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3.4 Participação no projeto SisBolsaVerde

4.1.2 Atividades Executadas

4.2.2.1 Metodologia e dados utilizados

A utilização de dados na estrutura matricial para o cálculo de áreas de sobrepo- sição de imóveis, atualmente realizado no SiCAR por meio de dados vetoriais, é uma abordagem que ainda não havia sido explorada no LEMAF. Deste modo, para comprovar a eficiência dessa abordagem, foram realizados testes comparati- vos entre as representações matricial e vetorial para simular situações já tratadas atualmente pelo sistema.

Um dos critérios utilizados no SiCAR para avaliar a situação ambiental de uma propriedade rural refere-se ao uso da cobertura do solo da região onde o imóvel se situa. Por exemplo, o cadastrante poderia indicar áreas de vegetação na- tiva que o seu imóvel não possua na realidade, o que poderia indicar, dependendo do grau de tolerância estabelecido pela Lei 12.651, o uso irregular do solo. Nesse caso, a situação do cadastro desse imóvel se tornaria irregular e seria fornecido um prazo ao cadastrante para que esse regulamentasse o seu cadastro.

Atualmente, o arquivo shapefile utilizado pelo SiCAR para a análise es- pacial da cobertura do solo de imóveis localizados no estado do Mato Grosso foi gerado através do raster temático da Figura4.11, o qual possui uma única banda de resolução de 49746x71819 pixels de 5 metros cada. Por se tratar de um raster temático, os valores de pixels da imagem representam diferentes classificações da cobertura do solo:

• Área Antropizada após 2008: valor de pixel igual à 16 (Desmatamento 2008 - 2011);

• Área Consolidada: valores de pixels iguais à 4 (Área Antrópica) e 18 (Área Urbana);

• Área em Regeneração: valor de pixel igual à 17 (Regeneração 2008 - 2011); • Curso D’água: valor pixel igual à 13 (Água);

• Remanescente de Vegetação Nativa: valores de pixels iguais à 3 (Remanes- cente Nativo) e 10 (Área Natural).

Figura 4.11: Mapeamento da cobertura do solo do estado do Mato Grosso.

A importação desse raster no Banco de Dados se deu através do utilitário raster2pgsqlda ferramenta PostGIS em sua versão 2.1. Nesse utilitário, o parâme- tro -t permite “recortar” o raster em blocos de menores, conhecidos como tiles4, e armazená-los como registros da coluna raster da tabela. A escolha do tamanho dos tiles, muitas vezes empírica e dependente do problema a ser tratado, refletem dire- tamente no tempo de execução de consultas raster, visto que permitem um melhor aproveitamento do índice espacial pela divisão do raster em blocos menores.

4É importante destacar que cada tile possui um identificador (rid) e que também é possível sele- cionar um recorte de uma região específica do tile através da função ST_Clip.

Nos testes realizados neste trabalho, a tabela full_raster_table foi criada a partir de tiles de 100x100 pixels do raster da Figura4.11. Esse tamanho foi esco- lhido por ter obtido um melhor desempenho em consultas raster em comparação com outros tamanhos testados, como tiles de 50x50, 200x200 e 400x400 pixels. Por esse motivo, a comparação de desempenho entre as estruturas matricias e ve- toriais somente considerará os tempos de execução de consultas raster com tiles de 100x100 pixels.

Atualmente no SiCAR, as áreas de sobreposição são calculadas separa- damente de acordo com a classificação da cobertura do solo. Por esse motivo, os testes foram limitados à classificação de Remanescentes de Vegetação Nativa, indicados pela cor verde na Figura 4.12, pois os cálculos realizados nas outras classificações são idênticos e somente variam as porcentagens de áreas sobrepos- tas permitidas por lei.

Figura 4.12: Remanescentes de vegetação nativa do estado do Mato Grosso.

