebração de parcerias firmadas através de protocolos assinados com várias entidades da cidade.

Não obstante o exposto, a classe docente sofre, como em outras escolas, os efeitos das alterações impostas ao paradigma educacional actual e vive uma séria preocupação face à diminuição do número de alunos.

São estes docentes que, grosso modo, estão habituados a participar em projectos e a desenvolver/usufruir de parcerias mas também participam na demonstração de descontentamento quanto às realidades educativas, que constituem a população-alvo da nossa investigação.

4.2. Opções metodológicas

Investigar as decisões curriculares dos docentes como potencializadoras de práticas

democráticas assemelha-se a desbravar a exploração de especificidades dentro de um

contexto alargado onde, como verbalizado por Bogdan e Biklen (1994), se procede à “fragmentação do todo onde ele está integrado”. Assim, embora se trate de um estudo exploratório, reconhecemos a sua singularidade e a necessidade de complementaridade com outros estudos futuros, podendo assumir-se como um singelo contributo para os Estudos Curriculares.

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Estudar a problemática em análise somente no contexto dos docentes da Escola da

Urze orienta este projecto para uma investigação de “sujeito único”, afastando-nos de uma

investigação de um grupo mais abrangente pela incidência da população-alvo.

Embora a literatura científica verse sobre decisões curriculares dos docentes e práticas colaborativas (cf. Morgado, 2000, 2005, 2007, 2009, Pacheco, 1995a, 1996a, entre outros) e a Escola da Urze reconheça o valor de trabalho de equipa e procure criar condições para tal, esta escola não foi sujeita a estudo metódico, remetendo-nos para uma investigação que procura simplesmente um primeiro conhecimento do assunto. O reconhecimento da singularidade do projecto conduziu-nos a optar por desenvolver um estudo exploratório, que nos permita a investigação limitada a resultados pretendidos simples.

Assim sendo, e por carência de tempo, optámos por uma investigação transversal, debruçando-nos na análise de dados recolhidos, num determinado momento, que nos permitam descrever o fenómeno em análise.

As conclusões decorrentes desta investigação não pretendem alcançar o estatuto de generalizáveis, mas apenas contribuírem para a corroboração dos estudos já existentes acerca das decisões curriculares dos docentes, da sua autonomia e das práticas democráticas que [não] existem nas escolas, procurando um conhecimento científico cada vez mais exacto, além de se estabelecer como singelo contribuinte para a reflexão sobre as práticas dos docentes da Escola da Urze.

Mantendo a pretensão da simplicidade no desbravar descritivo, optámos por uma investigação quantitativa, esforçando-nos por não interferir subjectivamente no processo, de forma a não arriscar a validade e fiabilidade da investigação. Moreira (2006, p.45) defende que o estudo quantitativo evidencia a existência relacional:

Sendo o objectivo o de demonstrar uma relação Y entre os conceitos X1 e X2, o que há a fazer em qualquer estudo quantitativo é sempre o mesmo: tomar um conjunto de entidades pertinentes, associar a elas os conceitos X1 e X2, e verificar a existência de Y.

Segundo Tuckman (2002: 307), “os investigadores usam os questionários e as entrevistas para transformar em dados a informação directamente comunicada por uma pessoa, possibilitando o conhecimento global das pessoas inquiridas”. Perante estas considerações, optámos por responder aos interesses da investigação recolhendo dados através da técnica de inquérito por questionário, tendo para o efeito elaborado um

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questionário composto por algumas questões abertas e maioritariamente por questões fechadas, em que, a possibilidade de respostas divergia entre o discordo totalmente e o concordo totalmente, utilizando, para o efeito, uma escala de respostas de tipo Lickert.

Remetemo-nos a Moreira (2006: 44) quanto à importância do grau de elaboração e verificação na investigação científica, pois:

Essas regras, a que se dá geralmente o nome de metodologia, permitem que cada cientista seja aliviado da tarefa de descobrir por si próprio todos os aspectos (afinal os mesmos) que deve ter em atenção ao conduzir a sua investigação e ao apresentá-la, de modo a conseguir persuadir os seus pares de que o seu trabalho é válido. O objectivo da metodologia científica é, portanto, de garantir a generalidade do conhecimento produzido, e é essencial manter isso presente ao empreender o seu estudo, de modo que não se pense que se trata apenas de regras arbitrárias. Os principais objectivos de uma investigação exploratória e descritiva são, de acordo com Coutinho (2006), (i) identificar e/ou descrever características ignoradas até ao momento, (ii) quantificar a frequência de algum fenómeno educativo e (iii) seleccionar problemas ou áreas de interesse para a investigação. Assim sendo, o método quantitativo, utilizado através da aplicação de um questionário, parecia-nos responder aos requisitos de exequibilidade, fiabilidade e interesse que caracteriza o trabalho científico e, em particular, este estudo.

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