Para essa limitação, a tabela raster_table foi criada a partir de uma reclassificação binária dos pixels da tabela full_raster_table através da função

ST_Reclass, como observado no Script 4.3. Foram utilizados como parâmetros dessa função: a coluna raster da tabela que seria reclassificada, o tipo composto reclassargpara definir expressões de reclassificação, o pixeltype da banda do ras- tergerado pela reclassificação e o valor de NODATA para pixels que representam nenhuma informação. CREATE TABLE r a s t e r _ t a b l e AS SELECT rid , S T _ R e c l a s s ( rast ,’0-2:0, 3:1, 4-9:0, 10:1, 11-255:0’, ’1BB’ ,0 ) AS rast FROM f u l l _ r a s t e r _ t a b l e ;

Script 4.3: Consultas para reclassificação binária da tabela full_raster_table.

A respeito das expressões utilizadas no parâmetro reclassarg, o caractere especial ‘-’ define uma faixa de valores de pixels, já o caractere especial ‘:’ se- para os valores de pixels de antes e depois da reclassificação. No caso da tabela full_raster_table, os valores de pixels 3 e 10, os quais representam a classifica- ção de remanescentes de vegetação nativa, foram reclassificados com o valor 1, já os demais valores foram reclassificados com o valor 0. Como os valores da re- classificação possuíam somente 2 valores (0 e 1), o pixeltype da banda do raster reclassificado foi definido como 1BB, o qual utiliza somente 1 bit para representa- ção de valores de pixels. O raster original possuía uma banda de pixeltype 8BUI, o qual utiliza 8 bits sem sinal para representação de valores de pixels de 0 a 255. Em seguida, o valor NODATA foi definido como 0, a fim de considerar somente os pixels com valores iguais a 1, ou seja, pixels que representam remanescentes de vegetação nativa.

Após a reclassificação, como apresentado no Script4.4, constraints raster foram adicionadas na tabela raster_table pela função AddRasterConstraints, res- ponsável pelo registro de tabelas rasters na tabela de metadados raster_columns. O índice GiST foi definido sobre a mínima geometria convexa que cobre o raster pela função ST_ConvexHull.

SELECT A d d R a s t e r C o n s t r a i n t s (’public’, ’raster_table’, ’rast’,TRUE,TRUE,

TRUE,TRUE,TRUE,TRUE,FALSE,TRUE,TRUE,FALSE,TRUE,TRUE) ;

CREATE INDEX r a s t e r _ t a b l e _ r a s t _ i d x ON r a s t e r _ t a b l e

USING GIST ( S T _ C o n v e x H u l l ( rast ) ) ;

Script 4.4: Consultas para adicionar constraints e o índice GiST na tabela raster_table.

Para garantir a mesma indexação espacial para os dados na estrutura veto- rial, a tabela raster_table foi vetorizada pela consulta presente no Script4.5para que cada tile se tornasse um polígono, como os da Figura4.13. Deste modo, o índice GiST é definido sobre bounding boxes de mesmo tamanho para ambas as estruturas. As funções de conversão de raster para geometria no PostGIS diferem- se em relação ao tratamento de valores NODATA de pixels e do formato dos tiles, o que pode ser visualizado na Figura4.14.

CREATE TABLE v e c t o r _ t a b l e AS

SELECT rid as gid , S T _ P o l y g o n ( rast ) AS geom

FROM r a s t e r _ t a b l e

WHERE S T _ P o l y g o n ( rast ) IS NOT NULL;

Script 4.5: Consulta para vetorização da tabela raster.

Figura 4.13: Imagem ampliada das geometrias da tabela vector_table.

Após a criação das tabelas vetoriais e matriciais, dois shapefiles foram im- portados no Banco de Dados a fim de simular o cálculo de sobreposição das propri-

Figura 4.14: Diferença entre as funções de conversão de raster para geometria. Fonte: http://trac.osgeo.org/postgis/wiki/WKTRaster/SpecificationFinal01.

edades rurais com regiões de remanescentes de vegetação nativa. O shapefile #1, apresentado na Figura4.15, é um simples polígono que visa simular a geometria dos limites de uma única propriedade rural, a qual está situada em uma região onde há cursos de água e remanescentes de vegetação nativa. O shapefile #2, apresen- tado na Figura4.16, foi gerado através da seleção de 1.000 polígonos aleatórios da tabela vector_table para o cálculo de área de diversos imóveis rurais.

Figura 4.16: Polígonos representando 1.000 propriedades rurais.

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